Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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terça-feira, 4 de dezembro de 2007

O que o leitor lê


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Imagine que você escolheu um tema de trabalho, utilizou corretamente a metodologia de pesquisa, efetuou um grande levantamento seguido por minuciosa análise bibliográfica, realizou uma pesquisa abrangente tendo em vista seus objetivos, problema e hipóteses. Imaginou? Pois bem, imagine então que seu trabalho está pronto, totalmente digitado, corrigido, revisto e encadernado na impressão definitiva. O que você escreveu? Um Trabalho de Conclusão de Curso – TCC? Uma monografia? Um artigo? Uma dissertação de mestrado? Uma tese de doutorado? Um livro para ser publicado?
Basicamente, você escreveu um trabalho acadêmico que será examinado por uma banca de professores da respectiva área na qual o trabalho se aplica e com vistas à avaliação do mesmo por determinada organização educacional ou então você escreveu um trabalho voltado para o grande público e que será publicado por uma editora comercial, provavelmente no formato livro, sendo distribuído pelas livrarias para que o leitor interessado possa comprar e ler.
Ok! Trabalho pronto! Você muito feliz! E agora? Como seu trabalho será julgado pela crítica? No que seus leitores irão se basear para falar sobre seu trabalho? O que será de fato lido e avaliado?
Pois muito bem, iremos dividir esta questão em três segmentos possíveis: 1- o leitor pesquisador, 2- o leitor acadêmico, e 3- o leitor comum.
1- o leitor pesquisador: O pesquisador está interessado em um determinado tema de trabalho, ou mais especificamente, em um sub-tema delimitado por objetivos gerais e específicos, por um problema a ser resolvido e por hipóteses apresentadas como a solução provisória deste problema. Este leitor está preso a um cronograma e provavelmente dividiu seu trabalho de busca literária em dois módulos:
A- Levantamento bibliográfico, que consiste basicamente em anotar as referências bibliográficas de todos os trabalhos que abordam o tema pesquisado e que estejam previamente disponíveis em bibliotecas e outros meios que permitam a consulta, aqui entra só o material encontrado e disponível para imediata consulta.
B- Análise bibliográfica, que consiste em pegar um a um os trabalhos encontrados durante o levantamento bibliográfico e examiná-los minuciosamente.
O leitor pesquisador irá acrescentar seu trabalho em sua listagem se este se encaixar no tema mais amplo de seu trabalho. Posteriormente irá pegar em mãos seu trabalho e ler na seguinte ordem:
Primeiro irá examinar e ler o que contiver na capa, na primeira e na segunda orelha, contra-capa ou quarta capa. Depois irá ler o sumário, resumo, apresentação, introdução, prefácio. Neste momento o livro poderá ser descartado ou então continuar sua análise pela conclusão (se esta estiver subdividida, prosseguirá a leitura pelas conclusões parciais e resultados). Se não for descartado, este leitor escolherá um tópico interessante no sumário e irá diretamente a este para verificar a abordagem dada ao mesmo, se gostar, irá folhear a bibliografia, caso contrário, o livro será descartado por não se adequar à pesquisa que está sendo realizada. Veja bem, este leitor está mais preocupado com o tema da pesquisa dele e só irá ler seu trabalho se este se adequar a um conjunto de determinações prévias vinculadas ao seu objeto de pesquisa. Como este leitor pode estar diante de centenas de livros e artigos para serem examinados, irá procurar economizar tempo tentando ir direto ao cerne de seu trabalho e verificando se este se encaixa ou não em seu prévio referencial. Se seu trabalho for aceito, aí então será lido com toda a atenção e citado no transcorrer do trabalho que este leitor está elaborando.
2- o leitor acadêmico: Este leitor geralmente é um professor que tem a missão de avaliar um determinado trabalho, geralmente participa de uma banca formada por outros colegas também professores e que deverão julgar o trabalho visando sua aprovação ou não. Temos a presença deste leitor durante avaliações de TCC, monografias acadêmicas, dissertações de mestrado e teses de doutorado.
O leitor acadêmico irá priorizar uma determinada ordem de leitura, como a que segue abaixo:
A- capa, contra-capa ou quarta capa (se houver), primeira e segunda orelha (se houver), folha de rosto, folha de assinaturas, epígrafe e agradecimentos. Irá ver se seu nome foi corretamente citado na folha de assinaturas e quem foi mencionado nos agradecimentos. Irá também se inteirar sobre quem é o autor e o orientador, bem como, qual o título do trabalho e o tema abordado. Talvez teça uma crítica, sugestão ou algum comentário ao título da obra ou a delimitação do tema e sua importância no contexto de nossa atual sociedade. Este leitor normalmente toma notas para depois se guiar no que irá falar durante sua avaliação pública do trabalho.
B- Em seguida, este leitor irá a bibliografia para saber se alguma publicação sua (do leitor) foi citada, se foi citada alguma publicação de algum amigo ou conhecido seu ou, caso este trabalhe especificamente no mesmo campo abordado no trabalho, se foi citado alguma obra nova  que possa ser considerada de relevância e que este ainda não conheça ou se foi citado somente os velhos trabalhos já bem conhecidos por este leitor.
C- Feito isto, irá ler a introdução e a conclusão. Caso a conclusão seja sub-dividida, irá também dar atenção às conclusões parciais e aos resultados.
D- Se você pensa que agora vou dizer que o leitor acadêmico irá ler o miolo de seu trabalho, seus anos de pesquisa, todos os capítulos, você está redondamente enganado. Normalmente este leitor encerra a leitura aqui e nada mais lê. Se você quer agradar o leitor acadêmico, faça bem feito a capa (e demais itens de apresentação quando houver, como, por exemplo: folha de rosto, folha de assinaturas, epígrafe, agradecimentos, primeira orelha, segunda orelha, contra capa ou quarta capa), o resumo (abstract e resumé), a bibliografia, a introdução e a conclusão (incluso sub-divisões existentes, como, por exemplo: resultados e conclusões parciais). Não se iluda, seu trabalho pode ter 100 ou 500 páginas, o número de páginas pode até ser comentado, mas o miolo de seu trabalho não será lido salvo raras exceções.
3- o leitor comum: Lembra de tudo que falei que era importante para o leitor pesquisador e o leitor acadêmico? Lembra de tudo que falei que eles leriam? Não? Pois é bom lembrar, pois, nada disto será lido pelo leitor comum que encontra seu livro em uma prateleira de livraria.
O leitor comum irá, sim, olhar a capa, afinal, pela ordem de apresentação das coisas ele ou ela não tem realmente como evitar de olhar, observar e ler a capa. Talvez até compre seu livro se achar a capa bonitinha, portanto, vale a pena fazer um investimento em uma boa capa, chamativa e com elementos artísticos que proporcionem destaque perante outros trabalhos.
Em seguida, a contra-capa ou quarta-capa, a primeira orelha, a segunda orelha, o resumo, a apresentação, o prefácio, a introdução, a conclusão, a bibliografia, serão equanimente ignoradas. Talvez aprecie sua foto enquanto autor da obra se esta estiver presente nas orelhas ou na quarta capa. Será que você é bonitinho? Ficou bem na foto? Uma rápida passagem de olho por tais elementos também pode ocorrer, quem sabe, o autor pode ser assim ou assado ou ter esta ou aquela outra formação e a curiosidade pode levar a uma rápida passagem no resumo de seu currículo e também no resumo da obra para saber se esta é realmente a obra que estamos buscando.
Mas não se iluda, normalmente todos estes itens apreciados pelo leitor pesquisador e pelo leitor acadêmico servem somente para enfeite perante o leitor comum. Este irá abrir sua obra na página um do capítulo um e começar a ler. Talvez encerre o capítulo um, talvez não. Pode ocorrer de este marcar o capítulo um em alguma página para depois retornar a leitura em um dia que nunca chegará ou pode ser que este leia até o final o capítulo um, mas não espere mais, pois será só isto que este irá ler.
Sua obra pode ter 200, 400 ou 600 páginas e 10 ou mais capítulos, mas o leitor comum, que é a grande maioria, somente irá ler o capítulo um e julgar toda a sua obra pelo mesmo. Se após o capítulo um você só escrevesse besteiras, ou se escrevesse palavras sem nexo ou sentido, não faria a menor diferença para o julgamento de sua obra por parte do leitor comum. Você poderia até dedicar do segundo ao último capítulo para ofender o leitor que isto não faria a menor diferença, pois, ninguém irá ler mesmo.
Antes que você pense em escrever palavras sem sentido ou ofender o leitor a partir do capítulo dois de sua obra, vale lembrar que uns poucos gatos pingados podem vir a ler e contar para todo mundo o que você fez, afinal, toda regra tem a sua exceção e alguém há de ler, nem que seja um solitário no meio da multidão.
Portanto, meu amigo e minha amiga, se você quer realmente fazer sucesso com a publicação de um livro comercial, invista na única coisa que seus leitores irão ler, invista em criar o melhor primeiro capítulo que você possa, concentre o melhor de suas idéias neste capítulo inicial, comece sua obra de traz para frente. Pense como se fosse um jantar refinado e sirva primeiro a sobremesa. Afinal de contas, o leitor é muito parecido com uma criança querendo primeiro que seja servida a sobremesa e depois o jantar, aliás, o jantar não tem mesmo importância, o importante mesmo é o prazer obtido com a sobremesa, não é mesmo?
Deixe-me encerrar este nosso diálogo contundente citando a um autor que de certa forma corrobora nosso discurso aqui. Penso em Anthony Robbins e irei citar um parágrafo, na página 34, da 36º edição de seu livro “Poder sem limites” (título original norte-americano: “Unlimited power” – tradução de Muriel Alves Brazil), publicado no ano de 1987 pela editora Best seller e Círculo do Livro.

Quando os originais estavam prontos, os primeiros a lerem foram muito positivos, com apenas uma ressalva. Disseram: “Você tem dois livros aqui. Por que não os separa? Publica um agora, e anuncia o outro como continuação, um ano mais tarde?” Minha meta era atingir o leitor com as melhores informações, e o mais rápido que pudesse. Não queria dar essas informações uma de cada vez. No entanto, tornei-me ciente de que muitas pessoas sequer chegariam às partes do livro que penso serem as mais importantes, porque me foi explicado que pesquisas revelaram que menos de dez por cento das pessoas que compram livros lêem além do primeiro capítulo. A princípio, não podia acreditar nessa estatística. Então, lembrei-me de que menos de três por cento da população norte-americana é independente financeiramente, menos de dez por cento têm metas definidas, só trinta e cinco por cento das mulheres americanas – e até menos homens – sentem-se em boa forma física, e, em muitos Estados, um em cada dois casamentos terminam em divórcio. Só uma pequena porcentagem de pessoas vive, de fato, a vida de seus sonhos. Por quê? É preciso esforço. É preciso ação firme.” ROBBINS, Anthony. Poder sem limites. p. 34.

PERGUNTA: O que você pensa ou acredita que seus leitores irão ler? A partir de que parte de sua obra você acha que será avaliado? Porque?

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

3 comentários:

Marcinha Girola disse...

Puxa, ainda bem que você lembrou de citar um parágrafo sobre as exceções a regra. Já ia ficando abismada.
Eu leio tudinho, tudinho. Principalmente, quando o escritor utiliza uma linguagem que envolve o leitor e dá vontade de parar somente quando chegar ao fim.
Quando escrevi meu livro, mostrei a um professor e também escritor. Pensei, se passar pelas críticas dele, é porque está bom. E quantas críticas eu recebi. Mas todas construtivas. Aprendi a importância da capa, do título, do prefácio, da apresentação e até do livro em si, de que público eu queria atingir, e assim por diante.
E como fiquei crítica ao ler os livros depois... O ruim, é quando se compra o livro pelo prefácio ou apresentação, de tão bons que são, e por fim, o miolo é horroroso. Fica mesmo complicado sair do primeiro capítulo.
Quanto ao leitor acadêmico, vou me lembrar bem disso, quando for fazer outra faculdade. Vou caprichar em todos aqueles itens, e no miolo, vou colocar uma receita de bolo. Daí é bem provável que acabem lendo. Pois vão ficar impressionados com um trabalho de página única. rs

Marcinha Girola disse...

Ah, esqueci de dizer. Depois que eu recebi as críticas em relação a quase tudo do meu livro, eu recebi um tempo depois dois modelos de capa, elaborados pela editora. Odiei os dois, porque não eram o que eu esperava, nem mesmo tinham alguma relação com o conteúdo. Elaborei eu mesma a capa... E assim pretendo fazer com os próximos que estão por vir.
Sobre o parágrafo do Robbins, eu diria que não é bem pela questão de ler apenas o primeiro capítulo, mas porque o povo se espanta quando tem muitas páginas e larga logo a leitura. Pricipalmente se ela for obrigatória, ou a linguagem não for muito próxima a do leitor.

Anônimo disse...

Gostei da classificação dos três tipos de leitores. É claro que cada tipo tem os seus interesses e irá priorizar e determinar uma rotina na apreciação dos trabalhos.

Concordo que a apresentação do trabalho, a capa, e o primeiro capítulo contam muito na escolha do leitor, mas se estes ingredientes estiveram presentes, com certeza o leitor não irá parar no primeiro capitulo.

Quanto ao leitor acadêmico, infelizmente já presenciei algumas defesas de tese ou dissertação, onde alguns presentes na banca, nitidamente mostravam que não haviam lido o trabalho, concentrando a sua atenção em elementos mais periféricos e pior, ainda, querendo demonstrar que haviam depurado o texto, muitas das vezes em interpretações equivocadas, próprias de um leitor apressado e pouco comprometido. Um total desrespeito!