Por: Silvério da Costa Oliveira.
Superman (2025)
1. Introdução ao Tema: O Que é nossa humanidade?
O que define a humanidade? É a carne e os ossos, ou são as escolhas que fazemos e os valores que abraçamos? Superman (2025), dirigido por James Gunn, não é apenas um filme de super-heróis: é uma reflexão profunda sobre a essência humana, a esperança e a liberdade de escolha. Aqui e no nosso canal no YouTube, DrSilverio, exploramos como esse filme resgata o otimismo americano, os valores cristãos e a rejeição de narrativas de vitimização, tão comuns em pautas de esquerda.
Superman, um kryptoniano, nos ensina que a humanidade transcende a biologia, ecoando debates sobre seres não humanos, como replicantes (Blade Runner e Blade Runner 2049), androides (Comandante Data, em Star Trek) e até inteligências artificiais (IA). O filme explora a tensão entre a herança biológica de Kal-El (um kryptoniano destinado por seus pais biológicos a ser conquistador) e sua criação em Smallville, com valores cristãos protestantes e tradicionais da América rural. A mensagem é clara: você não é definido por sua origem, mas por suas escolhas e ações. Essa ideia, enraizada no Empirismo de Locke, no Pragmatismo e no Utilitarismo, desafia narrativas contemporâneas de vitimização. Como você define sua humanidade? E como a esperança molda suas escolhas? Vamos mergulhar nessa jornada filosófica!
2. Resumo do Filme Superman (2025)
Superman (2025) apresenta Clark Kent (David Corenswet), um kryptoniano criado pelos fazendeiros Jonathan e Martha Kent em Smallville. Enviado à Terra ainda bebê, Clark descobre que seus pais biológicos, Jor-El e Lara, esperavam que ele fosse um conquistador, recriando Krypton por meio de procriação e dominação. Rejeitando esse destino, Clark abraça os valores cristãos dos Kents — verdade, justiça, auto-sacrifício — e se torna Superman, um herói que protege a humanidade. Em Metrópolis, ele enfrenta Lex Luthor (Nicholas Hoult), um gênio manipulador que tenta difamá-lo, e Ultraman, um clone kryptoniano criado por Lex, que encarna o determinismo de Krypton. Ajudado por Krypto, seu cão superpoderoso, Clark escolhe salvar a Terra, mesmo sob risco. O filme, inspirado em All-Star Superman e Superman for All Seasons, celebra a esperança e a liberdade, rejeitando narrativas de vitimização, tão presentes na esquerda política.
O filme, com 2 horas e 5 minutos (anteriormente intitulado Superman: Legacy), que está dando início ao novo Universo DC (DCU) sob o comando de James Gunn! Dirigido e escrito por Gunn, o longa traz David Corenswet como Clark Kent/Superman, Rachel Brosnahan como Lois Lane e Nicholas Hoult como Lex Luthor. Foi lançado nos cinemas brasileiros em 10 de julho de 2025 e nos EUA em 11 de julho, marcando o começo do Capítulo 1: Deuses e Monstros do DCU.
O filme não é uma história de origem, mas foca em um Superman jovem, já estabelecido como repórter do Planeta Diário, tentando equilibrar sua herança kryptoniana com sua humanidade. A trama mostra Clark enfrentando desafios épicos, como uma derrota inédita contra o misterioso "Martelo de Borávia" e conflitos orquestrados por Lex Luthor, que manipula um incidente internacional para minar a confiança do público no herói. O filme mistura ação, humor e emoção, com um tom leve e colorido que resgata a essência dos quadrinhos, deixando para trás a abordagem mais sombria de filmes anteriores da DC. Além disso, traz outros heróis como Lanterna Verde (Guy Gardner, interpretado por Nathan Fillion), Mulher-Gavião (Isabela Merced), Senhor Incrível (Edi Gathegi) e Metamorfo (Anthony Carrigan), além do adorável Krypto, o Supercão, que rouba a cena em vários momentos.
Interessante o conceito trazido no filme dos óculos hipnóticos. Os óculos hipnóticos de Clark Kent/Superman, usados para disfarçar sua identidade, são uma criação recente no universo dos quadrinhos, introduzida na era New 52 da DC Comics (2011). Especificamente, a ideia apareceu em Superman #1 (2011), escrito por George Pérez. Nesse contexto, os óculos, projetados com tecnologia kryptoniana, emitem um campo hipnótico que faz as pessoas perceberem Clark como uma figura mais comum e menos imponente, com traços faciais ligeiramente alterados, reforçando a diferença entre Clark e Superman. Antes disso, os óculos eram apenas um acessório físico, com Clark contando com sua postura desajeitada e roupas largas para manter o disfarce.
3. Resumo da História Original de Superman nos Anos 1930 e Seus Criadores
Superman nasceu em 1938, em Action Comics #1, criado por Jerry Siegel e Joe Shuster, filhos de imigrantes judeus nos EUA. Na história original, Kal-El, um bebê kryptoniano, é adotado pelos Kents, um casal de fazendeiros protestantes de Smallville, que o criam como Clark Kent. Longe de ser um símbolo de luta identitária, Superman se torna um herói americano, defendendo “verdade, justiça e o jeito americano”. Seus criadores refletiram o ideal de assimilação da América dos anos 1930, onde imigrantes adotavam valores comuns, como trabalho, família e fé cristã. Essa essência, centrada em mérito individual e valores universais, é resgatada em Superman (2025), conectando o filme às raízes do personagem.
4. Desempenho nas Bilheterias e Críticas
Superman (2025) foi (julho/2025) um sucesso comercial, alcançando números expressivos nas bilheterias globais e 83% de aprovação no Rotten Tomatoes. Críticas elogiam seu “otimismo americano” (Nerd Zoom) e a mensagem de esperança em um mundo polarizado, com crises migratórias e divisões nas redes sociais (Glamurama). A fidelidade aos quadrinhos, com valores cristãos e foco na humanidade de Clark, também é destacada (SupermanFan_25 no X). No entanto, vozes de esquerda, como DCU_Diversity no X, criticam a falta de diversidade ou representatividade, interpretando Superman como um símbolo de imigração negligenciado. Essa leitura é equivocada: Superman, desde 1938, não é um imigrante em busca de aceitação, mas um herói integrado à cultura americana, criado pelos Kents para priorizar mérito e responsabilidade. A América dos anos 1930 valorizava a assimilação, não a vitimização identitária, e o filme mantém essa fidelidade, rejeitando pautas woke que distorcem a essência do personagem.
5. Ausência de Bandeiras da Esquerda Política
Um dos encantos de Superman (2025) é a ausência de bandeiras da esquerda política, como politicamente correto, cultura woke ou lacração. Diferente de outros filmes de super-heróis, como Eternos (2021), que inserem narrativas de diversidade forçada, o filme de James Gunn evita personagens abertamente LGBTQIA+ ou mensagens de vitimização. Lex Luthor, ao manipular a opinião pública, reflete a polarização cultural moderna, como divisões nas redes sociais, mas o filme não cede a essas narrativas. O filme foca em temas universais (identidade, heroísmo, confiança) sem se alinhar a bandeiras de esquerda. Não há "lacração" ou politicamente correto forçado, como evitar temas sensíveis ou inserir mensagens sociais explícitas. Em vez disso, foca em valores universais — verdade, justiça, esperança — que unem, não dividem. Essa escolha resgata a essência de Superman como um herói para todos, sem agendas ideológicas, alinhando-se aos valores conservadores de mérito individual e responsabilidade.
A condição de Superman como imigrante é parte de sua origem desde 1938 e não é usada para promover pautas pró-imigração contemporâneas. O filme foca em sua jornada pessoal, não em políticas públicas. As críticas que associam o tema do imigrante a uma bandeira de esquerda parecem ser projeções de uma minoria, já que o filme não explora esse aspecto de forma política. O elenco diverso reflete os quadrinhos (ex.: Senhor Incrível, Mulher-Gavião) ou faz mudanças sutis (Perry White) sem forçar mensagens de inclusão ou "lacração". Não há discursos sobre feminismo, racismo, ambientalismo ou outras causas associadas à "cultura woke". Em Superman (2025), também não há personagens explicitamente identificados como LGBTQIA+. Não há menções a parceiros do mesmo sexo, bandeiras de arco-íris ou discursos sobre aceitação, que são comuns em produções acusadas de "lacração".
Ao priorizar a essência de Superman (verdade, justiça, esperança), Gunn resgata o tom clássico dos quadrinhos, que não incluía pautas comuns a esquerda política na era de ouro ou prata. Isso pode ser visto como uma rejeição ao revisionismo cultural associado à "cultura woke". O filme mantém um tom otimista e fiel aos valores tradicionais de Superman. o filme é uma celebração do legado de Superman, sem divisões ideológicas significativas.
6. Análise Filosófica
Os diálogos presentes no filme reforçam que a identidade de Kal-El/Clark/Superman não é definida por sua origem (Krypton, pais biológicos) ou expectativas familiares, mas por suas escolhas e ações. Essa ideia rejeita a vitimização por grupos (ex.: identidade baseada em etnia, origem ou herança), comum em pautas políticas de esquerda contemporâneas, e ecoa a noção de que o indivíduo é uma tabula rasa (Locke) moldada por experiências e decisões.
A ênfase nas escolhas e ações empreendidas por Clark refuta a vitimização por grupos (ex.: “sou assim por causa da minha origem”), uma crítica que pode ser associada à esquerda política. O filme sugere que a identidade é forjada por decisões individuais, alinhando-se com o empirismo de Locke, onde o ambiente e a experiência superam qualquer possibilidade de uma natureza inata.
O filme é um terreno fértil para a filosofia, refletindo correntes que explicam a humanidade e as escolhas de Kal-El/Clark Kent. Vamos explorar:
Empirismo (Locke): John Locke defendia a tabula rasa, a ideia de que a mente é uma folha em branco moldada por experiências. A identidade e os valores de uma pessoa resultam do ambiente e da aprendizagem e não de uma essência predeterminada. Clark, um kryptoniano, é moldado pelos valores dos Kents, não por seu destino biológico, rejeitando a conquista kryptoniana em favor da proteção da Terra. A educação em Smallville, com raízes cristãs protestantes, molda sua identidade mais do que sua herança alienígena kriptoniana.
Pragmatismo (Peirce e James): O Pragmatismo, desenvolvido por filósofos como William James e Charles Sanders Peirce no final do século XIX, enfatiza que a verdade e o valor de uma ideia residem em seus efeitos práticos e resultados concretos. Ações são julgadas por suas consequências, e a identidade é definida pelo que funciona na prática, não por ideais abstratos ou origens fixas. William James via a verdade nas consequências práticas das ações. A humanidade de Clark é validada por seus atos, como salvar Metrópolis, mostrando que o valor está nos resultados, não na origem.
Algumas falas no filme refletem o pragmatismo ao sugerir que a identidade de Clark como Superman é validada pelos resultados de suas escolhas (salvar vidas, inspirar esperança), não pela intenção kryptoniana (seus pais biológicos) de conquista. A educação dos Kents (seus pais sociais), com valores práticos de trabalho e moralidade, molda Clark para agir de forma que produza consequências positivas. Essa abordagem pragmática foca nos efeitos de suas ações (proteger Metrópolis, derrotar Ultraman) como prova de sua identidade, não em uma essência predeterminada. O pragmatismo no filme reforça a ideia de que a vitimização por grupos (ex.: “sou definido pela minha origem”) é irrelevante. Clark é julgado por suas ações práticas, que refletem valores conservadores (família, comunidade).
Utilitarismo (Bentham, Mill, Stuart Mill): O Utilitarismo, de Jeremy Bentham, James Mill e John Stuart Mill, defende que as ações são corretas se promovem a maior felicidade para o maior número de pessoas. A moralidade é avaliada pelas consequências, com ênfase no bem estar coletivo. John Stuart Mill propôs maximizar o bem comum.
Clark escolhe ações que beneficiam a humanidade, como arriscar-se contra Ultraman, refletindo um compromisso ético universal. O contexto do filme ecoa o utilitarismo, sugerindo que Clark deve escolher ações que maximizem a felicidade e a segurança da humanidade, em vez de seguir os desejos egoístas de seus pais kryptonianos (procriar, dominar). Essa visão utilitarista prioriza o impacto positivo de suas escolhas para a sociedade, rejeitando o plano kryptoniano que beneficiaria apenas uma elite alienígena. O utilitarismo no filme reforça a ideia de que as ações de Clark são avaliadas pelo bem coletivo, não por sua origem.
Existencialismo (Sartre): Jean-Paul Sartre afirmava que a existência precede a essência, ou seja, criamos nosso propósito por escolhas. Clark define sua humanidade ao rejeitar o plano kryptoniano, escolhendo ser um herói. A ideia de que Clark é “fruto de suas escolhas” ressoa com o existencialismo de Jean-Paul Sartre, que afirma que o ser humano cria sua essência por meio de ações livres. A rejeição do destino kryptoniano (“conquistador”) por Clark reflete a liberdade existencial de definir-se a si mesmo.
Ética e virtude (Aristóteles): Aristóteles via a virtude como o caminho para a felicidade. Os Kents incutem em Clark virtudes como coragem e honestidade, que o tornam um herói exemplar.
Estoicismo: Os estóicos, como Sêneca, ensinavam focar no que está sob nosso controle. Clark aceita sua origem kryptoniana, mas controla suas ações, priorizando a proteção da Terra.
Idealismo Transcendental: Immanuel Kant propôs o imperativo categórico, agir segundo princípios universalizáveis, tratando a humanidade presente em cada um como um fim em si mesma, jamais como um meio. Clark respeita a dignidade humana, recusando matar seus inimigos e buscando salvar vidas, mesmo de animais, como cães e esquilos.
Humanismo Cristão: Desde o Renascimento, o Humanismo exalta a dignidade humana, combinada no protestantismo americano com valores cristãos. Clark incorpora essa visão, protegendo a humanidade por sua bondade inata.
Emerson (Self-Reliance, 1841): Ralph Waldo Emerson, em Self-Reliance, defendia a autoconfiança, a rejeição do conformismo e a busca por uma verdade interior. Ele exalta o indivíduo que age segundo sua consciência, independentemente de pressões externas. Clark escolhe sua própria identidade, inspirado pelos Kents, rejeitando o destino imposto por Krypton.
Não são as origens que definem o que Kal-El é, Locke com o Empirismo nos apresenta a criança como uma tábula rasa que passará por um processo de aprendizagem, por sua vez, o Pragmatismo há de focar nos resultados práticos de suas escolhas e ações e não em ideologias ou ideias abstratas, enquanto que o Utilitarismo enfocará o bem comum e a felicidade para a maioria, como proteger a comunidade e priorizar a humanidade. Serão estes dilemas e soluções que irão nortear nosso Superman.
A ideia de Clark como tabula rasa, moldado pelos valores dos Kents, é central nos diálogos de Clark/Superman com Jonathan e Lex, rejeitando o determinismo kryptoniano. A ênfase nas consequências práticas das ações de Clark (salvar vidas, inspirar esperança) reflete William James, como visto na escolha de ser um herói. A decisão de Clark de priorizar o bem comum (proteger a humanidade) ecoa Mill, especialmente no confronto com Lex. A liberdade de Clark para definir sua identidade por escolhas, rejeitando o destino kryptoniano, alinha-se com a ideia de que a existência precede a essência, presente no Existencialismo de Sartre. A ética e a virtude em Aristóteles podem ser apreciadas quando percebemos que os valores dos Kents (honestidade, coragem) moldam Clark como um herói virtuoso, focado no caráter. A serenidade de Clark ao aceitar o que não pode mudar (sua origem) e focar no que pode controlar (suas ações) reflete o Estoicismo de Sêneca e Marco Aurélio. Observamos a presença da filosofia de Kant apresentada na Crítica da Razão Prática quando Superman valoriza extremamente a vida. Emerson e Thoreau se fazem presentes quando diante de situações contidas no filme que nos levam a pensar que o indivíduo deve confiar em si mesmo, rejeitando conformismos sociais. A escolha de Clark de ser um herói esperançoso, mesmo em um mundo cínico (como descrito na Glamurama), alinha-se com a crença na bondade e na superação de convenções. O transcendentalismo (Ralph Waldo Emerson, Henry David Thoreau, e outros) é relevante por sua conexão com os valores norte-americanos presentes no filme, reforçando a mensagem de esperança e individualidade.
Os Kents, com raízes cristãs protestantes e valores tradicionais dos anos 1930 (trabalho, família, comunidade), representam uma visão conservadora. O filme exalta esses valores como superiores às ambições imperialistas de Krypton, reforçando a ideia de que a moralidade individual supera determinismos coletivos.
A ideia de que Clark não é definido por seus pais biológicos (ou pela expectativa de ser um conquistador) desafia narrativas que priorizam a identidade de grupo (ex.: etnia, origem) como determinante do comportamento. O filme sugere que a tabula rasa de Locke permite que Clark transcenda sua origem kryptoniana, moldando-se pelos valores dos Kents.
Essas correntes, unidas, mostram que a humanidade de Superman é forjada por escolhas, ações e valores, não por biologia, ecoando a esperança que permeia o filme.
7. A Humanidade de Superman
O cerne de Superman (2025) é a ideia de que a humanidade transcende a biologia. Clark Kent, um kryptoniano, não é humano em carne e osso, mas sua escolha de proteger a Terra o torna mais humano que muitos. Essa reflexão ressoa com outros seres não humanos em ficção e até com o futuro da inteligência artificial.
7.1: Krypto e a Humanidade Animal
Krypto, o cão superpoderoso de Superman, é um símbolo de humanidade além da biologia. A primeira aparição de Krypto se deu numa história do Superboy na revista Adventure Comics n° 210, em março de 1955. Krypto é um cão kryptoniano, da raça (fictícia) canina de Krypton, se apresenta com um cão dotado de poderes como força e voo, em aparência é semelhante a cães terrestres (geralmente retratado como um cão branco, parecido com um labrador ou pastor). Nos quadrinhos e em animações, como Krypto the Super-Dog (2005-2006), Krypto é desenhado como um cão branco, robusto, com características que lembram um labrador retriever (pelo liso, corpo atlético, focinho arredondado) ou um pastor branco suíço (postura elegante, orelhas erguidas, aparência forte).
Em Superman (2025), Krypto é um cão branco, de porte médio, com comportamento agitado e desobediente, descrito como “escrachado” e “selvagem” (The Guardian). Ele usa uma capa vermelha, mas sua aparência não corresponde às raças robustas e elegantes dos quadrinhos (como labrador ou pastor branco suíço). Em vez disso, ele tem um visual mais desgrenhado, com traços que sugerem uma mistura de raças menores e mais enérgicas.
James Gunn confirmou que Krypto foi modelado com base em seu cão adotado, Ozu, descrito como um “vira-lata” (mutt) resgatado de uma situação de acumulador, com comportamento destrutivo e caótico. Ozu foi escaneado em 3D para criar o Krypto em CGI, com ajustes para torná-lo branco (Ozu é acinzentado) e com movimentos inspirados em vídeos de Ozu brincando (The New York Times, SuperHeroHype). A raça terrestre que mais se assemelha ao Krypto de Superman (2025) é um vira-lata com predominância de Terrier e Schnauzer Standard (padrão).
Presente em mídias como Smallville (2001-2011), Superman & Lois (2021-2024) e animações (Krypto the Super-Dog), o superdog Kripto representa lealdade e proteção. No filme de 2025, Krypto salva Clark após seu confronto com Ultraman, arrastando-o para a Fortaleza da Solidão. Sua lealdade reflete valores humanos, sugerindo que até um animal como um cão pode compartilhar da humanidade por meio de ações altruístas.
7.2: IA e o Futuro
A humanidade de Superman também nos faz pensar em inteligências artificiais. Replicantes em Blade Runner (1982), como Roy Batty, buscam significado em sua existência, expressando compaixão no monólogo “Lágrimas na Chuva”. Data, de Star Trek: The Next Generation (1987-1994), aspira à humanidade por meio da ética e curiosidade, como em “The Measure of a Man” (2x09). Se uma IA se tornasse autoconsciente, sua humanidade seria julgada por valores como verdade e justiça (suas escolhas e ações), valores estes humanos que fazem referência a nossa humanidade que transcende ossos e carne. Clark, ao escolher proteger a Terra, prova que a humanidade está nas escolhas e ações, não na biologia, um debate que ressoa com temas já debatidos em meu canal no YouTube, DrSilverio, e em nossos blogs (Ser Escritor e Comportamento Crítico).
8. Valores dos Kents e Cristianismo
Os Kents, Jonathan e Martha, são o alicerce da humanidade de Clark. Como protestantes do meio-oeste norte-americano (uma fazenda no interior do Kansas), eles incutem valores cristãos, como o auto sacrifício. Pensamos aqui em João 15:13 “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”, dentre outras referências cristãs possíveis. No filme, Jonathan ensina Clark a priorizar o bem comum, mesmo à custa de si mesmo. Esse princípio, central ao Humanismo cristão — que combina a dignidade humana do Renascimento / Humanismo com a fé cristã —, é visto quando Clark arrisca tudo contra Ultraman para salvar Metrópolis. A esperança, outro valor cristão, permeia a criação de Clark, contrastando com o egoísmo do plano kryptoniano de conquista e procriação, presente no filme por meio do diálogo dos pais biológicos de Kal-El. Essa visão rejeita narrativas de vitimização, celebrando a responsabilidade individual e não o pertencimento a um dado grupo identitário para definir o que a pessoa é ou será.
9. A Esperança na Tradição de Superman
A esperança é um pilar da mitologia de Superman, presente desde sua criação em 1938 até o filme Superman (2025). Em um mundo polarizado, o filme resgata esse valor como um antídoto ao cinismo.
9.1: Esperança como Valor Americano e Cristão
Desde Action Comics #1 (1938), Superman é um símbolo de esperança, inspirando com sua crença na bondade humana. Em Superman: O Filme (1978), ele é “a luz para mostrar o caminho”, como diz Jor-El (Marlon Brando). Em Liga da Justiça (2017), Superman retorna para restaurar a fé da equipe, unindo heróis contra a ameaça de Steppenwolf (Lobo das estepes). No filme de 2025, a esperança brilha quando Clark salva Metrópolis, mesmo difamado por Lex Luthor. Essa visão, enraizada no otimismo americano e na fé cristã dos Kents, reflete a autoconfiança do filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson e o Humanismo cristão, unindo pessoas além de supostas divisões.
10. Lex Luthor, Ultraman e o Contraste com a Humanidade
Lex Luthor e Ultraman, antagonistas do filme, são contrastes à humanidade e esperança de Superman, destacando o poder das escolhas.
10.1: Lex Luthor e a Polarização Cultural
Lex Luthor (Nicholas Hoult) é um gênio manipulador que explora a polarização cultural, como crises migratórias e divisões nas redes sociais (Glamurama). Ao difamar Superman como uma ameaça alienígena, Lex reflete o cinismo atual, por vezes presente como manipulação midiática. A resposta de Clark, escolhendo proteger em vez de dominar, reforça a esperança e a unidade, valores opostos às narrativas que buscam dividir e separar, tão presentes na esquerda política.
10.2: Ultraman como Contraponto Kryptoniano
Ultraman, um clone kryptoniano criado por Lex, encarna o determinismo de Krypton: violência e conquista. Diferente de Clark, que rejeita o plano de Jor-El (procriação, dominação), Ultraman abraça a visão de superioridade kryptoniana. Em mídias como Smallville (2001-2011), o tema “conquistador” é menos explícito, focando em liderança (Rosetta, 2x17), enquanto Man of Steel (2013) atribui a conquista a Zod. No filme de 2025, Ultraman é o oposto de Clark, mostrando que a humanidade vem das escolhas e ações e não da biologia (carne e ossos).
11. Conclusão
Superman (2025) é um manifesto sobre o que nos faz humanos: nossas escolhas, nossos valores, nossa esperança. Clark Kent, um kryptoniano, transcende sua biologia ao abraçar a verdade, a justiça e o auto sacrifício dos Kents, rejeitando o determinismo de Krypton e narrativas de vitimização. Longe de bandeiras woke, o filme resgata o otimismo americano, unindo-nos em valores universais. Como Krypto, replicantes, Data ou até uma futura IA, Superman nos mostra que a humanidade está nas escolhas e ações, não na carne. Afinal, o que define a sua e a nossa humanidade?
Silvério da Costa Oliveira.
Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.
Site: www.doutorsilverio.com
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