Professor Doutor Silvério

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Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Jean Buridan: Adiar as decisões até ter o resultado das possíveis escolhas

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Jean Buridan

 Jean Buridan (1300-1358) ou Joannes Buridanus, nasceu em Béthune na França e morre em Paris com cerca de 58 ou 62/63 anos de idade (as datas são prováveis, de modo que a idade com a qual morreu não é certa). Foi teólogo, filósofo, escritor, professor, lógico, clérigo (padre secular não vinculado a uma ordem religiosa). Apesar de muito famoso e influente a sua época, hoje vivencia um certo esquecimento, talvez, em parte, por não pertencer a uma Ordem religiosa, como, por exemplo, os franciscanos e os dominicanos, pois, estas ordens tem o hábito de preservar e manter viva a obra de seus grandes mestres.


 

Estudou na Universidade de Paris, tendo como mestre Guilherme de Ockham, e posteriormente passou a lecionar nesta universidade. Entre 1328 e 1340 foi reitor da Universidade de Paris e no ano de 1345 atuou como embaixador da universidade na corte papal. Teve grande influência sobre a forma de se fazer filosofia em sua época, influência esta que prosseguiu até o início da era moderna.

Durante sua vida acadêmica apresentou seminários sobre lógica e também sobre as obras de Aristóteles, bem como produziu diversos comentários sobre lógica, metafísica, filosofia natural e ética. Dentre seus principais trabalhos se destaca “Compêndio da dialética” (Summulae de dialectica) e a grande quantidade de comentários feitos as principais obras de Aristóteles. Seus escritos na área da lógica se mostram atuais e instigantes mesmo nos dias de hoje. Também seus trabalhos sobre o início do movimento e sua manutenção, tomando por base a ideia de “impetus” ainda hoje é comentada em cursos sobre a história da ciência e física do movimento e sobre lançamento de projéteis.

Era normal após a conclusão do curso de Artes, seguir para uma de três opções: Direito, Medicina ou Teologia. Ocorre que Buridan preferiu continuar na faculdade de Artes, não dando prosseguimento aos seus estudos para a obtenção de outro grau acadêmico, como então era comum e esperado. O estatuto da universidade proibia que os mestres em artes ensinassem ou escrevessem sobre teologia, de modo que Buridan, contrariando a tendência então em voga, não escreveu trabalhos teológicos e muito menos comentou os quatro livros das sentenças, de Pedro Lombardo.

Buridan se mostra presente também na física, estudando como se dá o movimento dos corpos celestes e a força que os tornou em movimento e como permaneceram em movimento mesmo na ausência desta força inicial. Aqui se faz presente a interessante noção de “impetus”, pela qual Buridan apresenta a relação entre força e movimento. Ocorre deste modo, quando um agente externo qualquer põe em movimento um determinado corpo, este agente imprime ao corpo um certo impetus, que é uma força que proporciona ao corpo que este se mova na direção lhe dada pelo agente externo. Este impetus proporcionado ao corpo pelo agente externo permite que o corpo se movimente para cima, ou para baixo, ou para os lados ou em círculo.

A problemática apresentada por Buridan no tocante ao determinismo moral, diz respeito à liberdade, apresentada por meio da autodeterminação e do livre arbítrio nas escolhas que fazemos em nossa vida. Adiar a decisão até ter informações completas sobre o resultado de cada escolha para só então decidir a direção a seguir ou a ação a empreender era o que propunha Buridan. Entramos deste modo no determinismo moral. Isto originou uma crítica em formato de sátira, que seus comentadores fizeram com relação a este ponto.

Ele é hoje bem conhecido pelo paradoxo de Buridan ou o asno de Buridan, se bem que a origem deste paradoxo possa ser remontada a obra de Aristóteles. Apesar de o mesmo não estar explicitamente na obra de Buridan, tem a ver com suas ideias com relação ao determinismo moral, em verdade, foi uma forma de comentário bem humorado feito por comentadores de sua teoria moral, ou seja, uma crítica. Segundo Buridan, excetuando motivo de falta de conhecimento ou algo que imponha alguma barreira impeditiva, o humano diante de uma escolha qualquer há de sempre priorizar o ganho proporcionado pelo maior bem. Neste tocante, cabe adiar até ter toda informação necessária sobre o possível resultado de cada ação envolvida na escolha a ser feita. Bem, daí se segue, segundo comentadores posteriores, que um asno (ou burro) diante de dois montes de feno iguais em tudo, adiaria sua tomada de decisão indeterminadamente e acabaria morrendo de fome sem escolher qual monte de feno iria comer. Como se vê, nesta crítica há humor e sátira aqui ao pensamento de Buridan.

A temática do asno de Buridan se mostra atual nos dias de hoje em vários campos. Os desenvolvedores de programas de inteligência artificial têm de lidar obrigatoriamente com a mesma, na medida em que se propõe a reproduzir a nossa inteligência e modo de pensar. Também ganha espaço entre aqueles que estudam probabilidade. E ainda, também, em psicologia, quando pensamos no tipo de conflito aproximação – aproximação, onde se tem de escolher uma só dentre duas alternativas atrativas e tentadoras. Também se faz presente na administração, pois, no gerenciamento e atividades de liderança é comum estarmos diante de impasses e demora na tomada de decisão motivada pelo desejo de maiores e mais completas informações sobre todas as possibilidades decorrentes de se tomar uma ou outra decisão, sendo cada uma excludente em relação a outra e em empresas a demora pode significar perda de dinheiro, oportunidades ou mesmo o fracasso do empreendimento.

Uma versão alternativa do paradoxo seria colocar o burro diante da escolha entre um caminho que leva ao feno e outro que leva a água, ambos visíveis a mesma distância. Deste modo, adiando a decisão, ele acabaria morrendo de sede e de fome. Esta versão se inspira no “De caelo” (sobre os céus) de Aristóteles, no qual um homem usando de sua faculdade racional para escolher, fica imóvel, incapaz de decidir, quando, estando com muita fome e muita sede, é colocado a uma distância igual da água e da comida.

Cabe, portanto, destacar sua teoria sobre o movimento e o conceito de impetus, enquanto força que daria origem, direção e prosseguimento ao movimento. Ao seu determinismo moral, que propõe que esperemos e adiemos a tomada de decisão até estarmos de posse de informações completas sobre o resultado de cada possível escolha que venha a ser tomada. Em filosofia tende a se posicionar dentro de uma leitura de Aristóteles e seus comentadores que o aproxima em muito do pensamento do filósofo grego. Já na questão dos universais, tão em voga em sua época, se posiciona como nominalista.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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