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Marxismo cultural

 

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 

Marxismo cultural

 

O termo “marxismo cultural” é defendido em geral por integrantes da direita política, não somente no Brasil, mas também no restante do mundo, tendo surgido inicialmente nos EUA há algumas décadas atrás. O termo “marxismo cultural” foi amplamente usado dentro de um contexto político e intelectual por vários autores, dentro e fora do meio acadêmico, dentre os quais cabe mencionar: William Stannard Lind (1947- ); Allan David Bloom (1930-1992); Paul Michael Weyrich (1942-2008); e no Brasil por Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (1947-2022).

A intenção é fazer referência com este termo, a uma suposta influência na cultura, na educação (escolas e universidades), na mídia e na sociedade como um todo, de ideias provindas do contexto ideológico de esquerda. Entende-se por tal conceito, que ocorreu uma releitura dos trabalhos iniciais da Escola de Frankfurt, aplicando suas conclusões na arte e na cultura de modo a expandir ideias hoje defendidas pela esquerda política, tornando-as temas comuns e normais dentro da cultura ocidental e, deste modo, minando os valores capitalistas e cristãos presentes nos países ocidentais. Além da Escola de Frankfurt, as origens do "marxismo cultural" se reportam a Antonio Gramsci (1891-1937) e György Lukács (1885-1971), pensadores estes, cujas ideias também passaram por uma releitura e aplicação com fins políticos associados a nova esquerda identitária.


 

Alguns setores religiosos cristãos no Brasil acreditam estar travando uma luta contra uma ideologia que deseja destruir os valores tradicionais cristãos, minar a família, corromper moralmente a juventude e desvirtuar o caráter das crianças, despertando precocemente a sexualidade e a direcionando ideologicamente. A estes religiosos se unem políticos conservadores e todos proclamam um inimigo comum: o “marxismo cultural”.

O que temos hoje, segundo um núcleo crítico de autores provindos da direita política, é que o marxismo cultural se faz presente em diversas instâncias da sociedade, nas mídias tradicionais, nas ONGs, nas escolas e faculdades influenciando na formação das crianças, adolescentes e adultos jovens, bem como na direção de sindicatos e partidos políticos, ou mesmo, na produção artística e cultural.

O marxismo cultural tende a se basear na ideia presente na assim chamada Escola de Frankfurt, de que as classes proletária e burguesa perderam o seu potencial revolucionário, sendo esta ênfase deslocada para a dialética existente entre a classe opressora e a oprimida, transformando os primeiros em algozes e os segundos em vítimas e depois dividindo a sociedade em grupos de pares: negros versus brancos, mulheres versus homens, pessoas de comportamento homossexual versus pessoas de comportamento heterossexual, ricos contra pobres, e por aí em diante. O grande opressor, por tal viés, tende a ser o homem, branco, heterossexual, cristão e de direita, se for então da classe média, melhor ainda. Cria-se o discurso dicotômico do “nós contra eles” que vem a compor uma nova esquerda, que se afasta dos pressupostos presentes na esquerda tradicional marxista-leninista, que substituiu a ênfase na sub-estrutura econômica pela ênfase na superestrutura, sai a economia e entra o domínio das ideias, de Marx passamos a ter um retorno a Hegel, aqui encontramos o que se convencionou chamar de “esquerda identitária.

Neste tocante, a pauta seria a destruição dos fundamentos da civilização ocidental, criando o caos, para a partir deste ponto moldar a mentalidade das pessoas, em um verdadeiro processo de reengenharia social, para valores e ideias comunistas, para isto, no entanto, seria necessário destruir os três pilares nos quais se baseia a cultura ocidental, que, metaforicamente podem ser chamados por nomes de cidades: Atenas, Roma e Jerusalém. Ao nos referirmos a estas três cidades, fazemos referência a principal contribuição histórica para a elaboração de nossa civilização ocidental e pela qual elas são conhecidas, a saber e na mesma ordem das cidades a que correspondem: A filosofia, o direito e a religião judaico-cristã.

A ameaça identificada pelo conceito “marxismo cultural” provém da ideologia marxista leninista que teria por base destruir a cultura ocidental cristã. A ameaça proveniente de uma ideologia que defende regimes autoritários, supostamente comunistas, que destrói a liberdade de imprensa e as liberdades individuais, destruindo também o próprio sentido e significado da democracia representativa desenvolvida no ocidente. Esta ideologia apesar de nos primeiros momentos poder ter religiões cristãs em seu apoio, ao chegar ao poder tende a exercer ações destrutivas para com o cristianismo, assumindo uma atitude que, mascarada pela defesa de todas as religiões, esconde o ateísmo.

Teóricos de esquerda negam a existência do “marxismo cultural”, procurando desacreditar o termo associando-o a políticas vinculadas a propaganda nazista contra o regime comunista stalinista da época, bem como, a propaganda antissemita nazista. Deste modo, defendem que a ideia proposta pelo conceito “marxismo cultural” estaria vinculada a uma infundada teoria da conspiração proposta por radicais e extremistas da direita política.

Fica evidente pela leitura dos textos provindo de ambos os lados, das duas versões, que está ocorrendo uma guerra cultural. Meios jornalísticos tomam partido e passamos a ter na mídia canais que adotam uma, ou outra, destas duas posturas, a discussão e polêmica também se espalha pelas redes sociais.

No geral, fica hoje evidente, mesmo para quem está de fora de tais discussões mais teóricas e acadêmicas, que a “indústria cultural”, aqui fazendo uso de um termo criado e usado pela Escola de Frankfurt, que engloba toda uma variedade de mídias, composta pelo cinema e por canais de rádio e tv, bem como jornais, revistas e livros, ou peças de teatro, novelas e filmes, se faz presente em suas pautas identitárias em todas estas mídias. Alguns aplaudem e outros ficam literalmente revoltados com, inclusive, mudanças em obras ou personagens tradicionais para incluir forçosamente pautas desta esquerda identitária.

Os membros da Escola de Frankfurt entendiam que a dialética encontrada entre a classe do proletariado e a da burguesia perdera seu caráter revolucionário. O trabalhador “chão de fábrica” não está mais interessado em qualquer tipo de revolução e sim em manter e ampliar seu status quo, obtendo maiores benesses provindas do sistema capitalista, deste modo, sai a ênfase da relação burguesia versus proletariado, e esta ênfase se desloca para “opressores versus oprimidos”, onde são aqueles que se sentem a margem das benesses da sociedade, são aqueles sem esperança, que nos trarão a esperança de uma revolução socialista / comunista. Os ditos grupos minoritários, mesmo que não o sejam numericamente e sim somente em termos de exercício de poder social, passam a ser o maior enfoque desta esquerda identitária. Estudantes, negros, mulheres, homossexuais, criminosos, etc., mesmo que tenham muito mais benefícios e uma qualidade de vida superior há poucas décadas atrás, são cooptados por se sentirem a margem de tudo de bom que a atual sociedade capitalista oferece. O importante não é a realidade, e sim o sentimento das pessoas em relação a esta realidade.

Herbert Marcuse foi o teórico que defendeu a importância de uma revolução social provinda de tais grupos. Na década de 60 do século XX se tornou comum, em particular nos EUA, os movimentos de direitos civis, nos quais os negros reivindicavam seus direitos, bem como, uma nova fase do movimento feminista, uma revolta dos estudantes, em particular os universitários, e, também, a busca da juventude por uma maior liberdade sexual e contrária a repressão social. Mas antes de Marcuse, Max Horkheimer e Theodor Adorno já falavam que a dicotomia entre burguesia e proletariado perdera seu potencial revolucionário e que este deveria se deslocar para opressores e oprimidos, bem como, sobre a importância da indústria cultural para a propagação de valores capitalistas e a manutenção do sistema por meio da absorção passiva de informações pelos espectadores das propagandas e dos produtos artísticos apresentados nas rádios, jornais, tv e cinema.

A ideia presente no conceito de marxismo cultural é que pensadores de cunho marxista teriam percebido já na primeira metade do século XX que não ocorreria uma revolução comunista nos moldes delineados por Karl Marx e para se atingir uma sociedade comunista era necessário primeiramente mudar a forma de pensar e interagir das pessoas que compõem esta mesma sociedade. Trata-se de uma sutil e bem elaborada estratégia para gradativamente encaminhar a sociedade capitalista para o desenvolvimento de uma sociedade comunista. Um plano de dominação ideológica sem o emprego da força bruta presente em uma revolução por meio do uso de armas e exércitos, método que se mostrou inviável diante de uma classe trabalhadora que não deseja mudanças abruptas no status quo e sim melhorias em relação as benesses que já usufrui no atual modelo capitalista.

Pelo conceito de “marxismo cultural” se faz referência a uma verdadeira guerra cultural, político-ideológica, na qual não estamos no terreno da economia política tal como proposto inicialmente por Marx, ou seja, na infraestrutura composta pelas relações de produção, a luta se desenvolve de modo mais difuso, no terreno cultural e artístico, no meio gerador e propagador de ideias sociais.

 

Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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