Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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domingo, 31 de julho de 2022

A ciência não dá a verdade, a religião, sim.

 


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O que é a ciência e como esta se diferencia da religião no quesito relacionado a verdade?

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Arcesilao, Carnéades (1) * O ceticismo na nova Academia


 

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O ceticismo na Academia começa com Arcesilao (316/315-241/240 a.C.), o qual, enquanto esteve à frente da Academia combateu o dogmatismo dos estoicos com o uso da dialética, adotando uma postura na qual nega toda certeza ou critério de verdade, não sendo possível conhecer as coisas em si mesmo, seja por meio dos sentidos ou por meio da razão. Trata-se não de um ceticismo moral como anteriormente presente em Pirro, e sim de um ceticismo pautado na crítica filosófica e na gnoseologia. Não podemos obter por meio de nossas percepções uma representação que seja realmente exata e fidedigna em relação ao objeto. Deste modo, proporciona somente um valor subjetivo as nossas percepções e a razão, por sua vez, se embasa em nossas percepções, tornando-se deste modo, também sujeita ao erro. Arcesilao nada escreveu e é associado pelos comentadores a segunda Academia ou Academia média. Aquele que melhor parece ter dado prosseguimento e desenvolvimento as ideias propostas por Arcesilao foi Carnéades.

Carnéades (214-129 a.C.) nasce em Cirene, norte da África, e falece em Atenas, cidade na qual desenvolveu seus estudos em filosofia e onde esteve, por um tempo (167 a 137 a.C.), à frente da Academia. Coube a Carnéades, segundo alguns comentadores, fundar a assim chamada “nova Academia” ou “terceira Academia”.

A tradição nos diz que Carnéades nada escreveu em vida e que seus ensinamentos eram somente orais, foi seu aluno, Clitômaco, quem durante dez anos tomou anotações das aulas e ideias do mestre e foi por seu intermédio que pensadores posteriores tomaram ciência de suas ideias. Conhecemos seu pensamento por meio de Cícero e Sexto Empírico, que são as principais fontes, mas também cabe destacar Plutarco e Eusébio de Cesareia.

Carnéades quando esteve à frente da academia proporcionou uma nova direção, no sentido anteriormente dado por Arcesilao, sendo que este priorizava mais o ceticismo enquanto Carnéades tendia mais para um probabilismo. Sua filosofia propunha a impossibilidade sobre a certeza de um conhecimento verdadeiro, pois todo o conhecimento que temos em última análise é resultado de uma probabilidade.

Carnéades assume uma posição filosófica contrária a todo e qualquer dogmatismo, defendendo que não é possível distinguir de modo inequívoco entre representações verdadeiras e falsas. Como não é possível obtermos um critério de verdade realmente válido em todas as situações, opta por uma postura que o aproxima da verossimilhança, probabilidade e possibilidade, levando em conta o discurso persuasivo na tomada de decisão.

Carnéades entende que não é possível haver uma doutrina realmente verdadeira, pois a todas corresponde somente uma parte da verdade, no entanto, pensa que a ação cotidiana pode ser pautada na probabilidade e verossimilhança proveniente desta parte verdadeira presente ao conhecimento. Também nega a possibilidade de existência de um critério moral que nos permita discernir com absoluta certeza o que seja bom e mal.

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Playlist: "O Helenismo"

terça-feira, 26 de julho de 2022

Carnéades e a terceira Academia

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Arcesilao, Carnéades e a nova Academia

 O ceticismo na Academia começa com Arcesilao (316/315-241/240 a.C.), o qual, enquanto esteve à frente da Academia combateu o dogmatismo dos estoicos com o uso da dialética, adotando uma postura na qual nega toda certeza ou critério de verdade, não sendo possível conhecer as coisas em si mesmo, seja por meio dos sentidos ou por meio da razão. Trata-se não de um ceticismo moral como anteriormente presente em Pirro, e sim de um ceticismo pautado na crítica filosófica e na gnoseologia. Não podemos obter por meio de nossas percepções uma representação que seja realmente exata e fidedigna em relação ao objeto. Deste modo, proporciona somente um valor subjetivo as nossas percepções e a razão, por sua vez, se embasa em nossas percepções, tornando-se deste modo, também sujeita ao erro. Arcesilao nada escreveu e é associado pelos comentadores a segunda Academia ou Academia média. Aquele que melhor parece ter dado prosseguimento e desenvolvimento as ideias propostas por Arcesilao foi Carnéades.

Entre Arcesilao e Carnéades, transcorreram cerca de 50 anos e quatro escolarcas ocuparam o cargo de chefe da Academia, sem que nos tenham chegado seus escritos ou alguma notícia sobre algo de realmente relevante que algum deles tenha feito.


 

Carnéades (214-129 a.C.) nasce em Cirene, norte da África, e falece em Atenas, cidade na qual desenvolveu seus estudos em filosofia e onde esteve, por um tempo (167 a 137 a.C.), à frente da Academia. Coube a Carnéades, segundo alguns comentadores, fundar a assim chamada “nova Academia” ou “terceira Academia”.

A tradição nos diz que Carnéades nada escreveu em vida e que seus ensinamentos eram somente orais, foi seu aluno, Clitômaco, quem durante dez anos tomou anotações das aulas e ideias do mestre e foi por seu intermédio que pensadores posteriores tomaram ciência de suas ideias. Conhecemos seu pensamento por meio de Cícero e Sexto Empírico, que são as principais fontes, mas também cabe destacar Plutarco e Eusébio de Cesareia.

Cita-se que no ano de 155 a.C. participou conjuntamente com mais dois filósofos (Critolau – aristotélico/peripatético/Liceu, e Diógenes da Babilônia – estoico) de uma embaixada a Roma. Durante sua estada fizeram vários discursos aos jovens, o que desagradou aos romanos a ponto de ser debatido no senado que os mesmos retornassem a Atenas o mais breve possível.

Carnéades era conhecido pelo fato de conseguir desenvolver argumentos convincentes para ambos os lados opostos de uma contenda. Temos relatos de que quando esteve em Roma fez dois discursos sobre a justiça, um em um dia e o outro no dia seguinte. Sendo que em cada discurso defendeu uma tese contrária ao outro. Deste modo, no primeiro dia fez um discurso enaltecendo o valor da justiça, e no dia seguinte fez um discurso contrário ao primeiro, falando sobre a relatividade da justiça nos mais diversos povos.

Carnéades quando esteve à frente da academia proporcionou uma nova direção, no sentido anteriormente dado por Arcesilao, sendo que este priorizava mais o ceticismo enquanto Carnéades tendia mais para um probabilismo. Sua filosofia propunha a impossibilidade sobre a certeza de um conhecimento verdadeiro, pois todo o conhecimento que temos em última análise é resultado de uma probabilidade.

Se posicionou contrário aos epicureus e aos estoicos. Atuou como crítico do estoicismo e suas ideias o aproximaram do ceticismo. Combateu o dogmatismo que entendia estar presente no estoicismo de Crisipo e desenvolveu para este objetivo uma doutrina filosófica pautada no provável, nas possibilidades, na relatividade do conhecimento, para tal formulou três graus principais de probabilidade: a convicção sem apoio de outras representações; a convicção compatível com outras representações; e a representação confirmada.

Tanto lutou contra as doutrinas dos estoicos expressas por Crisipo, que certa vez declarou que: “Se Crisipo não existisse, não existiria eu”.

Entendia que não era possível existir um critério de verdade, independente deste ser baseado no pensamento, na sensação, nas representações ou em qualquer outra coisa que exista. Estamos propensos ao erro e ao engano em nossos julgamentos. Cabe ao humano guiar seu comportamento e decisões pelo que pareça provável a partir da argumentação persuasiva. Já que a certeza em uma verdade absoluta nos é inatingível, cabe nos contentar com o provável, donde temos uma doutrina que no tocante a epistemologia, é pautada no probabilismo, mas não de base matemática e sim persuasiva por meio da argumentação.

Carnéades assume uma posição filosófica contrária a todo e qualquer dogmatismo, defendendo que não é possível distinguir de modo inequívoco entre representações verdadeiras e falsas. Como não é possível obtermos um critério de verdade realmente válido em todas as situações, opta por uma postura que o aproxima da verossimilhança, probabilidade e possibilidade, levando em conta o discurso persuasivo na tomada de decisão.

Carnéades entende que não é possível haver uma doutrina realmente verdadeira, pois a todas corresponde somente uma parte da verdade, no entanto, pensa que a ação cotidiana pode ser pautada na probabilidade e verossimilhança proveniente desta parte verdadeira presente ao conhecimento. Também nega a possibilidade de existência de um critério moral que nos permita discernir com absoluta certeza o que seja bom e mal.

Apesar de se aproximar do ceticismo e de alguns comentadores o considerarem um representante do ceticismo antigo, entre ele e Pirro vai uma longa distância. Carnéades aceita a verossimilhança e o probabilismo, ou seja, aceita a possibilidade de efetuar um juízo sobre algo ser mais verdadeiro ou falso que outro algo. Para aceitarmos algo como mais próximo da verdade ou mais provável de ser verdadeiro é necessário que primeiramente tenhamos uma noção do que seja a verdade e do que seja o falso, e para isto há de se basear em algum critério, mesmo que não formulado abertamente. Isto é muito diferente do ceticismo, no qual se propõe a se abster de todo e qualquer juízo. No ceticismo se assume que não se sabe a verdade por não possuirmos um critério para tal, no entanto, do mesmo modo que não se afirma algo como verdadeiro, também não se nega que seja possível obter a verdade, mantendo-se em um estado de abertura investigativa e se propõe a abstenção da formulação de juízos.

Segundo a opinião expressada por Sexto Empírico em “Esboços pirrônicos”, temos que a principal diferença entre as filosofias no tocante a investigação é que se pode assumir uma de três atitudes básicas: 1- a descoberta da verdade sobre o que se investiga, 2- a não descoberta e a confissão da impossibilidade de o fazer, 3- continuar investigando. Ora, ainda segundo o pensamento de Sexto Empírico, a primeira postura cabe aos filósofos dogmáticos, entendidos por ele como sendo Aristóteles, Epicuro, os estoicos, alguns outros e também seus seguidores. A terceira postura, de continuar investigando sem afirmar ou negar, é a postura filosófica dos céticos. Já a atitude de número dois, de não somente não encontrar a verdade, mas também negar ser isto possível, é a postura adotada por Carnéades, Clitômaco e demais acadêmicos. Daí Sexto nos falar em três filosofias mais gerais, a saber: dogmática, acadêmica e cética.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Escola Cirenaica ou Hedonista (1) * Escolas Socráticas Menores

 


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 A Escola Cirenaica, por vezes também conhecida por Escola Hedonista, foi fundada por Aristipo de Cirene (435-355 a.C.), discípulo do filósofo Sócrates. Tem este nome por ter sido fundada na cidade de Cirene, Líbia, no norte da África. Aristipo sofre influência de Sócrates e de Protágoras, o sofista. Nada restou dos escritos de Aristipo, nosso conhecimento sobre esta escola se deve a pensadores posteriores.

A escola cirenaica possui seu fundamental núcleo em três pessoas, Aristipo, o fundador da escola, Areta, sua filha, e Aristipo, seu neto. Como avô e neto tem o mesmo nome, este último ficou conhecido como Aristipo, o jovem. O conhecimento da escola foi passado de pai para a filha e desta para seu filho, sendo este o sistematizador do sistema de seu avô. Aristipo, o jovem, teve como filho Teodoro, o ateu, que negava a existência não só dos deuses, mas de qualquer divindade.

Para os membros da escola cirenaica o prazer é entendido como o único bem intrínseco, deste modo, entendiam que se devia não meramente evitar a dor, mas sim, ativamente buscar o prazer e este se daria por meio de sensações físicas agradáveis e momentâneas. Admitem, no entanto, que o prazer também pode ser obtido por meio de um comportamento altruísta. O prazer é o único bem na vida e a dor é o único mal.

O prazer ocorre no momento vivido, já a felicidade é o somatório do conjunto de prazeres ocorridos no passado, presente e futuro. O prazer sempre ocorre no momento presente, no aqui e agora. É preciso aprender a viver o prazer do breve momento em que este ocorre, sem se preocupar com o passado ou com o futuro. Para ser feliz é preciso saber apreciar o momento presente que se está vivendo. A virtude, por sua vez, se dá pela moderação dos prazeres, de modo a que estes não se transformem futuramente em fonte de dor.

Para Aristipo o prazer pode ser entendido como um movimento leve, a dor como um movimento violento e o êxtase como a ausência de movimento, não sendo este último considerado prazeroso ou desprazeroso. Aristipo combinava o hedonismo na ética, com o sensualismo e materialismo na teoria do conhecimento.

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terça-feira, 19 de julho de 2022

Escolas Socráticas Menores: Escola Cirenaica ou Hedonista

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Escola Cirenaica ou Hedonista – Aristipo de Cirene

 A Escola Cirenaica, por vezes também conhecida por Escola Hedonista, foi fundada por Aristipo de Cirene (435-355 a.C.), discípulo do filósofo Sócrates. Tem este nome por ter sido fundada na cidade de Cirene, Líbia, no norte da África. Aristipo sofre influência de Sócrates e de Protágoras, o sofista. Nada restou dos escritos de Aristipo, nosso conhecimento sobre esta escola se deve a pensadores posteriores.


 

De Aristipo sabemos ser discípulo de Sócrates, sobre a animosidade existente entre ele e Platão, sua ausência na morte de Sócrates narrada no diálogo Fédon, sobre sua presença na corte do rei Dionísio, o tirano de Siracusa, sobre cobrar por seus ensinamentos do mesmo modo que os sofistas faziam, seu gosto por luxo e também ficou famosa a relação com a prostituta Laís de Corinto, a bela.

A escola cirenaica possui seu fundamental núcleo em três pessoas, Aristipo, o fundador da escola, Areta, sua filha, e Aristipo, seu neto. Como avô e neto tem o mesmo nome, este último ficou conhecido como Aristipo, o jovem. O conhecimento da escola foi passado de pai para a filha e desta para seu filho, sendo este o sistematizador do sistema de seu avô. Aristipo, o jovem, teve como filho Teodoro, o ateu, que negava a existência não só dos deuses, mas de qualquer divindade. Os deuses seriam invenções humanas e aceitos por convenções sociais e tem como objetivo atemorizar os humanos que não são capazes de agir de acordo com sua razão. Depois de Aristipo, o jovem, a escola se dividiu em três correntes, cada qual com seus principais representantes.


 

O termo Cirenaicos fica restrito a Aristipo e seus seguidores diretos, temos os Hegesíacos, que são os seguidores de Hegesías, temos os Anicerios, que são os seguidores de Aníceris, e temos os Teodorios, que são os seguidores de Teodoro, o ateu. A escola tende a desaparecer, dando lugar a escola Epicurista, cuja temática há também de se dar sobre o prazer e a ética, mas de modo distinto das propostas da escola Cirenaica.

Enfocou uma ênfase nos estados subjetivos, se afastando da especulação. Para esta escola a ênfase maior se dá para a obtenção da felicidade, alcançada por meio do conhecimento, da moderação e da virtude.

Segundo a exposição de Sexto Empírico sobre a Escola Cirenaica, estes teriam interesse somente pela vida prática e os aspectos morais e éticos da filosofia de Sócrates, afastando-se da física e da lógica, uma vez que buscavam unicamente alcançar uma vida feliz, no entanto, ao dividirem a ética em cinco partes (1- os objetos a desejar e a fugir; 2- as sensações; 3- as ações; 4- as causas; 5- as demonstrações) tornam a reintroduzir, pois, a física está presente quando consideramos as causas, e a lógica está presente quando consideramos as demonstrações.

Ainda segundo Sexto Empírico, para os cirenaicos o único acesso a verdade se dá por meio das sensações, sendo que o verdadeiro é a sensação que percebemos, como, por exemplo, a cor branca de um objeto ou a doçura de algo que pomos na boca, mas não o objeto em si, aquele que produziu o que percebo como branco ou doce é para mim desconhecido, pois, não estão estes objetos livres de engano em meus julgamentos. Não há como afirmar que o objeto que produziu determinada sensação em mim seja idêntico a esta sensação, ou seja, não posso dizer que aquilo que percebo como doce seja realmente doce, e o mesmo vale para outras sensações, como a cor branca. Pessoas diferentes podem perceber o objeto de modos diferentes. Outra pessoa poderia perceber o que percebo como doce ou branco de modo distinto e diferente. Os fenômenos que percebemos enquanto percepções são todos verdadeiros, mas enquanto causas produtoras das impressões, são sujeitos ao erro.

O conhecimento se limita ao mundo físico do qual temos percepção e as nossas sensações subjetivas. Em virtude deste subjetivismo do conhecimento, todas as denominações existentes não passam de convenções sociais. Cada percepção da realidade é individual e não sujeita a comparação com a percepção de outra pessoa. Cada percepção é sensorialmente única para aquele indivíduo que a tem. Apesar de a referência para que possamos encontrar a verdade ser a nossa percepção, esta mesma percepção nada nos diz sobre a essência mesmo da coisa que percebemos e que produziu em nós esta sensação.

A escola cirenaica apresenta uma teoria do conhecimento sensualista, pois, a única fonte de conhecimento se dá por meio dos sentidos, e também subjetivista, pois, não existe conhecimento que não seja individual.

A Escola Cirenaica entende que a felicidade provém de nossas sensações, as quais podem nos proporcionar prazer ou dor, logo, devemos evitar as sensações que nos causam dor e favorecer o surgimento de sensações que nos proporcionem prazer, sendo este o objetivo da vida. A virtude, e o homem bom ou virtuoso, passam a ser identificados com a obtenção de prazer e a evitação da dor. Assim, o prazer é associado ao bem e o desprazer ao mal, além de um estágio intermediário de neutralidade. Em uma metáfora com o mar, quando este enfrenta uma tempestade e apresenta ondas enormes, temos o desprazer, já o prazer seria uma leve onda em um mar livre de tempestade e a neutralidade seria a calmaria. Vejamos neste exemplo que tanto o desprazer, como também o prazer, implicam em algum tipo de atividade e não de passividade. Os cirenaicos entendem que a felicidade consiste na obtenção do prazer e por sua vez, exemplificam o prazer como sendo um leve movimento enquanto que a dor é um movimento violento. Enquanto para os epicuristas o prazer seria algo estático (ausência de dor e sofrimento), aqui, para os cirenaicos, o prazer é algo dinâmico (prazeres físicos e sensoriais momentâneos).

O prazer ocorre no aqui e agora, no momento presente e não no passado ou no futuro. Com o passar do tempo não temos mais o prazer sentido, e sim a recordação do mesmo. Nisto há de se diferenciar da felicidade, a qual deve ser entendida como o somatório dos prazeres particulares, tanto presentes quanto passados e futuros. Esta escola não prega a subordinação total ou, ao contrário, a abstenção do prazer, e sim sua dominação e emprego, tendo o sujeito a autarquia sobre seu uso.

Para os membros da escola cirenaica o prazer é entendido como o único bem intrínseco, deste modo, entendiam que se devia não meramente evitar a dor, mas sim, ativamente buscar o prazer e este se daria por meio de sensações físicas agradáveis e momentâneas. Admitem, no entanto, que o prazer também pode ser obtido por meio de um comportamento altruísta. O prazer é o único bem na vida e a dor é o único mal.

Cabe atentar que algumas ações que possam proporcionar prazer de modo imediato, podem a seguir levar a dor e ao sofrimento e, portanto, devem ser evitadas. Cabe ao sábio saber distinguir entre os possíveis prazeres que se apresentam e estar no controle dos mesmos em vez de ser controlado por eles. Quando um determinado prazer momentâneo viola as leis e costumes do local onde se está, a obtenção deste prazer trará como consequência posterior a dor resultante de sofrer penalidades impostas pelo grupo social. Também cabe ressaltar que tanto a amizade, como também a justiça, tendem a serem úteis na medida em que proporcionam prazer. Qualquer comportamento social, ético ou altruísta, tem um componente hedonista que deve ser observado para que se busque o prazer e evite-se a dor e o sofrimento.

Cabe ao sábio saber dominar os prazeres e não se deixar dominar pelos mesmos. Os cirenaicos também se entendem como cosmopolitas. Nesta escola a física, lógica e matemática eram consideradas desnecessárias para o encontro do bem e da felicidade e, portanto, deixadas de lado.

O prazer ocorre no momento vivido, já a felicidade é o somatório do conjunto de prazeres ocorridos no passado, presente e futuro. O prazer sempre ocorre no momento presente, no aqui e agora. É preciso aprender a viver o prazer do breve momento em que este ocorre, sem se preocupar com o passado ou com o futuro. Para ser feliz é preciso saber apreciar o momento presente que se está vivendo. A virtude, por sua vez, se dá pela moderação dos prazeres, de modo a que estes não se transformem futuramente em fonte de dor.

Para Aristipo o prazer pode ser entendido como um movimento leve, a dor como um movimento violento e o êxtase como a ausência de movimento, não sendo este último considerado prazeroso ou desprazeroso. Aristipo combinava o hedonismo na ética, com o sensualismo e materialismo na teoria do conhecimento.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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quarta-feira, 13 de julho de 2022

Escola Megárica ou de Mégara (1) * Escolas Socráticas Menores


 

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 A Escola Megárica ou de Mégara foi fundada por Euclides de Mégara (444/435-369/365 a.C.), discípulo de Sócrates. Nesta escola temos uma abordagem que propõe juntar a ética presente no filósofo Sócrates com o monismo presente nos filósofos pré-socráticos, no caso específico dos eleatas (Parmênides, Zenão e Melisso). Euclides traz dos eleatas a ideia do “um”, do monismo presente nesta escola, e de Sócrates a ideia de “Bem”.

Devido às preocupações desta escola com a lógica, se dedicaram ao desenvolvimento e aplicação da dialética, motivo pelo qual por vezes são chamados de erísticos (aqueles que praticam disputas; disputantes).

Euclides e sua escola tinham por base duvidar do testemunho obtido por meio dos sentidos (percepção) no tocante aos mesmos corresponderem a uma dada realidade objetiva, admitiam uma unidade absoluta ao estilo de Parmênides e Zenão e a igualavam ao bem, tendo este último conceito a partir da ideia de bem presente na filosofia de Sócrates. Do mesmo modo que os filósofos eleatas, consideram os sentidos enganosos, confiando exclusivamente no uso da razão e negando o movimento e mudança, bem como a pluralidade, afirmando a imutabilidade de todas as coisas. Também presente nesta escola temos os conceitos de liberdade, autocontrole e autossuficiência, que os aproximam dos cínicos.

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