Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Xenófanes de Cólofon: A religião pelo prisma da filosofia

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Xenófanes de Cólofon

 Se os bois, os cavalos e os leões tivessem mãos e pudessem pintar e produzir obras de arte similares às do homem, os cavalos pintariam os deuses sob forma de cavalos e os bois pintariam os deuses sob forma de bois. Xenófanes.

Desde o princípio todos têm aprendido segundo Homero, mas Homero, como Hesíodo, atribuíram aos deuses tudo quanto entre os homens é infâmia e vergonha: roubar, raptar e enganar mutuamente. Xenófanes.

Um só deus, o maior entre os deuses e os homens, em nada semelhante aos mortais, quer no corpo quer no pensamento.

Permanece sempre no mesmo lugar, sem se mover; nem é próprio dele ir a diferentes lugares em diferentes ocasiões, mas antes, sem esforço, tudo abala com o pensamento do seu espírito.

Todo ele vê, todo ele pensa, e todo ele ouve. Xenófanes.

Já sessenta e sete anos se passaram, fazendo vagar meu pensamento pela terra da Hélade, de meu nascimento até então vinte e cinco anos a mais, se é que eu sei falar com verdade sobre isso. Xenófanes.

 

Xenófanes de Cólofon ou Jenófanes (570-470/475 a.C.) narrou observações de conchas encontradas em lugares onde não havia água e propôs que em algum momento tudo fora coberto de água e que tudo retornaria para a água, bem como que os seres vivos eram um misto de água e terra, lama. A tradição considera ter Xenófanes nascido na cidade de Cólofon, hoje território da Turquia, e que atuou como um recitador de poemas de cidade em cidade, atividade que conhecemos por “rapsodo”. Teria ele percorrido várias cidades gregas próximas ao mar mediterrâneo e tido uma vida longa, provavelmente chegando aos 95 ou mesmo idade mais avançada.

A tradição nos passou que Xenófanes é o mestre de Parmênides, apesar de suas filosofias serem deveras diferentes, incluso aqui a concepção que cada qual possui do ser. Também pela tradição ele foi visto como o primeiro filósofo da Escola Eleática, na Magna Grécia, no entanto, penso que seria mais correto vê-lo como um filósofo independente.


 

Xenófanes aborda a religião pelo prisma da filosofia, defendendo uma reforma religiosa na medida de suas críticas às representações de deuses presentes nos mais diversos povos e religiões. Cabe a este filósofo afirmar a existência de um só deus e que esta divindade não é antropomórfica. Também cabe a ele ser o primeiro a afirmar a unidade, todas as coisas são uma única. Para Xenófanes o princípio é uno, tudo que existe não passa de uma única coisa e este ser uno não é limitado, ilimitado ou móvel. O universo não tem nascimento ou fim / dissolução, sempre existiu e no mesmo lugar. Há com Xenófanes uma negação do devir e do movimento do universo.

O momento histórico no qual se encontra Xenófanes é caracterizado pelo nascimento da filosofia e com ela a tentativa de explicar a origem de tudo, do cosmos, da natureza, não por meio de narrativas religiosas e míticas, e sim por meio da razão e da observação da natureza. Há neste tocante uma gradativa saída de uma tradição construída nas narrativas de Homero e Hesíodo. Um afastamento de um conjunto de explicações embasadas em uma cosmogonia, para uma cosmologia, ou dito de outra forma, a troca do mito pela razão na explicação dos fenômenos observados na natureza. E justamente por estar neste momento histórico, temos em Xenófanes um trabalho crítico sobre estas concepções baseadas na crença em deuses e deusas que explicariam tudo que há. Crítica esta que destaca que tais seres tidos como deuses seriam criados a nossa imagem e semelhança, inclusive no tocante as paixões, a forma de se comportarem e mesmo a aparência física ou ao uso e modo de se vestirem. Se há deuses, estes não seriam iguais a nós humanos, aos nossos costumes, as nossas paixões, a nossa aparência física e a forma como nos portamos ou nos vestimos.

Também cabe a Xenófanes falar da imoralidade presente aos deuses gregos, de Homero e Hesíodo. Entende que não é possível que os deuses se comportem como seres humanos, com suas fraquezas e forças, pois, não cabe aos deuses serem iguais ou semelhantes aos humanos não somente no tocante ao comportamento, mas também no tocante a aparência externa dos mesmos. Afirma Xenófanes que se fosse possível para outros animais criar cultos para adorar aos deuses, estes seriam representados como leões para aqueles animais que fossem leões, como bois para os animais que fossem bois, ou como cavalos para aqueles que fossem cavalos. Ou seja, cada animal faria um deus igual a si próprio. Com isto, afirma a necessidade de termos uma postura crítica sobre as religiões e seus cultos, bem como sobre qualquer conhecimento provindo da mística religiosa.

Segundo Simplício, Xenófanes entendia que o princípio é uno, sendo o conjunto de tudo que há e não sendo limitado ou ilimitado, não estando em movimento ou repouso. Baseando-se em comentadores da Antiguidade, podemos entender que Xenófanes não apenas trabalhou no que hoje entenderíamos por teologia, como também se posicionou na cosmologia e metafísica.

Para Xenófanes o princípio básico se encontra na unidade, pois, tudo é um, uno. Esta unidade é o princípio da realidade, da phisis, da natureza. Pode-se interpretar o pensamento de Xenófanes como fazendo referência a uma divindade una, que tudo englobe, um único deus, sem corpo ou forma, que em sua totalidade vê, ouve e pensa. Esta unidade é plena e imóvel, não se assemelhando ao modo de pensar dos humanos. Alguns comentadores veem nesta unidade, neste princípio de toda a natureza, da physis, a arché de Xenófanes, outros, no entanto, apontam a terra misturada a água (lama) como a arché. Em verdade, a arché em Xenófanes estaria mais próxima da unidade e não da lama, pois, a terra misturada com a água seria a origem não de tudo que há, mas dos seres vivos, dentre os quais a nós, humanos, a todos os seres que nascem e morrem, mas não ao próprio universo, ao cosmos. E quando digo mais próxima da unidade é porque em realidade não há uma arché em Xenófanes e quando a identificamos a um dado elemento de seu pensamento, isto ocorre de modo forçado e não natural e, provavelmente, não seria reconhecido pelo próprio Xenófanes.

Ao estudarmos o pensamento proposto por Xenófanes, fica nítido que não foi deus ou deuses que fizeram o humano a sua imagem e semelhança e sim o contrário, foram os humanos que construíram seus deuses a sua imagem e semelhança e isto vem a ser algo revolucionário mesmo nos dias atuais e choca-se com as crenças e os crentes dos mais diversos cultos mundo a fora.

Podemos observar em Xenófanes que este atribui quatro características a deus: unicidade, imobilidade, espiritualidade e eternidade.

Quanto à verdade, Xenófanes entende que não há um critério para sabermos o que é a verdade, podemos nos aproximar da verdade, mas mesmo se nossa opinião sobre o que seja o verdadeiro o fosse integralmente, não o teríamos como saber. Este ponto o torna um autor deveras interessante para estudos na área da epistemologia nos dias atuais, buscando a origem histórica de certos argumentos.

Menos que um filósofo com uma doutrina inteiramente formada, estruturada e organizada de modo coerente em um edifício do saber, em Xenófanes encontramos um pensador que nos apresenta uma doutrina original por meio dos fragmentos de suas reflexões que chegaram até nossos dias. Ele aponta dúvidas e caminhos a serem seguidos pela reflexão filosófica posterior, tendo grande influência e sendo referência no desenvolvimento posterior do pensamento e na formação de Escolas filosóficas, mas isto de modo seminal, inicial, como a semente que irá desabrochar em uma árvore que proporcionará bons frutos.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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