Por: Silvério da Costa Oliveira.
“Não há outro
indivíduo que a totalidade. Nascer, viver e morrer é mudar de forma.” Diderot
Denis Diderot (Langres,
1713 – Paris, 1784) tem como obra principal a participação como editor e também
com a contribuição de diversos artigos para a Enciclopédia (35 volumes, sendo
17 de texto, 11 de gravuras, 4 de suplementos, e outros 3 volumes), a qual irá
decisivamente marcar o século XVIII. Em Diderot temos a forte presença do
Empirismo, provindo de John Locke, bem como da doutrina do sensacionismo pela
qual todo o conhecimento que temos provém das sensações. Também forte em seus
escritos é a presença do materialismo, bem como de uma crítica ao sistema
governamental então reinante e a Igreja Católica Apostólica Romana. Como também
outros autores desta época, defende a liberdade, fala da influência nociva da
sociedade e questiona a vida sexual e os costumes com base em descrições
provindas de viajantes, de povos outros, onde haveria maior liberdade sexual e
também liberdade por parte das mulheres.
Para Diderot, a Enciclopédia
era seu grande projeto para divulgar as ciências e por disponível para todos
todo o conhecimento então existente no mundo, não somente o conhecimento
científico, matemático e filosófico, mas mesmo receitas de como fazer algo ou o
conhecimento dos vários artesãos da época em seus trabalhos. Para tal
empreitada convidou possivelmente mais de uma centena dos maiores nomes entre
os homens letrados da França, cada qual com a missão de escrever um ou mais
artigos sobre determinados temas. Não somente expor algo de modo explicativo,
mas também crítico, trazendo para o debate idéias nascentes que questionavam a
ordem social então reinante.
Diderot é um
grande expoente do iluminismo francês e responsável por trazer para a França
idéias sobre democracia, ciência e abordagens a temas filosóficos, da
Inglaterra, pois conhecia o que se passava na Inglaterra, dominava o inglês,
sendo inclusive tradutor. Diderot tem um papel importante também na estética e
seu pensamento sobre a obra de arte há, inclusive, de influenciar a Kant,
leitor de Diderot. Mesmo nos presentes dias a obra deste autor nos traz uma
reflexão importante e interessante sobre alguns temas significativos, como, por
exemplo, o papel do Estado, a liberdade, a religião e deus, e as artes. Mesmo nos
séculos XX e XXI temos a realização de filmes e peças de teatro com base e
inspiração na obra deste escritor, como, por exemplo, o filme francês de 1966 “La
religieuse” (A religiosa), que, inclusive, teve outras refilmagens.
Por meio da razão
questiona os dogmas sociais, políticos e religiosos dominantes ao seu tempo e
seus escritos, bem como todo o empreendimento da enciclopédia clamam por
liberdade em oposição aos dogmas então reinantes. Questiona os dogmas nas
religiões, o sentido da existência de um deus punitivo e os milagres narrados
na bíblia. Pensa ser errado reprimir as
paixões naturais, como o quer a Igreja, e que são as paixões que fazem o ser
humano grande. Apresenta uma crítica ao absolutismo e entende a política como
capaz de atuar para eliminar as diferenças sociais.
A crítica feita
por Diderot as religiões ganha destaque em relação a religião cristã e
católica, predominante na França. Em alguns de seus escritos se dedica a
ironizar e criticar o claustro e os votos aos quais homens e mulheres se
submetiam de modo a ignorar e negar sua verdadeira natureza e sexualidade, bem
como a necessidade eminentemente humana de socialização, de conviver
normalmente em uma sociedade e não ficar restrito a diversas regras rígidas e
ao isolamento social de um mosteiro ou de um convento. Com certeza, Diderot não
aprova a existência de frades e freiras, afirmando que o claustro e as regras
aos quais os mesmos são submetidos apresentam-se contrárias a natureza e tendem
a levar ao desenvolvimento de doenças físicas e emocionais, tais como a
histeria e a loucura.
A enciclopédia
organizada por Diderot, seu maior trabalho, tornou-se um meio para a divulgação
do conhecimento inovador e crítico presente no século XVIII. A enciclopédia é
também a realização de um princípio então presente e muito querido aos
iluministas no século XVIII com o avanço do conhecimento em diversas áreas do
saber, pelo qual seria o saber e não a fé que deveria nortear a busca das
respostas a qualquer questão dada.
A enciclopédia
surge como um instrumento para libertar o ser humano da dependência auto
imposta, dependência esta a valores religiosos e a superstições sem respaldo na
razão e na observação dos fatos, dependência a um governo absoluto que não leva
em consideração as aspirações e a liberdade do povo, Diderot, dentre outros, se
insurge contra a ignorância, a superstição, os dogmas religiosos e defende a
liberdade e a proliferação do conhecimento por todos. Mas do que nunca, são
valores que hoje no século XXI, bem como anteriormente no século XVIII, devemos
ainda defender e repensar diante de formas antigas e novas de escravidão,
cerceamento e enclausuramento de nossos corpos, mentes e vidas. É diante do
esclarecimento racional que vislumbramos a possibilidade de liberdade, de nossa
própria liberdade.
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa
Oliveira.
(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a
autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos
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