Professor Doutor Silvério

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Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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terça-feira, 31 de maio de 2022

Cinismo: Os cínicos e o mundo helênico

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Cinismo

 Os cínicos

O termo “cínico” ou mesmo “cinismo”, nome dado a este movimento filosófico e também a seus adeptos, tem origem no termo grego “kynos”, que significa “cão”, deste modo, “cínico”, ou em grego, “kynicos”, faria referência ao cão, ou melhor dizendo, “como um cão”. Em verdade, o que temos aqui é uma alusão ao tipo de vida escolhido por tais pessoas, livres na cidade, cidadãos do mundo ou cosmopolitas, sem possuírem qualquer propriedade desnecessária e sem se incomodarem em obter conforto, ou seja, vivendo como cães soltos na cidade. Outra versão para o nome o faz proveniente de “Cinosargo”, um ginásio localizado perto de Atenas onde os membros do movimento se reuniam.

Quando dizemos que os cínicos se comportavam como cães livres na cidade, isto quer dizer que estes não se incomodavam em realizar qualquer atividade fisiológica (comer, beber, sexo, urinar, defecar) em público, do mesmo modo que cães soltos na cidade. Defendiam a total autarquia, ou seja, autossuficiência moral.

Dentre os cínicos mais conhecidos e, além de Antístenes e Diógenes, pode-se citar também: Crates de Tebas (365-285 a.C.), Hipárquia de Maroneia (350-310 a.C.), Metrocles de Maroneia (Século IV / III a.C.), Mônimo de Siracusa (século IV a.C.), Onesícrito de Astipaleia ou de Égina (360-290 a.C.), Bión de Borístenes (325-246 a.C.), Menipo de Gadara (século III a.C. - 300-260 a.C.), Dião Crisóstomo (boca de ouro) ou  de Prusa ou Cociano (40-120 d.C.), Oinomao de Gadara (117-38 a.C.), Demonax de Chipre (80-180 d.C.), Peregrino Proteo (95-165 d.C.).


 

Filosofia Cínica ou Cinismo, foi um movimento fundado em Atenas por Antístenes (444/445-365/370 a.C.), natural de Atenas, discípulo de Sócrates, por volta de 400 a.C. Buscava a verdadeira felicidade, não nas coisas materiais, como, por exemplo, o luxo, o poder político e a boa saúde do corpo, mas justamente do afastamento de todas estas coisas, podendo ser alcançada por todos.

A escola cínica deve ser entendida não somente como um movimento filosófico dentro do Helenismo, mas também como uma das Escolas socráticas menores.

Depois do fundador, o cínico mais importante foi Diógenes de Sínope, ou também conhecido como Diógenes, o Cínico (413-324 a.C.), discípulo de Antístenes, natural de Sínope, mudou-se para Atenas onde estudou com Antístenes e atuou como filósofo Cínico e posteriormente mudou para Corinto. Segundo a tradição, Diógenes vivia dentro de um barril e quase nada possuía de bens materiais, os quais ficavam limitados a sua túnica, um cajado e um saco de pão.

Antístenes foi discípulo de Górgias e posteriormente de Sócrates, sendo contemporâneo de Platão e em essência o cinismo é uma escola socrática. Enquanto Platão desenvolveu sua Escola priorizando o aspecto metafísico de seu mestre, coube a Antístenes priorizar o aspecto moral e ético presente nos ensinamentos de Sócrates. Provavelmente o nome da Escola, fazendo referência a cães, foi inicialmente um insulto feito pelos seus contemporâneos, mas que foi abraçado pelos adeptos desta Escola, que gostaram do que representava o nome em termos de liberdade perante a sociedade e dentro da cidade. Presente no movimento cínico temos a ironia de Sócrates exacerbada conjuntamente com um humor sarcástico. Trata-se de uma filosofia da ação e não da contemplação e do discurso. É pelo fazer, mostrar, agir, que o filósofo dá o exemplo e ensina por meio do modo como vive a sua vida em total desapego dos bens materiais.

Nesta Escola de filosofia não temos um ambiente propriamente escolar, com a presença de mestre e discípulo e um conteúdo programático. O ensino se dá por meio da observação e imitação do comportamento moral, do estilo de vida adotado pelos cínicos. O importante é seguir o exemplo dado e adotar um modo de vida particular, no qual a verdadeira riqueza não é buscada ou encontrada na posse de bens e sim dentro de si mesmo.

O movimento propõe um novo caminho diante da sociedade grega e seus costumes sociais. Segundo o cinismo, para chegar à felicidade há necessidade de autodomínio e de uma postura de indiferença aos prazeres mundanos.

Enquanto doutrina filosófica entende que a virtude é o único caminho para se obter a felicidade, que devemos rejeitar as convenções sociais e praticar o ascetismo.

A vida e os poucos pertences dos filósofos cínicos simbolizavam o desapego e autossuficiência perante o mundo. A verdadeira realização de uma vida humana é a obtenção da felicidade e esta se dá pelo autodomínio e pela liberdade. A filosofia cínica combate o prazer, o desejo e a luxúria e entende que a prática da virtude é mais importante que qualquer teorização sobre a virtude. Este movimento persistiu até a época do Império Romano e como as demais Escolas de Filosofia representantes da cultura grega, desapareceu, indo no máximo até 529 d.C. como todas as demais, se bem que não findou por completo, uma vez que foi absorvido em essência por grupos dentro do nascente cristianismo.

Antístenes nega os conceitos universais e só aceita a realidade do particular e concreto, só existindo aquilo que possa ser percebido pelos nossos sentidos. Entende que o pensamento se reduz a palavras e que estas são materiais. Adota como fim prático da moral e ética a obtenção da felicidade, uma vida tranquila e o exercício da virtude. A virtude pode ser ensinada e aprendida e o caminho para chegar a ela é por meio da prática, do esforço e da imitação dos sábios, tendo como modelo ideal a Sócrates. Sendo este ideal presente no sábio, visto como autossuficiência, independência e domínio de si mesmo. Deste modo, o sábio não se deixa dominar por bens materiais, riquezas, paixões ou obtenção de prazer.

Antístenes e Diógenes argumentam contra os sofistas e a teoria platônica do mundo das ideias, opondo o individual e concreto, pois, a realidade visível é inquestionável, deste modo, negam os conceitos universais a favor do particular. Só existe o que pode ser percebido pelos nossos sentidos. Como negam o universal, o pensamento se reduz a palavras que apontam para algo único.

Diógenes defendia o cosmopolitismo, se considerando cidadão do mundo, entendia que todas as pessoas dos diversos povos são iguais, não devendo haver qualquer distinção, seja por posição social ou mesmo entre senhor e escravo, deste modo, também se opunha à escravidão. Também pensava que os filhos deveriam ser cuidados pela sociedade e que o sábio não deveria se casar e assumir uma família.

Diógenes procurava fortalecer sua vontade e corpo por meio de privações, fadiga e indiferença para com todas as coisas desnecessárias a sua sobrevivência, mantendo o mínimo necessário para viver, sem luxo ou conforto. Conta-se que dormia em um barril, tinha somente as roupas do corpo e bebia em um pequeno copo. Uma vez viu um menino bebendo somente com o uso das mãos em concha e isto o fez jogar fora o copo e adotar este modo de beber água. Em outra oportunidade, saiu de dia pelas ruas de Atenas com uma lanterna acesa procurando um homem.

A tradição também nos conta sobre a visita que Alexandre Magno fez a Diógenes. Alexandre encontrou Diógenes sentado próximo de seu barril pegando sol. Alexandre, aluno de Aristóteles, impressionado pelo que aprendera sobre Diógenes, perguntou se este tinha algum desejo e caso o tivesse, este seria satisfeito. A resposta foi que Diógenes desejava que Alexandre saísse da frente do sol, pois estava fazendo sombra no sol que estava tomando. Esta passagem geralmente é interpretada como uma mostra de que Diógenes era mais rico que o mais poderoso dos homens, pois ele tinha tudo o que precisava para viver.

O pensamento presente na Escola cínica nos diz que não devemos nos preocupar com qualquer coisa, seja esta a saúde, o sofrimento, a morte, ou mesmo o sofrimento próprio ou de outras pessoas.

Diógenes entendia que a educação cínica deveria propor e ensinar a prudência para os jovens, o consolo para os velhos, a riqueza para os pobres, ornamento para os ricos.

A felicidade - entendida como autodomínio e liberdade - era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria, pois isto impedia a autossuficiência. A virtude, como em Aristóteles, deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude. Além do ascetismo presente ao movimento, cabe destacar também o amor pela virtude e a indiferença para com a riqueza, o status social e a opinião pública. Este movimento acabou também sendo importante ao exercer influência sobre o estoicismo.

A verdadeira felicidade não depende de qualquer coisa externa a si próprio, e há necessidade de se libertar destes laços, sejam bens materiais, reconhecimento, saúde, sofrimento, morte, preocupações consigo ou com outras pessoas.

Estamos diante da defesa e prática de um modo de vida simples que em muito pode se assemelhar a um mendigo na cidade. Os cínicos ficavam longe das convenções sociais ou da prática do pudor social.

Para encontrar a felicidade precisamos retornar à natureza, ao animal humano livre das imposições sociais, é preciso desapegar-se de tudo, alienar-se em relação aos bens e expectativas sociais. Trata-se de uma ética da fuga da prisão social e da liberação do estado natural, animal, que nos aproxima de um cão solto na cidade.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 25 de maio de 2022

Plotino (1) * O NeoPlatonismo e o Uno

 


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 O termo “neoplatonismo” se refere a Escolas de filosofia que, por suas doutrinas, tem sua base teórica pautada na obra do filósofo Platão. Este termo foi cunhado no século XIX por estudiosos do tema, na época destes filósofos eles não se consideravam “neoplatônicos” e simplesmente continuadores das doutrinas expressas por Platão. Estas Escolas filosóficas se desenvolvem entre os séculos III e VI d. C. Por fim, diante do combate com o nascente, e cada vez mais forte, cristianismo, o neoplatonismo irá perecer, não resistindo ao duro golpe de todas as Escolas de filosofia terem encerradas as suas atividades no ano de 529 d.C., por ordem do imperador do Império Romano do oriente, Justiniano.

O neoplatonismo pode ser dividido em três momentos históricos geográficos, representados por três Escolas. A Escola Alexandrino-romana, formada principalmente por Amônio Sacas (175-242/245 - século III d. C.), Plotino (204/205-270 d.C.) e Porfírio (232-304 d.C.). A Escola Siríaca, formada principalmente por Jâmblico (245-330 d.C.), Juliano, o apóstata (331-363 d.C.). A Escola Ateniense, formada principalmente por Proclos (410-484 d.C.).

Amônio Sacas é considerado como sendo o fundador do neoplatonismo. Teve como discípulos, além de Plotino, também Herenio e Orígenes, este último um neoplatônico que não deve ser confundido com seu homônimo cristão. Na sequência de Plotino, teremos no neoplatonismo Porfírio e Damáscio (458-533 - século VI d.C.).

Além de ser uma importante corrente filosófica na Antiguidade, também teve o mérito de influenciar profundamente o cristianismo, o judaísmo por meio da cabala, e o islamismo. Tais religiões fizeram uso da elaboração do conceito de Uno, então presente nesta Escola filosófica e o adaptaram as suas respectivas realidades.

Seu principal e mais conhecido representante foi Plotino e se diferencia das Escolas Cínica, Estoica e Epicurista, pois enquanto estas se pautavam em uma maior influência de pensadores pré-socráticos, em particular Heráclito e Demócrito, bem como do filósofo Sócrates, cabe a esta Escola priorizar ao filósofo Platão, sendo uma importante corrente filosófica da Antiguidade. Mesmo não sendo considerado o fundador do movimento, mérito que os comentadores dão ao seu mestre, Amônio Sacas, com quem Plotino estudou por cerca de 10 anos, Plotino é visto como o grande sistematizador do neoplatonismo, sendo, por vezes, o movimento identificado a sua pessoa.

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terça-feira, 24 de maio de 2022

Neoplatonismo e Plotino

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Neoplatonismo e Plotino

 NeoPlatonismo

O termo “neoplatonismo” se refere a Escolas de filosofia que, por suas doutrinas, tem sua base teórica pautada na obra do filósofo Platão. Este termo foi cunhado no século XIX por estudiosos do tema, na época destes filósofos eles não se consideravam “neoplatônicos” e simplesmente continuadores das doutrinas expressas por Platão. Estas Escolas filosóficas se desenvolvem entre os séculos III e VI d. C. Por fim, diante do combate com o nascente, e cada vez mais forte, cristianismo, o neoplatonismo irá perecer, não resistindo ao duro golpe de todas as Escolas de filosofia terem encerradas as suas atividades no ano de 529 d.C., por ordem do imperador do Império Romano do oriente, Justiniano.


 

Apesar de ter o filósofo Platão como referência e inspiração e de seus adeptos se considerarem continuadores de seu pensamento e obra, temos bastante originalidade presente em filósofos pertencentes a este movimento, tal o caso de Plotino, além de observarmos, também, a presença da influência de outros autores antigos, tais como Aristóteles, o que denota um certo grau de ecletismo. Também podemos perceber alguns elementos de origem ou inspiração no misticismo e nas religiões orientais, aliás, lembremos que o movimento surge no oriente, mais especificamente no Egito, na cidade de Alexandria.

Uma das diferenças mais facilmente observadas entre Platão e os continuadores desta época histórica, é que em Platão temos um dualismo a partir da teorização da existência de um mundo das ideias, já para os assim chamados neoplatônicos, temos um rigoroso monismo. Tanto para Platão como também para o neoplatonismo, não existe o mal em concretude, pois, o mal não passa da ausência do bem.

O neoplatonismo pode ser dividido em três momentos históricos geográficos, representados por três Escolas. A Escola Alexandrino-romana, formada principalmente por Amônio Sacas (175-242/245 - século III d. C.), Plotino (204/205-270 d.C.) e Porfírio (232-304 d.C.). A Escola Siríaca, formada principalmente por Jâmblico (245-330 d.C.), Juliano, o apóstata (331-363 d.C.). A Escola Ateniense, formada principalmente por Proclos (410-484 d.C.).

Amônio Sacas é considerado como sendo o fundador do neoplatonismo. Teve como discípulos, além de Plotino, também Herenio e Orígenes, este último um neoplatônico que não deve ser confundido com seu homônimo cristão. Na sequência de Plotino, teremos no neoplatonismo Porfírio e Damáscio (458-533 - século VI d.C.).

Além de ser uma importante corrente filosófica na Antiguidade, também teve o mérito de influenciar profundamente o cristianismo, o judaísmo por meio da cabala, e o islamismo. Tais religiões fizeram uso da elaboração do conceito de Uno, então presente nesta Escola filosófica e o adaptaram as suas respectivas realidades.

Seu principal e mais conhecido representante foi Plotino e se diferencia das Escolas Cínica, Estoica e Epicurista, pois enquanto estas se pautavam em uma maior influência de pensadores pré-socráticos, em particular Heráclito e Demócrito, bem como do filósofo Sócrates, cabe a esta Escola priorizar ao filósofo Platão, sendo uma importante corrente filosófica da Antiguidade. Mesmo não sendo considerado o fundador do movimento, mérito que os comentadores dão ao seu mestre, Amônio Sacas, com quem Plotino estudou por cerca de 10 anos, Plotino é visto como o grande sistematizador do neoplatonismo, sendo, por vezes, o movimento identificado a sua pessoa.

Plotino nasceu em Lycópolis, Egito, estudou filosofia em Alexandria, Egito, e posteriormente transferiu-se para Roma, onde desenvolveu uma filosofia com vertente mística oriental e voltada para a salvação, se contrapondo ao então crescente movimento cristão. Posteriormente, com a vitória do cristianismo, parte do desenvolvimento filosófico desta Escola foi incorporado ao pensamento de autores cristãos.

Após seus estudos com Amônio Sacas, Plotino acompanhou o imperador Gordiano com seu exército até a Síria e a Pérsia, mas com a derrota do exército e o assassinato do imperador, refugiou-se em Antioquia e em sequência seguiu para Roma, onde chegou em 245 e fundou uma Escola de filosofia.

Plotino teve sua obra organizada e publicada por seu discípulo, Porfírio, que a dividiu em nove tomos, daí ser chamada de “Enéadas”. A obra Enéadas é composta por uma coleção de 54 tratados, divididos em seis capítulos (livros), sendo cada capítulo dividido em nove partes, ennéa significa nove em grego.

Podemos observar na obra de Plotino uma filosofia original, mas com influência de pensadores anteriores, tal é o caso de Platão e do platonismo, de Aristóteles e sua Escola, bem como do estoicismo, do neopitagorismo e do filósofo Parmênides.

Em linhas gerais, podemos falar em três hipóstases dentro do movimento neoplatônico, tomando por base o pensamento de Plotino: O um ou Uno, o nous, e a alma. O termo hipóstase é proveniente do grego clássico e faz referência à “substância” ou à natureza de algo, ou ainda a uma determinada instância deste algo. Pode fazer referência à existência de algo individual, a uma realidade concreta, fundamental e permanente.

As três hipóstases presentes no pensamento de Plotino são respectivamente o Uno, o nous e a alma. O termo “hipóstase” tem como significado “estado subjacente” ou “substância subjacente”, em outras palavras, a própria realidade última na qual tudo o mais se fundamenta. Por baixo da superfície dos fenômenos que percebemos há princípios superiores chamados de hipóstases, as quais se apresentam em uma hierarquia, no qual cada princípio emana do anterior, refletindo a sua imagem, deste modo, temos o Uno, o nous e a alma (psyche, mente divina, alma do mundo, alma universal).

Apresenta a ideia de Uno, que pode também ser entendido, mais tarde, como Deus dentro do pensamento de alguns autores cristãos que foram influenciados pelo seu pensamento. O conceito de Uno se contrapõe à ideia de trevas, ou ausência da luz proveniente do Uno. O que de fato existe é somente o Uno, sendo o restante visto não em sua concretude, mas sim como a ausência do Uno. Da mesma forma que a escuridão da noite é a ausência da luz. A dualidade presente no conceito de mundo das ideias de Platão é aqui atenuada, pois, tudo é Uno, algumas coisas estão dele mais próximas e outras mais afastadas, mas mesmo estas são também parte do Uno. A semelhança de uma imagem no espelho ou da sombra projetada de um corpo, as demais coisas não possuem uma realidade independente do Uno e nem toda a perfeição do mesmo.

O um ou Uno é entendido como sendo a perfeição, o absoluto, o eterno e o imutável. Já o nous é entendido como sendo a inteligência (intelecto) ou o pensamento. O nous pode ser entendido como sendo a razão universal ou o logos, tal como presente em filósofos anteriores. A alma é proveniente do nous e cabe à alma a contemplação do nous.

O primeiro princípio é o “um” ou “Uno”, fazendo referência a que tudo é uma unidade. Este princípio possui um caráter transcendente, simples e em contraste com a multiplicidade. É tido como a origem necessária para que tudo exista. Já o nous é a imagem perfeita do um ou Uno. Tudo procede do Uno, mas não é por ele criado e sim emanado, do mesmo modo que a luz do sol.

O Uno que Plotino apresenta é transcendente, mas em tudo o mais temos sua presença imanente, de modo que este se mostra como parte de um sistema no qual temos um panenteismo, ou seja, tudo está no Uno, mas este é mais que tudo que podemos observar, transcendendo a toda realidade.

O Uno se identifica com o Bem, já a multiplicidade há de se identificar com o mal, pois tende a se afastar da unidade. Quanto mais próximo do Uno, maior a perfeição e quanto mais distante, maior a imperfeição. Deste modo, a matéria se mostra como algo mal, mas somente por estar mais afastada do Uno e, portanto, ser imperfeita em relação ao Uno.

Plotino se baseia na dualidade presente em Platão a partir da formulação do conceito de mundo das ideias. Entende que temos um corpo e uma alma ou espírito, sendo o primeiro (o corpo) finito e temporário e o segundo (alma ou espírito) eterno e imortal.

Entende que os humanos possuem três almas, a superior ou intelectiva, a racional que se iguala a alma universal, e por último, a alma sensitiva vinculada e unida ao corpo para atender as funções necessárias a sobrevivência deste.

Plotino ao fazer referência a existência de três almas ou três potências da alma no homem ou três homens, não gera obstáculo a entendermos este mesmo humano como um “eu” e não múltiplos. A superior (intelectiva ou nous) nos permite contemplar o mundo inteligível, podendo também ser chamada de o primeiro homem. A racional (diánoia ou alma do mundo) nos permite raciocinar e nos afastarmos de nosso corpo, sendo por meio dela que decidimos sobre nosso destino, podendo também ser chamada de segundo homem. A sensitiva (aisthêtike) é a mais unida ao corpo, pois, por meio dela realizamos as funções sensitivas e vegetativas, é por meio dela que nosso corpo é vivificado, podendo também ser chamada de terceiro homem. Nenhuma destas três almas está realmente unida ao corpo, só estão submersas dentro do corpo, do mesmo modo que ocorreria ao corpo de alguém que se sentasse na beira de um rio com os pés dentro d’água, mas todo o restante do corpo fora. Em essência todas as três almas são iguais, o que ocorre é que varia o grau em que as mesmas estão submersas em nosso corpo, no entanto, o máximo grau de submersão não se encontra nos humanos ou demais animais, e sim nas plantas.

Podemos falar em três estágios, que vão do Uno, a partir de sua emanação, o nous, até a alma do mundo e o mundo material. O nous é emanado diretamente do Uno e pode ser entendido como logos, inteligência, razão suprema, sendo a primeira e suprema manifestação do Uno. A alma do mundo compartilha em si a inteligência e o mundo sensível, estando na divisa de dois mundos. Já o mundo material é o estágio que está mais afastado da verdadeira luz proveniente do Uno. Mas também é no mundo material que o humano nasce e se desenvolve, podendo dele elevar-se a estágios mais avançados em direção à contemplação do nous e do Uno.

O Uno se mostra como a origem e fonte transcendente e inefável de tudo que há, e dele emana o nous, que por sua vez gera por emanação a alma do mundo. Por meio da alma do mundo é formado todo o cosmos, o mundo material. Por meio da filosofia e da contemplação podemos retornar ao Uno. Plotino nos ensina deste modo que tudo se apresenta enquanto gradações de níveis ontológicos, a partir de uma realidade mais elevada ou primeiro princípio, que é o Uno, perfeito, eterno, criativo, sem forma, sem medida e infinito.

Em Plotino, a rigor, estamos diante de uma teologia negativa (ou apofática, em oposição a teologia positiva / afirmativa / propositiva, ou catafática) ao falarmos sobre o Uno, pois, dele nada se pode predicar, estando o mesmo muito além de qualquer predicação que dele possamos fazer. Qualquer atributo que possamos conferir ao Uno o estaria limitando e, portanto, sendo causa de imperfeição. O Uno não é o criador ou causa de tudo a partir de sua vontade consciente, mas sim como efeito necessário de sua absoluta perfeição. Gera a partir de emanação, sem nada perder ou diminuir de si próprio. As coisas provêm do Uno como o frio emana do gelo, ou o calor do fogo, ou a luz do sol, ou a imagem do espelho.

Para Plotino a matéria é a fonte de todo o mal, pois com ela temos a multiplicidade e o afastamento do Uno. A matéria é entendida como sendo um elemento mal e negativo, cárcere da alma e suporte das formas.

Para Plotino o mal é a privação ou afastamento do Uno, do mesmo modo que podemos ter luz e escuridão, sendo esta última a ausência ou privação da luz. A beleza e a inteligibilidade dos seres provêm do Uno e quanto mais afastados deste, mas também se afastam destas características. A matéria é o que mais se afasta do Uno, de modo que esta representa o mal, não em sua concretude, mas sim enquanto afastamento do Uno.

Apesar de não podemos conhecer o Uno por meio de conceitos obtidos por nossa inteligência oriundos da nossa experiência no mundo material, podemos conhece-lo por meio da intuição e de uma forma de êxtase místico. O Uno proposto por Plotino está acima de todas as categorias, inclusive a de deus e de divino, o Uno carece de toda determinação, tanto ontológica como também inteligível.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 18 de maio de 2022

Marco Aurélio (1) * As meditações e o estoicismo do imperador filósofo

 


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 Marco Aurélio (Marcus Aurelius Antoninus) (121-180 d.C.), nasceu em Roma e faleceu em Viena. Seu reinado foi marcado por diversas guerras, revoltas e epidemias de peste, tendo um governo conturbado. Considerado o último dos cinco bons imperadores. Ficou conhecido como “o imperador filósofo” e “o imperador sábio”. Durante seu governo, demonstrou serenidade, justiça e força moral. Se bem que em 177 ocorreu uma perseguição aos cristãos. Considerado o principal representante do assim chamado “novo estoicismo”. Sofreu influência de Epicteto e Sêneca, filósofos estoicos.

Seu livro mais famoso e de cunho filosófico é “Meditações”, provavelmente escrito durante campanhas de guerra. Tal livro parece ser mais um exercício filosófico voltado para o autoaperfeiçoamento e para a orientação de sua própria vida, sem o intuito de ser publicado ou endereçado a terceiros. Apesar de clara orientação estoica, percebe-se também a presença do ecletismo, que traz para as reflexões outros autores e correntes filosóficas. Também nos chegaram as cartas trocadas com seu amigo e professor, Frontão, onde se aborda o tema da retórica.

Seu livro se coloca mais próximo de um aconselhamento moral, onde a filosofia se mostra como um modo de vida e o problema central é como se pode viver bem e feliz. Temos como tema central a importância de analisar a si próprio e aos demais por meio de uma perspectiva mais ampla, cósmica. Temos a aceitação da morte e uma discussão sobre a existência ou não de deus ou dos deuses. Assume uma atitude que busca libertar o humano dos prazeres e dores da vida e do corpo vinculados ao mundo material. Ninguém pode nos prejudicar a não ser nós mesmos, a única maneira de sermos prejudicados por outros é permitir ser dominado por uma reação, pois, tudo não passa de opinião. Pela razão o humano consegue viver em harmonia com o universo.

As meditações têm como objetivo ser uma análise do dia-a-dia do imperador, o que ocorreu e qual a melhor forma de proceder diante dos fatos. Dentro do estoicismo temos a necessidade de voltarmos para nosso interior e nos questionarmos sobre nossa vida, comportamento, atitudes, ações diárias, de modo a poder com isto obter algum aprendizado útil, alguma lição de vida, visando não somente o autoaperfeiçoamento, mas também o aperfeiçoamento enquanto filósofo estoico, uma vez que o estoicismo prevê que seus princípios básicos não devem ser meramente compreendidos e sim vividos.

Como representante do estoicismo, mantém que a virtude é a única fonte de felicidade e que o homem sábio deve suportar todas as adversidades da vida e ao mesmo tempo, se propor a fazer o que for o seu dever.

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"Marco Aurélio: As meditações e o estoicismo imperial".

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terça-feira, 17 de maio de 2022

Marco Aurélio: As meditações e o estoicismo imperial

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Marco Aurélio

 Marco Aurélio (em latim Marcus Aurelius Antoninus) (121-180 d.C.), nasceu em Roma e faleceu em Viena, vítima da peste, proveniente de uma família nobre espanhola, assumiu como imperador em 161 e ocupou o cargo até sua morte. Seu reinado foi marcado por diversas guerras: Contra os Partas, na fronteira oriental, de 161 a 166; contra as tribos germânicas, na fronteira norte, de 166 a 180. Teve de lidar com revoltas e epidemias de peste, tendo um governo conturbado. Considerado o último dos cinco bons imperadores, foi também escritor e filósofo estoico. Ficou conhecido como “o imperador filósofo” e “o imperador sábio”. Durante seu governo, demonstrou serenidade, justiça e força moral. Se bem que em 177 ocorreu uma perseguição aos cristãos. Considerado o principal representante do assim chamado “novo estoicismo”. Sofreu influência de Epicteto e Sêneca, filósofos estoicos.

Quando jovem, teve uma boa educação, tanto de questões teóricas como práticas (estudou letras latinas e gregas, direito, retórica, filosofia e pintura), dedicando-se também a cuidar do corpo e treiná-lo (treinou luta livre e também praticou dança ritual dedicada ao deus Marte).


 

Seu livro mais famoso e de cunho filosófico é “Meditações”, provavelmente escrito durante campanhas de guerra, entre os anos de 171 a 175. Tal livro parece ser mais um exercício filosófico voltado para o autoaperfeiçoamento e para a orientação de sua própria vida, sem o intuito de ser publicado ou endereçado a terceiros. Originalmente escrito em grego, observamos nesta obra a junção da cultura grega com a romana. Apesar de clara orientação estoica, percebe-se também a presença do ecletismo, que traz para as reflexões outros autores e correntes filosóficas. Também nos chegaram as cartas trocadas com seu amigo e professor, Frontão, onde se aborda o tema da retórica.

Apesar de termos citações e referências às “Meditações” em autores antigos, uma edição da obra somente é publicada e torna-se disponível a partir dos séculos XVI e XVII d.C.

Em Marco Aurélio, no seu livro “Meditações”, as especulações físicas, metafísicas e lógicas cedem seu lugar a uma outra abordagem, mais próxima do caráter prático e não especulativo presente nos romanos. De base estoica, seu livro se coloca mais próximo de um aconselhamento moral, onde a filosofia se mostra como um modo de vida e o problema central é como se pode viver bem e feliz.

No seu livro temos presente como tema central a importância de analisar a si próprio e aos demais por meio de uma perspectiva mais ampla, cósmica. Temos a aceitação da morte e uma discussão sobre a existência ou não de deus ou dos deuses. Assume uma atitude que busca libertar o humano dos prazeres e dores da vida e do corpo vinculados ao mundo material. Ninguém pode nos prejudicar a não ser nós mesmos, a única maneira de sermos prejudicados por outros é permitir ser dominado por uma reação, pois, tudo não passa de opinião. Pela razão o humano consegue viver em harmonia com o universo.

Tendeu a dar destaque aos aspectos religiosos presentes no estoicismo, transformando-o em uma norma de vida, de como atuar em questões práticas e sobre a obtenção de consolo para as dores e problemas que a vida nos traz. O estoicismo anterior a Marco Aurélio não admite a ideia de “espírito”, assumindo uma postura na qual só admite a existência de seres concretos e corpos, e em oposição ao conceito de mundo das ideias presente no platonismo, somente com Marco Aurélio passamos a falar e pensar a noção de espírito. Temos um profundo sentimento religioso, presente em todo o movimento estoico, mas com o destaque de uma relação mais íntima com o divino que é imanente ao humano. Temos a presença de um cosmopolitismo, onde todos os humanos são vistos como irmãos e dignos de nosso amor. Podemos constatar influência de Heráclito a partir da presença nítida de um processo de constante mudança e impermanência de todas as coisas. Um pouco de pessimismo ou conformismo diante da realidade, que as vezes ganha o tom de otimismo diante da aceitação da lei divina, da providência e do amor. O pessimismo pode ser observado quando afirma que tudo passa, tudo há de se destruir, nada permanece para sempre e que a vida não passa de um breve caminho que leva à morte. Já o otimismo surge da contemplação da lei divina que tudo governa com sabedoria. Esta realidade divina contrasta com a impermanência e mudança observada nas coisas, pois, se mostra como permanente, imutável e causa da harmonia do universo. Para viver bem é necessário se por em afinidade com este divino, que é imanente a tudo, e com os deuses.

As meditações têm como objetivo ser uma análise do dia-a-dia do imperador, o que ocorreu e qual a melhor forma de proceder diante dos fatos. Dentro do estoicismo temos a necessidade de voltarmos para nosso interior e nos questionarmos sobre nossa vida, comportamento, atitudes, ações diárias, de modo a poder com isto obter algum aprendizado útil, alguma lição de vida, visando não somente o autoaperfeiçoamento, mas também o aperfeiçoamento enquanto filósofo estoico, uma vez que o estoicismo prevê que seus princípios básicos não devem ser meramente compreendidos e sim vividos.

As meditações não foram escritas com o propósito de ser publicadas e sim como material de reflexão individual para o autoaperfeiçoamento. Questões presentes ao estoicismo vinculadas a lógica, a física ou a ética não são desenvolvidas de modo sistemático nas meditações, pois não é este o objetivo, o que temos são reflexões diárias de caráter eminentemente prático.

Marco Aurélio entende a vida como algo instável e passageiro e cujo sentido se dá ao ligar o indivíduo com o universo. Cabe ao humano produzir seus frutos do mesmo modo que uma árvore o faz, e o ato moral se apresenta como sendo um desenvolvimento da natureza universal deste humano.

Como representante do estoicismo, mantém que a virtude é a única fonte de felicidade e que o homem sábio deve suportar todas as adversidades da vida e ao mesmo tempo, se propor a fazer o que for o seu dever.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 11 de maio de 2022

O Helenismo (2) * Academia, Liceu, NeoPitagorismo e Ecletismo

 


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 Academia, Liceu, NeoPitagorismo, Ecletismo

 

Academia

A Academia fundada por Platão, em 387 a.C. ou próximo desta data, após a morte deste, continuou a formar novos filósofos e em determinado momento de sua história passou a ser conhecida por Nova Academia, aproximando-se teoricamente do ceticismo e, posteriormente, em outro momento histórico,  assume uma postura eclética. Dentre os autores antigos, encontramos algumas divisões possíveis em torno da época histórica da Academia, que variam de duas (Cícero), três (Diógenes Laércio) a cinco (Sexto Empírico), todas iniciando com o fundador, Platão.

Trata-se da primeira escola ou universidade organizada no sentido de ser um espaço de troca de conhecimento, onde, apesar de não haver um currículo formal, tínhamos a presença de mestres e alunos mais ou menos experientes nas questões filosóficas. Inicialmente ali tínhamos o estudo das ideias de Platão, posteriormente houve uma evolução onde prevaleceu uma abordagem cética e probabilística e, por fim, em uma última fase, adotou-se uma abordagem eclética contra um inimigo comum à Academia e ao Estoicismo, o ceticismo. Das questões estudadas por Platão, a Academia evoluiu para um interesse mais voltado para questões morais e éticas sobre o bem viver e a felicidade, abandonando as bases metafísicas propostas por Platão, como, por exemplo, o mundo das ideias.

 

Liceu

A termo “Liceu” designa a Escola filosófica fundada por Aristóteles, em 335 a.C., cujos membros se reuniam no local, onde tínhamos um bosque consagrado a Apolo Lykeios (Lyceus), de onde é provável que se origine o nome, um templo dedicado ao deus Apolo Liceu. Também conhecida como Escola Peripatética. Os sucessores se mantiveram afastados das discussões entre Acadêmicos e Estoicos, mas também participaram da tendência eclética. A Escola peripatética sempre demonstrou uma clara preferência empírica e não dialética e especulativa como observamos na Academia.

O ensino ministrado no Liceu pode ser resumido em algumas teses defendidas por Aristóteles, visando a conduzir o humano à obtenção da felicidade. A educação tem como objetivo guiar o humano ao longo de sua vida a partir do ensino de conceitos úteis e necessários a vida prática e também o ensino da virtude moral.

 

NeoPitagorismo

Com o neopitagorismo temos um retorno parcial ao pensamento presente na Escola Pitagórica, em particular o misticismo e orfismo, a defesa da imortalidade da alma e de sua reencarnação, uma relação harmônica com o cosmos e uma atitude de oposição ao materialismo. Também muito importante a noção presente de desejo de união mística com o divino.

 

Ecletismo

Em filosofia entendemos por ecletismo uma abordagem teórica que teve início na Antiguidade, caracterizando-se pela justaposição de teses e argumentos provindos de distintas Escolas filosóficas, criando por tal modo, uma visão de mundo ou cosmovisão pluralista e multifacetada sobre os temas em pauta. A ideia básica é que se possa escolher dentre as diversas doutrinas provenientes de Escolas filosóficas diferentes, as que sejam percebidas como a melhor em determinado assunto particular, seja este teórico ou prático. Pelo ecletismo se busca, portanto, a conciliação entre teorias distintas e por vezes antagônicas entre si, buscando sempre o que aparente ser o melhor diante do problema ou realidade que se nos apresenta naquele momento. Tenta-se desta forma conciliar teorias que são em diversos pontos opostas, buscando a harmonia e se opondo ao dogmatismo e radicalismo. Quem primeiro usou o termo e com ele se referiu a uma Escola Eclética foi Diógenes Laércio (180-240 d.C.).

O Ecletismo teve uma boa acolhida em Roma, sendo proveniente dali um dos ecléticos mais conhecidos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.). Os romanos não tinham um gosto ou preferência para a filosofia especulativa e teórica e por seu modo de vida, buscavam sempre algo prático, donde a boa acolhida pela abordagem eclética em filosofia, buscando o que de melhor fora produzido pelas distintas Escolas e movimentos filosóficos do passado, para com isto compor uma nova e mais completa filosofia, adequada às questões e problemas com os quais se deparavam.

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"Escolas filosóficas do mundo helênico".

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