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Racionalismo na filosofia: Características e significado

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

O termo “Racionalismo” é proveniente em sua origem do latim “ratio” que significa “razão”. O movimento histórico filosófico intitulado Racionalismo há de marcar profundamente o século XVII e ter significativas repercussões na elaboração de teorias e ações que começam na filosofia e se estendem para os mais distintos campos de atuação humana, abarcando o modo de pensar e entender o mundo ao redor, a educação e as instituições de ensino, as comunidades de sábios pesquisadores, de cientistas e filósofos distintos que irão se posicionar a favor ou contrariamente as teses defendidas por tal movimento, mas de um modo ou outro serão por ele afetados e impulsionados.

Muitos são aqueles que se identificaram ou foram identificados como sendo parte integrante deste movimento filosófico, o Racionalismo. Dentre os mais conhecidos e que deram maiores contribuições ao movimento, podemos citar em particular a cinco filósofos, a saber: René Descartes (1596-1650), Nicolas Malebranche (1638-1715), Baruch Spinoza (1632-1677), Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), Christian Wolff (1679-1754).

 

O Racionalismo moderno há de se iniciar com Descartes e terá como base que o conhecimento verdadeiro deva ser obtido por meio do uso da razão, aqui equiparada ao pensar e ao raciocinar, isto em detrimento da realidade empírica, das coisas materiais, do conhecimento obtido por meio de nossos sentidos ou mesmo de nossas emoções e ou paixões. Também tem como base que a realidade circundante, que o mundo e mesmo o cosmos é passível de um entendimento racional, que há uma racionalidade lógica no universo e que por meio do uso da razão podemos entender as leis que regem a realidade. O Racionalismo também se encontra em um Deus descoberto por meio da razão e que possui características racionais e mesmo se iguala por vezes ao conceito de Deus cristão, retirando deste o aspecto pessoal e o encaixando dentro de normas da razão, este Deus também tende a ser o garantidor do conhecimento, das leis do universo e da própria razão.

O Racionalismo ao propor a razão como a base e o caminho para se alcançar a verdade, tende a se encontrar na base de toda a filosofia moderna, somente quando este nega ou encara com suspeita o conhecimento provindo dos sentidos, da experiência e da aprendizagem é que se fecha em uma escola filosófica com características próprias e idéias bem definidas e elaboradas que o distanciam de outra escola oposta, o Empirismo. O método de busca da verdade se dá por meio da razão, mas não somente isto, pois, se entende por tal que o mundo, o universo, o cosmos e mesmo Deus, é inteligível. Esta busca da verdade pela razão se dá por meio de um método no qual a mesma é passada pelo crivo da demonstração e da análise racional de seus fundamentos.

Em virtude de sua abordagem radicalmente racional, afastando-se do conhecimento oriundo das emoções, paixões, sentidos, percepção e do mundo circundante incluindo aqui a aprendizagem social formal e informal, tais pensadores hão de priorizar as matemáticas, a álgebra, a geometria e a lógica, inclusive, irão apresentar contribuições relevantes para tais domínios que se mantem em uso até os presentes dias, tal o caso, por exemplo, do plano cartesiano ou do cálculo infinitesimal de Leibniz.

Também importante neste movimento é a adoção de idéias inatas, ou seja, que não são obtidas por meio da aprendizagem, ou dos sentidos ou por qualquer outro meio externo a nós mesmos, já nascendo com as mesmas e precisando no máximo tornarmo-nos cientes das mesmas por meio de nossa razão e intuição.

Podemos subdividir o Racionalismo em três possíveis vertentes ou percursos adotados por seus seguidores. Podemos pensar uma vertente baseada na metafísica que busca na realidade que nos circunda, no mundo, no universo, no cosmos e em Deus uma ordem, uma lógica, uma racionalidade, uma inteligibilidade, um conjunto de leis imutáveis. Por sua vez, também podemos pensar em uma vertente pautada na gnoseologia, na epistemologia e na teoria do conhecimento, pelo qual todo o conhecimento apto a ter o status de verdadeiro deve ser buscado e encontrado por meio da razão, abstendo-se de possível conhecimento oriundo das sensações (percepção, sentidos), da experiência (empiria) e da aprendizagem social formal ou informal, pois tais fontes de conhecimento podem nos induzir ao erro e deste modo devemos nos precaver com relação às ilusões delas provenientes. Uma outra vertente seria a da ética, ou moral, ou melhor comportamento a ser adotado em sociedade para sermos feliz e exitosos em nossas ações, e aqui mais uma vez o caminho indicado é o caminho apontado pela nossa razão.

Como não poderia deixar de ocorrer, a ênfase na luz natural proveniente do uso da razão há de gradativamente vir a desenvolver uma consciência social crítica com relação a diversos valores então presentes a sociedade, sejam estes políticos, religiosos ou outros e acabará, também, por direcionar para uma religião diferente da revelada, questionando não somente a autoridade dos líderes religiosos bem como a autoridade dos escritos sagrados, pois, a única autoridade aceita deve ser a razão. Temos por meio do Racionalismo a emancipação da razão humana que antes se prendia a dogmas, crenças e mitos os mais diversos, provenientes de uma falsa interpretação da realidade ou de textos religiosos.

O Racionalismo se mostra como uma importante escola de filosofia que irá marcar profundamente o século XVII e os seguintes e cuja discussão ainda é cabível de estar presente em nossos dias, em pleno século XXI, onde, infelizmente, o ser humano faz questão de voltar-se aos grilhões auto-impostos de servidão a doutrinas e ideologias políticas ou religiosas que mais não são do que superstição e ignorância. Diante das diferenças individuais e de personalidade, hoje pessoas há que priorizem outras tentativas de obter conhecimento em detrimento do uso da razão e deste modo se afastam da luz natural que nos permite sermos criaturas pensantes capazes de buscar e alcançar a verdade independentes dos mais distintos e diversos preconceitos oriundos de crenças políticas e religiosas que visem os interesses de pequenos grupos, a manipulação e controle das massas, a servidão e o conformismo da população. Mais do que nunca antes o Racionalismo tende a se mostrar tão atual como quando de seu surgimento e suas questões levantadas e trabalhadas tendem ainda a se mostrar não somente atuais, mas também vitais se queremos de fato desenvolver todo nosso potencial humano, livres da servidão e credulidade. Aprendamos, portanto, a pensar e sermos racionais, conhecer o Racionalismo é também conhecer e aprender como usar do poder de nossa própria razão, de nossa luz natural.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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