Professor Doutor Silvério

Blog Ser Escritor

Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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5- Blog 4 “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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8- Página no Face Book “O grande segredo: A história não contada do Brasil”

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12- Email: doutorsilveriooliveira@gmail.com


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sábado, 4 de abril de 2020

O paciente terminal


Por: Silvério da Costa Oliveira.

Apesar do uso do termo “paciente terminal” designar alguém com um diagnóstico que implique numa condição tal, cujo tempo de vida restante lhe seja restrito, há os profissionais que preferirão o uso do termo para pacientes cujo prognóstico implique em no máximo seis meses de vida, deixando o termo “paciente em fim de vida” para aqueles cujo prognóstico de sobrevida não exceda a aproximadamente 72 horas. Aqui iremos neste artigo usar o termo paciente terminal de modo abrangente, envolvendo ambos os grupos.
Existem várias formas de se conviver com a morte. O paciente terminal é aquele que recebeu um diagnóstico e um prognóstico que o coloca mais perto da iminência de sua própria morte diante de uma doença difícil de ser revertida ou mesmo incurável.
Elisabeth Kübler-Ross em seu trabalho sobre a morte e o paciente terminal estabelece cinco fases pelas quais passaríamos diante da certeza da inevitabilidade da morte: 1- negação, 2- raiva, 3- barganha ou negociação, 4- depressão, 5- aceitação. Claro está que esta apresentação organizada não corresponde a vida real e não necessariamente o indivíduo passará sucessivamente e nesta mesma ordem pelas cinco fases até a aceitação conformada diante do inevitável. Há quem não passe por todas as fases, ou quem retorne para fases anteriores e nem todos chegam na fase de aceitação, no entanto, esta pesquisa e seus resultados nos colocaram diante de um instrumental muito útil para entendermos este processo.
As fases de Kübler-Ross estão presentes em toda situação de perda vivenciada por nós, humanos. Seja a perda de nossa própria vida ou a vida de um ente querido, pode ser a perda de uma amizade, de um emprego, a perda da possibilidade de realização de um sonho almejado e outras coisas mais.
No passado se morria em casa, hoje cada vez mais o local onde passamos nossos minutos finais é o hospital. A companhia de amigos e familiares é algo importante diante do quadro irreversível, bem como poder realizar um último desejo ou poder organizar sua vida pessoal e profissional antes do fim, caso ainda haja tempo para tal. Em tempos idos se pedia a deus tempo para refletir e orar antes da morte, hoje se pede uma morte rápida a ponto de não percebermos que iremos morrer. São mudanças culturais diante de uma sociedade cujos valores estão em ebulição e evolução.
Existe toda uma abordagem médica presente ao paciente, a qual se intensifica quando este está no hospital. São procedimentos, atuação de uma equipe hospitalar, medicação, regras. Além disto, há a possibilidade de os momentos finais trazerem dor e sofrimento para a pessoa e as pessoas mais próximas. Quanto ao paciente, a dor pode ser física, decorrente da evolução de sua doença e pode ser amenizada por medicação. Claro que a medicação e as intervenções médicas não são a solução para tudo e o desconforto ou mesmo dor pode estar presente nos momentos finais. É preciso, portanto, que a equipe de cuidadores saiba como lidar com esta dor e sofrimento, que pode ser física ou emocional e estar presente tanto no paciente, como também em seus familiares e amigos.
Quando possível for, a escuta é essencial para ajudar o paciente e seus familiares a superarem este momento difícil e caminharem em direção a aceitação diante de um processo de luto pela perda.
Me parece que algo realmente essencial, sempre quando possível, é permitir ao paciente terminal ter uma presença ativa de sua própria pessoa nos assuntos e interesses da sua vida no tempo que lhe resta, poder ter autonomia e fazer escolhas, de modo que possa chegar ao momento derradeiro de sua existência mantendo o que o caracteriza como uma pessoa viva. E neste tocante devo incluir a necessidade social que todos temos de modo que o paciente não deve ser abandonado ou isolado. Apesar de difícil, cabe compartilhar esta perda, este luto, esta vivência diante da porta do desconhecido por vir. O ambiente hospitalar, diante de suas regras e esterilidade, pode tornar difícil ao paciente elaborar suas questões pessoais e emocionais, ao tirar-lhe sua independência e autoridade sobre si próprio. Cabe neste tocante um equilíbrio, sempre que possível. A perda do paciente muitas vezes é vista e vivenciada pelo médico como uma derrota, mas deve haver um momento onde possamos entender que não há mais o que fazer, não há mais procedimentos possíveis e só nos resta caminhar para o fim mais lento ou mais rápido e mantendo, sempre, a dignidade humana.
No tocante aos cuidados com o paciente terminal, um ponto por demais importante é proporcionar o máximo de conforto e o mínimo de dor e sofrimento, incluindo aqui também o trato com a família e amigos próximos. Diante de um quadro grave e por vezes irreversível, atentar em proporcionar o que for possível em termos de bem-estar pode proporcionar que este momento da vida humana seja melhor vivenciado. Cabe entender que, por regra, terminais todos nós somos, uma vez que um dia também iremos morrer. As vezes ocorre, inclusive, que mesmo diante de um paciente cujo diagnóstico e prognóstico aponte para uma morte em um curto espaço de tempo, possamos ter entre os cuidadores e familiares, mesmo jovens, sem doenças e em perfeito estado de saúde, que estes venham a morrer antes, seja por sofrerem algum acidente ou outro motivo.
Toda história tem um fim e a nossa não é exceção a esta regra. O fim em algum momento chega para todos e cabe ter atenção aos pequenos gestos e as pequenas vitórias que possam nos acompanhar neste momento, por vezes, são as pequenas coisas, os pequenos gestos, que de fato importam e fazem a diferença. Realizar um desejo, mesmo que o último, é algo importante e não deve ser descartado como algo fútil ou inútil. Conversar com pessoas sobre sua morte, resolver questões pendentes que serão deixadas após sua partida, ter um último contato com objetos ou animais revestidos de forte investimento emocional, provar uma comida mais uma vez, visitar um local, rever ou ver algo importante. Se for o desejo da pessoa e sendo isto possível, ir a uma praia, parque ou montanha tem a ver com aproveitar o momento de vida que ainda temos, tem a ver com a dignidade humana que é diferente de sermos tratados como lixo descartável.
É normal falarmos em tempo de vida, encarando o mesmo quantitativamente, mas esquecemos, por vezes, que além do aspecto quantitativo, temos também de cuidar do aspecto qualitativo. Não basta ter mais tempo de vida à custa de tudo o mais e viver este tempo preso a uma cama com tubos, longe das pessoas que ama e das coisas que de fato gosta. Talvez menos tempo com mais qualidade seja o melhor. Estarmos ao lado dos que gostamos, em nossos lares, com as coisas que mais gostamos. Deve haver um momento em que possamos pensar se vale ainda o investimento em ganho de tempo a qualquer custo. No encerramento de uma vida longa de uma pessoa idosa cujo diagnóstico e prognóstico nos traga a presença muito próxima de sua morte, cabe equilibrar os aspectos quantitativo e qualitativo em relação ao tempo restante de sua vida e ponderar sobre quais intervenções e procedimentos de fato valem a pena serem empreendidos e irão gerar alguma qualidade e conforto na vida restante ou somente sofrimento, dor e desconforto, ou simplesmente a perda de um tempo precioso que poderia ser melhor investido de outra forma. Aqui entra os cuidados com o paciente terminal e também o procedimento adotado pelos cuidadores para que este paciente possa ter o melhor dentre o possível. Precisamos respeitar a autonomia, bem-estar, integridade e dignidade do paciente terminal e esta responsabilidade cabe conjuntamente a família e amigos íntimos, a equipe de cuidadores, a equipe hospitalar que deve atuar de modo “multi” ou “inter”-disciplinar. Lembrar que cuidados paliativos ativos por parte de uma equipe integrada são importantes para o paciente neste momento de sua vida e que até o último momento nós temos a vida e não a morte, devendo o paciente ser tratado como alguém que disponha do status de um ser vivo e não de qualquer status inferior possível.

Silvério da Costa Oliveira.

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
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