Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um quase escritor, um excelente personagem


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Muita gente tem o sonho de um dia escrever um livro ou mesmo de ser um escritor profissional, mas nem todos realizam tal sonho. Já falei anteriormente que um dos motivos para tal sonho não ser realizado é o desânimo quando diante da necessidade de atravessar a Ponte do Trabalho Duro, the Hard Work Bridge, portanto, irei abordar o tema agora por um outro prisma e talvez um pouco mais divertido.
Vou ilustrar com o exemplo de uma das muitas pessoas com quem já travei contato e que sonhavam um dia escreverem e publicarem. Vou chamar a este meu amigo de longa data de “V.R.”. Eu conheci “V.R.” quando ainda adolescente ou no começo da vida adulta, como preferirem, pois, já cursava minha primeira faculdade.
Sempre gostei muito de ler, e sobre diversos temas, e sempre tive uma grande curiosidade voltada para o ainda desconhecido, de modo que gosto de ficção científica e me interesso por leituras que poderiam ser classificadas como literatura fantástica e isto era algo que eu e “V.R.” tínhamos em comum e sobre o que constantemente conversávamos uma vez que ele lia muito sobre diversos temas correlatos.
Pois muito bem, “V.R.” gostava de ler, dentre outras coisas, sobre discos voadores, desaparecimentos no Triângulo das Bermudas, a cidade de Atlântida, Erich Von Däniken com “Eram os deuses astronautas” e outros livros deste mesmo autor, etc. Certa vez resolveu namorar uma garota que freqüentava um grupo jovem em sua paróquia, uma Igreja Católica Apostólica Romana, e para se chegar mais perto desta garota começou, também, a freqüentar o tal grupo jovem até que um dia teve uma discussão feia com o padre, pois, ele havia lido um livro cujo nome, se não me equivoco, era “A Bíblia dos discos voadores” e que relatava a presença de visitas de seres extraterrestres a partir de passagens encontradas na Bíblia e quis argumentar com o padre da igreja durante uma reunião do grupo sobre o que havia lido e o padre discordou francamente dele e do autor do referido livro. Ainda me lembro de “V.R.” muito irritado me contando sobre este evento e suas opiniões nada favoráveis sobre o referido padre e sua visão, digamos, estreita, de entender o mundo. Pelo que entendi, a reação foi mútua, pois, o padre também se irritou bastante enquanto “V.R.” tentava interpretar algumas passagens bíblicas como denotando a presença de seres extraterrestres e discos voadores.
Durante anos vi este meu amigo com afinco pesquisando sobre o tema de sua paixão e dizendo para todos que iria escrever um livro sobre o tema expressando suas próprias idéias. Até aí tudo bem, ocorre que um dia “V.R.” pegou em uma locadora uma fita VHS de um filme que passara há pouco no cinema abordando o tema de sua paixão e convidou a mim, minha namorada da época e a sua namorada para vermos o tal filme, o que fizemos, inclusive, em minha residência. O filme em questão era a versão do cinema intitulada StarGate e que mais tarde geraria uma série de TV com o mesmo nome (StarGate SG1) ainda exibida e produzida hoje, já na sua décima temporada e tendo gerado outra série (StarGate Atlantis) também ainda exibida e produzida, já na quarta temporada na Terra do Tio San.
Excelente ficção científica com uma boa história de fundo sobre um artefato encontrado no início do século XX enterrado nas areias do Egito e que no decorrer dos anos de 1990 nos EUA permitiu a Força Aérea deste país viajar para outros planetas. Durante tais viagens estes militares e cientistas encontram uma galáxia dominada por uma raça de alienígenas e diversas comunidades humanas que foram levadas da Terra em diversos períodos históricos culturais, tendo estes evoluído de forma distinta da nossa.
O filme foi uma bela diversão para nós quatro, no entanto, quando o filme se encerrou meu amigo “V.R.” parecia uma mistura de euforia e abatimento, pois, segundo ele, o filme havia expressado tudo que este pensava sobre o assunto, não havendo mais necessidade deste escrever um livro sobre o tema.
A história é trágica quando pensamos que o mundo perdeu de conhecer um escritor com grande bagagem de pesquisa sobre o tema, ou cômica quando imaginamos que jamais este escreveria algo exatamente igual à história que vira na TV, pois, por ser um ser único, seu trabalho literário também seria único. Mas a verdade é que já se passaram vários anos e continuo mantendo contato com “V.R.” e este ainda mantém sua postura de que não mais escreverá, pois tudo o que pensava já estava ali naquela história que um dia ele vira na tela de minha TV.
Quando penso a sério nesta minha experiência de vida, não sei se choro ou se rio muito, afinal, como pode alguém pensar que irá escrever igual a outro que tenha produzido algo na sua área de interesse? Nós todos somos únicos e damos abordagens únicas ao que produzimos.
Daí o título desta postagem ser “Um quase escritor, um excelente personagem”, afinal, depois de anos pesquisando sobre o tema, de um vasto conhecimento acumulado sobre discos voadores e coisas semelhantes e de ter falado por igual período de tempo para seus amigos que iria um dia escrever um livro abordando tal temática, nosso amigo aqui ficou somente no “quase”, não se assumindo como escritor na medida em que efetivamente não efetuou criação literária alguma. Pelo mesmo motivo, no entanto, penso que “V.R.” daria um excelente personagem para um livro de outro autor.

PERGUNTA: Afinal, o que escolhemos para nossa vida, sermos escritores ou personagens?

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

2 comentários:

Marcinha Girola disse...

Talvez, no caso do seu amigo, pudesse ele mesmo escrever um livro sobre essa história. Seria apenas uma mudança de estilo?
Escolhemos ser escritores ou personagens? Eu diria, ambos. Pois, me corrija se eu estiver errada, mas tudo que escrevemos não é como se fosse um diário de nossas vidas?
Explico: quando se escreve sobre o tema das drogas ou sexualidade, como no seu caso, você conta "causos" e experiências que conheceu e, portanto, agora também fazem parte de ti. E mesmo tentando ser imparcial, os resultados alcançados ou comprovados também dizem respeito as suas hipóteses e questionamentos. Então, o escritor está inscrito nas linhas de seus temas.
No caso de ficção científica, de quem é a imaginação e fantasia contidas naquelas palavras?
Quando se escreve poesias... O autor é personagem e escritor, pois nas entrelinhas, os significados podem ser variados, mas não estão totalmente separados nem ligados a ele.

Anônimo disse...

Apesar de já terem se passado alguns anos, este episódio ainda está bem vivo na minha memória...

A história do nosso amigo mostra-se realmente intrigante...

Por mais que tenhamos afinidades, conceitos em comuns, convergência de pontos de vista, a produção humana é ilimitada e ao mesmo tempo única, o que nos faz seres diferenciados. Assim, dificilmente uma história é igual a outra, por mais que encerremos um assunto, sempre podemos colocar uma vírgula e deixar fluir a criatividade. O que para muitos pode significar um ponto final, para outros é apenas o começo ou a continuidade.