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Thomás Müntzer: A Reforma radical

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Thomás Müntzer (Muentzer ou Münzer)

 Thomás Müntzer (1490-1525), nasce em Stolberg, pequena vila na Alemanha, e falece em Mühlhausen, na Baviera, Alemanha. Teólogo, estudou o grego, hebraico e latim. Foi ordenado padre em 1513.


 

Atuou como líder de uma corrente mais radical da Reforma, se colocando contra Lutero e a favor dos anabatistas. Teve atuação durante a guerra dos camponeses e na batalha de Frankenhausen, que culminou com a derrota dos camponeses rebeldes, Müntzer foi preso, torturado e por fim, decapitado.

Müntzer se apresenta dentro do contexto da Reforma iniciada por Lutero como um representante do que podemos chamar de “Reforma radical”, mas de modo consequente, onde elabora suas ideias e participa mais ativamente do movimento entre 1520 e 1525. Entende que a fé é revolucionária, pois, liberta o crente das amarras da letra escrita e lhe confere força para realizar o Reino de Deus na Terra.

Müntzer suscita polêmica até os presentes dias. Ao buscarmos uma compreensão e interpretação do seu real significado, nos encontramos com diferentes interpretações sobre o real papel político que ele teria desempenhado. Passando por teólogo vinculado à Reforma até um revolucionário radical, temos que para os protestantes ortodoxos ele se apresenta como um anabatista, já para os anabatistas ele é percebido como alguém que é um verdadeiro mensageiro de Deus por meio do evangelho. Os católicos entendem que ele é consequência do individualismo presente nas doutrinas de Lutero e outros protestantes. Os que hoje seguem uma vertente histórica-marxista, tendem a vê-lo como alguém que teria atuado como o grande ideólogo da revolta dos camponeses e o primeiro político cosmopolita, um tipo de proto-comunista.

Já que Müntzer fez parte da liderança de grupos de camponeses anabatistas, cabe explicar melhor o significado do termo, atentando que vários e distintos grupos eram assim chamados e que para Müntzer o re-batismo não era algo de vital importância. Anabatistas (do grego ana = novamente e batistas = batizar, batizar novamente). Apesar do uso do termo já se encontrar na Antiguidade, trata-se aqui, neste contexto, de uma ala radical do movimento protestante no século XVI, sendo uma designação genérica dada a movimentos religiosos que não reconhecem qualquer validade ou importância ao batismo nas crianças, defendendo que deverá ser ministrado a adultos. Eram assim chamados por batizarem novamente todos aqueles que já haviam sido batizados quando crianças, pois, entendiam que o batismo só tinha valor quando em adultos conscientemente convertidos a Cristo. Somente os grupos não radicais e não revolucionários, que adotavam uma postura pacifista, sobreviveram até os dias atuais, possuindo diversas denominações de acordo com suas crenças.

Müntzer une em seu discurso a religião com a política, apresentando uma atitude revolucionária e, com o contato que fez com os anabatistas, passa a criar a base teórica da revolução camponesa. Une-se aos anabatistas, bem como, com outros grupos revolucionários de camponeses alemães contra a nobreza alemã. Alguns comentadores do período calculam em mais de 100 mil mortes decorrentes deste conflito entre camponeses revoltosos e a nobreza alemã.

Os camponeses e seus líderes se pautavam em uma interpretação da Bíblia, com a qual afirmavam terem nascido livres e em igualdade. Reivindicavam a livre escolha de seus líderes religiosos, abolição da servidão presente na relação entre senhor e servo, diminuição dos impostos pago aos nobres, contrários ao dízimo pago à Igreja Católica, defendem a liberdade de fazerem uso para caçar, e outras necessidades de sobrevivência, nas florestas pertencentes a nobreza.

Lutero, por sua vez, não concorda com o radicalismo expresso por Müntzer e entende que os camponeses devem obediência ao poder secular representado pelos nobres, pois esta é a vontade de Deus, deste modo, Lutero condena as doutrinas de Müntzer e apoia os nobres alemães contra a revolta dos camponeses.

Segundo o pensamento de Müntzer, a essência do cristianismo está na humildade, na igualdade, na solidariedade, e na divisão dos bens dos fiéis. Defendia criar o Reino de Deus na Terra e para tal entendia ser necessário eliminar todos os não crentes. Apresentou, também, uma forte crítica e oposição radical não somente à Igreja Católica Apostólica Romana, mas também aos nobres alemães e, como Lutero apoiava e era também apoiado pelos nobres alemães, passou também a se opor a Lutero.

Müntzer é adepto do denominado cristianismo primitivo e como tal, defende os princípios de igualdade, solidariedade, humildade e divisão de bens entre os cristãos. Para ele, a essência do cristianismo estava na humildade e na ação de graças. Sua atividade proporcionou a união entre religião e política, atuando como um fator para a desestruturação do feudalismo alemão e no restante da Europa, suas ideias resultaram em uma forma de cristianismo socialmente militante na busca de reformas não somente religiosas, mas também sociais.

Müntzer defende o fim da propriedade privada e também das instituições do Estado. A sociedade igualitária buscada por Müntzer como ideal cristão só seria possível de ser construída por meio da força das armas, palavras apenas não bastariam.

Müntzer entendia que as pessoas mais simples eram mais capazes de compreender sua pregação do que os nobres e ricos, pensava que a Igreja cristã devia se colocar ao lado dos mais simples, mas que assumia uma postura oposta, estando a Igreja sempre ao lado dos ricos e poderosos.

Segundo Müntzer a verdadeira compreensão de Deus e seus desígnios não vem por meio da autoridade do clero, de homens santos, de escritores cristãos ou mesmo das escrituras, pois, mais importante que o que está escrito na Bíblia é a presença do Espírito Santo dentro do crente, é escutar a voz do Espírito Santo que nos fala de dentro de nosso ser. Por meio de seus estudos bíblicos e do convívio com as ideias presentes no contexto da Reforma, entendia que a palavra de Deus não está unicamente presente nos textos da Sagrada Escritura, pois, o Espírito Santo não parou de se revelar ao crente. Aqueles que se dispõem a escutar, são inspirados pelo Espírito Santo. O estado final e perfeito da humanidade seria atingido por uma experiência direta do Espírito Santo e da vontade de Deus.

 Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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