OK!
Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Eu recebo uma
quantidade grande de e-mails abordando os diversos temas nos quais escrevo e
atuo, mas um em particular tem se destacado em freqüência, o casamento aberto.
Vou comentar neste final de semana alguns dos e-mails que recebo abordando tal
temática. Já que o assunto é a sexualidade, cabe destacar meus livros “Sexo, sexualidade e sociedade” e “Falando sobre sexo”, em meu site.
----- Original Message
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Subject: Sexualidade
Dr. Silvério,
Muito interessante a sua página e sua abordagem sobre a sexualidade.
Também achei muito interessante o assunto do casamento aberto, idéia
que eu também comungo e estou conversando muito com minha esposa sobre a
questão.
Às vezes ela reluta. Não tiro suas razões, porém acho que a
maioria dos desencontros no relacionamento conjugal é devido aos préconceitos e
tabus. E para não cair-se na rotina, acho que é uma grande solução.
Gostaria de saber sua opinião sobre os caminhos que podemos percorrer
para encontrarmos um consenso sobre a abertura de nosso casamento. Já propus
até reencontro com ex-namorados dela tentando encorajá-la. Pode ser uma boa
idéia, ou não.
Cordialmente,
“P.N.”
Meu E-mail:
----- Original Message
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Subject: casamento aberto
Prezado Dr. Silvério,
Com muita satisfaçào e respeito, venho agradecê-lo pela sua atenção à
minha indagação sobre casamento aberto.
Continuando o nosso diálogo, conforme sua sugestão, após análise das
hipóteses de motivação do meu intento, sugeridas por você, entendo que o
que me leva a essa pretensão se baseia mais no que tenho vivenciado, como por
exemplo: fico extremamente erotizado quando minha esposa me relata situações em
que colegas de estudo ou de trabalho te galanteiam insinuando ou até
revelando desejos de relações sexuais com ela, e isto jamais foi motivo de
ciúmes da minha parte. E quando fico pensando nas possíveis situações fico
extremamente excitado e já revelei a ela tudo isto, até incentivando-a a
progredir na evolução de seus relacionamentos sem medo e culpa, desde que ela
sinta interessada e isto possa vir a satisfazê-la.
É certo que tenho que relatar aqui, que já tive problemas de falta de
libido por baixo nível de Testosterona, porém já faço reposiçào hormonal a
cerca de 4 anos, e conversando com meu urologista, do ponto de vista
fisiológico agora está tudo dentro da normalidade de um homem de cinquenta e
quatro anos.
É inegável também que a abertura do casamento, como imagino, deve ser
para os dois lados, até para que haja um equilíbrio, e que ninguém se sinta
injustiçado. Mas o meu objetivo maior não é poder dar meus pulos também, mas
sim, termos um relacionamento prazeiroso e sem censuras ou cobranças. O que
mais quero é ter um relacionamento com minha esposa com mais prazer,
respeito, desejando verdadeiramente a felicidade dela também, desejando-a
cada vez mais, amando-a cada vez mais, tendo uma vida de liberdade responsável,
não me sentindo culpado por eventualmente ter um caso.
Quando vamos a uma boate ou casa de suing, só com o fato de poder
acontecer uma aproximação de outro homem a ela fico altamente excitado e temos
relações altamente satisfatórias.
Já sugeri a ela que fizessemos brincadeiras tipo ela ir para um
barzinho sozinha e eu chegar mais tarde, ou até ela ir para um motel com outra
pessoa e dar a surpresa me chamando para encontrar com ela lá.
Ela diz que poderá fazer, mais ainda não teve coragem ou oportunidade.
Ela concorda com muita coisa que já conversamos sobre minhas fantasias,
mais ela reluta ainda com situais mais ousadas.
Se puderes analisar o que te relatei e manifestar sua opinião, ficarei
muito grato.
Antecipadamente agradecemos,
Cordialmente,
“P.N.”
----- Original Message
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Subject: casamento aberto
Prfezado Doutor Silvério,
Dando continuidade sobre o assunto "casamento
aberto", gostaria ainda, se possível trocar idéias com você,
considerando que além de ter a intenção de adotá-lo no meu
relacionamento conjugal, eu tenho um processo de erotização um pouco
peculiar.
Até já manifestei e falei abertamente à minha esposa, que ao imaginar
ela sendo cortejada por outro homem, fico a "ponto de
bala", e em momentos de busca desse clima propício para uma boa
relação até já revelei a ela que gostaria de vê-la tendo orgasmo nas
mãos de outro homem, podendo ser até um massagista. Ela achou muita
graça e deu-me esperança que faria isto algum dia para me agradar. Será
que posso estar investindo nessas possibilidades ou isto não passa de
devaneios de algumas manifestações de complexos ou alguma distorção
de comportamento inconsciente?
Esta idéia e proposta minha para o casamento aberto, me parece ser mais
para eu me erotizar com os casos eventuais que ela poderia ter do que eu poder
ter casos fora. A minha maior vontade é vê-la mais livre, solta e me
relatando as eventuais situações, não tenho vontades de ter casos com outras
mulheres, embora não descaratando a possibilidade de tê-los.
Antecipando agradecimentos por sua atenção,
aguardo sua manifestação, dentro de sujas possibilidades,
Atenciosamente,
“P.N.”
Eu respondi a
estes e-mails indicando a leitura de meus dois livros sobre sexo sexualidade
citados acima, e em particular o capítulo 5 “Comportamento. Casais liberais: O sabor da aventura no casamento”
de meu livro “Falando sobre sexo”,
disponíveis em meu site. Nestes casos de relacionamento com outras pessoas e
convivência familiar e social, recomendo, também, a leitura de meu livro “Vencer é ser feliz: A estrada do sucesso e
da felicidade”, disponível nas livrarias e com maiores informações em meu
site.
Comecei
respondendo demonstrando minha satisfação em saber que haviam gostado de meu
site e textos nele disponíveis. Expus minha opinião de que em se tratando de
relacionamentos amorosos-sexuais tudo é válido entre o casal, desde que haja
consentimento e interesse de ambas as partes. Se a motivação é dos dois, homem
e mulher, então tudo bem, caso contrário, se somente um tem tal necessidade,
então não é válido para a boa convivência do casal. Nestes casos, sempre me
coloco a disposição para continuar conversando por e-mail com a pessoa, caso a
pessoa queira explicar melhor a situação, pois, sei bem que na medida em que
conversamos, a pessoa elabora melhor suas idéias e sentimentos, proporcionando
um encontro consigo mesma.
Penso que o
mais importante é que haja diálogo, conversa, na qual cada um fale dos seus
desejos e medos em busca de um acordo que agrade a ambos e permita o prazer
mútuo. É importante, também, assinalar que às vezes a motivação é oriunda
somente do marido, o qual insiste e por fim consegue seu intento, para tão
somente depois ele próprio se arrepender e ficar com ciúmes em relação a todo e
qualquer comentário que sua mulher possa tecer sobre a relação sexual que
manteve com o outro homem. Como este homem irá se comportar após a realização
de sua fantasia? Irá aceitar e continuar com tesão ou desenvolver enorme ciúme
diante da situação? Cabe saber como este homem irá se comportar depois do
ocorrido, se além do desejo, tem este condições emocionais para aceitar
possíveis implicações ou comentários provindos de sua mulher.
No mais, cabe
também discorrer sobre a presença do voyeurismo (prazer sexual em ver,
observar) e do exibicionismo (prazer sexual em se exibir) presentes na situação
como um todo. Penso que aqui cabem três possibilidades distintas, se bem que
possam ser complementares. Afinal, o tesão/desejo deste homem é o de um voyeur
e neste caso gostaria que sua mulher se exibisse publicamente, usasse roupas
curtíssimas ou superdecotadas e coisas assim, ou, se o tesão/desejo deste homem
é de ver a sua mulher mantendo relações sexuais com outro homem e fazendo algum
tipo específico de posição ou relação sexual, ou, se seu tesão/desejo é o de
ele próprio se aproveitar da situação para manter relações sexuais com outras
mulheres.
Se o casal
enfrenta a sério tal dilema e conversa sobre a possibilidade de abrir seu
relacionamento para outras pessoas, tem nos clubes de swing, hoje tão em moda
nas grandes capitais de nosso país, uma alternativa viável.
Sugiro a freqüência
a clubes de swing, pois, não há a menor necessidade de manter relações sexuais
com outros, pode-se freqüentar como se fosse uma boate normal e ir para dançar
e beber, havendo, no entanto, espaço para algo mais, desta forma, tanto a mulher, como também o homem, poderão
se sentir mais a vontade em uma atmosfera de maior liberdade social. O casal
também pode freqüentar este ambiente algumas vezes antes que de fato ocorra
alguma coisa. Mas, o que vale sempre é a conversa. Converse com sua mulher,
converse com seu homem, e explique seu tesão/desejo e ouça qual é o dela(e),
bem como quais os medos de ambos.
Pelo que pude
perceber da conversa que mantive com “P.N.” por meio da troca de e-mails, parece-me
que este casal já está bem adiantado no tocante a manter um relaciomento
aberto. O mais importante para um casal é o diálogo, em qualquer situação, e
isto este casal parece já ter. Outro ponto muito importante é o respeito às
limitações de um e as fantasias do outro e a busca de um acordo mútuo, o que me
parece que este casal está conseguindo encontrar. O caminho realmente é começar
a freqüentar estas boates para casais, onde o clima é de total respeito uma vez
que cada um faz somente aquilo que quer e isto este casal já está fazendo. No
mais, cabe somente expressar meus sentimentos de que este casal consiga
encontrar uma combinação que agrade a ambos, de modo a que consigam realizar
suas fantasias e crescer com as mesmas. Sempre lembrando que fantasias podem
ser muito explosivas se não administradas corretamente, tanto podem levar o
casal a maior maturidade e crescimento, como também a destruição do
relacionamento, tudo depende dos aspectos emocionais envolvidos, do respeito e
do diálogo.
Já que eu
escrevo sobre o assunto, sendo a sexualidade parte integrante da esfera de
minha atuação profissional como psicólogo clínico, trocar idéias sobre
relacionamentos abertos com um casal que esteja vivenciando esta situação é
sempre algo interessante e proveitoso. Minha sugestão para quem queira adotar
tal procedimento no seu relacionamento amoroso-sexual é que comece pela
introdução do diálogo. Cabe aqui conversar e buscar um entendimento mútuo para
que não haja pressão indevida de uma das partes.
Não há mal
algum em a pessoa, seja homem ou mulher, ter tesão com tal situação. Vários
casais praticam este tipo de relacionamento, basta que haja entendimento e
acordo mútuo. A nossa atual sociedade permite tal tipo de relacionamento e não
há motivos para buscar algo de ruim ou doentio no mesmo ou em suas fantasias.
Os motivos reais que levam a pessoa a desejar tal, seus complexos e
manifestações inconscientes como a própria pessoa por vezes admite, podem atuar
como causa do desejo, mas entendo que o importante para o casal não é saber a
causa possível ou provável de um desejo ou fantasia e sim se propor a realizar
ou não o mesmo na prática sexual cotidiana do casal. Aqui o mais importante não
é o passado e sim o momento presente. Não há coisa alguma de profano ou sujo em
um relacionamento sexual, seja este envolvendo uma ou mais pessoas. O sexo é
algo belo e que vale a pena ser aproveitado, aproveite-o bem com sua(seu)
companheira(o), mas sempre com o consentimento dela(e), para que ambos possam usufruir
prazer com a situação e para que nenhum dos dois se sinta mal por fazer algo
que não quer, somente para agradar ao outro ou com medo de perder o parceiro ou
de possíveis conseqüências danosas ao relacionamento.
PERGUNTA: O
que você pensa sobre relacionamentos onde o casal abre espaço para outras
pessoas na esfera sexual?
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto
– Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua
autoria)
3 comentários:
Se contasse que até acabar meu primeiro relacionamento eu acreditava em conto de fadas, nem daria para acreditar na pessoa que sou agora. Tenho muitos amigos e amigas homossexuais e deixei de ter muitos preconceitos sobre o tema. Além de aprender muito com eles. Eu diria, que o que falta nos casais, não somente os casados, é maturidade, diálogo e mudança de conceitos. Depois que me separei tive dois namorados que contaram suas experiências sexuais, como se tivessem a intenção de se livrar de um peso na consciência, pois sempre terminavam dizendo que isso não era promiscuidade (é assim mesmo que escreve?). Mas se eu demonstrasse algum interesse sobre o assunto, nossa, quanto ciúmes. Apesar de demonstrarem ser muito abertos, a idéia era que só aconteceu porque era algo passageiro. Mas que comigo o relacionamento era sério e ai de mim se olhasse para os lados. No máximo, se acontecesse alguma coisa diferente, teria outra mulher, mas nunca um outro homem. Interessante, não? Isso me lembra até mesmo um rapaz de 36 anos com quem comecei um relacionamento ainda este ano, mas terminei, porque tornou-se um sufoco. Como morávamos em cidades diferentes, era eu quem ia visitá-lo, uma vez a cada uma ou duas semanas. Quando eu disse que entenderia se ele ficasse com alguma garota nesse meio tempo, quase surtou. E isso foi motivo para ele começar a controlar meus passos. Nem seria preciso dizer que terminei o namoro. Também tive um caso, com um rapaz de 26, eu sabia que ele tinha namorada, mas ele dizia que "agora acabou", quando eu disse pra ele que não precisava se preocupar, que eu não iria ficar apaixonada por ele, ficou chocado. E o dia que comentei para uma amiga que eu ia arranjar uma amante para o meu pai? Ela queria me internar na mesma hora. Gostei do exemplo. Me sinto novamente uma pessoa "normal".
Compartilho das suas opiniões no que se refere à importância do diálogo e da cumplicidade num relacionamento. Um relacionamento sexual, mesmo antes da sua concretização, é formado por fantasias e desejos. Assim, é interessante haver um equilíbrio para que um dos parceiros não se sinta prejudicado.
Se necessitam de algo mais para que o relacionamento funcione, acho válido...
Eu partipa de suing com meu marido e outros pessoas
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