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Eusébio de Cesareia: O pai da história da Igreja

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Eusébio

 Eusébio de Cesareia ou Eusebius Pamphili ou Eusébio, amigo de Pânfilo (265-339), atuou como bispo de Cesareia, Palestina. Teve como mestre a Pânfilo, com quem conviveu em Cesareia e escreveu a “Apologia em favor de Orígenes” em seis volumes, sendo os primeiros cinco escritos por Pânfilo e o último por Eusébio. O sobrenome “Cesareia” vem da cidade na qual foi bispo, fora isto, não temos dados confiáveis sobre qual cidade nasceu, mas provavelmente viveu boa parte de sua vida em Cesareia. Também não há dados confiáveis sobre muitas questões em sua vida, inclusive sua origem, família, condição econômica ou mesmo a data em que nasceu e morreu.


 

Por meio de seus escritos temos os primeiros relatos da história da Igreja e do cristianismo, sendo por tal motivo tido por alguns como o “pai da história da Igreja”, em grande parte devido a sua obra “História eclesiástica”. Escreveu uma grande obra pelos registros que hoje possuímos, mas grande parte da mesma se perdeu no decurso da história. A tradição nos informa que seus contemporâneos o consideravam pessoa de grande erudição. Leu e estudou a obra de Orígenes, por quem nutria respeito e consideração como mestre. Quanto à doutrina e dogmática presente em sua teologia, esta se deve basicamente a Orígenes, não sendo neste tocante Eusébio muito original, preferindo seguir os caminhos já traçados por Orígenes.

A obra “História eclesiástica” é com certeza um clássico sobre a história da Igreja nos primeiros quatro séculos após Cristo. Junto com “Atos dos Apóstolos”, é a fonte histórica mais consultada para se estudar e entender o período inicial do desenvolvimento do cristianismo. Temos um relato sobre o martírio de cristãos e sobre quem foram os primeiros bispos nas principais cidades em importância na época, bem como também sobre outros pontos históricos relevantes. Podemos entender Eusébio como o primeiro historiador do cristianismo e também como alguém que além dos objetivos religiosos cristãos, teve forte influência de Orígenes, bem como da filosofia. Conjuntamente com seu mestre, Pânfilo, pode fazer uso da biblioteca em Cesaréia, fundada por Orígenes quando este saiu de Alexandria buscando refúgio, e de trabalhos originais deste autor, dentre os quais o estudo sobre o antigo testamento na “Hexapla”, obra escrita por Orígenes onde compara em seis colunas o texto de traduções distintas do Antigo Testamento.

Eusébio há de ter grande importância na história e na teologia. Na primeira, com relação ao estudo do Império Romano e do cristianismo nos primeiros quatro séculos de nossa era e quanto a segunda, em relação ao mesmo período de tempo, mas no tocante a elaboração e construção do cristianismo.

Sua atividade como escritor tem como objetivo consolidar uma união entre o imperador romano Constantino e a religião cristã que despontava como religião oficial do Estado. Enaltece em sua “História Eclesiástica” o papel pedagógico dos mártires da Igreja, descrevendo os martírios sofridos durante as perseguições ocorridas nos primeiros séculos do cristianismo. Diante dos problemas que o Estado romano estava enfrentando e da possibilidade de sua fragmentação, a Igreja cristã podia ser entendida como uma possibilidade de unificar e reorganizar o Estado, pois, do mesmo modo que temos um Deus único na religião cristã, podemos entender a necessidade de um único imperador detentor de todos os poderes no império romano. Deste modo, no decorrer do século IV, temos interesses presentes no imperador Constantino e no bispo Eusébio que encontram pontos em comum. Neste tocante também há um encontro entre o homem Eusébio religioso e o político, pois, nesta união com o Império a Igreja lucrou não somente com o fim das perseguições, mas por tornar-se religião oficial do Império, com verbas do Estado para a construção de templos e também a organização do concílio ecumênico de Nicéia, convocado e patrocinado pelo imperador Constantino.

 Cabe destacar a importância de Constantino com o Edito de Milão em 313 que tornou a prática do cristianismo aceita em todo o Império, proporcionando liberdade religiosa e de ter sido o primeiro imperador romano a professar para si o cristianismo (ponto este historicamente controverso). Mas foi Teodósio com o Edito de Tessalônica em 380 que faz com que o cristianismo venha a ser a religião oficial do Império Romano e única possível, excluindo a liberdade de culto das demais religiões.

Eusébio de Cesareia em sua obra "História Eclesiástica" há de louvar muito a intervenção de Constantino em favor dos cristãos e as vantagens que dali se seguiram. Em verdade, Constantino não somente legalizou, como também apoiou intensamente a nova religião cristã.

Em “História Eclesiástica” Eusébio apresenta diversos documentos sobre os primeiros quatro séculos de história da Igreja, seu desenvolvimento e consolidação a partir do Imperador Constantino, com o qual temos um contexto de liberalização e gradativa oficialização da nova religião cristã, a qual passa a ser associada ao poder político romano. No século IV iremos presenciar uma união entre a política de Estado e a religião cristã, visando atender a objetivos de ambos os atores. Não somente permitindo a unificação do Império romano sob a autoridade do imperador, mas também apresentando o poder imperial como a imagem terrestre da monarquia divina. Um só Deus nos céus e um só imperador na Terra.

Cabe a Constantino instalar a Igreja dentro do Império Romano, por meio de sua conversão e do apoio, ajuda e incentivo dado a religião cristã. A partir de Constantino, a Igreja passa a proporcionar a unidade proveniente de uma mesma fé que tende a complementar a unidade política proporcionada pelo Império.

Ter se tornado a religião professada por Constantino, no entanto, também trouxe consequências diversas para a religião cristã. Muitos se converteram ao cristianismo pelo fato desta ser agora a religião do imperador e de por tal meio poderem se aproximar do poder e do imperador. Pessoas das classes altas se converteram em maior quantidade e passou a existir uma hierarquia também dentro do clero, pois, pessoas convertidas por interesses outros e provindas das camadas dominantes, iriam querer postos e cargos condizentes com sua situação social, bem como prédios mais suntuosos para serem os templos. Sendo a religião do imperador, acabava as perseguições aos cristãos e a vida tornava-se mais fácil para os que tinham esta fé. Antes de tornar-se a religião do império, eram frequentes as perseguições aos cristãos, com julgamentos, condenações e morte. Mesmo quando não ocorria perseguição, qualquer cristão poderia ser denunciado por sê-lo e seria julgado. Por regra, se a pessoa prestasse honras aos deuses de Roma ela seria absolvida, só iriam para o martírio aqueles que se recusassem a tal e mantivessem que eram cristãos até o final. Para os Romanos, os cristãos eram na verdade ateus, pois negavam os deuses de Roma e apesar de as pessoas poderem ter e professar qualquer credo, o ateísmo não era permitido. Mesmo o mestre de Eusébio, Pânfilo, fora condenado à morte por ser cristão, tendo sido, portanto, martirizado.

Presente aos escritos históricos de Eusébio temos a teleologia e a providência, de modo que a história tem um sentido que encontra seu significado em Deus e na salvação. Tudo ocorre com uma finalidade. Logo, temos a intervenção de Deus na história e a história narrada nos escritos de Eusébio nos traz esta presença da providência divina. Deste modo, a história carrega em seu desenrolar prêmios e castigos. Aqueles que seguem a palavra de Deus irão receber benesses e aqueles que perseguem os cristãos irão ser castigados. Por tal entendimento, o autor em seus escritos proporciona um sentido e significado aos fatos narrados da história.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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