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Fantasias sexuais


Por: Silvério da Costa Oliveira.

A sexualidade humana é muito complexa e de modo algum se limita apenas à reprodução, pois, se o fosse, bastaria ao ato sexual o procedimento básico entre um homem e uma mulher ao qual chamamos intercurso sexual, mas o que temos, em verdade, é uma infinidade de comportamentos direta ou indiretamente ligados a sexualidade e não a reprodução propriamente dita.
O prazer e a sexualidade humana se vinculam com sua aprendizagem, a cultura na qual foi criado, sua racionalidade, suas emoções, seu humor, sua criatividade e sua imaginação. O somatório de vários fatores que compõe o ser humano o tornam um animal sofisticado e complexo e fazem o mesmo de sua vida sexual. Diante desta complexidade o prazer sexual se apresenta a par com as mais diversas e distintas fantasias, muitas já catalogadas em grupos por médicos, psicólogos e outros pesquisadores, mas não é possível fazer uma mera lista de todas as fantasias possíveis de serem criadas e associadas ao prazer de cunho sexual. Aqui não há certo ou errado, se bem que alguns comportamentos possam denotar alguma patologia ou mesmo crime em dada conjuntura social. Um adulto ter qualquer contato com uma criança é entendido pela nossa atual sociedade como um comportamento criminoso ou doentio, por exemplo.
Comportamentos distintos e tentativas de classifica-los no âmbito sexual é o que de fato não nos falta: heterossexualismo, homossexualismo, transexualismo, lesbianismo, sexo oral, felação, cunnilingus, analingus, masturbação, beijos e carícias, intercurso sexual, intercurso anal ou coito anal, bolina, karezza, jogo amoroso, técnicas de mordidas, necking, petting, rápidas, sedução, sexo ao ar livre ou em qualquer lugar não convencional, excentricidades sexuais, troilismo ou ménage à trois, swing, sexo grupal, prostituição, poligamia, sexo extraconjugal ou adultério, incesto, strip-tease, ninfomania, sadismo, masoquismo, sadomasoquismo, travestismo, voyeurismo, exibicionismo, fetichismo, necrofilia, coprofilia, coprolalia, bestialismo ou zoofilia, pederastia, hermafroditismo, parcialismo, mixoscopia, vampirismo, anti-fetichismo, etc. (vide capítulo 9, “Comportamentos sexuais”, de meu livro: Sexo, sexualidade e sociedade).
Mas em verdade o que temos é uma série de comportamentos que podem estar associados ao prazer de cunho sexual de um ou mais dos parceiros envolvidos no ato ou atividade sexual. Às vezes estes comportamentos são bem mais elaborados e às vezes mais simples e vão desde complexas tramas sociais que possam envolver outras pessoas até o mero trajar uma determinada roupa e representar um papel visando estimular o parceiro para o ato. Em si, fantasias sexuais não são certas ou erradas, se bem que precisem ser analisadas de acordo com as convenções sociais reinantes naquele tempo histórico específico, pois, práticas sexuais aceitas em dada época histórica em dada sociedade podem facilmente serem fortemente negadas e proibidas em outra sociedade ou época histórica. As coisas mudam e mudam radicalmente.
Não há aqui uma receita de bolo pronta para ser usada em qualquer tempo ou lugar. A pederastia, por exemplo, na qual homens adultos se relacionam com adolescentes masculinos, hoje recebe o interdito da pedofilia, mas era aceito e comum na cidade Estado de Atenas, da Antiguidade. Mulheres já foram apedrejadas por adultério e, no entanto, temos hoje em diversas cidades casas de swing onde maridos levam suas mulheres para que ambos tenham liberdade de relação sexual com outras pessoas. Comportamentos sexuais estão em mudança não somente na preferência das pessoas, mas também na própria aceitação social dos mesmos. O que hoje é negado amanhã poderá ser aceito e visse versa.
Não sendo, portanto, considerado algo doentio ou criminoso naquele momento histórico e social, não vejo porque não experimentar a título de brincadeira e estimulante sexual, desde, claro está, que não seja mero modismo ou imitação de outros visando a demonstrar o pertencimento a um dado grupo e sim uma expressão genuína de desejo, paixão e excitação. Um estimulante e não um substituto do ato sexual propriamente dito, um acréscimo a uma relação íntima entre dois ou mais seres humanos e não uma fuga elaborada de qualquer tipo de intimidade com outros seres humanos.
Em 21/12/2007 publiquei um e-mail de um leitor de meus trabalhos no qual relata sua fantasia com o uso de uma dada peça de roupas e fiquei surpreso com a repercussão que esta análise teve, pois, gerou uma grande quantidade de outros comentários por parte de muitas outras pessoas cujo prazer sexual mais intenso se encontrava de alguma forma ali também presente. O texto publicado em www.doutorsilverio.blogspot.com “Homem que usa calcinhas” e também em meu livro “Sexualidade em foco: Correspondência com os leitores 1”, apresenta bem esta questão da fantasia vinculada a uma peça de roupa, onde vestir-se com uma peça do vestiário feminino por baixo das roupas normais masculinas ou durante o ato sexual venha a trazer forte prazer de cunho sexual ou aumentar a intensidade do mesmo, sem, no entanto, que a pessoa se identifique com um comportamento homossexual.
Temos também muito presente a dor ou a submissão, as quais até um certo nível não trazem preocupações com relação a ser um comportamento doentio ou criminoso, havendo, inclusive e totalmente, a anuência do parceiro, por vezes colocada em um contrato escrito no qual as partes se comprometem com relação ao que possa ou não possa ser feito. Mas também temos de modo mais simples, o uso de gotejamento de cera de vela sobre o corpo do parceiro, palmadas no bumbum ou no rosto durante o ato, uso de algemas ou mesmo celas, roupas especiais ou meramente em couro, escolha de lugares estranhos ou bizarros para o ato, etc.
Atender às fantasias sexuais pode ser algo bom e estimulante para o casal, favorecendo a intimidade e as trocas emocionais, no entanto, nem todas as fantasias devem ser postas em práticas, muitas não passam mesmo de divagações sobre um tema e sua prática poderia vir a gerar mais dor do que prazer. Fantasiar e mesmo falar durante o ato sobre alguma prática pode ser algo muito excitante, enquanto por sua vez, pôr em prática pode não ser. Esta diferença é fundamental e o juízo sobre o que deva ficar somente na fantasia e o que deva ser representado na realidade caberá, claro está, ao discernimento das pessoas envolvidas e seu conhecimento sobre seu próprio prazer, sobre seu corpo, sobre suas limitações e liberdade.
Cada casal é diferente de outro e uma dada fantasia muito prazerosa para uns pode ser indiferente, rotina ou mesmo desprazerosa para outro casal. Para preservar a juventude de um relacionamento é preciso manter constante o prazer e interesse sexual pelo parceiro e isto se dá não meramente copiando o que outros possam estar fazendo e sim em investir na sinceridade de expor e vivenciar seus próprios desejos mais íntimos, suas fantasias sexuais, suas brincadeiras e descobertas a dois. Aquilo que possa ser um tabu para um casal pode muito bem ser uma rotina para outro que não traga novidade ou amplie os horizontes, por sua vez, o que para um casal poderia ser visto como algo por demais simples e banal, pode muito bem ser para outro algo que proporcione o máximo de excitação e desperte o fogo da paixão. Cabe ao casal ter curiosidade e coragem para descobrir e vivenciar o que lhe dá prazer e não meramente seguir modismos como se a relação sexual fosse a última roupa da moda, a qual vestimos mesmo se esta não nos fique bem e não combine com nosso corpo e personalidade.
Ponha na balança sua liberdade, seu prazer, sua vida, seu parceiro, sua sexualidade, observe com atenção o que você tem feito de sua curta vida e que histórias tem hoje para contar. Qual o tempero de sua vida? Seria um bom filme que você gostaria de assistir em uma sala de cinema? Está tudo perfeito ou há alguma mudança a fazer? Meu conselho é que você busque sua verdadeira identidade, que olhe para dentro de si mesmo e descubra não somente o que você quer, mas também o que lhe dá ou não prazer e como poderia viver mais intensamente cada dramático e único momento de sua vida.
Se o que fazemos em nossas fantasias aumenta nosso tesão, desempenho, prazer e interesse sexual sem nos comprometer ou ferir a outros, então pode ser algo bom e saudável para o casal ou para com as pessoas envolvidas. Sair da rotina e transformar o ato sexual em uma brincadeira divertida tende a proporcionar aumento do prazer e interesse sexual. Em um relacionamento longo podemos ter uma constante rotina renovada todos os dias onde não mais se espera por fazer sexo, pois já se sabe antes do começo tudo o que ocorrerá, ou podemos ter um novo começo a cada nova relação, criando novidade, emoção e paixão diante de uma renovação criada a partir do mais íntimo de cada um dos parceiros. As fantasias sexuais são importantes não somente para a preservação de um relacionamento com a mesma intensidade de seu início, mas também para o próprio estímulo sexual renovado de cada pessoa em si mesma no decorrer dos anos de sua vida íntima.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Blog “Comportamento Crítico”:
Blog “Ser Escritor”:
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

Comentários

Esta outra postagem vale a pena também ser lida e tem a ver com o tema aqui abordado. "Homem que usa calcinhas"
https://doutorsilverio.blogspot.com/2007/12/homem-que-usa-calcinhas.html

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