Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Juan Escoto Eriúgena (1) * Ninguém entra no Céu a não ser pela Filosofia

 


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Juan Escoto Erígena (810-877) ou Jean Scot Erigène ou Juan (João ou John) Escoto Eriúgena ou Johannis Scotus Erígena ou Johannes Scotus Eriugena, também conhecido como o “mestre da Renascença Carolíngea”. Juan Escoto Erígena poderia ser traduzido para o português como “João escocês nascido na Irlanda”. Em Paris atua como professor e também exerce papel significativo dentro da corte de Carlos, o calvo (823-877), tendo ali escrito e traduzido do grego para o latim, diversas obras, dentre as quais a tradução dos escritos de pseudo-Dionísio, o areopagita, obras de Gregório de Nissa, e Máximo, o confessor. Sofre influência do neoplatonismo, dos padres gregos e em particular de Orígenes. Tudo que se conhece deste pensador fica restrito ao período em que este esteve na corte de Carlos, o calvo, sendo desconhecido o que fez antes e o destino que teve após o falecimento de Carlos e sua saída da corte. Alguns comentadores o consideram um precursor e iniciador da Escolástica, por sua independência ao tratar temas teológicos e filosóficos e pela importância que terá no século IX, onde desponta como basicamente o único pensador original do período e que apresenta também um sistema coerente e amplo dentro do qual seu pensamento é elaborado. Muitos comentadores datam a Patrística como terminando no século VIII e a Escolástica começando no século XI, o que faz com que os séculos IX e X fiquem de certo modo vazios de expressão no pensar europeu, de fato, Juan Escoto Eriúgena há de ocupar um lugar de destaque neste período histórico e sua obra apresenta a elaboração de um sistema, estando, com certeza, a frente de seu tempo e o marcando fortemente por meio de sua presença e obra. Sua principal obra é “Periphyseon” ou “Da divisione naturae” (Da divisão da natureza), composta por cinco livros escritos entre 862 e 866, apresentada no formato de um diálogo entre mestre e discípulo, foi condenada como herética pelo concílio de Sens em 1225 e o papa Honorio III ordenou que todas as cópias da mesma fossem levadas a Roma para serem queimadas. Também importante é sua obra “De divina praedestinatione” (Sobre a predestinação divina), de 851, esta última foi condenada como herética pelos concílios de 855, 859 e 1050. Em Juan Escoto Eriúgena o problema da relação da fé com a razão volta a ser abordado e entende que ambas são complementares. A fé atua como princípio e fonte primordial e a razão atua como um indispensável auxiliar para o humano conseguir entender a verdade proposta pela fé e revelação. Entende que uma vez que razão e fé são provenientes de Deus, não é possível haver contradição entre ambas, mas se ocorrer conflito, então a fé prevalece sobre a razão. Nele não encontramos uma separação entre filosofia e religião cristã, afirmando que: a verdadeira filosofia não é senão a verdadeira religião e, a verdadeira religião não é senão a verdadeira filosofia. E em uma referência à frase escrita na entrada da escola de Platão, modifica-a e adota que: Ninguém entra no céu a não ser pela filosofia.

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Francisco Suárez (1) * O Suarismo, a Escola de Salamanca e a segunda Escolástica


  

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Francisco Suárez (1548-1617) ou Doctor Eximius et Pius (Doutor Exímio e Piedoso), dentre suas principais obras podemos citar “Disputationes Metaphysicae” (Disputas metafísicas), “De legibus” (Das leis), “Defensio fidei catholicae” (Defesa da fé católica). Considerado por alguns comentadores, conjuntamente com Francisco de Vitória, como um dos principais membros da Escola de Salamanca, seu sistema por vezes é conhecido como “Suarismo”. Apesar da época histórica, é um representante da Escolástica, no pensamento medieval tardio. Um dos principais expoentes da Escola de Salamanca e o início da segunda Escolástica. A partir dele o movimento renascentista se encaminha para o Barroco. Exerceu influência em Leibniz, Grotius, Samuel Pufendorf, Shopenhauer e Heidegger. Também com certeza foi lido e inspirou a Descartes, Spinoza, Wolff, Vico, Berkeley, Hume, Weltheim e Heerboord, deixando rastros em seus sistemas que apontam para o pensamento e obra de Suárez. À época de Francisco Suárez haviam três vias distintas que se destacavam na herança medieval: a de Tomás de Aquino, a de Guilherme de Ockham e a de Juan Duns Escoto. Neste tocante, Suárez se mostra um eclético, se bem que tente apresentar uma contribuição própria, em particular no que se refere à metafísica. A grande questão com se debate Suárez, então marcando profundamente a cristandade de seu tempo histórico, é a reforma protestante e a contra reforma católica. Neste tocante, Suárez foi o teólogo mais importante da contra reforma. Com certeza a filosofia jurídica moderna e o direito internacional encontram bases de seu desenvolvimento histórico em Suárez, o qual tende a se mostrar interessante e instigante. Na sequência de publicação de suas obras, suas ideias influenciaram em muito a teologia, tanto em católicos como também em protestantes. No entanto, sua redescoberta por parte dos que atuam na área da filosofia jurídica é bem mais recente, se localizando em torno da segunda metade do século XIX.

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"Francisco Suárez: A Escolástica tardia na Península Ibérica".

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terça-feira, 26 de outubro de 2021

Juan Escoto Eriúgena: O mestre da Renascença Carolíngea

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Juan Escoto Eriúgena

 Juan Escoto Erígena (810-877) ou Jean Scot Erigène ou Juan (João ou John) Escoto Eriúgena ou Johannis Scotus Erígena ou Johannes Scotus Eriugena, também conhecido como o “mestre da Renascença Carolíngea”. Não há uma certeza quanto sua real data de nascimento ou morte e mesmo o ano é dado como provável e não como certo, nasce na Irlanda, seu nome, Eriúgena ou Erígena, significa nascido em Erin, antigo nome da Irlanda. Juan Escoto Erígena poderia ser traduzido para o português como “João escocês nascido na Irlanda”. E, segundo alguns comentadores, vem a falecer na cidade de Paris, França, segundo outros, na Inglaterra.


 

Em Paris atua como professor e também exerce papel significativo dentro da corte de Carlos, o calvo (823-877), tendo ali escrito e traduzido do grego para o latim, diversas obras, dentre as quais a tradução dos escritos de pseudo-Dionísio, o areopagita, obras de Gregório de Nissa, e Máximo, o confessor. Sofre influência do neoplatonismo, dos padres gregos e em particular de Orígenes. Tudo que se conhece deste pensador fica restrito ao período em que este esteve na corte de Carlos, o calvo, sendo desconhecido o que fez antes e o destino que teve após o falecimento de Carlos e sua saída da corte.

Alguns comentadores o consideram um precursor e iniciador da Escolástica, por sua independência ao tratar temas teológicos e filosóficos e pela importância que terá no século IX, onde desponta como basicamente o único pensador original do período e que apresenta também um sistema coerente e amplo dentro do qual seu pensamento é elaborado.

Muitos comentadores datam a Patrística como terminando no século VIII e a Escolástica começando no século XI, o que faz com que os séculos IX e X fiquem de certo modo vazios de expressão no pensar europeu, de fato, Juan Escoto Eriúgena há de ocupar um lugar de destaque neste período histórico e sua obra apresenta a elaboração de um sistema, estando, com certeza, a frente de seu tempo e o marcando fortemente por meio de sua presença e obra.

Sua principal obra é “Periphyseon” ou “Da divisione naturae” (Da divisão da natureza), composta por cinco livros escritos entre 862 e 866, apresentada no formato de um diálogo entre mestre e discípulo, foi condenada como herética pelo concílio de Sens em 1225 e o papa Honorio III ordenou que todas as cópias da mesma fossem levadas a Roma para serem queimadas. Também importante é sua obra “De divina praedestinatione” (Sobre a predestinação divina), de 851, esta última foi condenada como herética pelos concílios de 855, 859 e 1050.

Em Juan Escoto Eriúgena o problema da relação da fé com a razão volta a ser abordado e entende que ambas são complementares. A fé atua como princípio e fonte primordial e a razão atua como um indispensável auxiliar para o humano conseguir entender a verdade proposta pela fé e revelação. Entende que uma vez que razão e fé são provenientes de Deus, não é possível haver contradição entre ambas, mas se ocorrer conflito, então a fé prevalece sobre a razão. Nele não encontramos uma separação entre filosofia e religião cristã, afirmando que: a verdadeira filosofia não é senão a verdadeira religião e, a verdadeira religião não é senão a verdadeira filosofia. E em uma referência à frase escrita na entrada da escola de Platão, modifica-a e adota que: Ninguém entra no céu a não ser pela filosofia.

Deus é a natureza criadora e incriada. Deus se manifesta aos humanos por meio da natureza e das sagradas escrituras. Neste tocante nos fala que existe um duplo caminho para se buscar o conhecimento de Deus, pelos textos sagrados e pela natureza, além disto, afirma que é possível usar o raciocínio elaborado pelos filósofos gregos para nos ajudar a entender e conhecer melhor a Deus.

O termo “natureza” engloba todos os seres e inclusive o não-ser, em verdade, acaba sendo um sinônimo para o Ser em sentido amplo. Engloba por tal termo a soma de todas as coisas que são e que não são. Tudo que nosso intelecto pode conhecer e tudo que não pode. O finito e limitado e o infinito e ilimitado diante de nossa possibilidade de conhecer. Usa “natureza” como uma adaptação para o latim do que os gregos entenderam por “physis”.

Divide o Ser em quatro, mas como a primeira e a quarta divisão são idênticas, as quatro acabam sendo três. Isto porque a primeira é a natureza que cria e não é criada, ou seja, Deus como princípio de tudo, de onde tudo se origina, ou Deus pai, incognoscível e inefável, super-essência, super-verdade. Já a quarta divisão se apresenta como novamente a natureza que cria e não é criada, mas agora se remetendo a Deus como o fim último de todas as coisas. Na segunda divisão temos a natureza que cria e não é criada, reportando-se às ideias perfeitas na mente de Deus, os exemplos de todas as coisas que serão criadas, o verbo de Deus, o filho de Deus. Na terceira divisão temos a natureza que é criada e não cria coisa alguma, referência ao Espírito Santo. Aqui temos toda a criação. Tudo é criado por Deus e ao final retorna a Deus, ou seja, da unidade temos a multiplicidade, e depois, da multiplicidade temos a unidade. Esta divisão em quatro naturezas também pode ser sobreposta às quatro causas de Aristóteles, deste modo teríamos: 1- a natureza incriada e criadora ou Deus enquanto origem de todas as coisas, seria a causa eficiente; 2- a natureza criada e criadora ou Deus enquanto mundo inteligível das ideias perfeitas, seria a causa formal; 3- a natureza criada e não criadora ou o mundo perceptível por meio dos sentidos, a manifestação do mundo das ideias perfeitas de Platão ou na mente de Deus, seria a causa material; 4- a natureza incriada e não criadora ou Deus enquanto fim último de toda a criação, seria a causa final.

 

1- natura naturans non naturata à Deus como origem de tudo

Natureza incriada e criadora

Deus pai

Causa eficiente

2- natura naturans naturata à ideias perfeitas de Platão no mundo das ideias ou na mente de Deus, ideias arquetípicas

Natureza criada e criadora

O verbo de Deus, o filho de Deus

Causa formal

3- natura non naturans naturata à a criação, o mundo material e espiritual

Natureza criada e não criadora

O Espírito Santo

Causa material

4- natura non naturans nec naturata à Deus como fim último de toda a criação e meta

Natureza incriada e não criadora

Causa final

 

Não se trata, no entanto, de um sistema panteísta, pois tudo provém de Deus por meio da criação e a Ele retorna mantendo a sua individualidade. Deus está no início de tudo e também no final.

Deus só se conhece a partir da criação, antes da mesma Ele é inefável e incompreensível para si próprio. Apesar de o autor acentuar em algumas passagens que Deus seria transcendente à criação, fica difícil não o interpretar, como alguns comentadores o fazem, como um panteísta. O autor afirma que a criação é idêntica a Deus, mas que Deus não é idêntico à criação, sendo maior que sua criação.

Deus é entendido como sendo a natureza incriada e criadora, o ser eterno, perfeitíssimo, infinito, transcendente, a causa suprema e o princípio e fim de todas as coisas criadas.

Entende que o sentido presente nos textos sagrados não é literal e deve ser buscado na interpretação do texto, analisando os símbolos, as imagens e as metáforas ali contidas. Como exemplo desta interpretação alegórica proposta por este autor, podemos citar as seguintes passagens bíblicas e sua interpretação: Se nos reportarmos a Abraão, seus filhos teriam o significado do Antigo e do Novo Testamento; Se formos ao Gênese, teremos que Adão e Eva alegoricamente representariam o cristo e a Igreja; Já a passagem de Pedro e João correndo até o sepulcro de Cristo, alegoricamente representa a inteligência e a fé.

O humano antes do pecado original possuía um conhecimento puro de Deus, a queda do humano no pecado equivale a sua máxima imersão na matéria, sendo que sua redenção foi dada pelo filho de Deus. A criação da natureza e a história do humano são um imenso drama, no qual o princípio e o fim são idênticos. Há comentadores que entendem que este autor apresenta em sua obra uma imersão de tudo em Deus, de modo que a própria natureza, conjuntamente com o humano nela inserido, tende a ser deificada. Mas a ideia de um total imanentismo de Deus não é um consenso por parte dos comentadores, muitos veem a permanência de uma realidade ontológica própria do Ser.

O problema do mal no mundo recebe a mesma resposta já dada por Agostinho de Hipona, entende que o mal não tem uma realidade própria, mas a ausência do Bem, a ausência de Deus. O mal, portanto, é uma carência e surge do livre arbítrio humano que lhe permite pecar escolhendo o mal e não o bem. Fica patente a influência de Agostinho de Hipona na questão da origem do mal, bem como a influência de Orígenes ao interpretar de modo não literal e sim alegórico as passagens bíblicas ou ao propor o retorno de toda a criação a Deus e a não aceitar que aqueles que pecaram em vida tenham por toda a eternidade o sofrimento no inferno, pois até estes se reintegrariam a Deus. Também percebemos Orígenes quando nos fala que tudo se origina em Deus e a ele retorna. A influência de pseudo-Dionísio se faz presente na ênfase em não ser possível um conhecimento positivo de Deus, uma teologia catafática, e sim que a melhor forma de conhecermos a Deus se dá por meio de uma teologia negativa, apofática.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Francisco Suárez: A Escolástica tardia na Península Ibérica

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Francisco Suárez

 Francisco Suárez (1548-1617) ou Doctor Eximius et Pius (Doutor Exímio e Piedoso), nasceu em Granada, na Espanha, em 5 de janeiro de 1548 e veio a falecer em Lisboa, Portugal, em 25 de setembro de 1617. Dentre suas principais obras podemos citar “Disputationes Metaphysicae” (Disputas metafísicas), “De legibus” (Das leis), “Defensio fidei catholicae” (Defesa da fé católica). Considerado por alguns comentadores, conjuntamente com Francisco de Vitória, como um dos principais membros da Escola de Salamanca, seu sistema por vezes é conhecido como “Suarismo”.


 

Atuou como jurista (estudou Direito em Salamanca entre 1561-1564), filósofo e religioso da Ordem Companhia de Jesus (Jesuíta), tendo ingressado na Ordem em 1564 ao abandonar os estudos em Direito. Em 1571 toma o hábito. Dedicou sua vida à atividade como professor. Apesar da época histórica, é um representante da Escolástica, no pensamento medieval tardio. Um dos principais expoentes da Escola de Salamanca e o início da segunda Escolástica. A partir dele o movimento renascentista se encaminha para o Barroco. Exerceu influência em Leibniz, Grotius, Samuel Pufendorf, Shopenhauer e Heidegger. Também com certeza foi lido e inspirou a Descartes, Spinoza, Wolff, Vico, Berkeley, Hume, Weltheim e Heerboord, deixando rastros em seus sistemas que apontam para o pensamento e obra de Suárez.

À época de Francisco Suárez haviam três vias distintas que se destacavam na herança medieval: a de Tomás de Aquino, a de Guilherme de Ockham e a de Juan Duns Escoto. Neste tocante, Suárez se mostra um eclético, se bem que tente apresentar uma contribuição própria, em particular no que se refere à metafísica. Apesar das diversas citações de Aquino e de alguns o verem como tomista, penso mais certo o posicionamento de outros comentadores que o aproximam mais do nominalismo presente em Ockham e entendem que Tomás de Aquino jamais concordaria com a interpretação de seu pensamento e obra, dada por Suárez.

A grande questão com se debate Suárez, então marcando profundamente a cristandade de seu tempo histórico, é a reforma protestante e a contra reforma católica. Neste tocante, Suárez foi o teólogo mais importante da contra reforma. Também presente em Suárez temos a questão política envolvendo a origem do poder do soberano, onde muitas vezes seus trabalhos se contrapõem às teses defendidas pelos protestantes e também pelo rei Jaime I da Inglaterra, que ao afirmar que seu poder provinha diretamente de Deus e não sofria mediação, se opunha ao poder do papa. Outro ponto importante em Suárez é a discussão sobre o tema da metafísica, o qual ganha destaque em particular por este escrever um livro onde já no título (Disputationes Metaphysicae) se propõe a discutir a metafísica e não somente a comentar a metafísica de Aristóteles.

Suárez faz uso da já tradicional classificação presente na Escolástica para as leis, sem maior originalidade de sua parte, deste modo temos as leis: eterna, natural e humana. Deus ocupa o lugar de onde se originam todas as leis. A lei eterna é dada por Deus fazendo uso de sua infinita sabedoria e as demais devem ser conformes a esta lei eterna, variando gradativamente. Suárez vincula a salvação à observância da lei justa.

Também diferencia e divide a lei em: lei eterna, lei natural, direito das gentes, lei positiva humana (direito civil) e lei positiva divina (dez mandamentos). É reconhecido por alguns comentadores como um dos mestres do direito internacional. Seu pensamento sobre filosofia política encontra-se nas obras “De legibus”, Coimbra, 1612, e “Defensio fidei catholicae, Coimbra, 1613.

Na lei civil entende que toda lei supõe que haja um legislador e por sua vez a existência de um legislador pressupõe a existência de uma autoridade. Entende que a sociedade civil é natural para o humano e tem sua origem em Deus, que é o criador da natureza. Acompanhando Aristóteles, entende que o humano é um animal social e político, portanto, tende a viver em sociedade.

Apresenta uma contribuição ao conceito de “soberania”, segundo a qual o poder provém de Deus e é atribuído a toda comunidade política, mas diretamente o poder é dado pelo povo ao governante.

Segundo Francisco Suárez, na formação de qualquer sociedade civil, primeiro surge o poder político como algo natural, mas este, no entanto, não é recebido diretamente de Deus e sim por intermédio da sociedade organizada. É a sociedade organizada quem há de designar o governante e lhe conferir a autoridade que o torna o titular do poder. Por sua natureza, o humano é direcionado a viver em sociedade, sendo que a soberania é uma propriedade do corpo social constituído em uma sociedade política. Segundo Suárez o poder não é transmitido imediatamente por Deus e nem um direito divino dos reis a quem o povo deveria obediência absoluta, o poder dos reis é transmitido imediatamente sim, mas pelo povo, com a condição destes reis terem como propósito o bem comum. Se o rei cuidar unicamente de seus próprios interesses e não do bem comum, estaremos diante da tirania e neste caso o poder pode ser revogável, pois, o fim para o qual está sendo empregado não legitima a sua transmissão. Cabe, portanto, à sociedade, ao povo organizado enquanto uma comunidade política, o direito de deposição de um governante que não atue em prol do bem comum e se porte como um tirano buscando seus próprios interesses. Mesmo a condenação do rei tirano a morte, tiranicídio, é possível dentro dos escritos de Suárez.

Suárez separa a Igreja do Estado, segundo ele a Igreja não deve se intrometer nos assuntos do Estado e o Estado não deve se intrometer nos assuntos da Igreja. Um não opina sobre os assuntos exclusivos do outro. A Igreja trata de assuntos vinculados à espiritualidade e a moral, tendo superioridade sobre o Estado nos assuntos imateriais, mas a Igreja e o papa não possuem soberania sobre o Estado nos assuntos exclusivamente temporais. Cabe à Igreja cuidar da saúde da alma de cada humano e de sua salvação espiritual, já ao Estado cabe cuidar do bem comum. Ressalta-se que o espiritual tem primazia sobre o temporal, deste modo, a Igreja é superior ao Estado, mas isto não significa um poder irrestrito da Igreja, pois, a legitimidade da autoridade da Igreja e do papa se destina a assuntos espirituais e teológicos, ao Estado, por sua vez, cabe a primazia no tocante aos assuntos seculares e políticos.

Quando a sociedade se organiza, o povo ao escolher um rei ou governante, transfere para este seu poder, sem, no entanto, renunciar aos seus direitos naturais, conservando-os. O rei não pode ir contra os direitos naturais do povo. O povo tem a prerrogativa de estipular limites e condições para o exercício do poder pelo rei. Não se trata de uma mera delegação revogável de poder e sim de uma transmissão de poder, pois, todo poder provém de Deus, mas quando em uma pessoa em toda sua concretude é consequência de uma concessão feita pelo povo. Já que o povo deu o poder ao governante, o povo passa a dever obediência a este mesmo governante, desde claro está, que o governante busque o bem comum. Não é diretamente de Deus que o governante recebe o poder e sim por meio do povo organizado em uma sociedade política. O poder se origina do consentimento comum entre os que formam a sociedade e que o delegam ao soberano.

Com certeza a filosofia jurídica moderna e o direito internacional encontram bases de seu desenvolvimento histórico em Suárez, o qual tende a se mostrar interessante e instigante mesmo na atualidade de um século XX ou XXI. Na sequência de publicação de suas obras, suas ideias influenciaram em muito a teologia, tanto em católicos como também em protestantes. No entanto, sua redescoberta por parte dos que atuam na área da filosofia jurídica é bem mais recente, se localizando em torno da segunda metade do século XIX. Não é difícil a partir da leitura de suas obras, inferir sobre sua influência e antecipação em questões deveras importantes na era moderna e contemporânea, tais como: a paternidade em relação ao direito internacional, a antecipação de teses jurídicas e políticas como o contrato social, a origem do poder no povo, a tese do tiranicídio. E claro está, o direito das gentes, o direito internacional: jus gentium.

A par com o pensamento de Aristóteles, que entende ser o humano um animal racional, político e social, Suárez entende que o poder político faz parte da vida humana na medida em que este vive em sociedade e só se vivesse isolado de outras pessoas é que este poder poderia não estar presente. A sociedade é algo natural, pois, presente na natureza humana. Se não houvesse uma forma de poder estabelecido na sociedade, cada um individualmente se comportaria de acordo com seus interesses particulares e não com o bem comum, podendo inclusive agir de modo contrário ao bem comum. Entende o autor que qualquer sociedade, mesmo que fosse de anjos, necessita de alguém que exerça o poder de mando, visando organizar o grupo.

Para entender o pensamento de Suárez é necessário primeiramente entender o contexto cultural no qual o mesmo está inserido. Encontra-se ele na península ibérica, atuando entre Espanha e Portugal, onde há uma forte presença Católica, inclusive por parte dos reis, e onde o papa exerce forte influência. No restante da Europa temos transcorrendo em alguns países a reforma protestante e o rei Jaime I da Inglaterra afirmava sua independência sobre o papado, alegando que seu poder não era mediado pelo papa e sim outorgado diretamente por Deus. Há um predomínio de Aristóteles e Tomás de Aquino em uma Escolástica tardia. Mas mesmo dentro deste contexto histórico, político e religioso, pode Suárez apresentar respostas a questões de seu tempo, como, por exemplo: a reforma, a legitimidade do poder do Estado, o direito do povo de resistência política contra um governo injusto ou tirânico. Encontra-se Suárez em um período de transição entre o pensamento medieval e o moderno, transição entre uma sociedade teocêntrica e uma sociedade secular. Em meio a guerras motivadas pela religião começa a surgir o germe de um direito internacional baseado na razão e no equilíbrio de poder. Em virtude, talvez, de estar Suárez nesta divisa entre uma realidade que finda e outra por vir, podemos perceber em sua obra uma certa originalidade que nos lembra os liberais britânicos, ao mesmo tempo que uma sutileza que nos traz a mente os medievais, em particular os escolásticos. Se analisarmos as obras “Defensio Fidei” e “De Legibus” podemos ver em germe as principais características do liberalismo clássico, a saber: a ideia do contrato social, a tese sobre o limite do poder do Estado e também a defesa dos direitos naturais.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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sábado, 23 de outubro de 2021

Nicole d'Oresme (1) * Precursor do ideal de homem do Renascimento e da Ciência Moderna

 


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Nicole d’Oresme (1323-1382) ou Nicolas de Oresme. Com múltiplos interesses (polímata), atuou em distintas áreas do saber, tais como: economia (destaque para seu tratado sobre as moedas, talvez o primeiro sobre a questão nesta época histórica), filosofia, matemática (se preocupou em fornecer descrições matemáticas de processos físicos), física (em particular a cinemática), astronomia, astrologia, biologia, psicologia, música, teologia. Pela grande quantidade de seus interesses, em diversas áreas do saber, pode ser considerado um precursor do ideal de homem do renascimento e pelos seus trabalhos em física, pode ser considerado um precursor também nesta área, ganhando um lugar na história do desenvolvimento da física moderna. A partir da tradução por ele feita do livro Sobre os céus (De Caelo), de Aristóteles, e de sua análise e comentários, percebemos que ele trabalha com a noção de movimento relativo, no qual o fato do observador estar em movimento ou parado afeta sua observação sobre outro objeto, podendo levar a uma conclusão errônea sobre este objeto estar parado ou em movimento. Com isto argumentava que a Terra estava em movimento e era o céu que estava parado, sendo um precursor de autores posteriores, tais como Copérnico e Galileu Galilei. Em seus escritos encontramos a base do movimento retilíneo uniformemente acelerado, o qual foi estudado por Nicole d’Oresme por meio do uso de gráficos. A representação gráfica da velocidade em função do tempo gera uma figura em forma de trapézio. Ele consegue por meio de seus estudos estabelecer a lei fundamental do movimento retilíneo uniformemente acelerado. Conjuntamente com Jean Buridan, defende o conceito de impetus para explicar o movimento e se contrapor a tese de Aristóteles. Por impetus Buridan e posteriormente Nicole d’Oresme entende uma força externa aplicada ao objeto que lhe dá movimento, direção e velocidade. Quando Nicole d’Oresme é identificado como precursor da geometria analítica e um antecessor de Descartes na elaboração da teoria das coordenadas, isto se deve a ele ter utilizado um gráfico para representar numa direção o tempo e na outra a velocidade de um objeto em movimento, claro está, no entanto, que não havia àquela época um maior desenvolvimento da matemática, em particular álgebra e geometria, que tornassem possível um real avanço nestes estudos, o que só ocorrerá na época de Descartes. Em economia tem relevantes trabalhos sobre o uso político da moeda, sua valorização ou desvalorização e seu emprego na sociedade. Segundo o pensamento de Nicole d’Oresme, a moeda é um instrumento para trocas de riquezas naturais e estas trocas se direcionam a um fim, o qual seria o bem viver. Trata-se de um instrumento para troca justa de riquezas, já que permite que coisas distintas sejam medidas conjuntamente, proporcionando uma equalização entre distintas riquezas.

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quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Jean Buridan (1) * O ganho do Bem maior e a crítica do "asno de Buridan"

 


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Jean Buridan (1300-1358) ou Joannes Buridanus, foi teólogo, filósofo, escritor, professor, lógico, clérigo (padre secular não vinculado a uma ordem religiosa). Apesar de muito famoso e influente a sua época, hoje vivencia um certo esquecimento, talvez, em parte, por não pertencer a uma Ordem religiosa, como, por exemplo, os franciscanos e os dominicanos, pois, estas ordens tem o hábito de preservar e manter viva a obra de seus grandes mestres. Estudou na Universidade de Paris, tendo como mestre Guilherme de Ockham, e posteriormente passou a lecionar nesta universidade. Durante sua vida acadêmica apresentou seminários sobre lógica e também sobre as obras de Aristóteles, bem como produziu diversos comentários sobre lógica, metafísica, filosofia natural e ética. Dentre seus principais trabalhos se destaca “Compêndio da dialética” (Summulae de dialectica) e a grande quantidade de comentários feitos as principais obras de Aristóteles. Seus escritos na área da lógica se mostram atuais e instigantes mesmo nos dias de hoje. Também seus trabalhos sobre o início do movimento e sua manutenção, tomando por base a ideia de “impetus” ainda hoje é comentada em cursos sobre a história da ciência e física do movimento e sobre lançamento de projéteis. Ele é hoje bem conhecido pelo paradoxo de Buridan ou o asno de Buridan, se bem que a origem deste paradoxo possa ser remontada a obra de Aristóteles. Apesar de o mesmo não estar explicitamente na obra de Buridan, tem a ver com suas ideias com relação ao determinismo moral, em verdade, foi uma forma de comentário bem humorado feito por comentadores de sua teoria moral, ou seja, uma crítica. Segundo Buridan, excetuando motivo de falta de conhecimento ou algo que imponha alguma barreira impeditiva, o humano diante de uma escolha qualquer há de sempre priorizar o ganho proporcionado pelo maior bem.

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"Jean Buridan: Adiar as decisões até ter o resultado das possíveis escolhas".

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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Guilherme de Ockham (1) * O venerável iniciador

 


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Guilherme de Ockham (1285-1347) ou William of Ockham (Ockham; Occam; Auquam; Hotham; Olram) conhecido por “venerabilis inceptor” (venerável iniciador), “Doctor invincibilis” (doutor invencível). Atuou como religioso e frade franciscano, teólogo, lógico e filósofo. Adota o princípio de que não se deve multiplicar as entidades mais que o necessário, também conhecido como princípio de Ockham ou princípio da economia ou princípio da parcimônia ou navalha de Ockham. A liberdade em Ockham também ganha destaque em sua ética. Aqui temos a discussão sobre o livre arbítrio e também sobre a finalidade da vida. Nossa liberdade pode se deparar com o poder do Estado ou da Igreja e este poder assim organizado pode atuar de modo a prejudicar o exercício de nossa liberdade. A liberdade humana é um dom dado por Deus e não deve e não pode ser usurpada por outros, mesmo que em nome de fins ditos nobres ou da religião oficial. Por meio de seus escritos defende a ideia de que somente a experiência proporcionada pelos sentidos nos permite conhecer a realidade, pensamento este que está na base de sistemas filosóficos historicamente posteriores e mesmo do desenvolvimento da ciência moderna. Quando falamos de Deus segundo o pensamento de Ockham devemos entender que Deus é todo poderoso e ilimitado, mas mesmo sendo onipotente, não pode ir contra o princípio da não-contradição. Não seria cabível, por exemplo, imaginar que Deus pudesse criar algo maior que Ele próprio ou que pudesse transgredir princípios lógicos, deste modo, a lógica O limita. Ockham separa radicalmente a fé da razão, a teologia da filosofia. A teologia não é uma ciência, pois a filosofia e demais ciências tem como objeto de pesquisa e estudo ao ser singular, ao individual, ao ente concreto presente na experiência e que percebemos pelos nossos sentidos. Já Deus só é acessado pela fé, não há outra via para se chegar a Deus e nem é possível provar pela razão sua existência. Ockham abre espaço para a multiplicidade de cosmos e para universos paralelos com leis distintas das existentes neste nosso universo, pois, nada pode limitar a vontade de Deus. Ockham tem trabalhos sobre política onde defende a separação entre Igreja e Estado e um governo com responsabilidade limitada, tendo sido importante no desenvolvimento da ideia de direito de propriedade. Não caberia ao papa, líder religioso, intervir em assuntos do Estado, o governo do Estado é unicamente terreno e não está sob o poder espiritual do líder religioso, sendo que este pode, inclusive, ser julgado e condenado pelo Estado se tiver cometido algum crime.

Em meus blogs "Ser Escritor" e "Comportamento Crítico" você encontrará um artigo / texto de minha autoria que resume as ideias deste vídeo, apresentando o tema em toda a sua complexidade. Leia:

"Guilherme de Ockham: Doutor Invencível, o inimigo do Papa".

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