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Eros e Civilização e a Escola de Frankfurt

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Eros e civilização

 

Aqui pensamos no livro “Eros e civilização” (Eros and Civilization), 1955, de Marcuse, uma das principais obras deste autor. Com forte inspiração em Marx e Freud, a obra se mostra bem otimista com relação ao futuro. Em sua argumentação no decorrer deste livro, busca Marcuse o desenvolvimento de uma sociedade que traga uma nova forma das pessoas se relacionarem. O livro desenvolve uma análise crítica da sociedade capitalista, propondo um modo alternativo para a emancipação do humano. Ao realizar uma crítica radical à sociedade, propõe, também, um novo modo alternativo de vida a ser adotado, mais livre, autêntico e pleno.


 

Segundo argumenta Marcuse, os desenvolvimentos ocorridos na sociedade industrial e tecnológica propiciariam a inversão do sentido do progresso como até então havia ocorrido. Até aquele momento a sociedade tinha se pautado na produção e consumo, gerando riqueza e conhecimento, mas em termos de futuro, toda esta riqueza e conhecimento que foram criados poderiam ser usados para atender as pulsões vitais humanas e, simultaneamente, impedir a realização das pulsões destrutivas. Deste modo, nos aproximamos de uma sociedade inspirada na leitura de Marx, onde as pessoas poderiam escolher trabalhar menos e se dedicar mais ao atendimento de seus desejos, vivendo de modo mais pleno.

O controle social e a alienação continuariam presentes na atual sociedade, mas a sociedade criou novos meios de controle social, eficazes e sutis, de modo a manter o sistema social e político capitalista. Dentre estas novas formas de controle encontramos o incentivo ao consumo por meio da produção de bens supérfluos em grande quantidade visando a satisfação e o prazer das pessoas.

A atual sociedade industrial e capitalista atuou de modo a reprimir a sexualidade de modo bem abrangente. A repressão sexual integra um mecanismo bem mais amplo de dominação e controle social por parte do sistema social vigente. As pulsões sexuais e os desejos das pessoas são subjugados para se obter maior produtividade e adaptação ao sistema.

Entende Marcuse que a liberação da sexualidade humana possa ter um potencial revolucionário, sendo um importante motor de transformação social. Por meio da livre expressão das pulsões sexuais e dos desejos antes reprimidos, pode-se desafiar as estruturas sociais de dominação, atuando em prol de uma sociedade mais livre e igualitária.

Numa inspiração na mitologia grega e na obra de Freud, entende Marcuse “Eros” como o princípio da vida, da sexualidade, da vitalidade. Opõe Eros ao “Logos”, a expressão da razão instrumental que domina a cultura ocidental desde a Modernidade. Segundo o pensamento de Marcuse, caberia um retorno a Eros, de modo a integrar de modo saudável a razão com as pulsões sexuais e os desejos individuais.

    É preciso ir além da mera satisfação das necessidades materiais básicas e buscar a emancipação, liberando-se da repressão e da alienação. É preciso também atender às necessidades autênticas das pessoas, dentre as quais se encontram a sexualidade e o desenvolvimento pessoal.

Neste livro, valendo-se da obra de Freud, analisa a possível relação existente entre a repressão sexual e o surgimento da civilização humana, bem como, a estrutura de poder presente nas sociedades industriais contemporâneas. Apresenta uma crítica à enorme ênfase dada a razão instrumental na sociedade, priorizando uma lógica da eficiência com menor gasto de recursos.  Ao subjugar o prazer e os desejos individuais à produtividade, se obtém como resultado a alienação e a infelicidade.

Marcuse propõe que possa ser criada uma sociedade não repressiva em relação às pulsões sexuais e aos desejos individuais, dentro, claro está, do limite do razoável. Neste caso teríamos uma sociedade na qual haveria a harmonia entre as exigências sociais e o princípio do prazer.

Do mesmo modo que usa o conceito de “razão instrumental”, também se utiliza do conceito de “indústria cultural”, desenvolvidos anteriormente por Horkheimer e Adorno no contexto da Escola de Frankfurt. A indústria cultural se apresenta como parte integrante de um mecanismo de manipulação, alienação e conformidade social, promovendo uma sensação falsa de satisfação e prazer por meio do consumo rápido da arte. A cultura de massa também atua em prol da conformidade e satisfação pessoal.

Marcuse defende que haja uma emancipação individual e coletiva, por meio da libertação dos desejos reprimidos. Inclui aqui os ditos grupos minoritários: negros, mulheres, etc. Suas ideias se mostraram importantes no tocante à crítica da repressão sexual e defesa da liberdade sexual, à crítica da sociedade consumista, à crítica da alienação e defesa da emancipação social. Busca Marcuse, se não uma sociedade não repressiva, uma sociedade menos repressiva, em particular no tocante a sexualidade humana.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

 

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