Professor Doutor Silvério

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Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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terça-feira, 10 de maio de 2022

Escolas filosóficas do mundo helênico

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Academia, Liceu, NeoPitagorismo, Ecletismo

 

Academia

A Academia fundada por Platão, em 387 a.C. ou próximo desta data, após a morte deste, continuou a formar novos filósofos e em determinado momento de sua história passou a ser conhecida por Nova Academia, aproximando-se teoricamente do ceticismo e, posteriormente, em outro momento histórico (segundo alguns comentadores, durante a quarta Academia), assume uma postura eclética. Dentre os autores antigos, encontramos algumas divisões possíveis em torno da época histórica da Academia, que variam de duas (Cícero), três (Diógenes Laércio) a cinco (Sexto Empírico), todas iniciando com o fundador, Platão.



 

Coube a Platão, fazendo uso de seu direito enquanto cidadão ateniense (somente os atenienses podiam ser proprietários de terra), comprar (ou herdar) um terreno localizado em um belo subúrbio de Atenas, local público conhecido por Akademia ou Hekademeia, onde se localizava um parque público com alamedas, árvores e oliveiras, adornado por estátuas, templos e sepulturas de atenienses ilustres. O nome provém de um lendário herói ático, Akademos ou Hekademos, ao qual a área em questão era dedicada. Para permitir juridicamente a fundação desta escola, quando Platão a fundou, fez dela uma comunidade consagrada ao culto das Musas de Apolo.

Quanto ao fim da Academia e de tudo que ela representou na Antiguidade, isto ocorre formalmente no século VI, ou mais exatamente no ano de 529 a.C. quando por ordem do então imperador Justiniano, do Império Romano do Oriente, foi fechada, pondo fim ao último baluarte da cultura helênica, ainda vinculada aos deuses gregos e às musas inspiradoras. Sua finalidade era cultural, também de caráter jurídico e religioso.

Podemos dividir historicamente a Academia em algumas fases (de duas a cinco), deste modo, temos a primeira Academia ou Academia antiga, com Platão a frente, tendo como sucessores Espeusipo (347–339 a.C.), Xenócrates (339–314 a.C.), Polemo (314–269 a.C.) e Crates (século IV a.C.). Outros membros notáveis da Academia incluem Aristóteles, Heráclides do Ponto, Eudoxo de Cnido, Filipo de Opunte e Crantor.

A segunda Academia ou Academia média, tem início por volta de 266 a.C., iniciando com Arcesilau (315-240 a.C.) a frente, que iniciará a luta contra os estoicos e a aproximação do ceticismo para se opor ao dogmatismo. Arcesilau foi sucedido por Lácides de Cirene (241–215 a.C.), Evandro e Télecles (juntos) e, depois, Hegésino.

A terceira Academia ou Academia nova, que se inicia com Carnéades (214-137/135 a.C.), mantém a discussão e oposição ao dogmatismo presente nos estoicos e em particular no estoico Crisipo de Salos (281-208 a.C.).

Carnéades entende que não existe um critério de verdade, já que não podemos ter um conhecimento direto das coisas e não temos como distinguir o que seja realmente verdadeiro ou falso, seja por meio dos sentidos ou da experiência. Tampouco podemos distinguir com certeza o mal do bem. Estando numa postura bem próxima do ceticismo. Carneades foi seguido por Clitômaco e Filon de Larissa, que provavelmente foi o último mestre localmente pertencente à Academia.

No século III a.C. os ocupantes da Academia preocupavam-se com o embate contra o dogmatismo dos estoicos e o problema do critério de verdade, daí terem assumido uma postura mais próxima do ceticismo, para se contrapor ao dogmatismo presente no estoicismo.

Apesar de se aproximarem teoricamente dos céticos, hão de se diferenciar na medida em que a Nova Academia há de desenvolver um humanismo prático e uma teoria da verdade pautada no probabilismo. A nova academia acabou desenvolvendo uma abordagem probabilística.

Resumidamente, trata-se da primeira escola ou universidade organizada no sentido de ser um espaço de troca de conhecimento, onde, apesar de não haver um currículo formal, tínhamos a presença de mestres e alunos mais ou menos experientes nas questões filosóficas. Inicialmente ali tínhamos o estudo das ideias de Platão, posteriormente houve uma evolução onde prevaleceu uma abordagem cética e probabilística e, por fim, em uma última fase, adotou-se uma abordagem eclética contra um inimigo comum à Academia e ao Estoicismo, o ceticismo. Das questões estudadas por Platão, a Academia evoluiu para um interesse mais voltado para questões morais e éticas sobre o bem viver e a felicidade, abandonando as bases metafísicas propostas por Platão, como, por exemplo, o mundo das ideias.

 

Liceu

A termo “Liceu” designa a Escola filosófica fundada por Aristóteles, em 335 a.C., cujos membros se reuniam no local, onde tínhamos um bosque consagrado a Apolo Lykeios (Lyceus), de onde é provável que se origine o nome, um templo dedicado ao deus Apolo Liceu. Também conhecida como Escola Peripatética. O termo “peripatético” provém do fato interessante de que Aristóteles tinha por hábito ensinar seus alunos caminhando, sendo esta a palavra grega referente a “caminhar”, “ambulante”, “itinerante”.

No Liceu Havia cursos regulares durante a parte da manhã e da tarde, sendo que pela manhã os cursos eram dedicados ao público interno (discursos filosóficos esotéricos) e pela tarde ao público em geral (discursos filosóficos exotéricos). Pela manhã se estudava lógica, física e metafísica e já pela tarde se estudava retórica, política e literatura.

Após 12 anos à frente de sua Escola, Aristóteles deixa Atenas e o Liceu fica aos cuidados de Teofrasto de Eresos (372-287 a.C.), que fica a frente da mesma até seu falecimento em 287 a.C., ou seja, por cerca de 35 anos esteve no comando do Liceu. Coube a Teofrasto empreender obras de construção e reconstrução de prédios, bem com ampliar as instalações do Liceu. Ele ali organizou um museu, salas de aula e alojamentos para os alunos e professores, bem como, a biblioteca de Aristóteles.

Conjuntamente com Teofrasto tivemos o período de maior esplendor do Liceu. Teofrasto, por sua vez, foi sucedido por Estratão de Lâmpsaco (340-269 a.C.), que esteve à frente do Liceu de 287 até 269 a.C., mas quando Estratão ficou à frente do Liceu, este perdeu a biblioteca de Aristóteles, que ficou a cargo de Neleu de Escépsis, e foi levada para sua cidade.

Estratão foi sucedido por Lyco de Troas (300-226 a.C.), que esteve a frente do Liceu por cerca de 44 anos, sendo um bom retórico e dialético. Sucedendo a Lyco, tivemos Aristo de Ceos (ou também conhecido por Aristo de Iulis) (228-190 a.C.), seguido por Critolau de Fasélis (200-118 a.C.), e depois Diodoro de Tiro, Erimneo, Andrônico de Rodes (século I a.C.), último escolarca conhecido.

Pelo menos até o século III d.C. o Liceu esteve ativo e no máximo funcionou até 529 d.C. quando por ordem do imperador Justiniano I não foi mais possível a existência de Escolas filosóficas.

Fundado por Aristóteles, após sua morte os sucessores se mantiveram afastados das discussões entre Acadêmicos e Estoicos, mas também participaram da tendência eclética. A Escola peripatética sempre demonstrou uma clara preferência empírica e não dialética e especulativa como observamos na Academia.

De um modo geral, o ensino ministrado no Liceu pode ser resumido em algumas teses defendidas por Aristóteles, visando a conduzir o humano à obtenção da felicidade. A educação tem como objetivo guiar o humano ao longo de sua vida a partir do ensino de conceitos úteis e necessários a vida prática e também o ensino da virtude moral.

 

NeoPitagorismo

A filosofia neopitagórica teve como principais representantes a Apolônio de Tiana (40-97 d.C. - século I d.C.), que merece destaque especial, e que escreveu um livro romanceado sobre a vida de Pitágoras; Plutarco de Queronéia (século I d.C.), que escreveu os livros: “Vidas paralelas” e “Obras morais”; Apuleio (século I d.C.), que escreveu o livro “O asno de ouro”; Numênio de Apaméia (século II d.C.) que exerceu influência sobre os neo-platônicos a partir de seu sincretismo religioso greco-oriental; Hermes Trimegisto (século I d.C.), que é tido como autor dos escritos chamados de “herméticos”, de caráter místico, também cabe citar entre seus representantes, Moderato de Cádiz (século I d.C.). O neopitagorismo se espalhou por Roma no século I a.C., destacando-se, dentre outros, o poeta Publio Virgilio Maro (em latim: Publius Vergilius Maro) (70 a.C. - 19 a.C.), Nicômaco de Gerasa (60 a.C. – 120 a.C.), Flávio Filóstrato (ou Filostratus) (século III d.C.; 170 – 250 d.C.). Vindo esta Escola a desaparecer enquanto movimento filosófico por volta do século III d.C.

A antiga Escola Pitagórica some por volta do século IV a.C., só vindo a reaparecer no século I a.C., se bem que de acordo com alguns comentadores, já encontramos o início do ressurgimento da escola pitagórica desde o século III a.C.

O neopitagorismo surge como corrente filosófica com forte influência de Pitágoras, a partir do século I a.C., mas traz também elementos presentes em outras escolas e movimentos filosóficos, tal é o caso de Aristóteles, Platão, bem como as escolas por eles fundadas, o Liceu e a Academia. Também encontramos elementos provenientes do estoicismo, da matemática, das ciências e mesmo do misticismo, onde temos sua afinidade com o orfismo de origem oriental, bem como, o simbolismo dos números, característico da escola pitagórica. Teria surgido inicialmente na cidade de Alexandria.

Com o neopitagorismo temos um retorno parcial ao pensamento presente na Escola Pitagórica, em particular o misticismo e orfismo, a defesa da imortalidade da alma e de sua reencarnação, uma relação harmônica com o cosmos e uma atitude de oposição ao materialismo. Também muito importante a noção presente de desejo de união mística com o divino.

Os neopitagóricos fazem uma distinção entre alma e corpo. O corpo é constituído por matéria e há de perecer, já a alma é imortal e passa por vários corpos em um ciclo de reencarnações. Defendiam a adoração de deus, bem como a prática de boas ações e uma vida ascética. Entendiam que se deva afastar-se dos prazeres meramente corporais e sensuais, pois são prejudiciais para a pureza da alma. Entendiam que deus era o princípio do bem e a matéria o princípio do mal.

 

Ecletismo

Após longa disputa entre os Acadêmicos e os Estoicos, por fim, passou-se a adotar uma atitude mais conciliadora e eclética. Com exceção da Escola Epicúrea, que se manteve fiel a seus princípios iniciais, as demais Escolas passaram a buscar soluções conciliadoras e ecléticas. Dentro do movimento estoico, foi o chamado estoicismo médio quem primeiro adotou esta postura intermediária e conciliadora presente no ecletismo. Aos estoicos seguiram os acadêmicos.

Como representantes do estoicismo médio, onde passamos a ter presente uma abertura ao ecletismo, temos Panecio (185/180-112/110 a.C.), Posidonio (135-51 a.C.). Já no tocante a quarta Academia, temos como representantes da abordagem eclética, Filon de Larisa (159-86 a.C.), Antioco de Ascalon (150-68 a.C.).

Nesta época o inimigo comum era identificado como o ceticismo e daí a importância de resgatar pontos em comum nas diversas escolas para embasar uma reação contrária ao crescimento do ceticismo.

O Ecletismo (do grego eklektikos, eleger), apresenta uma solução probabilística para o problema da verdade, diante das demais Escolas filosóficas, cada qual com sua defesa incondicional de uma dada solução para a questão da verdade, entendem que se trata de visões unilaterais da realidade, não sendo possível haver um critério de verdade que seja por todos aceitos, no entanto, a necessidade imposta pela vida nos direciona para uma visão probabilística e baseada no sentido comum e consenso universal sobre as questões em pauta. Há aqui um afastamento do empírico e também do mundo das ideias proposto por Platão, que o aproximam da crença e da religiosidade.

Como características, cabe citar, ter um maior afastamento de questões ontológicas e cosmológicas e uma maior ênfase em questões éticas e morais. Influência pela tomada deste caminho está presente na conquista da Grécia por Roma, pois, com a entrada da filosofia em Roma, esta encontra o espírito prático e pouco especulativo dos romanos, onde o ecletismo tem uma acolhida melhor.

Em filosofia entendemos por ecletismo uma abordagem teórica que teve início na Antiguidade, caracterizando-se pela justaposição de teses e argumentos provindos de distintas Escolas filosóficas, criando por tal modo, uma visão de mundo ou cosmovisão pluralista e multifacetada sobre os temas em pauta. A ideia básica é que se possa escolher dentre as diversas doutrinas provenientes de Escolas filosóficas diferentes, as que sejam percebidas como a melhor em determinado assunto particular, seja este teórico ou prático. Pelo ecletismo se busca, portanto, a conciliação entre teorias distintas e por vezes antagônicas entre si, buscando sempre o que aparente ser o melhor diante do problema ou realidade que se nos apresenta naquele momento. Tenta-se desta forma conciliar teorias que são em diversos pontos opostas, buscando a harmonia e se opondo ao dogmatismo e radicalismo. Quem primeiro usou o termo e com ele se referiu a uma Escola Eclética foi Diógenes Laércio (180-240 d.C.).

Além da oposição ao dogmatismo e a busca de um caminho conciliatório, temos também a busca por um critério de verdade que proporcione instrumento para justificar as escolhas empreendidas. Não se trata de mero sincretismo, ou seja, a união em um mesmo todo de elementos em si discordantes, mas sim de uma escolha feita por meio de um critério ou princípio que traga coerência e harmonia ao resultado final.

O Ecletismo tende a atuar de modo a selecionar e recolher dentre diversas teorias provindas de Escolas filosóficas distintas, elementos que se mostrem mais apropriados ao momento histórico e ao gosto daquele que faz uso da filosofia, dando ênfase na liberdade de escolha diante de abordagens filosóficas distintas, sempre buscando uma conciliação entre temas anteriormente tratados por outras Escolas ou filósofos.

O Ecletismo teve uma boa acolhida em Roma, sendo proveniente dali um dos ecléticos mais conhecidos, Cícero (106 a.C. - 43 a.C.). Os romanos não tinham um gosto ou preferência para a filosofia especulativa e teórica e por seu modo de vida, buscavam sempre algo prático, donde a boa acolhida pela abordagem eclética em filosofia, buscando o que de melhor fora produzido pelas distintas Escolas e movimentos filosóficos do passado, para com isto compor uma nova e mais completa filosofia, adequada às questões e problemas com os quais se deparavam.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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