Por: Silvério da Costa Oliveira.
A política com
certeza é objeto de estudo desde os primórdios da filosofia e hoje ocupando
espaço em diversas ciências do comportamento humano e social, além claro está,
de ser algo que vivemos em nossas vidas cotidianas, uma vez que estamos
inseridos em uma sociedade e em diversos grupos sociais. Mesmo que não
percebamos ou que neguemos, para nós, seres humanos, a política é como a água para
os peixes, pois estamos imersos na política do mesmo modo que os peixes n’água
e não teria como ser diferente sem matar nossa própria essência.
Podemos entender
por política tanto as práticas usadas para bem governar ou liderar um grupo ou
Estado, como também podemos entender aqui a arte pela qual conseguimos
compatibilizar interesses e organizar alianças visando a obtenção de
negociações proveitosas para atingir determinadas metas ou objetivos
individuais ou coletivos. O conceito de política é por demais abrangente e
tende geralmente a vincular-se a cidade ou Estado onde as pessoas vivem, o
assim chamado espaço público, e também ao bem dos cidadãos nele presentes.
A palavra em sua
origem faz referência ao termo grego para cidade, pólis, de modo que aquele que
vive na cidade e nela interage faz ou participa de algum modo da política. Para
se viver em um grupo social é preciso que haja algum tipo de organização
social, direcionamento, planejamento e administração dos recursos necessários à
sobrevivência e crescimento.
Como objeto de
estudo a política já recebeu diversas definições, cada qual apontando para uma
particularidade ou específico campo de atuação. Independente da definição que
possamos adotar, não há como dentro de um grupo social deixarmos de ter uma
atuação política qualquer, seja esta maior ou menor, é parte de nossa essência
humana, como já bem expressou o filósofo Aristóteles quanto a sermos um animal
político.
No momento em
que passamos a viver em um grupo, seja este a nossa família, o grupo de
trabalho, grupo de amigos, associações recreacionais ou religiosas, ou mesmo
quando vivemos dentro de uma cidade, um centro urbano ou rural, há necessidade
de regras, divisões, compartilhamentos e definições sobre a quem cabe fazer o
que e quando, bem como quanto ao que será feito e como. Para estas decisões
serem tomadas e cumpridas há necessidade de interação humana e eis aí a
política novamente presente e por vezes burlando a mera luta pela sobrevivência
do mais forte fisicamente, pois a força bruta tende a ser deixada de lado e
trocada pela diplomacia das palavras conforme nos civilizamos mais e mais.
Não existe o ser
apolítico, pois, negar a política também é uma postura política. Por meio da
política as pessoas podem se organizar e diante de uma ou mais idéias
defendidas por alguns em sociedade, traçar e seguir um rumo evolutivo que pode
ser bom ou ruim para o grupo, mas, independente disto, o grupo passa a agir
como se um único organismo fosse, onde todas as individualidades podem de algum
modo propor idéias, mesmo que discordantes, e de algum modo contribuir para uma
marcha conjunta do organismo social. A política por este modo se relaciona
intimamente ao poder e ao direcionamento do comportamento social. E claro está
que não há necessidade alguma de sermos um político profissional, ou seja, que
dediquemos nossa vida inteiramente a política, para fazermos política e
sofrermos as consequências da mesma.
Há tipos de
governos diferentes e também diferentes questionamentos sobre qual seria o
melhor ou o pior, bem mais provável, no entanto, é que não exista aqui uma
verdade absoluta e independente da cultura e realidade histórica do povo em
questão. Um bom governo é aquele que oferece uma boa resposta a um dado problema
social em determinada e específica conjuntura histórica. Talvez em um momento
imediatamente seguinte toda a conjuntura mude e o governo que antes era bom,
não se adaptando, passe a ser algo ruim para o desenvolvimento e prosperidade
do grupo social. Governos e políticas públicas tem a ver com a realidade
cultural e histórica de um povo e por isto não podem meramente serem movidos de
um local para outro. Há aqui a necessidade do encaixe perfeito, sem o qual o
funcionamento social não será adequado, produtivo ou benéfico para os seus
integrantes.
Se vivêssemos
como um nativo em uma floresta e dela precisássemos tirar nosso sustento e
sobrevivência, a conheceríamos muito bem e saberíamos interpretar cada nuance
distinta da mesma. O humano moderno pode não viver isolado em uma floresta, mas
vive em grupos sociais cada vez mais complexos e sofisticados onde sua
sobrevivência e bem-estar depende de relações políticas cujas distintas nuances
são vitais ao seu sustento e sobrevivência. Nossa felicidade individual e
familiar ou dos amigos mais próximos e das pessoas a quem queremos bem,
dependem de relações e interações políticas. Não entender ou se preocupar com a
política no meio social no qual vivemos equivale ao nativo que possa tentar
viver solitariamente em uma floresta sem conhecer sua natureza, assim o
fazendo, é mais fácil se tornar a refeição de alguma criatura outra, do que um
Tarzan ou Mogli.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa
Oliveira.
Blog “Comportamento Crítico”:
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