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Marsílio Ficino: Conciliar Platão com o cristianismo

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Marsílio Ficino

 Marsílio Ficino (1433-1499), nasce em Figline Valdarno, nas proximidades de Florença, Itália. Filósofo, tradutor, comentador das obras de Platão e outras, teólogo e, como filho de médico renomado (seu pai era o médico particular de Cosme de Médici, o velho), manteve durante sua vida interesse pela medicina (estudou os textos de Galeno e Hipócrates, dentre outros), tendo traduzido e escrito obras sobre o tema. Foi ordenado sacerdote em 1473. Foi o responsável pela primeira tradução para o latim das obras completas de Platão. Além disto, traduziu outras obras, dentre as quais Plotino, Porfírio, Proclo, Jâmblico e Hermes Trimegistos, bem como outros autores relevantes.


 

Seu pensamento é dominado pelo platonismo e neoplatonismo, mas em virtude da presença de elementos filosóficos provindos de Aristóteles, é por vezes classificado como um autor eclético. Membro célebre da assim chamada “Academia Florentina”. A ideia de criação da Academia foi de Cosme de Médici, que pode, portanto, ser considerado o fundador da mesma, se bem que alguns comentadores deixem esta honra para Marsílio, já que Cosme teria agido somente como mecenas, enquanto caberia a Marsílio atuar como filósofo na Academia. Cosme de Médici escolheu Marsílio Ficino para chefiar a Escola e lhe presenteou com o local e prédio na qual ficaria situada.

Com ajuda da família dos Médicis, de Florença, fundou uma Academia platônica na parte norte da cidade. Além das diversas traduções por ele realizadas, na Academia eram realizadas reuniões, debates e mesmo bailes e banquetes ao som da lira com a presença de intelectuais.

É considerado um dos mais importantes humanistas italianos, tendo exercido forte influência em outros pensadores, além de ser, no século XV, um dos principais divulgadores das ideias e da obra de Platão, Plotino, Pitágoras, além de outros.

Escreve um tratado onde organiza e sintetiza suas ideias, baseadas em seus estudos sobre Platão e outros, sobre a imortalidade da alma. Neste tratado, uma de suas mais importantes obras, busca conciliar as ideias provenientes da tradição platônica com a tradição cristã, seu título é “Teologia platônica: Sobre a imortalidade da alma” (finalizado em 1474 e impresso em 1482). Quanto à tradução das obras completas de Platão, ele a termina nos anos de 1460, mas esta não é publicada até 1484. Antes desta tradução do grego para o latim, algumas obras já eram conhecidas, mas nem de longe a totalidade de sua obra. Este retorno ao platonismo veio se contrapor a então predominante presença de interpretações de Aristóteles provenientes da Escolástica.

O platonismo presente em Marsílio Ficino tem um inequívoco sentido cristão, tanto que, tende a considerar Platão como um precursor de Cristo e do cristianismo, sendo de utilidade na conversão daqueles que ainda não tem fé em Cristo, seja por serem judeus ou por não crerem em Deus. A filosofia de Platão proporcionaria as razões para permitir o convencimento e conversão de tais pessoas.

Além de suas traduções, em particular da obra completa de Platão, do grego para o latim, muito importante, também, são seus comentários às obras por ele traduzidas. Cabe destaque a elaboração do seu pensamento, inspirado na obra de Platão, sobre o amor e sobre a luz. Suas reflexões sobre o amor se baseiam nos seus comentários sobre a leitura e tradução da obra “O Banquete” (ou “o Simpósio”), de Platão, já por sua vez, as reflexões sobre a luz se baseiam nos seus comentários sobre a leitura e tradução da obra “A República” (livro 6), de Platão, “A alegoria do sol”. Marsílio, do mesmo modo que Platão, argumenta igualando a luz do sol, fazendo uso de metáfora, a luz ao Bem e, tomando por base sua visão cristã do mundo, igualando o Bem a Deus.

A ele é atribuída a expressão, com seu significado: “amor platônico”. O termo “amor platônico” foi cunhado por Marsílio Ficino e por ele usado em seus escritos e correspondência, bem como, usado por vários pensadores contemporâneos e posteriores. Este termo faz referência ao amor divino. Quando olhamos com amor para outra criatura humana, isto ocorre de modo semelhante a uma preparação, mais ou menos consciente, para o amor de Deus. A meta e a verdade contida no amor e no desejo humano para com outras pessoas e objetos deste mundo é um reflexo do esplendor Divino, da bondade e beleza de Deus. Encontramos o amor de Deus em nossa inclinação a amar pessoas e objetos deste mundo, pois, Deus se faz presente neste amor enquanto preparação para o amor de Deus. O amor verdadeiro é sempre recíproco ou não existe. O amor que nutrimos por Deus está na base de toda genuína relação entre duas pessoas. Em verdade, nunca são somente duas pessoas a nutrirem amor, há uma terceira pessoa, pois, sempre há entre elas, ali presente, Deus, o amor de Deus. O amor entre as pessoas é sempre uma variação do amor que nutrimos para com Deus. Não é correto ler o termo “amor” na correspondência trocada entre Ficino e pessoas de sua época, como referência a um amor carnal, sexual.

Segundo o pensamento de Marsílio Ficino, haveria um conhecimento antigo, passado por mestres na história da civilização, uma tradição teológica antiga e única como origem do conhecimento filosófico e religioso judaico-cristão. Esta origem única e antiguíssima culminou nos desenvolvimentos filosóficos até Platão, por um lado, e, por outro lado, no desenvolvimento da religião judaico-cristã, chamou a isto de “prisco teologia”.

Conjuntamente com a filosofia de Platão e o cristianismo, defendia a imortalidade da alma. Defendia também que a verdadeira filosofia e religião não estavam em oposição. Claro está, no entanto, que entendia por verdadeira filosofia o platonismo e variações do mesmo até o neoplatonismo, já por verdadeira religião entendia o cristianismo.

 Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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