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Qual é a importância do Empirismo em filosofia?

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 O termo “Empirismo” é proveniente em sua origem do grego “empeiria” e posteriormente do latim “experientia” e significa “experiência”. Suas origens podem ser remontadas a Antiguidade clássica e em particular ao filósofo Aristóteles, mas atualmente o termo tende a designar uma Escola filosófica da Idade Moderna. Inclusive, a expressão “tábula rasa”, muitas vezes atribuída ao filósofo Locke no século XVIII, pertence em verdade ao filósofo Aristóteles.

Trata-se de um importante movimento filosófico que se contrapõe ao Racionalismo predominante no continente Europeu. Ambas correntes filosóficas se dão no decorrer dos séculos XVII e XVIII, sendo que no Empirismo seus principais representantes encontram-se no Reino Unido e seu pensamento irá ser importante, também, no decorrer do século XVIII incorporado ao Iluminismo ou Ilustração, em particular na França entre a morte do rei Luís XIV e a Revolução Francesa.

Os principais representantes deste movimento na filosofia são: Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753), David Hume (1711-1776). Eles defendem por linhas gerais que todo o conhecimento que possuímos provém das experiências que temos e que, portanto, não existem ideias inatas que já nasceriam conosco e que de alguma forma já saberíamos, mesmo que precisássemos ativar ou relembrar as mesmas. Nosso conhecimento provém dos sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) pelos quais temos contato com o mundo. Temos ideias em nosso entendimento, mas estas ideias não são inatas e sim provenientes da experiência por meio dos sentidos e também da reflexão racional ou do modo como nossos processos cognitivos percebem estas ideias, ou mesmo sensações em nosso corpo, tais como dor, prazer, amor, ódio, etc.

 


Além da discussão em torno da epistemologia ou teoria do conhecimento, há também uma discussão política sobre o melhor governo para a Inglaterra e Reino Unido e como se daria a relação entre o povo e o soberano. Contendas políticas e religiosas estiveram presentes no meio social e cultural britânico e foram teorizados por integrantes do Empirismo. Estes filósofos discutiram em suas obras sobre a melhor constituição para o país e se haveria uma constituição primordial da qual as demais teriam se originado ou se, de algum modo fora feito em tempos antigos algum tipo de contrato social que estipularia os direitos e deveres do povo e do monarca, do governo. A questão moral está presente e tende a se encaminhar aos poucos para um tipo de utilitarismo ou mesmo convencionalismo baseado nos interesses individuais e sociais. A religião e sua maior ou menor participação dentro do governo é questionada, abrindo-se aos poucos o espaço para uma maior tolerância religiosa que irá ter reflexos positivos no comércio entre e fora fronteiras. A liberdade do cidadão vai aos poucos ganhando destaque e apesar de encontrarmos ressalvas feitas quanto ao ateísmo ou mesmo a presença da Igreja Católica Apostólica Romana e a influência do Papa enquanto líder estrangeiro, aos poucos ideias defendendo a tolerância vão ganhando destaque e importância a ponto de virem a influenciar o posterior movimento filosófico chamado de Iluminismo ou Ilustração, ainda no século XVIII.

Na política a relação de poder é questionada e debatida. Como se daria a relação entre de um lado o governo e de outro o povo e qual o papel do monarca e da constituição? A par com tal debate originou-se também a discussão sobre um possível contrato social ou uma constituição primordial da qual se originariam os direitos e deveres presentes na constituição e leis atuais. Dentre os principais filósofos que irão defender e apresentar sua versão do contrato social, os assim chamados “contratualistas”, temos a Hobbes, Locke e Rousseau, este último já dentro do Iluminismo francês e com uma aproximação de outro importante movimento histórico e cultural, que será o Romantismo do século XIX.

O Empirismo é uma importante corrente filosófica que irá se contrapor a outro grande movimento, o Racionalismo, nos proporcionando ponto e contraponto a questões complexas e também delicadas em vários campos do saber humano, a começar pela própria origem e validação de nosso conhecimento verdadeiro. A partir da soma de ideias e questionamentos levantados por tais filósofos, nestes dois importantes movimentos, teremos o surgimento da crítica kantiana.

Kant diz que foi David Hume que o despertou de seu sono dogmático e o fez se debruçar sobre uma nova filosofia que irá marcar profundamente a história do desenvolvimento filosófico como bem o sabemos hoje, no entanto, não haveria Hume se não houvesse antes dele todos os demais filósofos racionalistas e empiristas que debateram e desenvolveram temas concernentes ao questionamento proposto por Hume.

Não há hoje como ser um filósofo ou estudante da filosofia ou mesmo um apaixonado pelo conhecimento filosófico sem conhecer a fundo os desenvolvimentos do pensamento filosófico desta época histórica. Diferente, sim, dos gregos antigos ou mesmo da filosofia contemporânea, mas de modo algum inferior a qualquer outro momento histórico do pensar humano. São detalhes e minúcias que elevaram o pensamento humano, como se estivéssemos afiando a faca e a preparando para o uso e o corte preciso, a “faca” como uma metáfora para o nosso entendimento. Quanto mais a fundo conhecemos um destes pensadores, mais nos afastamos das trevas da ignorância humana, do preconceito, da intolerância, da infantilidade que faz com que adultos se comportem como se crianças ainda fossem.

Buscando a liberdade, a tolerância, e o entendimento da sociedade, da política, da moral, encontramos um momento de resposta nestes autores. Aqui temos a razão humana se afastando da fé e crenças dogmáticas em religiões e outros preconceitos sem fundamento e se apresentando como se um farol fosse, em meio a escuridão, a nos guiar para a luz do conhecimento verdadeiro. Faço ao leitor, pois, o convite para nos acompanhar nesta aventura pelo pensamento presente no Empirismo (neste e nos próximos artigos e vídeos), sabendo que não há coisa alguma mais subversiva a qualquer sistema dogmático do que pensar, pensar criticamente, ou mesmo, filosofar.

 Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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