Professor Doutor Silvério

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Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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sábado, 7 de agosto de 2021

Pseudo-Dionísio o areopagita: O neoplatonismo e a mística cristã medieval

  Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Pseudo-Dionisio o areopagita (século V / VI) é um autor que se auto apresenta como vivendo no século I, sendo membro do areópago ateniense e convertido ao cristianismo por Paulo de Tarso, o apóstolo, segundo o texto em Atos dos Apóstolos XVII, 16-34, conhecido por Dionísio, o ateniense. Mas tudo isto é falso. Os textos que compõem o “Corpus Areopagiticum” (quatro tratados e 10 cartas) foram escritos em grego por alguém por volta do século V ou VI e não no século I, provavelmente um teólogo bizantino sírio, tendo posteriormente sido traduzidos para o latim por Hilduino e também por Juan Duns Escoto e exerceram grande influência no pensamento medieval da Europa ocidental.


 

Tratados: “Hierarquia celeste”, aborda a hierarquia dos anjos citados na bíblia. “Hierarquia eclesiástica”, descreve e interpreta a liturgia de modo alegórico. “Sobre os nomes divinos”, Efetua um exame dos nomes atribuídos a Deus a partir dos textos sagrados. Temos aqui uma teologia positiva, onde faz-se afirmações sobre Deus. “Teologia mística”, como o título indica, trata do conhecimento místico. Nesta obra temos uma teologia negativa, pois nega-se a validade de qualquer afirmação com base na experiência humana que possa ser feita a Deus, que está além de toda a nossa experiência e entendimento. A obra de pseudo-Dionísio é voltada ao conhecimento de Deus.

Além dos quatro tratados e das dez cartas, outras obras do autor são citadas no corpo do texto e os comentadores atuais divergem no tocante as mesmas terem se perdido ou mais provavelmente serem somente mais um detalhe fruto da imaginação ficcional do autor e nunca terem de fato existido.

O autor foi aceito como Dionísio o ateniense de modo quase inconteste até o século XVI quando começaram as primeiras contestações quanto à veracidade de ter sido um autor do século I, mas somente no século XIX é que houve a aceitação geral de que tratava-se de um autor posterior e passou a ser chamado de pseudo-Dionísio, ou seja, que se trata de um falso Dionísio. A primeira menção histórica que se tem dos escritos que compõe o “Corpus Areopagiticum ou Corpus Dionisianum” se dá no ano de 533 no transcorrer do concílio de Constantinopla e já nesta época é contestada sua autenticidade por não ter sido citado por qualquer padre anterior.


 

Não confundir com o Dionísio areopagita que realmente viveu no século I e é considerado santo pela Igreja ou com Denis de Paris, que foi mártir da Igreja. A expressão “areopagita” seguido ao nome, provém da “colina de Ares” situada ao noroeste da acrópole de Atenas e também faz referência ao conselho que ali se reunia e que atuava como supremo tribunal além de cuidar de assuntos vinculados a educação e ciências.

Sua obra até os dias atuais é considerada expressão do neoplatonismo e da mística cristã. Podemos distinguir três caminhos para o conhecimento de Deus por meio dos escritos de pseudo-Dionísio. Temos a via afirmativa (catafático), a negativa (apofático) e a simbólica. Por meio da teologia afirmativa podemos afirmar várias coisas sobre Deus, mas na medida em que passamos a recorrer a analogias com o mundo sensível que conhecemos para poder descrever a Deus, vamos aos poucos tornando tais afirmações inadequadas ao seu propósito. Na teologia negativa, temos que pseudo-Dionísio introduz uma teologia que traz a conceituação de Deus por meio da negação do que Ele não é. Na teologia simbólica proporciona a mediação, por meio de símbolos e sinais, entre a via afirmativa e a negativa.

Para pseudo-Dionísio Deus é um ser para nós incognoscível e inatingível por meio de nossa razão. Deste modo, a via negativa ganha superioridade à via afirmativa, pois não podemos dizer com palavras o que Deus de fato é, mas podemos, sim, negar o que ele não é. Deus não pode ser limitado como um conceito objetivo, tornando-se necessário descartar qualquer formulação que delimite o divino em categorias. Esta teologia negativa de pseudo-Dionísio é chamada de apofática, na qual encontramos a renúncia de toda e qualquer formulação sobre Deus, ficando este além da possibilidade humana de predicação. Deus pode ser entendido como “o nada de tudo que é”. Ou dito de outro modo, Deus não é coisa alguma que existe, é sim, total diferença e simplicidade pura. Dentro de uma visão mística, a linguagem empregada em seus escritos tem como função comunicar uma dada experiência religiosa por meio de símbolos humanos. Usamos os símbolos presentes em nossa linguagem para entender o divino, mas posteriormente há a necessidade de abandoná-los em busca do mesmo entendimento, que há de se encontrar no silêncio mais profundo.

O caminho a ser percorrido em direção a Deus se dá em três direções possíveis, podemos seguir pelos seus atributos positivos, pelos atributos negativos ou por imersão mística. Seguindo uma orientação de influência neoplatônica entende ser possível falar de diversos atributos positivos de Deus, sendo este estudo uma primeira via de acesso ao ser supremo. A teologia positiva pode ser corrigida pela teologia negativa, a qual retira tudo que não seja Deus, pois Deus está além de todas as nossas analogias com coisas sensíveis. Por fim nos apresenta uma terceira via, na qual podemos simplesmente fechar nossos olhos a realidade externa e no mais profundo silêncio e escuridão de nosso ser podemos encontrar uma luz isenta de palavras, conceitos ou mesmo imagens, em um estado de estase místico que proporcione uma união com Deus.

Podemos entender que um dos principais problemas constantes e trabalhados na obra de pseudo-Dionísio é sobre qual a natureza, predicados e nome de Deus, qual a possibilidade ou impossibilidade de sabermos realmente qual esta natureza ou qual o nome mais adequado a Deus. Quanto mais próximos de Deus chegamos, menores são as quantidades de palavras que usamos, pois nenhuma delas pode expressar o que de fato Ele é, de modo que tendemos a abdicar de falar seus atributos ou mesmo de excluir os atributos e nomes que não lhe convém, para mergulhar em Deus, na luz dentro da escuridão, que pode ser vivenciada por meio de uma participação mística, mas que não pode meramente ser narrada por estar Deus muito além de toda e qualquer experiência humana ou mesmo da capacidade de nossa linguagem ou modos de nos expressarmos.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

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