Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Nós já
conversamos antes em outros posts, sobre a arte de escrever e a pesquisa,
vários assuntos deveras importantes. O leitor já está ciente que eu entendo ser
fundamental que um escritor saiba mais do que qualquer outro sobre o tema que
irá escrever e neste sentido é vital fazer uma pesquisa bem aprofundada sobre o
tema em questão. Também não imagino a sério um escritor que não leia. Você pode
até escrever sobre sua vida ou a sua família, mas se quer escrever
profissionalmente deverá pesquisar e ler muito sobre seu tema escolhido. Mesmo
se você for um poeta, deverá pesquisar e ler muito sobre poesias. Não há como
escapar disto, sem ler e pesquisar muito não temos como falar a sério em ser
escritor.
Nunca é cedo
ou tarde demais para começar a escrever. Não importa a sua idade cronológica, o
que importa mesmo é sua idade mental. O que sua carteira de identidade marca,
seja oito ou oitenta, não necessariamente corresponde ao que há dentro de sua
cabeça. E aí meu amigo, minha amiga, como vai a sua “cachola”? Qual a sua
verdadeira idade? Que idade você sente que tem?
Penso
sinceramente que o pior que pode nos ocorrer na vida não é tentar e não
conseguir e sim nunca tentar conquistar seus sonhos. O tempo que levamos
sonhando e o tempo que levamos para fazer é basicamente o mesmo, só que para
fazer é preciso trabalho duro, ou como costumo dizer, se dispor a atravessar a
“Ponte do Trabalho Duro” ou “Hard Work Bridge”. É necessário também um planejamento,
fazer um projeto da obra e um esquema do que se irá abordar tematicamente em
cada unidade, em cada capítulo.
Como já disse,
é necessário ler e ler muito, ser um leitor voraz e é preciso também pesquisar
muito. O bom escritor é aquele que escreve e re-escreve buscando o
aprimoramento constante, a cada nova linha, a cada novo parágrafo, a cada novo
artigo ou livro você escreverá melhor.
Em meu livro “Vencer é ser feliz: A estrada do sucesso e
da felicidade” disponível nas livrarias ou diretamente com a editora Ibrasa
e em meu novo livro “P.P.” (título
ainda inédito) eu falo nas sete perguntas mágicas, as sete perguntas chave que
a pessoa deve se fazer antes de falar ou escrever qualquer coisa. Estas
perguntas são muito importantes e devem ser todas respondidas pelo orador ou
autor.
1-
Quem?
2-
O que?
3-
Quando?
4-
Onde?
5-
Como?
6-
Por que?
7-
Quanto?
Penso ser
muito importante formular estas sete perguntas e as responder antes de falar ou
escrever alguma coisa, pois, é pela reflexão sobre as respostas a tais
perguntas que damos ordem e racionalidade ao que iremos dizer.
Eu estou
acostumado a projetos longos, e acredito que qualquer obra que valha a pena
teve um tempo necessário para a sua elaboração e desenvolvimento. Meu livro “Conversando sobre as drogas” levou
quatro anos para ficar pronto, meu livro “Vencer
é ser feliz: A estrada do sucesso e da felicidade” demorou três anos e meu
atual e ainda inédito “P.P.” dez anos
de intenso trabalho. Lembro ao leitor que se hoje sou Doutor em Psicologia
Social, PhD como os norte-americanos chamam, é por ter me dedicado por quatro
anos a uma extensa pesquisa que originou minha tese intitulada “Criatividade, inovação e controle nas
organizações de trabalho”.
Mas vamos
retornar ao título deste post “Como
começar a escrever”. Já deixamos claro a necessidade de um projeto, de
disponibilizar o tempo necessário, de realizar uma ampla pesquisa, de conhecer
a fundo o tema e também, é claro, de gostar do tema. Mas como começar? Fiz esta
pergunta a uma amiga e ela respondeu de forma simples, mas correta: “Se começa
começando. Se você já sabe bem o assunto, basta começar a escrever por algum
ponto e seguir adiante”.
Bem, uma vez
de posse de informação de qualidade transformada em conhecimento sobre o tema,
você precisa se adequar ao público que irá ler sua obra. Existem regras
próprias para um trabalho acadêmico e estas são distintas de um trabalho
comercial.
Penso que todo
bom escritor é também um pouco voyeur, pois cabe ao mesmo a nobre arte de
observar e ver o que os outros não vêem nas coisas mais simples e mundanas.
Observe cada detalhe, viva intensamente e colha em suas experiências de vida
detalhes importantes para compor sua obra.
Lembre-se que
a partir de um mero detalhe cotidiano você pode conseguir um rico manancial
para construir sua abertura e a partir deste detalhe dar corpo e colorido a sua
obra. Você pode começar por qualquer coisa e seguir avante, desenvolvendo o seu
texto em direção as suas metas e objetivos.
Penso, como já
expliquei em outro post, que o primeiro capítulo é fundamental em sua obra e
que grande parte de seus leitores somente irão ler a este e irão julgar toda a
sua obra pelo primeiro e único capítulo por elas lido, daí a grande importância
do mesmo. A abertura do capítulo um é, portanto, muito importante, mas também
irá depender do gosto particular do autor. Abaixo, transcrevo a abertura do
capítulo um de meus livros “Conversando
sobre as drogas” e “Vencer é ser
feliz: A estrada do sucesso e da felicidade”.
Trecho do
livro “Conversando sobre as drogas” –
Abertura do capítulo 1: Os fármacos, o
café e o tabaco.
“O som da orquestra de Glenn Miller ecoa pela casa, um gato preto gordo
se enrosca na poltrona tentando dormir indiferente ao som do Jazz e ao calor
que aos poucos vem se insinuando neste belo dia ensolarado.
O som da campainha não se apresenta como algo estridente e sim como
suave e dentro de um acorde musical, são elas, é claro!
Dr. Silvério: Bom dia, tudo bem com vocês? Vocês devem ser a Débora e a
Paula...
— Oi, tudo bem? Eu sou a Débora (responde uma morena que deveria ter em
torno de 16 ou 17 anos e que vestia uma mini-saia bem curtinha e um pequeno
bustiê, trajes adequados ao dia quente que o sol estava prometendo) e esta é a
Paula.
Paula: Oi, tudo legal? (responde por seu turno uma outra garota, loira,
mais ou menos da mesma idade, talvez um pouco mais velha e vestindo algo bem
leve, para não dizer bem sexy.)
Dr. Silvério: Por favor, entrem... Sintam como se a casa fosse de
vocês. Podem se sentar e ficar à vontade. Bem, com quem foi mesmo que eu falei
ao telefone?
Débora: Foi comigo, Dr. Silvério...
Dr. Silvério: Desculpe interromper, mas pode me chamar só por Silvério,
ou por professor, doutor, ou simplesmente por você, como se sentirem melhor.
Débora: (sorrindo) obrigado. Bem, eu estava dizendo que a nossa professora
de Prática da Pesquisa, na faculdade, sugeriu que nosso grupo entrevistasse
vários profissionais que exerçam atividades vinculadas ao usuário de drogas
(faz uma pausa).
— Foram vocês que escolheram o tema de pesquisa deste trabalho?
— Nossa professora deu liberdade que cada grupo escolhesse o tema que
quisesse, pois o mais importante para ela e para esta matéria que estamos
cursando é a organização do material e a metodologia científica empregada.
— Bem, que mais?
— Nós somos seis ao todo no grupo e cada um ficou encarregado de
realizar entrevistas com dado profissional, pois nossa professora quer que
entrevistemos um psicólogo clínico, um assistente social, um padre ou pastor,
mais um médico de clínica geral ou psiquiatra...
— E não esqueça do advogado sobre o aspecto legal (interrompeu a
Paula)... É muita gente, eu acho que ela exige demais, mas enfim...
— Quem é mesmo a professora de vocês duas?
— É a professora Vera Rosane. Ela é psicóloga e falou muito bem do
senhor...
Paula: (em tom de brincadeira e sorrindo) Disse que você quando se
interessa por um tema é pior que traça de livro ou rato de biblioteca...
Débora: A professora Vera nos disse que você estava fazendo um trabalho
de pesquisa, já há alguns anos, sobre o tema drogas e que seria a pessoa mais bem qualificada para nos dar
qualquer tipo de informação sobre o tema.
Dr. Silvério: (sorrindo) Imagino que minha amiga Vera é um pouco
exagerada no que concerne a minha pessoa, mas, vamos lá... o que vocês desejam
saber primeiro?
Paula: Nós podemos ligar o gravador?
— Estejam a vontade.
— Paula: Bem, poderia nos falar de sua
formação profissional?” OLIVEIRA, Silvério da Costa. Conversando sobre as drogas. p. 1-2. Capítulo 1 – Os fármacos, o café e o tabaco.
Trecho do
livro “Vencer é ser feliz: A estrada do
sucesso e da felicidade” – Abertura do capítulo 1: A beleza do papel que envolve um presente.
“O mês de junho no Rio de Janeiro nos traz momentos agradáveis onde
podemos sentir um pouco de frio que nos permite tirarmos algumas roupas do
armário, bem como não deixamos de viver momentos de intenso calor como se
estivéssemos em pleno verão. Por isto que alguns dizem ser verão o ano inteiro
nesta cidade maravilhosa.
Adoro dirigir meu carro conversível durante a noite, sentindo a brisa
suave e as vezes violenta repleta de paixões coletadas e armazenadas no ar que
respiramos e que nos bate a fronte. Bem, eis que chego ao meu destino, a minha
frente muitas pessoas a porta da nova atração da cidade, este restaurante que
alguém inspiradamente chamou de “A Estrada do Sucesso”. Estaciono meu carro e
me dirijo ao interior do estabelecimento, olho furtivamente mesa a mesa e deixo
meu olhar vagar até encontrá-lo.
__ E aí meu amigo doutor Silvério? Sabe que você fica bem com seus
cabelos soltos? Não é em todos os homens que os cabelos compridos caem bem e
pode acreditar porque disto eu entendo, afinal, se não fosse assim, não seria
eu professor de moda e etiqueta.
Ao mesmo tempo em que falava já fazia um gesto para que eu sentasse em
dada cadeira a sua mesa.
Dr. Silvério: Tudo bom Carlos. Já faz um tempo heim?
Carlos: E o carrão? O Miura Spider, onde é que você o deixou?
Dr. Silvério: Consegui uma vaga aqui em frente mesmo. Eu vim sem
capota, pois você sabe que adoro dirigir sentindo os elementos da noite e da
natureza, mas quando estacionei levantei a capota por segurança e um rapaz
ficou de tomar conta, depois vou ter de lhe dar uns trocados. Mas me diga, o
que você está achando daqui?
Carlos: O ambiente é super legal, imagina, só tocam música brasileira,
a legítima MPB. Adorei!
Dr. Silvério: Você sabe que eu gosto de Jazz, mas não dispenso uma boa
música, seja esta em que estilo for e devo dizer que adoro nossos compositores,
pena que aqui em nossa terra não se de o devido valor, mas como dizem: “Santo
de casa não faz milagres”.
Carlos: Sabe, gosto não somente da MPB, mas do rock nacional também, em
especial de algumas safras. Tem algo mais profundo do que um Raul Seixas ou
mais espontâneo do que uma banda Blitz?
Dr. Silvério: Verdade. E esta música que está tocando agora, de quem é
mesmo?
Carlos: Chico Buarque “...a namorada que contava as estrelas parou para
ver, ouvir e dar passagem...” A banda.
Linda e alegre, não?
Dr. Silvério: Com certeza! “...a lua cheia que vivia escondida
surgiu...” Eu gosto bastante.
Carlos: Eu te falei que aqui é ótimo.
Dr. Silvério: Nós brasileiros deveríamos valorizar um pouco mais o que
é legitimamente nosso, se não por outro motivo, por ser divinamente lindo.
Carlos: E o que não dizer então sobre um Noel Rosa.
Dr. Silvério: Eu lembro dentre outras de “Gago apaixonado”...
Carlos: Ary Barroso, Adoniran Barbosa, Martinho da Vila, João Bosco,
Gonzaguinha, Cartola, Dorival Caymmi, Pixinguinha, Paulinho da Viola, Luiz
Gonzaga, Braguinha, Moraes Moreira, Lupicínio Rodrigues, Nelson Cavaquinho, Toquinho,
Ataulfo Alves, Dolores Duran, Edu Lobo, Geraldo Pereira, Geraldo Vandré, Zé
Keti, Dominguinhos, Luiz melodia, Winson Batista, Assis Valente, Guilherme
Arantes, Herivelto Martins, Caetano Veloso...
Dr. Silvério: Sim, sim, com certeza e não só estes, mas um número quase
infindável de grandes talentos. Escuta... agora é “Cálice”.
Garçom: Com licença, os senhores já escolheram?
Após os pedidos ao garçom e ainda apreciando a boa música, é o momento
de relaxar e saborear os pratos.
Carlos: Adorei a sua nova home page, sabe? Legal o nome: “sexodrogas”
Dr. Silvério: Obrigado. Depois quando tiver tempo me manda um e-mail
apresentando suas opiniões e críticas sobre os textos que disponibilizei nesta
página na Internet. Você sabe que eu gosto muito de receber críticas e
sugestões de meus leitores.
Carlos: Ok! Agora me diga, e o seu próximo livro, sobre o que será?
Dr. Silvério: Pretendo abordar o sucesso e a felicidade.
Carlos: Legal!” OLIVEIRA, Silvério da
Costa. Vencer é ser feliz: A estrada do
sucesso e da felicidade. p. 23-25. Capítulo 1 – A beleza do papel que envolve um presente.
PERGUNTA: Você
já pensou sobre as diversas aberturas dos livros que você já leu? Como você
faria a abertura de um livro seu?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os Direitos
Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu
nome citado junto aos textos de sua autoria)
3 comentários:
De fato, o bom escritor é aquele que lê. Quando possuímos hábito de leitura, com o passar dos anos além de ampliarmos o nosso vocabulário, nos tornamos mais críticos a ponto de fazermos escolhas, de articularmos idéias, fazermos julgamento... Enfim, estamos aptos a brincar com as palavras e deixarmos fluir as idéias.
Caro Prof. Silvério,
ler é essencial, mas não é tudo. Sabemos que escrever é também uma prática que pressupõe empenho, dedicação, criatividade e disciplina. E também uma certa dose de humildade para reconhecer que estamos sempre aprendendo e sempre sujeitos a cometer erros.
Abraços e tudo de bom,
Ótimo artigo!
Também criei um conteúdo sobre como começar a escrever ou escrever bem, se puder conferir!
https://emanuellimeira.com.br/como-comecar-escrever/
Abraços!
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