Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Uma questão
recorrente para nós escritores é como funciona o mercado editorial. Esta
questão apresenta sub-divisões importantes, como, por exemplo: como funcionam
as editoras, como apresentar nosso livro para ser avaliado por uma editora,
como escrever, como formatar o original, etc.
Vamos
conversar um pouco sobre ser escritor em nosso país. Recentemente li um
artigo/texto na Internet no site de Thalita Rebouças
http://www.thalita.com.br/ que fala sobre
ser escritor
http://www.thalita.com.br/serescritor.htm
Achei bem interessante o texto “
Para quem
quer escrever”, e de acordo com a minha experiência pessoal, bem coerente
com a realidade, mas, no meu entendimento, me parece que o momento mais crucial
não é o antes e sim o depois.
Ainda hoje
fico impressionado quando comparo a realidade norte-americana ou européia
expressa em filmes sobre a vida de autores (normalmente retratados com todos os
símbolos de sucesso e algumas idiossincrasias) com autores nacionais. Penso que
o mercado tende a crescer, mas, para nós escritores, ocorre que vivemos hoje a
semelhança dos músicos nas décadas de 40 e 50 aqui no Brasil, se hoje é mais
fácil o sucesso profissional de um músico, ainda é árduo o de um escritor.
Veja o meu
caso, autor de nove livros e preparando o décimo conjuntamente com minha tese
de doutorado, não obtive um retorno financeiro que me permitisse viver unicamente
como escritor e tenho certeza que se digitar meu nome na Saraiva ou na
Siciliano aparecerá pelo menos alguns livros de minha autoria.
Apesar de já
ter escutado pessoalmente de um e de outro editor que este ou aquele outro
livro de minha autoria tinha tudo para ser um best seller dentro dos padrões
brasileiros, tal ainda não ocorreu. Vislumbro muitas falhas no processo de
comercialização e divulgação dos livros em nosso país, além, é claro, do preço
de capa em geral alto para a renda de nossa população.
Quanto aos 10%
dos direitos autorais, a autora menciona o pagamento trimestral, mas não sei
não. Eu particularmente já assinei contratos trimestrais, semestrais e anuais.
Bem como, já assinei contratos para receber em dinheiro e outros para receber
em livros. Além disto, apesar de os 10 por cento serem um padrão no mercado, há
variações de acordo com o público alvo da obra, quantidade de autores e tipo de
contrato assinado.
Um livro que
penso ser interessante para quem está querendo entrar neste mercado como
escritor profissional é:
BACELLAR,
Laura. Escreva seu livro: Guia
prático de edição e publicação. São Paulo: Mercuryo, 2001.
Este livro
pode ser adquirido diretamente no site da editora
www.mercuryo.com.br pelo valor da capa,
sem acréscimos com o envio pelos correios via Sedex. Partes significativas da
temática abordada neste livro foram disponibilizadas gratuitamente na Internet
em
http://www.escrevaseulivro.com.br/
e vale a pena conferir se você é um futuro ou atual candidato a escritor.
Este livro foi
escrito por uma pessoa que trabalhou em editoras e com experiência do mercado,
alguém que exerceu a função de editora (pessoa) em uma editora (empresa), logo,
alguém que deve conhecer bem o mercado para produzir uma obra de referência.
O livro é bom,
mas peca por se basear unicamente na experiência de vida e opinião da autora.
Como já expliquei em posts anteriores, penso ser fundamental que o candidato a
escritor tenha sólida formação em pesquisa e que realize ampla pesquisa sobre o
tema antes de se propor a escrever seu livro.
Um tema como
este, que aborde o mercado editorial, as editoras e os autores merecia ser
melhor desenvolvido por meio de uma ampla pesquisa. Penso que o método clínico
ou também chamado de estudo de caso poderia ser aqui eficazmente aplicado.
Como eu penso
que deveria ser o procedimento:
1-
Realizar uma pesquisa ampla nas bibliotecas e na
Internet para saber se há algo semelhante ou parecido abordando este tema.
2-
Entrevistar pessoas envolvidas com o mercado editorial
(editores, assistentes editoriais, etc.) em editoras de pequeno, médio e grande
porte, bem como editoras comerciais e universitárias.
3-
Entrevistar autores publicados sobre sua experiência
como autor.
4-
Entrevistar demais pessoas do mercado editorial em
outros segmentos (bibliotecas, livrarias, marketing, governo, etc.)
5-
Destilar todo este material e apresentar uma síntese
conclusiva sobre o tema.
Procedendo
deste modo, seria algo bem mais amplo do que a história de vida de uma pessoa
em particular e evitar-se-ia cometer erros por generalização excessiva. Apesar
deste livro estar limitado pela abordagem adotada, penso ser interessante como
leitura para os futuros e atuais candidatos a escritores.
Interessante
que parece que ninguém sabe realmente o que irá vender no mercado editorial.
Como já disse anteriormente, já vivi a oportunidade de escutar pessoalmente de
editores experientes que uma determinada obra de minha autoria tinha tudo para
ser um best seller pelos padrões brasileiros e no entanto isto ainda não
ocorreu. Sobre este tema do que faz um livro vender e outro não, cabe a
indicação de meu post anterior:
O sucesso
literário 24/10/2007 (quarta-feira)
PERGUNTA: O
que te impulsiona a escrever?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
Um comentário:
A inconformidade com alguns acontecimentos do dia-a-dia.
Algumas falas de colegas, ou situações inusitadas.
Um desafio, um pedido, uma frase, uma idéia. Por exemplo, já me pediram vários acrósticos com nomes próprios ou dos seus amores, homenagens para formatura e até epitáfio.
Mas como escrever um acróstico que tenha a ver com o nome de quem pede, ou do presenteado? Pesquisa, perguntas, observação. Para uma aluna, eu levei duas semanas até terminar o acróstico, pois envolveu muita pesquisa e observação.
Já as poesias do meu livro Adolescer (en)frente e Verso, foram feitas em poucas horas. Lendo os links do seu post, em um deles tinha algo mais ou menos assim, que os leitores não compreendem aquilo que lêem. E é a maior verdade. A mãe da menina que escreveu o livro comigo, apresenta o livro para as pessoas como "Adolescer Frente e Verso, e tem esse '(en)' aí." Desfazendo toda a poesia contida no título, na capa. Mesmo após inúmeras explicações. Que pobreza de propaganda. Para um trabalho que particularmente ficou muito bom. Não vai ser nenhum best-seller e não espero mesmo por isso, só espero que as pessoas gostem de poesia, que conheçam outras formas de escrever. Que percebam a riqueza que transborda das palavras que envolvem tanto eus e nós, ainda que em poucas linhas.
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