Por: Silvério
da Costa Oliveira.
----- Original Message -----
Subject: Problemas com ereção e camisinha
Olá, Doutor.
Creio que estou precisando de ajuda
profissional. É o seguinte: tenho 24 anos e minha parceira possui 22 anos. Eu
me masturbo diariamente e meu "membro" funciona bem. Mas existe um
probleminha quando estou na intimidade com meu amor. Enquanto estou sendo
estimulado e sendo acariciado pela minha namorada consigo ficar excitado e com
o pênis ereto. Fazemos inclusive sexo oral um no outro. Não temos do que
reclamar quanto às preliminares. A questão é que quando chega o momento de colocar
a camisinha, eu "desanimo" e perco ao menos uma parte da ereção. O
preservativo parece me desestimular de algum modo. Naturalmente, a penetração é
prejudicada em virtude disso e isso acaba afetando negativamente minha vida
sexual. Minha namorada se sente péssima por causa disso e se sente frustrada,
insatisfeita. E me sinto mal por nós dois. Até hoje, em pouco mais de 2 meses
de relacionamento, já conseguimos manter a relação sexual com o preservativo,
mas foram ocasiões raras, até mesmo pela dificuldade de manter o dito cujo
ereto. No entanto, já chegamos a fazer amor sem preservativo e as coisas
funcionaram bem melhor... com mais naturalidade e espontaneidade. A ereção não
é comprometida. Ainda assim, compreendo perfeitamente que esse é um terreno perigoso
para quem não deseja gerar prole ainda... ou contrair dsts. Conheço a
importância da camisinha. De qualquer forma, nós dois somos saudáveis e temos
consciência disso tudo.
Ao que parece, o problema todo está em minha
mente e eu não sei dizer qual é ele. Esse é um problema que está incomodando
muito a gente, uma vez que a penetração é incerta ou dificultosa em tais
circunstâncias. Os estímulos e as carícias não são suficientes para deixar a
gente feliz de verdade. Gostaria de deixar claro que temos uma intimidade
privilegiada e mantemos um diálogo aberto a respeito de sexo.
Outra coisa: eu tenho uma técnica pessoal de
me masturbar. Ela consiste em estimular primordialmente a cabeça do pênis. E a
grande maioria dos homens se estimula fazendo de todo o corpo do pênis uma
"sanfona". Minha mão foca a atenção apenas no começo da pênis, ao
invés de fazê-lo descer até sua base e voltar. Aliás, uso apenas 3 dedos para
isso. Sempre me estimulei assim e as coisas funcionaram bem. Eu me pergunto se
o fato de privilegiar a cabeça do pênis não torna minha genitália menos
"sensível" à penetração na vagina. Pensando nisso, fico
"bombando" minha namorada por mais tempo e não chego ao clímax com
rapidez. A penetração é gostosa, mas consigo chegar ao orgasmo com muito mais
eficácia com a masturbação. E se ela estiver me estimulando ao meu lado, a
coisa toda dura menos do que 30 segundos.
Outra coisa... ocasionalmente, enquanto
estou sendo estimulado, eu "vazo" um pouco pelo pênis. Um líquido
transparente de pouca quantidade. Não é a ejaculação propriamente dita, mas é
algo inconsciente, natural. Não tenho nada contra isso, mas isso atrapalha um
pouco a ereção.
Outro fator: foi com essa mesma namorada com
quem perdi a virgindade (ela não era). Portanto, pode-se dizer que tenho uma
vida sexual bastante recente. Considero-me uma pessoa de mente aberta, sem
paranóia ou "grilos" com a própria sexualidade. Aliás, acho muito
recompensador dar prazer sexual à minha namorada, sem necessariamente objetivar
algo em troca. Chamo isso de "solidariedade sexual". Por tudo isso,
acho uma incoerência esse problema estar acontecendo comigo. E isso está
desgastando nossa vida íntima. Tão precoce para mim... e já problemática! Peço
ajuda! Preciso de conselhos e orientação, pois continuar assim não dá!
*Como se não bastasse tudo isso, tenho
passado por uma difícil temporada em meu relacionamento. Sou muito emotivo
e sensível. Certamente, isso não me ajuda na hora de ter a ereção. De
qualquer forma, essa problemática já existia antes disso, que é apenas um
agravante, provavelmente.
Agradeço desde já sua atenção e colaboração.
Atenciosamente,
“B.M.”
Acima, como de
costume, outro dos diversos e-mails que recebo todos os dias. Em casos como o
de “B.M.” e sua namorada, cabe a indicação de meu livro de auto-ajuda “Vencer é ser feliz: A estrada do sucesso e
da felicidade”, bem como de meus trabalhos sobre sexo e sexualidade em meu
site, a saber: “Catálogo bibliográfico
sobre sexo”, “Falando sobre sexo”
e “Sexo, sexualidade e sociedade”. Parece-me
que o grande problema de “B.M.” reside prioritariamente na falta de informação
sobre sua própria sexualidade e isto pode ser corrigido com um leque de
leituras apropriadas sobre o tema.
Deixei claro
para “B.M.” que existe a possibilidade de ajuda profissional para o seu caso e
que existem diversos profissionais em todo o Brasil atuando na área da
sexualidade humana e que o problema do uso do preservativo sem perder a ereção
e também da ejaculação precoce tem cura. Ele não precisa continuar com o pênis
flácido, sem ereção, ou ter uma relação sexual e atingir o gozo em menos de 30
segundos. Informei que eu também atendo como psicólogo clínico em consultório
na zona sul do Rio de Janeiro e que poderia lhe dar atenção profissional se
este desejasse e estivesse na mesma cidade.
Informei a
“B.M.” que a masturbação é algo normal e saudável e que pode propiciar um maior
conhecimento de seu próprio corpo e quanto às gotinhas que saem do seu pênis
quando ereto e antes da ereção, também é algo normal e cada uma destas gotinhas
tem a capacidade de engravidar a mulher se durante a penetração em período
fértil.
Sugiro a troca
de marca de camisinha, pois, algumas são menores e mais apertadas e outras
maiores. Procure uma camisinha mais confortável para uso e sua mulher pode
ajudar aprendendo a técnica de fazer sexo oral durante a colocação da camisinha
de modo que vocês não parem a estimulação para colocar a camisinha e que a
colocação da mesma seja uma grande brincadeira sexual. Existem, inclusive,
camisinhas com sabores.
A parte emocional
deve ser preparada, pois, se você espera fracassar é o que encontrará pela
frente. Nossa mente é semelhante a um computador e o que dizemos ou pensamos é
semelhante a um programa ou software que rodamos em nossa máquina mental e que
iremos reproduzir em nossas vidas.
Seu
relacionamento com esta mulher é bem recente, mas se vocês pretendem continuar
juntos há também a alternativa de ambos fazerem exames para DSTs/AIDS para
saberem com exatidão que estão limpos e havendo confiança e diálogo mútuo transarem
sem camisinha havendo o acordo que em caso de infidelidade de uma das partes
esta usará camisinha com a outra pessoa. Claro que isto significa usar outro
método anticoncepcional e também total confiança um no outro, além, é claro,
dos exames laboratoriais que falei ainda há pouco.
O diálogo
aberto é importantíssimo, cabe sempre conversar, falando e ouvindo.
A penetração
não é o mais importante de uma relação sexual e as preliminares não precisam
ser somente preliminares. Cuidado para não criar um estresse desnecessário ao
se ver obrigado a penetrar sua parceira. Deixe a coisa seguir naturalmente sem
sentimento de obrigação.
Continuei
explicando a “B.M.” que a sua técnica de masturbação é comum a vários homens e
não há nada de mais nisto. Se você quiser pode experimentar outros modos de se
masturbar para conhecer melhor suas reações, mas lembre-se que sua técnica não
é usada somente por você.
Nos homens a
cabeça do pênis é a parte mais sensível, enquanto nas mulheres é o clitóris.
Trinta
segundos é pouco tempo, o ideal é que você aprenda a ter um controle sobre seu
gozo, podendo prolongar a ereção até você desejar o clímax, mas isto não
significa que os demais homens o consigam fazer. Nem pouco nem muito tempo.
Uma relação a
dois ocorre quando estamos ali para dar e receber prazer, somente dar não é
legal.
Sexo bom é que
nem andar de bicicleta ou nadar, não nascemos sabendo, mas podemos aprender a
fazer bem feito. Com prática e treino aprendemos a nadar e a pedalar de
bicicleta e o mesmo ocorre com sexo. Esta é sua primeira parceira e você perdeu
a virgindade há dois meses, meu caro amigo, você está começando uma longa
jornada de aprendizagem contínua, não desanime, apenas continue aprendendo e se
precisar, entre em contato novamente.
PERGUNTA: Qual
a sua opinião sobre o caso de “B.M.”? Já conheceu ou soube de alguém que
sofresse dos mesmos problemas?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Um comentário:
Realmente, "B.M" ainda tem muito que aprender. Tanto sobre o seu próprio controle quanto a agradar e ser agradado durante uma relação sexual. Eu lembro que minha segunda relação sexual (com o pai do meu filho, porque a primeira, eu nem considero a experiência) foi uma maravilha, tive um orgasmo e tanto. Só fui sentir algo parecido mais de um ano depois. E com o tempo, você conhece a si mesmo, o outro. Com diálogo, é possível deixar claro suas vontades ou particularidades. Muitos homens costumam reclamar que não sentem nada quando usam camisinha, mas às vezes, seu problema está mais na hora de colocá-la, ou porque não dominam a prática, ou porque não recebem qualquer estimulação da parceira.
Muitos homens também costumam se preocupar muito em agradar suas parceiras, e acabam esquecendo do próprio prazer, ou então, como já me aconteceu, um rapaz perdeu o tesão já durante as preliminares... disse apenas que não deveria ter se masturbado antes de sair comigo. Então, a mulher também não deve apenas cobrar, ou pensar que ela não é atraente o suficiente, por isso ele não fica excitado. Nada que mais uns minutos de conversa não distraia a situação e o rapaz tenha tempo necessário para se recompor...
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