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O Iluminismo de Claude-Adrien Helvétius

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Claude-Adrien Helvétius

 

Claude-Adrien Helvétius (1715-1771) nasce e falece na cidade de Paris, aos 56 anos de idade. Proveniente de uma família de médicos, seu pai era médico da corte de Luís XV e Helvétius estudou em um colégio Jesuíta. Helvétius teve uma excelente educação, sendo instruído em latim, grego, filosofia, matemática e outras ciências de sua época. Seu sobrenome original era Schweitzer, do alemão, que foi latinizado como Helvétius. Em 1751 se casa, sua esposa, Anne-Catherine de Ligniville, Madame Helvétius, ficou famosa por manter um salão que no transcorrer do século XVIII recebia várias figuras ilustres da sociedade de sua época. A tradição o considera um filósofo, escritor, moralista, poeta, Enciclopedista, maçom e ateu. Em vida publicou somente o livro (considerado por comentadores como sendo sua principal obra) “Filosofia do Espírito” (De l'esprit), 1758, que foi condenado pela Igreja por ter uma postura de oposição à autoridade religiosa, anticlericalismo, e também pelo parlamento francês, que determinou que a obra fosse queimada. Suas demais obras foram publicadas somente após sua morte.

Sofre influência de John Locke, Condillac e Pierre Bayle, se posicionando dentro de uma abordagem empirista que se propunha a ampliar o escopo da mesma para englobar, também, questões de índole moral e política. Suas ideias, bem como seu aspecto materialista, exerceram influência em diversos autores posteriores, tal é o caso de John Stuart Mill, Jeremy Bentham, Barão d'Holbach, Karl Marx.


 

São temas centrais a Helvétius, e também aos seus contemporâneos, o materialismo, a natureza humana e a educação.

Segundo Helvétius, todas as nossas ideias e pensamentos são provenientes de nossos sentidos, não existindo uma faculdade especial distinta das sensações para ocupar o lugar da reflexão. As faculdades humanas, como a memória, por exemplo, são reduzidas a sensações físicas.

Segundo o pensamento de Helvétius, todos os humanos são iguais e teriam seus comportamentos baseados nos seus interesses (egoísmo), objetivando obter o prazer e evitar a dor. Pensava que por meio da educação é possível fazer com que os interesses individuais venham a coincidir com os interesses coletivos. Defendia o combate ás superstições e preconceitos religiosos, que teriam sua origem no egoísmo da classe sacerdotal e seriam o impedimento para que fosse possível a coincidência entre interesses individuais e coletivos.

Entendia que mesmo um comportamento caracterizado como sendo de auto-sacrifício, no fundo, baseia-se na sensação de prazer e dor que possa vir acompanhada do mesmo ou como resultado da ação. Para Helvétius, os humanos possuem liberdade de escolha entre o bem e o mal, mas não haveria algo que fosse absolutamente certo ou errado, pois, as ideias do que seja a justiça ou a injustiça tendem a mudar no transcorrer do tempo histórico, nos povos e costumes adotados. Deste modo, o comportamento humano pode ser controlado socialmente pelo governo de acordo com o oferecimento de recompensas ou punições, visando sempre maximizar a sensação de prazer obtido ao se comportar de determinado modo.

Os humanos são naturalmente iguais em termos de inteligência, todos possuem uma igual disposição para o entendimento, segundo Helvétius. O humano nasce como uma tábula rasa, no estilo do pensamento de Locke, não havendo ideias inatas, mas somente uma inata disposição e propensão. Defende um total igualitarismo entre pessoas de diferentes localidades, segundo Helvétius, as diferenças entre humanos em regiões e nações distintas não se devem a algo inato e sim ao sistema de educação e ao governo da região. Todos os humanos possuem o mesmo potencial natural e a mesma capacidade para aprendizagem. O método que deve ser adotado para reformar as sociedades é a educação das pessoas. Helvétius tem como opinião que a educação e cultura de um povo está fortemente vinculada ao desenvolvimento social do mesmo.

Helvétius desenvolve um sistema filosófico materialista, empirista / sensualista, que se posiciona a favor da educação para moldar e desenvolver o comportamento humano em sociedade, defende a igualdade natural entre todos os humanos independente do lugar de nascença, se posiciona como ateu e a favor de uma moral utilitária. Segundo seu pensamento, o humano é produto do seu meio social, de sua educação, de seu governo.

 

PRINCIPAIS OBRAS

 

1- Do Espírito. Título Original: De l'Esprit. Ano da Primeira Publicação: 1758.

Considerada por comentadores como sendo a obra magna de Helvétius, proporcionou uma enorme controvérsia entre as autoridades eclesiásticas e do Estado francês na época em que foi publicada, sendo este o principal motivo pelo qual Helvétius nada mais publicou em vida. Nesta obra o autor faz a defesa de que todas as capacidades intelectuais e morais humanas se encontram como o resultado da educação recebida e do meio ambiente no qual este se encontrava, deste modo, nega que haja talentos ou virtudes que sejam inatos e independentes da educação e do meio social. Todo o comportamento humano é formado a partir da busca de prazer e da evitação da dor, de modo que entende que a sociedade deva ser organizada pelo governo para poder maximizar o bem estar coletivo como resultado do comportamento diante do prazer e da dor, ou seja, oferecendo recompensas e punições. Esta obra foi condenada pela Igreja e também pelo Parlamento francês, sendo que este último determinou que as cópias do livro fossem queimadas.

2- Do Homem, de suas Faculdades Intelectuais e de sua Educação. Título Original: De l'Homme, de ses facultés intellectuelles et de son éducation. Ano da Primeira Publicação: 1772 (postumamente).

Nesta obra o autor aprofunda as ideias apresentadas em “De l’Esprit”, explorando em maiores detalhes seu entendimento sobre a natureza humana, bem como, a importância da educação e do ambiente para moldar o caráter e as habilidades sociais apresentadas pelas pessoas. O livro trata de questões vinculadas à moral, psicologia, leis e instituições, no tocante a como tais fatores atuam na formação das pessoas. O autor entende que para a efetiva realização do progresso humano é fundamental que haja uma reforma social e educacional.

3- Sobre a felicidade (poema). Título Original: Du Bonheur (Poème). Ano da Primeira Publicação: 1772 (postumamente).

Neste poema filosófico Helvétius trabalha o conceito e a busca de felicidade. Segundo o autor, a felicidade é obtida por meio do prazer e da satisfação dos desejos, mas a sociedade e suas leis podem exercer influência sobre a capacidade das pessoas alcançarem a felicidade. Materialistamente a felicidade é mostrada como sendo um estado resultante de circunstâncias externas, do meio social e da educação, e não como sendo algo inato ou de cunho metafísico.

4- Os Progressos da Razão na Busca da Verdade. Título Original: Les Progrès de la raison dans la recherche du vrai. Ano da Primeira Publicação: 1775 (postumamente).

Este trabalho trata do desenvolvimento da razão humana e do papel exercido pelo pensamento crítico na busca pela verdade. Dentro de uma abordagem coerente com o movimento Iluminista, questiona as tradições e superstições, argumentando que é por meio de uma postura racionalmente crítica que se obtém o progresso do conhecimento. Temos uma crítica da religião e das instituições de sua época, as quais estariam agindo no sentido de barrar o progresso do conhecimento e da verdade, deste modo, Helvétius, dentro da tradição Iluminista, defende uma sociedade baseada na razão e na educação.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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