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Georg Simmel: Decifrando a Vida Contemporânea através da Sociologia das Formas

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Georg Simmel

 

Georg Simmel, um dos grandes pensadores da Idade Contemporânea, decifrou a vida nas sociedades atuais por meio de sua sociologia das formas, analisando desde interações cotidianas até fenômenos como o dinheiro e a moda. Este artigo explora sua vida, ideias e legado, mostrando como suas reflexões ainda iluminam os desafios do século XXI, de megacidades a redes sociais.



 

 

1- Vida (biografia)

 

Georg Simmel (1858-1918) nasceu em Berlim e faleceu aos 60 anos em Estrasburgo, Império Alemão. De origem judaica, sendo que ambos os pais se converteram ao cristianismo (protestantismo luterano) antes de seu nascimento e Georg Simmel foi batizado como protestante e criado nessa fé. Apesar disto, sua ascendência judaica influenciou sua experiência de marginalidade social devido ao antissemitismo prevalente na Alemanha imperial. Simmel foi o irmão mais novo dos sete filhos do casal Eduard Maria Simmel (1810-1874) e Flora Bodstein (1818-1897).

Seu pai faleceu em 1874, deixando-lhe uma boa herança. Tendo sido adotado por seu tutor, Julius Friedländer, com o posterior falecimento deste, recebeu, também, herança desta parte, dinheiro este que lhe permitiu a dedicação à carreira acadêmica.

No ano de 1890 casou-se com Gertrud Kinel (1864-1938), com quem teve um filho nascido em 1891. Gertrud Kinel foi uma filósofa e escritora que publicava sob o pseudônimo Marie-Luise Enckendorf. Segundo algumas fontes, ela era de família católica, mas este fato não é amplamente documentado nas fontes padrão sobre Simmel. Ela foi uma parceira intelectual, e juntos eles organizavam um salão cultural em Berlim, frequentado por pensadores como Georg Lukács e Ernst Bloch. Esses encontros reforçaram a reputação de Simmel como um conversador brilhante, capaz de conectar filosofia, sociologia e cultura cotidiana. Além de seu casamento, manteve uma relação “secreta” com Gertrud Kantorowicz (1876-1945), com quem teve uma filha, Angelika, em 1907.

Sua vida pessoal, marcada por uma busca por equilíbrio entre introspecção e engajamento social, espelha os temas de individualidade e sociação que ele explorou teoricamente. Simmel faleceu em 26 de setembro de 1918, em Estrasburgo, vítima de câncer de fígado, no contexto da Primeira Guerra Mundial.

Durante seus estudos, foi aluno de figuras como o historiador Theodor Mommsen e o filósofo Wilhelm Dilthey, cujas ideias sobre historicismo e a compreensão da experiência subjetiva influenciaram sua visão da vida social como processo dinâmico. A experiência de crescer em Berlim, um centro urbano vibrante, pode ter ajudado a moldar sua sensibilidade para temas como a vida nas grandes cidades, a individualização e a fragmentação social, que permeiam suas obras.

Simmel completou seu doutorado com uma tese sobre a psicologia de Kant, no ano de 1881. Obtêm o título de Doutor com a tese “A natureza da matéria segundo a monadologia física de Kant” (Das Wesen der Materie nach Kants Physischer Monadologie). Atuou como Privat-Dozent na universidade de Berlim entre 1885 e 1900, passando a atuar como professor extraordinário (em alemão, Ausserordentlicher Professor, um título honorário sem salário fixo ou plenos direitos acadêmicos) a partir de 1901 até o ano de 1914.

Seus cursos como Privat-Dozent, conhecidos por sua clareza e estilo cativante, atraíam grandes audiências, incluindo intelectuais como Max Weber e Rainer Maria Rilke. Somente em 1901 foi nomeado Professor Extraordinário, e apenas em 1914, aos 56 anos, obteve uma cátedra plena na Universidade de Estrasburgo, um reconhecimento tardio de seu gênio. Essa marginalidade acadêmica influenciou sua visão do "estrangeiro", um conceito central em sua obra.

Além de professor universitário, foi um filósofo e sociólogo alemão. Apesar de sua produtividade intelectual, Simmel enfrentou barreiras significativas na carreira devido ao antissemitismo na Alemanha imperial. Embora sua família fosse convertida ao protestantismo, sua ascendência judaica limitou seu acesso a cargos acadêmicos tradicionais.

Em 1908 publica a obra "Soziologie" (Sociologia), dividida em 10 capítulos, que não somente contribuiu para a consolidação deste campo de estudo na Alemanha, como também lançou uma base hermenêutica para a sociologia, posteriormente retomada por Max Weber, além de abordar temas tais como o indivíduo e o grupo social, proporcionando esta obra as bases para uma análise das interações que ocorrem entre as pessoas. Nesta obra abordou como o aspecto quantitativo afeta o tipo de relação social existente, as relações de dominação (comando) e subordinação (obediência), os conflitos que surgem das relações de cooperação e oposição entre as pessoas, a relação de dependência de outros presente na pobreza, a questão da individualidade.

Pensador não sistemático e relativista em filosofia, defendida uma metafísica dialética. Simmel abordou temas diversos focados em fenômenos sociais e culturais em sua obra, tais como: dinheiro, moda, mulheres, adornos, arte, a cidade, o estrangeiro, os pobres, a seita, a sociabilidade, o indivíduo, a sociedade, a interação e os laços sociais.

A formação de Simmel em Berlim, uma cidade de contrastes, o expôs a pensadores que moldaram sua visão única sobre a sociedade. Ele foi influenciado por Kant, Hegel, Dilthey e Marx. Sua formação filosófica foi moldada pelo idealismo kantiano, especialmente a ideia de que a mente humana estrutura a realidade. Simmel adaptou isso para sua sociologia, vendo as "formas" sociais como construções que organizam a experiência coletiva. A dialética hegeliana, com sua ênfase em contradições e sínteses, inspirou a visão de Simmel sobre tensões sociais, como indivíduo versus sociedade ou conflito versus cooperação. O historicismo e a ênfase na subjetividade de Dilthey influenciaram Simmel a considerar a vida social como uma experiência vivida, não apenas como estruturas objetivas. Embora não fosse marxista, Simmel absorveu ideias sobre o impacto do capitalismo, especialmente na "Filosofia do Dinheiro", onde analisa a alienação e a objetificação sem, no entanto, adotar uma perspectiva revolucionária. Importância e destaque também devem ser conferidos à cultura urbana presente na cidade de Berlim. O ambiente cosmopolita de Berlim, com sua diversidade e ritmo acelerado, foi uma influência prática, alimentando conceitos como a "atitude blasé" e a análise da vida metropolitana. Aqui também cabe o destaque para o antisemitismo então reinante, que influenciou seu pensamento sobre o estrangeiro bem como, o percurso e as dificuldades de sua carreira acadêmica.

Simmel deixou um legado amplo e diverso que teve significativa influência contemporânea presente em diversos outros autores e movimentos. Sua influência se fez presente na sociologia urbana e sua análise da vida nas grandes cidades, especialmente em "As Grandes Cidades e a Vida do Espírito" (1903), inspirou a Escola de Chicago, particularmente Robert Park e Louis Wirth, que desenvolveram a ecologia urbana. Também no interacionismo simbólico, temos que a ênfase de Simmel nas interações cotidianas influenciou Erving Goffman, cujas ideias sobre "apresentação do self" ecoam a sociologia formalista de Simmel. Podemos citar a teoria cultural, já que sua abordagem à moda, ao dinheiro e à cultura antecipou estudos culturais, influenciando pensadores como Walter Benjamin e, indiretamente, a Escola de Frankfurt. Também influenciou a sociologia do conflito, já que a sua visão dialética do conflito como integrador inspirou Lewis Coser e teorias contemporâneas de resolução de conflitos. Simmel também se encontra presente no pensamento Pós-Moderno. A ideia de fragmentação e fluidez social ressoa em autores como Zygmunt Bauman, cuja "modernidade líquida" dialoga com a análise de Simmel sobre a efemeridade da vida social atual nas grandes cidades. Sem deixar de citar, também, os estudos de Alteridade, como presente no conceito de "estrangeiro", amplamente usado em estudos sobre migração, multiculturalismo e identidade, aplicável a contextos como imigração global ou dinâmicas de exclusão/inclusão. Além disso, sua obra transcendeu fronteiras, influenciando a sociologia latino-americana, como no Brasil, onde seus conceitos de estrangeiro e sociação são usados em estudos sobre migração e urbanização.

Atualmente Simmel é revisitado em análises de redes sociais digitais (onde a sociação efêmera é evidente), urbanismo (para entender megacidades) e até psicologia social (na apatia digital como eco da atitude blasé). Sua habilidade de conectar o micro (interações individuais) ao macro (estruturas sociais) faz dele um pensador atemporal, relevante para discutir os desafios da globalização ou mundialização, do consumismo e da individualidade presentes no século XXI.

 

2- Sociologia das formas

 

Simmel foi o fundador da "sociologia formal”, também chamada de “sociologia formalista” ou "sociologia das formas", esta abordagem tem como foco as interações sociais e as estruturas sociais na vida das pessoas em sociedade, ou seja, prioriza a análise das estruturas abstratas das interações sociais em vez de seus conteúdos específicos. Sua sociologia tem seu principal foco na análise das formas de interação social e na relação existente entre o indivíduo e a sociedade. Simmel busca identificar padrões e estruturas nas diversas interações sociais, de modo independente de qualquer conteúdo específico.

Essa perspectiva, apresentada principalmente em sua obra seminal “Sociologia: Investigações sobre as Formas de Socialização”, 1908, parte da premissa de que a sociedade não é uma entidade substancial ou fixa, mas um processo emergente de relações dinâmicas entre indivíduos.

A sociedade se compõe por uma série de formas sociais, dentre as quais temos: o dinheiro, a moda, a hierarquia. As formas sociais atuam de modo a exercer influência sobre as relações e os comportamentos das pessoas. O trabalho teórico desenvolvido por Simmel na sociologia tem por base dar atenção a pequenos eventos, numa visão microscópica do social, e analisar como tais eventos atuam e exercem impacto no mundo social maior, macroscópico. Simmel argumenta que, para compreender a sociedade, é essencial isolar as "formas" (padrões recorrentes e universais de interação, como o conflito, a troca, a dominação ou o segredo) do "conteúdo", que se refere aos motivos, interesses ou substâncias particulares que impulsionam essas interações em contextos específicos. Essas formas moldam desde conversas casuais até as estruturas de poder em uma cidade.

Para Simmel, compreender a sociedade exige isolar as “formas” – padrões universais de interação, como conflito, troca ou cooperação, dos “conteúdos”, que são os motivos ou interesses particulares de cada contexto. Por exemplo, a forma “troca” pode aparecer em uma negociação comercial ou em uma conversa amigável, mas Simmel analisa sua estrutura, não o que é trocado. Ele enfatizava que as formas sociais, como díades (dois indivíduos, instáveis) ou tríades (três, com potencial para mediação), moldam a vida social em qualquer época ou cultura. Diferentemente de sociólogos como Émile Durkheim, que viam a sociedade como um todo coletivo, Simmel focava no micro: interações cotidianas que constroem o macro, como cidades ou sistemas econômicos.

Viver em Berlim, uma metrópole de contrastes, inspirou Simmel a observar como essas formas refletem a contemporaneidade, equilibrando individualidade e conexão social. Sua abordagem antecipa análises atuais, como as dinâmicas de redes sociais, onde interações rápidas formam redes cada vez mais complexas. A sociologia das formas é, assim, uma ferramenta poderosa para decifrar os padrões que sustentam nossa vida em sociedade, desde uma conversa casual até as estruturas de poder. Para Simmel “A sociedade é apenas a síntese de interações”.

 

3- Sociação

 

Comum aos estudos de Simmel é o uso do termo “sociação” ("Vergesellschaftung" em alemão), significando o mesmo que “associação”, mas sendo preferido a este por parte da literatura sociológica brasileira (para evitar confusão com “socialização” e para manter maior fidelidade ao termo alemão Vergesellschaftung). Esse conceito surge principalmente em sua obra “Sociologia: Investigações sobre as Formas de Socialização”, 1908, onde Simmel argumenta que a sociedade só existe por meio da sociação, sem ela, restaria apenas uma coleção de indivíduos isolados.

Diferentemente do termo "socialização" comum em outros campos de estudo, como a psicologia ou pedagogia, que se refere à internalização de normas culturais por um indivíduo, a sociação de Simmel enfatiza o aspecto relacional e processual da vida social.

Simmel preferia usar o termo Vergesellschaftung em vez de termos estáticos como “sociedade”, visando com isto enfatizar a fluidez e o processo, em oposição a visões substancialistas como a de Durkheim. Ao contrário de Durkheim, que via a sociedade como um todo fixo, Simmel a via como um processo fluido.

Conceito central na sociologia de Georg Simmel, representando o processo dinâmico pelo qual indivíduos interagem e se associam para formar estruturas sociais. Simmel define a sociação como sendo o ato contínuo de "se tornar social", onde as interações humanas criam e sustentam a sociedade, não como uma entidade estática, mas como um fluxo de relações temporárias e mutáveis. Simmel fazia uso deste conceito para designar as múltiplas formas pelas quais os indivíduos interagem e se conectam, formando pela união, grupos e relações sociais de caráter temporário ou duradouro. Essas interações podem gerar tensões, acordos ou cooperação, refletindo a fluidez da vida social.

Este conceito é muito importante, pois nos lembra que uma sociedade é mais do que uma unidade determinada por dado território ou localidade, sendo a sociedade o produto das interações sociais e deste modo algo muito mais fluido, sendo suas fronteiras e limites mais difusos e transitórios.

No cerne da sociação está a ideia de que as relações sociais não são inatas ou permanentes, mas emergem de ações recíprocas entre pessoas. Simmel descreve isso como uma "síntese de múltiplas linhas de interação", onde cada encontro (seja uma conversa casual, uma negociação ou uma aliança) contribui para a formação de grupos e instituições.

Ele distingue a sociação de meras agregações físicas (como uma multidão em uma rua), focando naqueles momentos em que há uma consciência mútua e uma troca intencional. Por exemplo, em uma festa, a sociação ocorre não apenas pela presença física, mas pela troca de olhares, palavras e gestos que criam uma sensação de unidade temporária. Simmel enfatiza que a sociação pode ser efêmera, como em um encontro casual, ou duradoura, como em uma família, mas sempre envolve uma tensão dialética: os indivíduos buscam conexão para satisfazer necessidades sociais, mas preservam sua autonomia para evitar a dissolução completa no coletivo.

Essa visão processual está intimamente ligada à sociologia das formas, onde a sociação atua como o mecanismo subjacente que dá vida às formas sociais. As formas (como dominação, conflito, troca ou sociabilidade) não existem isoladamente; elas são realizadas por meio da sociação, que as torna concretas em interações reais. Simmel ilustra isso ao discutir como o número de participantes afeta a sociação: em uma díade (dois indivíduos), a relação é intensa e dependente, mas frágil, se um se afasta, a sociação colapsa. Já em uma tríade ou grupos maiores, surge complexidade, com possibilidades de mediação, alianças ou exclusão, enriquecendo o processo social. Ele também explora variantes da sociação, como a "sociabilidade pura" (em eventos sociais leves, como um jantar, onde a interação é um fim em si mesma, sem objetivos práticos) e formas mais instrumentais, como em relações de trabalho.

A importância da sociação na teoria de Simmel reside em sua capacidade de explicar a atualidade urbana, onde as interações se tornam mais fragmentadas e impessoais. Vivendo em Berlim, uma cidade na qual predominava o anonimato e a diversidade, Simmel observava como a sociação contemporânea promove individualização: as pessoas se associam de forma seletiva, formando laços fracos em redes amplas, em vez de comunidades tradicionais coesas. Isso leva a uma "tragédia da cultura", onde a sociação cria estruturas que, paradoxalmente, alienam o indivíduo. Por exemplo, em metrópoles, a sociação é acelerada por estímulos constantes, mas resulta em reservas emocionais para preservar a identidade pessoal.

No legado de Simmel, a sociação influenciou teorias posteriores, como o interacionismo simbólico de Erving Goffman, que estuda as "performances" sociais cotidianas, e a análise de redes de Mark Granovetter, com conceitos como "laços fracos" que ecoam a fluidez da sociação. Hoje, o conceito é aplicado a fenômenos digitais: em redes sociais como Instagram ou LinkedIn, a sociação ocorre por meio de curtidas, comentários e conexões virtuais, criando comunidades efêmeras que refletem a visão do autor de relações como processos, não entidades fixas. Um grupo de WhatsApp, por exemplo, onde mensagens criam laços temporários, é um exemplo de sociação efêmera.

Em resumo, a sociação é elemento central da sociologia de Simmel, revelando a sociedade como um tecido vivo de interações. Ela convida a refletir sobre como, em um mundo cada vez mais conectado, mas também isolado, equilibramos a necessidade de associação com a preservação do eu.

 

4- O indivíduo e a sociedade

 

A relação entre o indivíduo e a sociedade é um dos temas centrais no pensamento de Simmel, refletindo sua visão dialética presente na atualidade. Em obras como “Philosophische Kultur”, 1911 e capítulos de “Soziologie”, 1908, Simmel explora a tensão dinâmica entre a autonomia individual e as demandas da vida coletiva, um conflito que ele considera intrínseco à sociedade atual.

Para Simmel, o indivíduo não é apenas moldado pela sociedade, mas também a molda, em um processo recíproco que define tanto a identidade pessoal quanto as estruturas sociais. Essa interação é marcada por uma dualidade: a sociedade oferece liberdade para o indivíduo se expressar, mas também impõe restrições que podem aliená-lo, resultando no que ele chama de "tragédia da cultura".

Simmel argumenta que a modernidade, impulsionada pela urbanização, pelo capitalismo e pela divisão do trabalho, intensifica a individualização. Nas grandes cidades, como a Berlim de sua época, os indivíduos têm mais oportunidades para desenvolver sua singularidade (por meio de escolhas profissionais, estilos de vida ou redes de contatos), mas enfrentam a despersonalização das relações sociais. A sociedade atual cria formas impessoais, como burocracias ou mercados, que priorizam a eficiência e a racionalidade em detrimento das conexões emocionais. Esse processo liberta o indivíduo de laços tradicionais (como os de comunidades rurais), mas o submete a novas formas de controle social, como normas impessoais ou pressões econômicas.

Um conceito chave aqui é a "tragédia da cultura", introduzida em ensaios como "O Conceito e a Tragédia da Cultura", 1911. Simmel observa que a cultura, composta por criações humanas (arte, ciência, instituições), tende a se objetivar, tornando-se independente dos indivíduos que a criaram. Essas formas culturais (como leis ou tecnologias) ganham vida própria e restringem a liberdade individual, criando uma tensão entre o "espírito subjetivo" (a criatividade do indivíduo) e o "espírito objetivo" (as estruturas culturais cristalizadas). Por exemplo, um artista pode criar uma obra única, mas o mercado da arte a transforma em mercadoria, limitando sua expressão original.

Simmel também analisa como a sociedade atual amplifica a individualidade por meio da diferenciação social. Em “Über sociale Differenzierung”, 1890, ele sugere que, em sociedades complexas, os indivíduos ocupam papéis específicos (profissões, hobbies, subculturas), o que os distingue, mas também os conecta a redes sociais mais amplas. No entanto, essa diferenciação pode levar à fragmentação: o indivíduo se torna "múltiplo", participando de vários círculos sociais (trabalho, família, amigos), mas sem pertencer completamente a nenhum, o que gera um senso de isolamento.

Essa dialética tem implicações práticas. Simmel observa que a contemporaneidade permite maior liberdade pessoal, mas a um custo: a sobrecarga de estímulos nas metrópoles e a impessoalidade das relações levam a uma reserva emocional, um mecanismo de proteção. Ele também conecta essa tensão à economia capitalista, onde o indivíduo é livre para buscar interesses próprios, mas está submetido à lógica do mercado, um tema aprofundado em “Philosophie des Geldes”, 1900. Essa fragmentação também leva a estratégias de autoproteção, como o distanciamento emocional, que Simmel explora em sua análise da vida urbana.

O impacto dessa análise é duradouro. Simmel influenciou pensadores como Max Weber, que explorou a racionalização, e Zygmunt Bauman, cuja "modernidade líquida" reflete a fluidez e a fragmentação descritas por Simmel. Hoje, o conceito de indivíduo versus sociedade ressoa em debates sobre identidade nas redes sociais, onde as pessoas buscam autenticidade, mas enfrentam pressões de conformidade, ou em questões de privacidade versus vigilância digital. A visão de Simmel nos convida a perguntar: como equilibrar nossa singularidade com a necessidade de pertencimento em um mundo cada vez mais conectado, mas ao mesmo tempo fragmentado?

Essa tensão entre indivíduo e sociedade se manifesta de forma única na figura do estrangeiro, que Simmel explora como uma forma social ambígua.

 

5- O Estrangeiro e a Alteridade

 

O conceito de "o estrangeiro" (Der Fremde em alemão) é uma das contribuições mais icônicas de Simmel à sociologia, apresentado em um ensaio homônimo no livro “Soziologie: Untersuchungen über die Formen der Vergesellschaftung”, 1908. Esse conceito explora a figura do estrangeiro como uma forma social única, caracterizada por uma posição ambígua: alguém que está simultaneamente dentro e fora de uma comunidade. A alteridade, ou a qualidade de ser "outro", é central a essa análise, pois o estrangeiro encarna a diferença que desafia e enriquece as dinâmicas sociais. Simmel usa essa figura para iluminar questões de identidade, pertencimento e exclusão, temas que ressoam profundamente na contemporaneidade.

Simmel define o estrangeiro não como um transeunte passageiro, mas como alguém que "chega hoje e fica amanhã". Ele não é um estranho total, como um viajante que apenas passa, nem um membro plenamente integrado da comunidade. O estrangeiro é um híbrido: pertence ao grupo por sua presença física e participação social, mas mantém uma distância cultural, emocional ou histórica que o torna diferente. Essa posição dual confere ao estrangeiro duas características principais: proximidade e distância. O estrangeiro está geograficamente próximo (vive na comunidade), mas socialmente distante, pois não compartilha completamente as normas, tradições ou laços emocionais do grupo. Simmel descreve isso como uma "unidade de proximidade e afastamento".

Por não estar preso às convenções locais, o estrangeiro tem uma perspectiva mais objetiva, sendo capaz de enxergar o grupo com clareza crítica. Essa liberdade, porém, vem com o custo do isolamento, pois ele é frequentemente visto com desconfiança ou curiosidade.

Um exemplo clássico de Simmel é o comerciante ou banqueiro em comunidades tradicionais, como os judeus em cidades medievais europeias, que desempenhavam papéis econômicos essenciais, mas permaneciam culturalmente à margem. Essa figura não é apenas histórica; ela se aplica a qualquer um que ocupe uma posição de alteridade, como imigrantes, minorias étnicas ou até intelectuais que desafiam normas estabelecidas.

A alteridade do estrangeiro é mais do que uma característica individual; é uma forma social universal que revela como as sociedades definem suas fronteiras e identidades. O estrangeiro, por sua diferença, expõe as normas implícitas do grupo, funcionando como um espelho que reflete o que o grupo considera "normal". Simmel argumenta que a presença do estrangeiro estimula a autoconsciência coletiva, pois força o grupo a articular sua identidade em oposição ao "outro". Por exemplo, a chegada de um imigrante em uma cidade pode levar os locais a reafirmarem suas tradições ou a questionarem suas práticas.

Essa alteridade também é dinâmica. O estrangeiro não é estático; ele pode negociar sua posição, ganhando aceitação parcial ou permanecendo marginalizado. Simmel nota que a alteridade gera tanto fascínio quanto rejeição: o estrangeiro é visto como exótico, mas também como potencial ameaça. Essa ambivalência é central para entender dinâmicas de inclusão e exclusão.

A análise do estrangeiro é profundamente influenciada pela experiência pessoal de Simmel. Como um intelectual de origem judaica em uma Alemanha marcada pelo antissemitismo, ele próprio ocupava uma posição de marginalidade, mesmo sendo integrado à elite acadêmica de Berlim. Essa vivência de estar "dentro e fora" da sociedade moldou sua sensibilidade para a alteridade, como já mencionado. A Berlim cosmopolita, com sua diversidade de culturas e classes, também serviu como laboratório para observar o estrangeiro em ação, seja em comerciantes, artistas ou recém-chegados.

O estrangeiro é uma forma social na sociologia formalista de Simmel, pois representa um padrão recorrente de interação que transcende contextos específicos. Ele está ligado à sociação, já que o estrangeiro participa do processo de interação social, mas com um papel único que desafia a coesão do grupo. Além disso, o conceito conecta-se à tensão entre indivíduo e sociedade, pois o estrangeiro encarna a luta por autonomia em um contexto que exige conformidade.

Simmel explora como o estrangeiro influencia a dinâmica de grupo. Por sua objetividade, o estrangeiro pode atuar como mediador em conflitos, já que não está emocionalmente ligado a nenhuma facção. Sua perspectiva externa permite introduzir novas ideias ou práticas, embora isso possa gerar resistência. A alteridade do estrangeiro pode reforçar preconceitos, como o antissemitismo ou a xenofobia, que Simmel conhecia bem.

O conceito de estrangeiro é incrivelmente atual, possuindo ampla relevância em contextos, tais como migração, multiculturalismo e grupos menores dentro do social maior. Imigrantes em países ocidentais, que vivem na sociedade, mas enfrentam barreiras culturais ou legais, exemplificam o estrangeiro de Simmel. Em cidades globais, como São Paulo ou Londres, grupos minoritários (étnicos, religiosos) ocupam posições de alteridade, desafiando e enriquecendo a identidade local. Indivíduos que participam de comunidades digitais sem compartilhar sua cultura ou história (ex.: um estrangeiro em um fórum) refletem a dinâmica do estrangeiro. Pessoas que questionam normas estabelecidas, como ativistas, acadêmicos ou intelectuais, podem ser vistas como "estrangeiros" em suas próprias comunidades.

O conceito também influenciou pensadores posteriores. No interacionismo simbólico, Erving Goffman usou ideias similares para analisar marginalidade. Na sociologia urbana, Robert Park, da Escola de Chicago, aplicou o conceito do estrangeiro ao estudar imigrantes em cidades americanas. Mais recentemente, Zygmunt Bauman e estudos pós-coloniais de alteridade (ex.: Edward Said) ecoam a análise de Simmel sobre o "outro" como definidor de identidades coletivas.

 

6- Conflito e cooperação

 

O tema do conflito e cooperação é fundamental na sociologia de Simmel, especialmente em sua obra “Soziologie: Untersuchungen über die Formen der Vergesellschaftung”, 1908, onde ele dedica capítulos específicos, como "O Conflito" (Der Streit), a essa análise. Simmel via o conflito e a cooperação não como opostos irreconciliáveis, mas como formas sociais interdependentes que estruturam e dinamizam a vida em sociedade. Ele adota uma perspectiva dialética, argumentando que o conflito, longe de ser apenas destrutivo, é um processo essencial para a integração social, a formação de identidades e a evolução das relações humanas. A cooperação, por sua vez, complementa o conflito ao promover laços de reciprocidade e solidariedade, criando um equilíbrio dinâmico que sustenta a sociação. Essa visão inovadora desafia abordagens tradicionais que viam o conflito como algo a ser evitado e destaca sua função produtiva na sociedade.

Relações sociais podem ensejar conflitos, já que nelas temos relações de interesse mútuo ou mesmo de subordinação. Mas não necessariamente o conflito é algo ruim e que deva ser combatido, muito pelo contrário. Simmel entende o conflito como algo benéfico, já que este proporciona o desenvolvimento da tomada de consciência individual, evento este que também exerce uma função positiva para a sociedade como um todo, em particular a partir da superação do conflito por meio de acordos entre as partes envolvidas.

Simmel define o conflito como uma forma universal de interação social, presente em todos os níveis, do pessoal (ex.: discussões entre amigos) ao coletivo (ex.: guerras entre nações). Em “Soziologie”, 1908, especialmente no capítulo 'Der Streit', ele argumenta que o conflito não é apenas uma ruptura, mas um processo que fortalece as relações sociais.

O conflito atua promovendo a Integração, ele une grupos ao criar um senso de identidade compartilhada contra um adversário comum. Por exemplo, uma comunidade pode se tornar mais coesa ao enfrentar uma ameaça externa. Também estimula mudanças, pois, conflitos revelam tensões latentes, forçando ajustes nas normas ou estruturas sociais. Um exemplo é uma greve trabalhista que leva a melhores condições de trabalho. Conflitos também reforçam a consciência individual e coletiva. O conflito faz com que indivíduos e grupos reflitam sobre suas posições, valores e objetivos, promovendo autoconhecimento e coesão.

Simmel distingue tipos de conflitos com base em sua intensidade e propósito. Conflitos "puros" (ex.: uma briga por valores pessoais) são movidos por emoções ou princípios, enquanto conflitos "instrumentais" (ex.: disputas comerciais) têm objetivos práticos. Ele também observa que o conflito pode variar em escala, desde desentendimentos interpessoais até rivalidades institucionais, mas todos compartilham a característica de gerar interação ativa, em oposição à indiferença.

A cooperação, para Simmel, é outra forma social essencial, caracterizada pela colaboração mútua para alcançar objetivos comuns. Ela pode ser espontânea, como em amizades, ou estruturada, como em organizações. Simmel enfatiza que a cooperação não elimina o conflito, mas frequentemente surge dele ou coexiste com ele. O conflito pode gerar cooperação, como no caso de após uma disputa, as partes chegarem a acordos que fortalecem laços, como em negociações sindicais que resultam em contratos. Mas mesmo em uma atitude de cooperação entre as partes, esta contém conflitos. Em grupos colaborativos, há tensões latentes, como rivalidades internas em uma equipe de trabalho que coopera para um projeto.

Simmel explora a cooperação em contextos como alianças, associações voluntárias ou instituições, destacando que ela depende de reciprocidade e confiança. No entanto, ele alerta que a cooperação pode ser frágil, especialmente em sociedades atuais, onde interesses individuais e a racionalidade do mercado podem enfraquecê-la.

A genialidade de Simmel pode ser observada em sua visão dialética: conflito e cooperação são interdependentes e mutuamente constitutivos. Ele rejeita a ideia de que a sociedade ideal é livre de conflitos, propondo que ambos os processos são necessários para a sociação. Em uma díade (dois indivíduos), o conflito pode ser devastador, pois não há terceiros para mediar, mas a cooperação é intensa devido à dependência mútua. Em uma tríade ou grupos maiores, o conflito pode ser mediado por terceiros, levando a formas mais complexas de cooperação, como coalizões. Essa dialética reflete a experiência urbana de Simmel em Berlim, onde tensões (ex.: entre classes sociais) coexistiam com formas de colaboração (ex.: mercados, associações culturais). Ele via a sociedade contemporânea como um espaço onde conflito e cooperação se intensificam devido à diversidade e à impessoalidade das interações.

A análise de Simmel é influenciada por sua vivência em uma Berlim marcada por desigualdades sociais e antissemitismo, onde ele próprio experimentou conflitos de inclusão/exclusão. Sua perspectiva dialética também reflete influências de Hegel, que via contradições como motor de desenvolvimento, e de sua observação das dinâmicas urbanas, onde conflitos (ex.: entre trabalhadores e patrões) e cooperação (ex.: em salões culturais) coexistiam.

O conceito de conflito e cooperação de Simmel teve um impacto duradouro. Influenciou Lewis Coser, que desenvolveu a ideia de que conflitos podem ser funcionais, promovendo mudanças sociais. Coser, em “The Functions of Social Conflict”, 1956, cita Simmel diretamente, aplicando suas ideias a movimentos sociais. Erving Goffman usou a visão de Simmel sobre interações para analisar como conflitos e cooperação moldam performances sociais. A análise de Simmel sobre coalizões e mediação em tríades inspirou estudos sobre dinâmicas de grupo em empresas e instituições.

Aplicações Contemporâneas: Hoje, o conceito é aplicado a conflitos sociais, redes sociais, negociações internacionais e outros campos mais. Protestos por direitos civis ou greves mostram como o conflito pode levar a acordos cooperativos. Discussões online (ex.: em fóruns ou no X) exemplificam conflitos que geram comunidades temporárias ou cooperação em projetos coletivos. Acordos globais (ex.: tratados climáticos) surgem de conflitos entre nações, refletindo a dialética de Simmel.

 

7- Relações de Comando (Dominação) e Subordinação (Submissão)

 

As relações de comando e subordinação, ou dominação (Herrschaft) e submissão, são formas sociais centrais na sociologia de Simmel, exploradas em profundidade no capítulo "Dominação" de sua obra “Soziologie: Untersuchungen über die Formen der Vergesellschaftung”, 1908. Simmel analisa essas relações como padrões universais de interação social, onde um indivíduo ou grupo exerce poder (comando) sobre outro, que aceita ou resiste (subordinação). Diferentemente de visões que tratam a dominação como mera coerção, Simmel a enxerga como uma forma dinâmica de sociação, que envolve reciprocidade e interdependência entre dominadores e subordinados. Essa perspectiva dialética destaca que comando e subordinação não são apenas opressivos, mas também estruturantes, moldando hierarquias, instituições e até a identidade individual.

Para Simmel, a dominação é uma forma social que estrutura relações por meio da imposição de vontade de uma parte sobre outra. No entanto, ele enfatiza que a dominação não é unilateral: o subordinado, ao aceitar (mesmo relutantemente) a autoridade, participa ativamente da relação. A subordinação, portanto, não é mera passividade, mas uma escolha ou condição que sustenta a interação. Simmel distingue três tipos principais de dominação: por um indivíduo, por um grupo e por uma ideia ou princípio.

Dominação por um indivíduo: Como em um líder carismático ou chefe de família, onde a autoridade depende da personalidade ou posição.

Dominação por um grupo: Como em instituições (ex.: Estado, empresas), onde a autoridade é impessoal e estrutural.

Dominação por uma ideia ou princípio: Como em sistemas religiosos ou ideológicos, onde indivíduos se subordinam a valores abstratos (ex.: fé, patriotismo).

A subordinação, por sua vez, pode variar de voluntária (ex.: seguir um líder admirado) a forçada (ex.: obedecer sob coerção). Simmel destaca que, mesmo na coerção, há um elemento de consentimento, pois o subordinado escolhe obedecer para evitar consequências piores.

Simmel entendia a relação de comando e subordinação como intrinsecamente dialética. O dominador depende do subordinado para que sua autoridade seja reconhecida (sem obediência, o comando não existe). Por exemplo, em uma relação patrão-empregado, o patrão exerce poder ao dar ordens, mas depende da cooperação do empregado para alcançar resultados. Essa interdependência cria uma tensão que pode levar tanto à estabilidade (quando há consentimento mútuo) quanto ao conflito (quando a subordinação é contestada).

Ele também explora como o número de participantes afeta essas relações. Em uma díade, a dominação é direta e intensa (ex.: um mestre e seu aprendiz), mas instável, pois a saída do subordinado dissolve a relação. Em tríades ou grupos maiores, a dominação pode ser mediada (ex.: um chefe delega a um gerente), criando hierarquias complexas. Simmel nota que a introdução de um terceiro elemento, como um mediador ou árbitro, pode estabilizar ou desafiar a dominação, como em negociações políticas.

A análise de Simmel é profundamente influenciada pela contemporaneidade urbana e capitalista, observada em Berlim. Ele via as relações de comando e subordinação intensificadas em instituições contemporâneas, como burocracias, fábricas ou mercados, onde a dominação se torna impessoal e racionalizada. Por exemplo, a economia monetária transforma relações pessoais em contratos formais, onde empregados se subordinam a regras abstratas, não a indivíduos. Essa impessoalidade, porém, não elimina a tensão: subordinados podem resistir (ex.: greves) ou negociar sua posição, refletindo a dialética simmeliana.

Simmel também conecta essas relações à individualização. A sociedade contemporânea oferece liberdade para o indivíduo, mas o submete a novas formas de dominação, como as do mercado ou do Estado. O estrangeiro pode desempenhar papéis específicos nessas dinâmicas, como mediador ou subordinado marginalizado, devido à sua posição de alteridade.

A abordagem de Simmel às relações de comando e subordinação é inovadora por destacar a reciprocidade e a funcionalidade dessas dinâmicas, em vez de focar apenas na opressão. Ele mostra como hierarquias estruturam a sociedade, desde famílias até nações, e como a subordinação pode ser uma escolha estratégica, não apenas uma imposição. Essa visão antecipa análises mais atuais de poder, como as presentes na sociologia do poder, na teoria organizacional e nos movimentos sociais.

Sociologia do Poder: Max Weber, influenciado por Simmel, desenvolveu conceitos de autoridade (tradicional, carismática, racional-legal) que ecoam a análise de Simmel.

Teoria Organizacional: Estudos sobre liderança e hierarquias em empresas usam a ideia de interdependência entre chefes e subordinados.

Movimentos Sociais: A resistência à dominação (ex.: feminismo, movimentos trabalhistas) reflete a tensão que Simmel descreve entre comando e subordinação.

Hoje, as ideias de Simmel sobre comando e subordinação são aplicáveis a diversos campos de estudo, tais como o ambiente de trabalho, a política, a tecnologia, a vigilância constante, as redes sociais.

Ambiente de Trabalho: Hierarquias corporativas, onde chefes dependem da colaboração de subordinados, mas enfrentam resistências (ex.: negociações sindicais).

Política: Relações entre governos e cidadãos, onde a obediência às leis coexiste com protestos ou desobediência civil.

Tecnologia e Vigilância: Plataformas digitais exercem formas de dominação impessoal (ex.: algoritmos que controlam comportamento online), enquanto usuários negociam sua subordinação (ex.: ajustando configurações de privacidade).

Redes Sociais: Influenciadores exercem comando sobre seguidores, que, por sua vez, podem resistir ou reforçar essa influência com engajamento.

 

8- A filosofia do dinheiro

 

Publicada em 1900, antes de sua obra Sociologia (1908), A Filosofia do Dinheiro reflete a experiência de Simmel em uma Berlim capitalista, analisando sua influência na sociedade contemporânea. “Philosophie des Geldes”, 1900, traduzido como “A Filosofia do Dinheiro”, é uma de suas obras mais influentes e ambiciosas, oferecendo uma análise profunda do dinheiro como uma força social, cultural e psicológica na contemporaneidade. Ao contrário de abordagens econômicas tradicionais, que tratam o dinheiro como um mero meio de troca, Simmel o examina como uma forma social que molda as relações humanas, a individualidade e a estrutura da sociedade. Publicado no auge da urbanização e do capitalismo na Europa, o livro reflete a experiência de Simmel em Berlim, uma metrópole onde o dinheiro dominava as interações. Ele explora como o dinheiro, como símbolo abstrato, transforma a vida social, promovendo liberdade individual, mas também alienação e despersonalização, temas que conectam-se à sua sociologia das formas, sociação e à tensão entre indivíduo e sociedade.

Simmel vê o dinheiro como uma forma social universal, uma estrutura abstrata que organiza interações. Ele não se interessa apenas pela função econômica do dinheiro (meio de troca, unidade de valor), mas por seu papel em estruturar relações sociais. O dinheiro é um mediador que facilita as trocas, abstrai o valor e amplifica a racionalidade.

Facilita a troca: Permite trocas impessoais, conectando pessoas sem laços emocionais, como em transações comerciais.

Abstrai valores: Transforma qualidades (ex.: beleza de uma obra de arte) em quantidades mensuráveis, reduzindo a experiência a números.

Amplifica a racionalidade: Promove um cálculo frio, onde tudo (bens, serviços, até relações humanas) pode ser avaliado em termos monetários.

Em “A Filosofia do Dinheiro”, Simmel argumenta que o dinheiro é o símbolo máximo da época contemporânea, pois sua abstração permite uma liberdade sem precedentes: indivíduos podem buscar seus desejos sem depender de laços pessoais. No entanto, essa liberdade tem um custo: o dinheiro despersonaliza as relações, reduzindo interações a transações impessoais.

Esta situação nos proporciona diversos impactos do dinheiro na sociedade e Simmel identifica vários efeitos do dinheiro na vida social, tais como:

Individualização e Liberdade: O dinheiro liberta os indivíduos de estruturas tradicionais (ex.: feudalismo, onde laços pessoais definiam obrigações). Um trabalhador pode escolher seu empregador, e um consumidor, seus bens, promovendo a autonomia.

Despersonalização e Alienação: A economia monetária substitui relações baseadas em confiança ou emoção por contratos formais, criando uma "reserva emocional. Por exemplo, um cliente em um mercado não precisa conhecer o vendedor, apenas pagar.

Tragédia da Cultura: O dinheiro contribui à tragédia da cultura, pois transforma criações humanas (arte, ideias) em mercadorias. Um quadro, por exemplo, perde seu valor intrínseco ao ser reduzido a um determinado preço.

Intensificação da Vida Urbana: Em metrópoles como Berlim, o dinheiro acelera a sociação, promovendo interações rápidas e impessoais, mas também levando à sobrecarga de estímulos que gera a atitude blasé.

Simmel também analisa como o dinheiro afeta a percepção do tempo e do espaço. Ele cria um "presente contínuo", onde tudo está imediatamente disponível por um preço, e reduz distâncias, conectando pessoas globalmente por meio de mercados. Contudo, essa universalidade do dinheiro homogeniza valores culturais, apagando particularidades.

O dinheiro também se mostra presente nas relações de poder. O dinheiro está intimamente ligado às relações de comando e subordinação. Ele permite formas impessoais de dominação, como em contratos de trabalho, onde o empregador exerce poder por meio do salário, não de laços pessoais. Simmel observa que o dinheiro dá poder ao indivíduo (ex.: comprar bens ou serviços), mas também o subordina às estruturas do mercado, onde preços ditam escolhas.

A análise de Simmel é moldada por sua vivência em Berlim, onde o capitalismo florescia, e por influências filosóficas, como Kant (a mente estrutura a realidade) e Marx (alienação no capitalismo), embora Simmel não adote uma perspectiva revolucionária. Sua posição de marginalidade como intelectual de origem judaica também o sensibilizou para a impessoalidade das relações contemporâneas, refletida na economia monetária.

A Filosofia do Dinheiro antecipou análises modernas sobre o capitalismo e a cultura. Influenciou Max Weber, cuja teoria da racionalização ecoa a visão de Simmel sobre o dinheiro como força racionalizadora. Walter Benjamin e a Escola de Frankfurt usaram as ideias de Simmel para analisar a mercantilização da cultura. A despersonalização descrita por Simmel ressoa em estudos sobre alienação e consumismo.

Seu estudo sobre o dinheiro encontra aplicações em estudos atuais sobre economia digital, redes sociais e globalização ou mundialização.

Economia Digital: Plataformas como Amazon ou Uber exemplificam a impessoalidade do dinheiro, onde transações são mediadas por algoritmos.

Redes Sociais: A monetização de conteúdo (ex.: influenciadores) reflete a transformação de relações em valores monetários.

Globalização: O dinheiro conecta economias globais, mas homogeneíza culturas, como Simmel previu.

 

9- A atitude Blasé e atitude de reserva na vida urbana

 

Também outros dois conceitos se mostram importantes dentro do estudo da obra de Simmel, que é a “atitude Blasé” e a “atitude de reserva”. A diferença entre a "atitude de reserva" e a "atitude blasé" no pensamento de Georg Simmel está relacionada aos conceitos que ele desenvolveu para descrever as respostas psicológicas e sociais dos indivíduos à vida nas grandes cidades, conforme apresentados em seu ensaio “Die Großstädte und das Geistesleben”, 1903, traduzido como “As Grandes Cidades e a Vida do Espírito”. Embora os dois conceitos estejam interligados e sejam respostas à intensidade da vida urbana moderna, eles têm significados distintos e complementares.

A "atitude blasé" (termo francês adotado por Simmel, grafado como blasé em seus textos originais) é uma indiferença emocional mais profunda, caracterizada por uma perda de sensibilidade e entusiasmo diante dos estímulos constantes da vida urbana. É uma postura de apatia ou saciedade, onde o indivíduo se torna insensível às diferenças e novidades, tratando todos os estímulos como equivalentes devido à sobrecarga sensorial.

A atitude blasé surge como uma defesa psicológica contra a intensificação nervosa da vida nas metrópoles, onde o ritmo acelerado, a diversidade de pessoas e a multiplicidade de estímulos (visuais, sonoros, sociais) sobrecarregam a psique. Para Simmel, essa indiferença é uma forma de proteger a mente de um colapso emocional, mas tem um custo: a redução da capacidade de sentir, se surpreender ou se conectar profundamente.

Exemplo: Uma pessoa que vive em uma grande cidade e não se impressiona mais com eventos, propagandas ou interações, tratando tudo com uma indiferença fria, como se nada fosse novo ou significativo, exibe a atitude blasé. Por exemplo, um morador de São Paulo ou Nova York, que ignora completamente um artista de rua ou uma vitrine chamativa.

A atitude blasé é um mecanismo de adaptação que permite ao indivíduo lidar com a hiperestimulação urbana, mas resulta em uma desvalorização das experiências. Diferentemente da reserva, que é um distanciamento ativo e estratégico, o blasé é mais passivo, quase uma exaustão emocional. A atitude blasé está ligada à racionalização e à economia monetária, que reduzem as relações humanas a cálculos quantitativos. Ela reflete a perda de profundidade nas interações, típica de um mundo onde tudo é avaliado pelo seu valor de troca.

A "atitude de reserva" (Reserviertheit em alemão) refere-se a uma postura de distanciamento emocional e social que os indivíduos adotam nas metrópoles para proteger sua privacidade e identidade diante da sobrecarga de interações e estímulos. É uma forma de autoproteção psicológica, onde a pessoa mantém uma barreira emocional para evitar se envolver profundamente com a multiplicidade de contatos impessoais típicos da vida urbana.

Nas grandes cidades, como a Berlim de Simmel, os indivíduos estão constantemente expostos a estranhos, interações rápidas e relações superficiais (ex.: no transporte público, mercados ou ruas movimentadas). Para lidar com essa diversidade e anonimato, a pessoa adota uma atitude reservada, limitando a abertura emocional e mantendo uma distância calculada. Essa reserva não é necessariamente apatia, mas uma escolha consciente para preservar a individualidade em um ambiente onde conexões profundas são difíceis.

Exemplo: Um morador de uma metrópole que evita contato visual no metrô ou responde de forma educada, mas fria, a um vendedor ambulante está exibindo a atitude de reserva. Ele se protege do excesso de demandas sociais, mantendo sua esfera pessoal intacta.

A atitude de reserva permite ao indivíduo navegar a complexidade urbana sem ser sobrecarregado emocionalmente. Ela reflete a tensão entre a necessidade de interação social (sociação) e a preservação da autonomia individual. É uma resposta à impessoalidade das relações urbanas e à racionalização da vida moderna, onde interações são frequentemente instrumentais (ex.: transações econômicas). Simmel conecta isso à economia do dinheiro, mas aqui a reserva é mais sobre o distanciamento emocional do que sobre apatia.

A diferença principal é que a atitude de reserva é um distanciamento ativo, uma escolha consciente de limitar o envolvimento emocional para proteger a privacidade e a individualidade. O indivíduo ainda é sensível, mas seleciona como e quando se engajar. Já a atitude blasé é uma indiferença passiva, uma insensibilidade emocional que surge como reação à sobrecarga de estímulos. O indivíduo perde a capacidade de diferenciar ou valorizar experiências, tratando-as com apatia.

A atitude de reserva envolve controle emocional, onde o indivíduo mantém uma barreira para evitar conexões desnecessárias, mas ainda pode sentir ou se engajar em contextos escolhidos (ex.: com amigos ou família). Já a atitude blasé representa uma redução da capacidade de sentir, onde o indivíduo se torna indiferente a estímulos, mesmo os potencialmente significativos, devido à saturação emocional.

A atitude reserva tem como objetivo preservar a autonomia e a identidade individual em um ambiente de interações impessoais, mantendo um equilíbrio entre conexão e isolamento. Já a atitude blasé tem como objetivo proteger a psique da sobrecarga sensorial, mas ao custo de uma perda de sensibilidade e engajamento com o mundo.

A atitude de reserva está mais associada às interações sociais diretas, onde o indivíduo decide manter uma distância calculada (ex.: evitar conversa com estranhos). Já a atitude blasé está ligada à experiência sensorial e emocional mais ampla, como a reação a propagandas, eventos ou novidades urbanas que não despertam mais interesse. A atitude de reserva reflete a tensão entre autonomia individual e demandas coletivas, já a atitude blasé se apresenta como resposta à vida urbana.

Embora distintos, os dois conceitos são complementares e frequentemente coexistem na vida urbana. A atitude de reserva pode ser vista como um precursor do blasé: o indivíduo começa adotando uma postura reservada para lidar com o anonimato e as interações impessoais, mas, com a exposição prolongada à hiperestimulação urbana, essa reserva pode evoluir para a indiferença blasé. Por exemplo, um novo morador de uma metrópole pode inicialmente manter uma atitude reservada ao evitar interações desnecessárias; com o tempo, a constante exposição a estímulos pode levar à apatia blasé, onde ele deixa de se importar com o ambiente ao seu redor.

Simmel conecta ambos os conceitos ao contexto urbano das grandes cidades e à economia do dinheiro. A reserva reflete a racionalidade calculadora que o dinheiro promove (ex.: tratar interações como transações), enquanto o blasé é um subproduto dessa racionalidade, onde a valorização quantitativa (tudo tem um preço) reduz a capacidade de diferenciar qualitativamente as experiências. É importante notar que a reserva é mais ativa e estratégica, enquanto o blasé é mais passivo e emocionalmente exaustivo.

Exemplo: Imagine que você está em um ônibus lotado. Você evita conversar com o passageiro ao lado, isso é a reserva, protegendo sua privacidade. Mas, se você passa a ignorar completamente o que acontece ao seu redor, como anúncios ou eventos, porque nada mais te surpreende, isso é o blasé. Ou pense em redes sociais: evitar mensagens de estranhos é reserva; ignorar notificações constantes por apatia é blasé. Diferentemente da reserva, que é um distanciamento calculado, a atitude blasé reflete uma apatia emocional mais profunda. A reserva é ativa, preservando a individualidade; o blasé é passivo, refletindo exaustão emocional.

Influenciado por sua vivência em Berlim e por pensadores como Kant, Simmel via a cidade como um laboratório para entender as emoções modernas. A atitude blasé e a reserva influenciaram a sociologia urbana, como na Escola de Chicago, que estudou a alienação nas cidades.

Hoje, vemos a reserva em quem limita interações em redes sociais para proteger a privacidade e o blasé na apatia diante de notificações ou propagandas digitais. Essas atitudes mostram como a cidade molda nossas emoções, desafiando-nos a equilibrar conexão e isolamento.

 

10- Filosofia da moda

 

A Filosofia da Moda, explorada por Simmel em seu ensaio “Die Mode”, 1904, analisa a moda como uma forma social que reflete a tensão entre individualidade e conformidade. Em sua sociologia, Simmel vê a moda como um fenômeno dinâmico, onde indivíduos buscam se destacar por meio de estilos únicos, mas também se conformam a tendências coletivas para pertencer à sociedade. Essa dialética é central na modernidade urbana, como a Berlim de sua época, onde a moda expressa tanto a liberdade pessoal quanto as pressões sociais.

Simmel define a moda como uma forma social universal, estruturando interações por meio de dois impulsos opostos: diferenciação e imitação.

Diferenciação: A moda permite expressar singularidade, como escolher uma roupa excêntrica para se destacar. Imitação: Seguir tendências conecta o indivíduo a um grupo, reforçando laços sociais. Por exemplo, usar um acessório moderno é um ato de distinção, mas só faz sentido se reconhecido como "na moda" por outros. A moda, assim, equilibra ser único e pertencer a um determinado grupo.

A moda é efêmera, vivendo de ciclos rápidos de renovação. Quando uma tendência se populariza, perde seu caráter distintivo, levando elites a criar novos estilos. Esse ritmo reflete a contemporaneidade, com sua busca por novidade e estímulos constantes, observada em metrópoles como Berlim.

A moda está ligada a hierarquias e ao capitalismo, manifestando-se em: classes sociais, economia e identidade.

Classe Social: Elites criam tendências para se distinguir; as massas imitam, perpetuando ciclos de diferenciação.

Economia: O dinheiro transforma a moda em mercadoria, acelerando sua obsolescência.

Identidade: A moda expressa papéis sociais, como gênero ou subculturas.

Simmel, influenciado por sua vivência em Berlim, viu a moda como um espelho contemporâneo. Suas ideias inspiraram Bourdieu (capital cultural) e estudos sobre consumo. Hoje, a moda reflete-se em redes sociais (ex.: TikTok) e na fast fashion, onde tendências nascem e morrem rapidamente.

A filosofia da moda de Simmel revela como equilibramos ser únicos e pertencer. Em um mundo de microtendências, suas ideias nos convidam a perguntar: como a moda molda sua identidade?

 

11- Palavras finais

 

Estudar Simmel é compreender não apenas a sociedade de sua época, mas também os dilemas da vida contemporânea que ainda hoje nos desafiam. De sua análise da vida urbana à moda, Simmel nos ensina que a sociedade é um tecido vivo de interações. Suas ideias continuam a inspirar, convidando-nos a refletir: como equilibramos individualidade e pertencimento em um mundo cada vez mais conectado?

 

12- Algumas de suas principais obras

 

1- Über sociale Differenzierung. Título traduzido: Sobre a Diferenciação Social. Data da primeira publicação: 1890.

Esta obra inicial de Simmel explora como a diferenciação social surge nas sociedades modernas, analisando a relação entre indivíduo e sociedade. Ele examina como a divisão do trabalho e a complexidade social moldam papéis e interações, introduzindo conceitos como a individualização e a interação social, que se tornariam centrais em sua sociologia.

2- Philosophie des Geldes. Título traduzido: Filosofia do Dinheiro. Data da primeira publicação: 1900

Um dos trabalhos mais influentes de Simmel, esta obra analisa o dinheiro como um fenômeno social e cultural, não apenas econômico. Ele discute como o dinheiro transforma as relações humanas, promovendo abstração, racionalização e individualização, além de explorar seus efeitos na cultura moderna, como a objetificação das relações e a fragmentação da vida social.

3- Die Großstädte und das Geistesleben. Título traduzido: As Grandes Cidades e a Vida do Espírito. Data da primeira publicação: 1903.

Neste ensaio seminal, Simmel analisa a vida urbana e seus impactos na psique individual. Ele introduz o conceito de "atitude blasé", uma postura de indiferença emocional desenvolvida como resposta à sobrecarga de estímulos nas metrópoles, além de discutir a intensificação da individualidade e a despersonalização das interações sociais.

4- Soziologie: Untersuchungen über die Formen der Vergesellschaftung. Título traduzido: Sociologia: Investigações sobre as Formas de Socialização. Data da primeira publicação: 1908.

Esta é a obra sociológica mais abrangente de Simmel, onde ele desenvolve sua abordagem formalista, focando nas "formas" de interação social (como conflito, troca, dominação) em vez de conteúdos específicos. O livro explora temas como a sociabilidade, o segredo, o estranho (der Fremde) e a dinâmica de grupos, oferecendo uma análise estrutural das relações sociais.

5- Hauptprobleme der Philosophie. Título traduzido: Problemas Fundamentais da Filosofia. Data da primeira publicação: 1910.

Nesta obra, Simmel aborda questões centrais da filosofia, como a relação entre subjetividade e objetividade, a natureza do conhecimento e a experiência humana. Ele combina sua perspectiva sociológica com reflexões filosóficas, discutindo como os indivíduos constroem significado em um mundo cada vez mais complexo e fragmentado.

6- Philosophische Kultur. Título traduzido: Cultura Filosófica. Data da primeira publicação: 1911.

Este livro reúne ensaios que exploram a interseção entre filosofia, cultura e sociedade. Simmel analisa fenômenos culturais modernos, como a moda, a arte e a moralidade, examinando como eles refletem tensões entre individualidade e coletividade, bem como a influência da modernidade na experiência cultural.

7- Goethe. Título traduzido: Goethe. Data da primeira publicação: 1913.

Nesta obra, Simmel oferece uma análise filosófica e cultural da vida e obra de Johann Wolfgang von Goethe, enfocando sua genialidade como expressão de uma síntese entre individualidade e universalidade. Ele explora como Goethe representa um ideal de harmonia cultural em um mundo fragmentado.

8- Der Krieg und die geistigen Entscheidungen. Título traduzido: A Guerra e as Decisões Espirituais. Data da primeira publicação: 1917.

Escrito durante a Primeira Guerra Mundial, este conjunto de ensaios reflete sobre o impacto do conflito na cultura, na sociedade e no espírito humano. Simmel discute como a guerra intensifica certas dinâmicas sociais, como o nacionalismo, e examina suas implicações para a vida intelectual e moral.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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