Por: Silvério
da Costa Oliveira.
Recentemente
estava relendo o livro “A escolha certa”
(Título original norte americano: “The
choice”; ano: 1984) de Og Mandino publicado no Brasil pela Editora Record e
que conta a história da trajetória de um escritor que se torna famoso após
lançar um livro que se torna um grande best seller na terra do Tio San. Me
chamou a atenção uma passagem na qual um personagem, Mark Christopher, o
escritor em torno do qual gira toda a trama do livro, afirma (p. 41):
“Estou
convencido de que escrever é a menos apreciada de todas as artes criativas.
Apenas uma porção mínima da população se dedica à escultura, à pintura ou à
música, mas todos escrevem – seja carta, convite, lista de compras, até mesmo
uma assinatura num cheque. Portanto, não é indício de afetação que qualquer
pessoa com um leve toque de auto-estima acredite que, tendo tempo, além de
vontade, possa produzir um livro ou um artigo aceitável.”
Pois bem, se
temos de pensar por conta própria, vou optar por discordar deste personagem.
Tudo bem que todos escrevam, ou pelo menos todos que tenham tido o básico de um
processo de alfabetização, até aí tudo bem, mas penso que as pessoas reconhecem
a diferença entre as diversas formas de escrever. Talvez eu esteja errado, mas
vou querer aqui acreditar no potencial humano e da capacidade que este tem de
usar sua cabeça para outra coisa que não seja enfeitar os ombros.
Vamos pensar
aqui com a ajuda de uma analogia. Já que estamos no país do futebol, não é
novidade que boa parte das pessoas que aqui moram não somente gostem de ver
times jogar, como gostem elas próprias de participar de uma “pelada” com
relativa freqüência. Pois bem, a rigor, quem joga futebol é um jogador de
futebol, mas perguntemos a tais pessoas o que elas são e elas se apresentarão
dizendo: Eu sou pipoqueiro, fazendeiro, aposentado, engenheiro, vendedor
ambulante, arquiteto, balconista, advogado, office boy, psicólogo, etc. Porque
estas pessoas não dizem então: “Eu sou jogador de futebol”? Com certeza aqui
elas próprias enxergam que há uma diferença.
Bem, sem
dúvida quem joga em algum time profissional e ganha dinheiro com isso se
apresentará como jogador de futebol e não está errado, afinal, trata-se de um
jogador profissional, mas mesmo dentre estes há enorme diferença e o torcedor
percebe claramente esta diferença quando adota a denominação de craque para
designar aqueles que mais se destacam. Não há duvida que Pelé, Garrincha,
Romário e mais alguns outros foram craques à sua época, demonstrando um talento
artístico que muitos outros dos assim chamados jogadores profissionais não
possuíam.
Penso que o
mesmo vale para os escritores. Todos que foram alfabetizados escrevem alguma
coisa, mas eles próprios não se identificam como “escritores”. Existem alguns
que podem tranqüilamente ser chamados de escritores profissionais e se
identificam como tal, na medida em que ganham seu ganha pão escrevendo alguma
coisa em alguma área. Mas nem todos têm um talento especial que os tornam “impar
entre seus pares”.
Resumindo,
penso que as pessoas percebem as diferenças e que não justifica dizer que a
profissão de escritor é desvalorizada pelos motivos alegados pelo personagem do
livro acima mencionado. Mas claro está que você pode discordar de mim, não é
mesmo?
PERGUNTA: Na
sua opinião, o que podemos entender pelo termo “escritor”?
Prof. Dr.
Silvério da Costa Oliveira.
(Respeite os
Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de
ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)
2 comentários:
Silvério,
Não compartilho da idéia de que escrever profissionalmente seja algo desvalorizado. Pelo contrário, a arte de escrever bem é uma jóia rara. É claro que mesmo entre os escritores profissionais temos jóias mais valiosas e outras nem tanto assim. Alguns possuem talento, enquanto outros, tornam-se máquinas produtivas, já que apenas ter o domínio da língua não é garantia de uma produção de qualidade.
Recentemente ao corrigir uma prova de uma aluna, não pude deixar de tecer um comentário em relação à fluidez, à perfeita associação de idéias e até mesmo a forma poética com que tratava um assunto que para grande parte da turma era visto de forma menos abrangente, sem grandes novidades. Falei a esta aluna sobre o enorme potencial a ser desenvolvido...
Acredito que a arte de escrever bem está intimamente relacionada ao hábito de leitura. Quanto mais nos dedicarmos à leitura, maiores são as possibilidades de nos tornarmos bons escritores. Mas, não é só isso, há outros fatores envolvidos, não é mesmo?
Beijos da Márcia
Eu sempre vi o escritor como um artista, capaz de inúmeras intenções através das palavras nos diferentes tipos de textos.
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