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Blaise Pascal: A obra e a vida de Pascal

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Blaise Pascal

 

“O coração tem razões que a própria razão desconhece”.

Blaise Pascal.

 

Blaise Pascal (1623-1662) foi um cientista francês do século XVII que deixou grandes contribuições, em particular nas áreas da física e da matemática. Proveniente de família aristocrática vinculada ao judiciário francês, nasce na cidade francesa Clermont-Ferrand e falece, então aos 39 anos de idade, na cidade de Paris, França. Atuou como matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo.


 

Seus primeiros trabalhos versam sobre as ciências naturais e aplicadas, mas também há de desenvolver uma contribuição filosófica sobre a natureza do humano, bem como, sua relação com Deus e a religiosidade. Na física, Pascal apresentou contribuições importantes para o estudo sobre os fluidos, sobre a pressão atmosférica (realizou experiências sobre a pressão atmosférica) e sobre o vácuo, bem como, se dedicou a escrever importantes trabalhos sobre o método científico. Pascal é considerado um grande matemático, tendo criado dois novos campos de pesquisa nesta área: a geometria projetiva e a teoria das probabilidades. A partir do ano de 1646, sofreu influência, bem como também ampliou o trabalho de Evangelista Torricelli (1608-1647), construindo um barômetro (usou diversos líquidos e recipientes diferentes) e medindo com mercúrio a pressão do ar atmosférico na planície, no alto de prédios e no alto de uma montanha. Defende a existência do vácuo, vazio, e formulou sua lei “a pressão de um líquido se transmite com a mesma intensidade em todas as direções”. Sua teoria sobre a existência do vácuo, vazio, desagradou a muitos estudiosos de sua época, inclusive a René Descartes (1596-1650).

Quando dos seus 19 anos de idade construiu uma máquina de calcular (uma calculadora mecânica) que chamou de máquina de aritmética, roda pascalina e pascalina, visando proporcionar ajuda ao pai, que atuava a mando do rei recolhendo impostos. A intenção era desenvolver uma máquina capaz de efetuar as quatro operações (somar, subtrair, multiplicar e dividir), mas a calculadora por ele desenvolvida só conseguia somar e subtrair. A máquina somava e subtraia diretamente os números, mas para realizar multiplicações e divisões era necessário um processo de repetidas adições ou subtrações.

No ano de 1640 publica “Essay pour les coniques” (Ensaio sobre as cônicas), livro em que formula o que conhecemos hoje como teorema de Pascal. Também importante é “Traité du triangle arithmétique” (Tratado sobre o Triângulo aritmético), 1653, onde descreveu uma apresentação tabular conveniente para os coeficientes binomiais, triângulo de Pascal. Escreveu “Oração pela Conversão”, 1659, que chamou a atenção e influenciou os ingleses fundadores da Igreja Metodista, os irmãos Charles Wesley (1707-1788) e John Wesley (1703-1791). Importante também o livro (inicialmente um prefácio) “l'Esprit géométrique” (Do Espírito Geométrico), de publicação póstuma. Também “l'Art de persuader” (Sobre a Arte da Persuasão), no qual estuda o método axiomático da geometria, e “Traité de l'équilibre des liqueurs” (Tratado sobre o equilíbrio dos líquidos), sobre hidrostática, publicado postumamente em 1663 e que revolucionou a engenharia mecânica, ao descrever os princípios para a construção da prensa hidráulica, que permite a multiplicação da força aplicada.

Em “Les Provinciales” (Os Provinciais), 1656-1657, reúne suas contribuições sobre questões filosóficas e religiosas. A obra é composta por 18 cartas nas quais procura defender o jansenista (seguidores de Cornélius Jansenius – 1585-1638) Antoine Arnauld (1612-1694), na época oponente dos jesuítas e em julgamento na cidade de Paris, pelos teólogos.  Em “Pensées” (Pensamentos - Apologia da Religião Cristã), 1670, temos um tratado sobre a espiritualidade com a defesa do cristianismo.

Em 1654, conjuntamente com Pierre de Fermat (1601-1665), desenvolve seu trabalho sobre o cálculo de probabilidades, trabalho este que estabelece as bases para a posterior formulação de Leibniz do cálculo infinitesimal.

Na física a contribuição de Pascal foi o desenvolvimento do Princípio de Pascal, teoria segundo a qual podemos ter o seguinte enunciado: “O acréscimo de pressão produzido num líquido em equilíbrio transmite-se integralmente a todos os pontos do líquido”, ou dito de outro modo “em um líquido em repouso ou equilíbrio as variações de pressão transmitem-se igualmente e sem perdas para todos os pontos da massa líquida”.

A partir de uma experiência mística vivenciada em 1654 (23 de novembro), abandona o estudo das ciências para se dedicar integralmente à teologia e filosofia, só retornando ao estudo das ciências no ano de 1658. Esta experiência, relatada em um bilhete (um pedaço de papel e outro de pergaminho, ambos costurados em sua jaqueta, e só encontrados após sua morte), e associada a imagem do fogo, está vinculada a um acidente com uma carruagem desgovernada (8 de novembro) que quase o matou, pois, estando dentro da carruagem puxada por seis cavalos, quando dois deles se assustaram e dispararam até cair no rio, por pouco a carruagem não vai junto para dentro d’água. O sistema de atrelamento que prendia os cavalos à carruagem se rompeu e a mesma ficou balançando à beira do abismo, na ponte Neuilly, sobre o rio.

Muito interessante, no livro “Pensamentos”, o argumento de Pascal sobre a existência ou não de Deus, quando este afirma que se tivermos de fazer uma aposta sobre esta questão é melhor apostar que Deus exista, pois, se ganhar, ganha tudo, já se perder, não perde coisa alguma ou se perder, perde-se muito pouco.

O argumento proposto por pascal é assim desenvolvido: 1- se você acredita que Deus existe e Ele de fato existe, quando você morrer seu ganho é infinito, nada menos que a vida eterna no paraíso cristão; 2- se você acredita que Deus existe e Ele de fato não existe, quando você morrer sua perda é finita, ou seja, o tempo de vida que perdeu acreditando numa ilusão; 3- se você não acredita que Deus exista e Ele de fato não existe, quando você morrer seu ganho é finito, ou seja, o tempo de vida que não perdeu acreditando numa mera ilusão; 4- no entanto, se você não acredita que Deus existe e Ele existe, então quando você morrer sua perda é infinita, nada menos do que a danação eterna no inferno. Segundo o pensamento de Pascal, nesta relação entre o melhor e pior resultado obtido na aposta, ganho ou perda infinito, torna a aposta na existência de Deus a melhor alternativa. Ao apostar que Deus existe, cabe se comportar dentro dos moldes aceitos pela religião cristã, vivendo uma vida cristã, o que pode resultar no desenvolvimento gradativo da fé, além da prática de boas ações.

Não podendo o humano livrar-se da morte, da miséria e da ignorância, escolhe para ser feliz, não pensar sobre tais temas e fugir para o divertimento e distrações. Mas é uma fuga e não nos torna verdadeiramente felizes, em seu lugar, desperdiçamos nossa vida. Mas apenas realizamos um objetivo e surge logo outro, porque vivemos da promessa contínua de um futuro feliz, de uma felicidade futura.

Entende que o humano não consegue atingir a verdade, pois a razão humana é enganada o tempo todo, seja pela imaginação ou outras “potências enganadoras”. A condição humana é de um ser miserável, um nada do ponto de vista do infinito universo, um tudo do ponto de vista do nada, um meio-termo entre o nada e o tudo. Se a criatura humana é nada quando diante do infinito, é simultaneamente tudo em relação ao nada. O humano é algo intermediário entre o tudo e o nada, sendo-lhe impossível conhecer a verdade, pois, para tal necessitaria conhecer ambos os extremos, o que sua natureza finita não lhe permite fazer.

O humano é semelhante a um caniço de bambu, frágil e, no entanto, apesar de sua fragilidade e brevidade de vida, sua capacidade de pensar, sua razão e consciência de estar vivo, o torna muito superior a tudo o mais. O humano é, portanto, um paradoxo. Ele é tudo e nada ao mesmo tempo.

 Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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