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Anaxímenes de Mileto: O ar está na origem e constituição de tudo que há

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Anaxímenes de Mileto

 Anaxímenes de Mileto (588/585-528/524 a.C.), também seguindo a tradição inaugurada em sua cidade, aponta que há um princípio único, arché, mas entende que este é o ar, o qual está presente em tudo, foi a origem de tudo e tudo irá para ele retornar. O ar infinito é a substância primordial na qual tudo que existe tem a sua origem e esta se dá por meio da condensação e da rarefação. Também afirma a eternidade do movimento e da mudança. O ar, segundo Anaxímenes, é determinado e infinito.

Fato interessante é que pouco depois do falecimento deste filósofo a sua cidade, Mileto, foi invadida e destruída pelos Persas em 494 a.C., desaparecendo este centro cultural do qual brotou e começou a se desenvolver a filosofia.

Entendia que a Terra é plana e no formato de um disco, rodeada de água por todos os lados, e ficava flutuando no ar, que a lua não tinha luz própria e que refletia a luz do sol, este sim, com luz própria. Já os eclipses eram entendidos por Anaxímenes como uma obstrução temporária ocasionada por algum corpo celeste.


 

Buscou explicar fenômenos da natureza sem o uso da presença de deuses, seres fantásticos ou do sobrenatural, todas suas explicações partiam do elemento material único que ele havia proposto como sendo o ar, que atuava por condensação e rarefação, deste modo, os terremotos podiam ser entendidos pela falta ou excesso de água no solo, os relâmpagos seriam ocasionados pela separação violenta de nuvens pelo vento, o arco-íris seria formado pelo ar densamente comprimido ao encontrar os raios de sol.

Segundo Diógenes Laércio, Anaxímenes foi discípulo de Anaximandro. Sua doutrina muito o aproxima de Anaximandro, se bem que a escolha do ar como elemento primordial apresenta de certo modo um retorno a Tales, quando este afirmava a água como elemento primordial.

Apesar da tradução comum e aceita para “ar”, cabe o destaque importante que o termo grego usado por Anaxímenes era “aer” que estaria mais próximo de algo a semelhança de uma “névoa densa” ou mesmo de “vapor”.

Segundo Aristóteles, o entendimento de Anaxímenes é que o ar é anterior a água e, portanto, dentre os corpos simples, o princípio único. Substituindo a água de Anaximandro pelo ar, entende que este ar é infinito e que tudo dele surge por meio de condensação e rarefação, ou dito de outro modo, tudo provém do ar, sendo este comprimido ou dilatado para tudo criar. Os demais elementos dele surgem ao ser o ar comprimido ou dilatado, assim temos o fogo, a água e a terra. O ar é um elemento dinâmico e vivo que se opõe à passividade da matéria.

A água surge do ar condensado e o fogo do ar rarefeito, tudo surge do ar e em algum momento a ele retornará. O ar dá vida ao humano, se identificando com sua alma, e também dá vida a tudo que existe. Trata-se também de uma filosofia do movimento, pois, o ar está em constante movimento. O mundo ou mesmo o cosmos pode ser entendido como um ser vivo que respira. Mesmo os deuses surgem a partir do ar.

Pela rarefação do ar este produz o fogo e pela condensação produz primeiramente o vento, depois as nuvens e depois ainda, a água. Pela condensação o ar cria a terra e posteriormente as pedras, as quais podem retornar a ser terra com o tempo e a fricção. O frio se daria pela condensação e o calor pela rarefação do ar.

 

Segundo o pensamento de Anaxímenes, o cosmos é um animal vivente que respira e tudo está envolvido pelo ar, princípio primordial de todas as coisas. Não chega a igualar ao ar atmosférico, e mais se aproxima de um proto-elemento eterno, divino, vivente, ilimitado, inextinguível, sutil, ligeiríssimo, penetrante, movilíssimo, quase incorpóreo, princípio da vida e do movimento de tudo que há. O ar está em um movimento eterno. Infinitos mundos e mesmo os deuses dele se originam. Com Anaxímenes passamos a ter a ideia de um dualismo presente entre a condensação e a rarefação do ar.

Anaxímenes, apesar de defender a existência de uma arché, discorda de Tales quanto a esta ser a água, pois a mesma seria concreta demais, por sua vez, o ápeiron de Anaximandro seria por demais abstrato, e o elemento do qual tudo se originaria deveria estar presente a nossa observação da realidade ao nosso redor, daí a escolha do ar, o qual, pela condensação e rarefação daria origem a tudo que existe. O ar (pneuma) é invisível e infinito.

Anaxímenes concorda com Anaximandro que haja um princípio único, arché, e que este seja ilimitado, mas discorda quanto a este ser indeterminado, pois, para Anaxímenes o primeiro princípio é o elemento ar e como tal, determinado. Deste modo, o princípio único não é indefinido, e sim definido.

Do mesmo modo que seus antecessores na Escola de Mileto, Tales e Anaximandro, há também de ser um filósofo cuja principal preocupação se dá com a “physis”, entendida como física ou natureza, daí ser considerado um físico ou filósofo da natureza. Sua obra está voltada para o estudo do “cosmos”, no sentido dado pelos gregos de “ordem” e defende a existência de um princípio único ou primeiro princípio, a arché, só que enquanto para Tales era a água e para Anaximandro o ápeiron, para Anaxímenes a arché se encontra no elemento ar. Pelo fato de afirmar ser o ar o primeiro princípio de tudo o mais, arché, temos nele o monismo e a partir também da afirmação desta arché, encontramos em sua filosofia a presença da unidade na multiplicidade, o hilozoísmo e o panteísmo. Todos estes dados aproximam as filosofias de Tales, Anaximandro e Anaxímenes. Para todos os membros da Escola Jônica de Mileto o elemento primordial do qual tudo o mais é constituído é algo material, logo, todos além de monistas, são também materialistas.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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