Professor Doutor Silvério

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Silvério da Costa Oliveira é Doutor em Psicologia Social - PhD, Psicólogo, Filósofo e Escritor.

(Doutorado em Psicologia Social; Mestrado em Psicologia; Psicólogo, Bacharel em Psicologia, Bacharel em Filosofia; Licenciatura Plena em Psicologia; Licenciatura Plena em Filosofia)


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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Platão

Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Platão

 

1- Platão, vida e obra - Quem foi Platão?

Platão (429/428/427-347 a. C.), discípulo de Sócrates e fundador de uma escola filosófica, a Academia. Segundo Diógenes Laércio seu nome verdadeiro não era Platão e sim Arístocles, o nome pelo qual o conhecemos hoje era apenas um apelido, que significa “o que tem as costas largas” tendo recebido o mesmo de seu professor de ginástica. Nasce mais provavelmente na cidade de Atenas, ou talvez na cidade de Egina, proveniente de família aristocrática. Manteve desde cedo interesse pela poesia e pela política, mas em determinado momento de sua vida abandona a primeira e continua a se dedicar a segunda. Foi autor de vários livros no formato de diálogo filosófico no qual Sócrates aparece como personagem principal, ensinando filosofia por meio do uso do diálogo, da conversa, da maiêutica.


 

Platão provavelmente seguiria a tradição política da família e de algum modo atuaria junto ao governo da cidade, mas, após presenciar a tirania do governo dos 30 e também a morte de seu mestre, Sócrates (executado em 399 a.C.), por um regime agora democrático, teve suas convicções quanto à retidão dos governos muito abalada e passou a teorizar sobre um governo ideal, que não fosse moralmente depravado, mas sim, justo. Mas Platão não se tornou somente um crítico literário do sistema de governo, ele procurou atuar de modo a modificar e implantar um governo mais justo, daí suas viagens a Sicília, com tal objetivo.

Platão é filho de Ariston e de Perictione, pertencia a uma família tradicional de Atenas e estava vinculado, por parte da mãe, a figuras importantes do mundo político. Sua mãe descendia de Sólon, o grande legislador, era irmã de Cármides e prima de Crítias.

Em 387 a.C., Platão funda na cidade de Atenas uma escola de filosofia chamada Academia, na qual lemos uma exigência, escrita na fachada: "Que aqui não entre quem não for geômetra". Tal inscrição demonstra o quanto Platão valorizava as matemáticas e como seu raciocínio é pautado de modo semelhante ao pensamento matemático, detalhe este interessante, pois, mesmo hoje em dia, os matemáticos tendem a se identificar mais com a teoria platônica, pois a vêem em funcionamento nos números com os quais lidam no seu trabalho.

Após a morte de Sócrates, em 399 a.C., Platão viajou de Atenas para Mégara acompanhado de outros discípulos de Sócrates. Segundo Diógenes Laércio, teria em seguida se dirigido a Cirene, onde encontrou-se com o matemático Teodoro. Posteriormente seguiu para a Itália e em seguida para o Egito.

Registram-se três viagens a Sicília, com o objetivo de influenciar o governo a adotar reformas coerentes com seus princípios filosóficos sobre o que seria um governo ideal. Como anteriormente a sua viagem foi exposto no livro “Górgias”, e posteriormente no livro “A República”, Platão entendia que o governo ideal seria aquele no qual o filósofo seria o rei ou então, no qual o rei seria um filósofo.

Por volta de 388 a.C. ocorreu a primeira viagem, na qual travou contato com Dionísio, tirano de Siracusa, na Sicília, a quem tentou influenciar para sua visão filosófica sobre o governo, mas acabou gerando animosidade entre ambos. Ao final desta primeira viagem foi capturado e vendido como escravo, tendo sido comprado por um amigo, Anicérides de Cirene, que o resgatou. Ao retornar desta primeira viagem a Sicília, funda a Academia em Atenas.

Há o registro de mais duas viagens a Sicília, uma por volta de 366/367 a.C., após a morte de Dionísio, na esperança de que seu sucessor, seu filho Dionísio II, fosse mais receptivo as suas ideias filosóficas quanto ao melhor governo. Platão foi convencido a realizar esta segunda viagem pelo conselheiro de Dionísio II, Dion. Mas em pouco tempo também se estabeleceu uma relação de animosidade entre Platão e o atual governante de Siracusa.

Ainda ocorre uma terceira viagem a Sicília em 361 a.C., mas os resultados finais também não são satisfatórios. A pedido de Dionísio II retorna a Siracusa acompanhado por dois discípulos de sua academia, lá ficando por cerca de um ano, quando em 360 a.C. decide retornar a Atenas, pois, a situação política da cidade estava piorando, havia o risco de invasão por outros povos e mesmo a vida de Platão estava correndo risco. Após o retorno para Atenas, seu amigo Dion tomou o poder e Dionísio II foi afastado, depois conseguiu retornar ao poder, o que resultou em nova intervenção de Dion e por fim no assassinato de Dion por seus próprios aliados. E como Platão previra, por fim, Siracusa foi invadida e tomada por outros povos.

Platão escreveu uma obra extensa, no estilo de diálogos, onde o personagem principal é seu mestre, Sócrates, e parte considerável (provavelmente toda) de sua obra chegou até os dias presentes. A maior discussão se dá entre os comentadores para saber quais diálogos foram de fato escritos por Platão e quais por outros, bem como, qual a ordem cronológica em que os mesmos foram escritos. Estas duas questões, sobre a originalidade e cronologia, tiveram diversas e distintas respostas desde a Antiguidade até séculos recentes, variando muito ao sabor dos tempos históricos. Outra questão pertinente e de pouco acordo entre os comentadores no decorrer da história é em quais diálogos predominaria o pensamento do mestre Sócrates e em quais predominaria o pensamento do discípulo Platão. Também e em decorrência das dúvidas quanto a ordem cronológica em que foram elaborados, temos a questão sobre quais seriam os diálogos do Platão ainda jovem e elaborando suas ideias e quais diálogos trariam o filósofo já maduro e apresentando suas ideias revistas.

Ao final deste texto faço uma listagem da relação completa das obras de Platão, baseado em uma conceituada organização das obras completas. Seriam 41 livros e 13 cartas ao total. Destes, a sétima carta tem bastante importância para o estudo de Platão, pois, nela há dados biográficos importantes para a compreensão e estudo de sua obra e vida. Ainda se discute sobre a autenticidade das cartas e quanto aos 41 livros, temos que 28 são obras consideradas autênticas, 7 de autenticidade duvidosa, mas aceita por parte considerável dos comentadores, logo, 28+7=35, sendo para muitos a obra de Platão composta por 35 livros. Os demais 6 livros são considerados apócrifos, mas continuam a ser importantes para quem se dedica ao estudo da obra e vida deste filósofo. Seus livros são escritos em forma de diálogo, tendo Sócrates como personagem principal, afasta-se deste modelo o livro “Apologia”, onde temos mais um discurso de Sócrates sobre sua defesa contra as acusações que o levaram a morte, do que propriamente um diálogo. Também se afasta deste modelo o livro “As Leis”, no qual, apesar de termos uma estrutura de diálogo, não temos o personagem “Sócrates”, em seu lugar um ateniense que muito provavelmente representa o próprio Platão. Em vários de seus diálogos aparecem familiares de Platão dialogando com Sócrates, o que pode significar que Platão nutria grande respeito e admiração pela nobreza de sua família.

Devido à multiplicidade de formas como os diversos temas foram tratados nos distintos diálogos fica muito difícil para o comentador conseguir organizá-los dentro de um todo e coerente sistema filosófico, havendo, inclusive, quem tenha defendido a impossibilidade de falarmos em sistema filosófico ao nos referirmos a obra de Platão.

Em seus diálogos, fica-nos claro que Platão entende que a dialética é a ciência suprema, cujo conhecimento permite a revelação do mundo das ideias, do ser, da verdade, da virtude, do bem, da justiça, donde entra a importância do filósofo e da filosofia nestes estudos. Também fica-nos evidente que Platão concorda com seu mestre Sócrates, sobre a necessidade de a filosofia ser uma atividade oral e não escrita. Ao optar pelo formato de diálogo, Platão usa o que mais aproximaria a escrita da oralidade.

 

2- Mundo das ideias (teoria das ideias ou teoria das formas)

Platão fala simbolicamente em “segunda navegação” se referindo com isto ao mundo inteligível. Na antiga linguagem usada pelos marinheiros, quando o barco era impulsionado pelo vento soprando as velas temos a “primeira navegação” e quando por ausência dos ventos se faz uso dos remos, temos a “segunda navegação”. Na linguagem simbólica proposta por Platão, a “primeira navegação” ocorre com os primeiros filósofos da natureza, da physis, e a “segunda navegação” temos o impulso dado à filosofia por meio das contribuições de Platão.

Platão entende que os filósofos da natureza, physis, perderam o rumo ao tentar explicar o mundo sensível pelo próprio mundo sensível. Coube a Platão dar um novo rumo à filosofia, sua “segunda navegação”, ao descobrir o mundo suprassensível, o mundo inteligível, o mundo das formas, o mundo das ideias perfeitas. Enquanto os filósofos da physis estavam presos aos sentidos, Platão direciona a filosofia para o plano do raciocínio puro, para o que é captável pelo intelecto.

Platão elaborou a sua teoria das ideias, onde temos a elaboração do conceito filosófico do mundo das ideias, onde haveria uma ideia perfeita de cada coisa, sendo tudo o que conhecemos cópias imperfeitas das ideias ali presentes. Tudo o que pensamos conhecer da realidade circundante não passa de meras aparências ou sombras das ideias presentes no mundo das ideias. Temos no mundo das ideias a verdadeira essência de cada coisa. Nele presente temos as ideias, as essências, as formas, os modelos de todos os objetos em seu máximo grau de perfeição. No mundo podemos observar coisas justas, mas estas são o reflexo da ideia de justiça, observamos objetos triangulares, mas estes são o reflexo da ideia de triângulo.

Por meio da teoria do mundo das ideias Platão consegue passar do mundo sensível, onde predominaria a mudança constante (mobilidade, mutabilidade, multiplicidade, contingente, aparências) já assinalada por Heráclito, para um mundo inteligível composto pela verdadeira realidade imutável e onde podemos vislumbrar a influência de Parmênides e também dos pitagóricos. Para Platão, o ser presente no mundo das ideias não é uno como o queria Parmênides, e sim múltiplo, pois, são múltiplas as ideias ali presentes, entidades estáveis, imóveis, imutáveis, simples, inteligíveis.

Se nos inspirarmos na leitura do livro “Parmênides”, teremos que naquele momento Platão imaginava que as ideias, no mundo das ideias, se apresentam como essências puras, incorpóreas, inteligíveis, permanentes, imutáveis, estáticas, rígidas, imóveis, sem qualquer tipo de atividade ou passividade, unidade. Só podemos vislumbrar estas ideias por meio de nossa razão e da reminiscência da época em que nossa alma teve acesso direto as mesmas. Já, por sua vez, o mundo físico ao qual temos acesso por meio de nossos sentidos, é formado por diversas e múltiplas entidades corpóreas, materiais, móveis, múltiplas, impermanentes, em movimento, em mudança, sofrendo ação e paixão tornando-as sujeitas a constantes mudanças. Este mundo sensível é o mundo das aparências, das sombras, das cópias e imitações das ideias perfeitas. Posteriormente ele há de modificar esta concepção, na qual temos presente muito nítida uma contraposição de Parmênides e Zenão na inspiração que levou a elaboração do conceito de mundo das ideias, bem como de Heráclito para inspirar o entendimento da realidade a nossa volta e percebida pelos nossos sentidos. As ideias, por exemplo, passarão a ser entendidas tanto como estáticas, como também dinâmicas a um só tempo. Em verdade, durante toda a sua vida Platão trabalhou na elaboração e desenvolvimento deste constructo filosófico, variando, portanto, de acordo com o escrito no qual nos basearmos para explica-lo.

Segundo o pensamento de Platão, temos dois distintos e separados mundos: 1- o mundo sensível, dos fenômenos e acessível pelos nossos sentidos; e 2- o mundo das ideias (inteligível), formado por essências imutáveis, puras formas. Somente pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos, por meio da razão e da dialética é que podemos nos aproximar do conhecimento perfeito do mundo das ideias.

Platão faz uma distinção entre o conhecimento sensível, onde imperaria a mudança e transformação, sendo um conhecimento inferior e propenso ao erro, conhecimento este proveniente de nossos sentidos, de nossa percepção da realidade circundante, e por outro lado, o conhecimento inteligível, que seria superior ao primeiro, pois, por meio deste temos acesso à verdade, à episteme e não à doxa. Pelo conhecimento inteligível temos acesso não as aparências e sim as essências ou formas verdadeiras das coisas, não sendo mutável ou enganoso. Podemos observar aqui uma solução para o problema anteriormente proposto pelos eleatas (Parmênides, Zenão e Melisso) em confronto com o pensamento de Heráclito. A imutabilidade do ser de Parmênides se encontraria nas formas, no mundo das ideias, e por sua vez, a mutabilidade e eterna mudança encontrar-se-ia aqui no mundo sensível das aparências.

A partir da concepção do mundo das ideias, temos também a teoria da reminiscência, pela qual o humano é formado de uma parte mortal, o corpo, e uma parte imortal, a alma.  Antes da alma se juntar ao corpo que temos neste mundo, nossa alma habitava o mundo das ideias, lá teve a oportunidade de ver as ideias perfeitas de cada coisa, mas esqueceu de tudo e cabe agora lembrar. Conhecer é lembrar aquilo que nossas almas conheciam antes de ocupar este nosso corpo.

No livro “A República”, Platão sustenta por meio do personagem Sócrates que as Ideias são perfeitas, imateriais, eternas, imutáveis, imóveis, invisíveis aos sentidos e perceptíveis somente pela razão.

Por sua vez, no livro “Fédon” as Ideias são apresentadas como sendo independentes dos entes sensíveis, eternas, imutáveis, inteligíveis e simples (indivisíveis). Todas as coisas presentes no mundo sensível estão sujeitas à geração e à corrupção, podendo deixar de ser o que são e se transformar em outra coisa, aqui temos a constante variação, mudança, transformação, mutabilidade já anteriormente descrita por Heráclito. Uma coisa, seja lá o que for, só existe neste mundo sensível e concreto por participar de uma ideia de si próprio, logo, a ideia é anterior ao objeto.

 

3- Dualismo corpo alma e a imortalidade

Dualismo corpo alma

Temos um dualismo de corpo e alma em Platão que nos remete ao orfismo e ao pitagorismo. O corpo é entendido como o cárcere da alma, sendo o primeiro mortal e corrompido, enquanto a alma se mostra como imortal e dentro de um processo constante de transmigração no qual passa por sucessivos corpos em reencarnações. Quando esta alma não está presa a um corpo ela pode contemplar diretamente as ideias perfeitas existentes no mundo das ideias, quando presa ao corpo só pode recordar das mesmas por meio da reminiscência. Deste modo, para Platão, ao nascermos já possuímos o conhecimento adquirido por nossas almas enquanto estavam no mundo das ideias, portanto, aprender é recordar. Admite-se deste modo a existência de ideias inatas.

O humano se divide em dois, temos o corpo e a alma, daí o dualismo ser parte de nossa natureza. Nosso corpo faz parte do mundo dos sentidos e já nossa alma integra o mundo das ideias. Por fazer parte do mundo dos sentidos, nosso corpo, como também tudo o mais que está presente no mundo dos sentidos, constantemente sofre deterioração, envelhece e morre, no entanto, nossa alma não pertence por natureza a este mundo, partilhando do mundo das ideias, mundo inteligível, de modo que nossa alma racional é imortal. O nosso corpo é a tumba de nossa alma.

Platão entende a alma como imortal e conhecedora do mundo das ideias, conhecimento do qual pode se lembrar por meio da reminiscência. Unida ao corpo, este representa a matéria, formando com a alma um dualismo.

As formas presentes no mundo das ideias antecedem as coisas presentes no mundo sensível, temos, portanto, aqui também um dualismo presente entre o mundo inteligível e o mundo sensível. Sendo que o mundo inteligível é o real e o outro é formado por cópias que de algum modo participam das ideias contidas no primeiro.

O mundo sensível é formado por cópias, mas estas possuem realidade material como também o teriam qualquer quadro ou escultura feito por um artista. Neste caso, o artista é o Demiurgo, o qual se inspira nas formas presentes no mundo das ideias para compor organizadamente tudo o que existe, mas ele não cria no nada, pois, da mesma forma que um artista, arquiteto ou engenheiro, faz uso de uma matéria primordial já existente, mas desorganizada em um caos inicial. Para os gregos não é possível falar em criação, conceito este que só surgirá e estará presente com o Deus judaico-cristão.

 

Imortalidade

Nos diálogos “Fedro” e “Timeo” vemos Platão expondo a teoria da transmigração das almas, pela qual teríamos uma primeira encarnação em um corpo de macho humano e dependendo do comportamento desta pessoa no decorrer de sua vida, após sua morte sua alma imortal iria reencarnar em outro corpo, podendo ser de uma mulher ou de algum outro animal. Os diversos animais também teriam alma, mas seria uma alma que anteriormente já havia ocupado um corpo humano, havendo, deste modo, uma evolução ou involução e degradação.

A alma humana é dividida em três faculdades, a apetitiva, a irascível e a racional. Cabe a alma apetitiva se direcionar a sobrevivência e conservação do corpo, bem como à reprodução. A apetitiva se vincula a paixões, tais como a fúria, e aos desejos. A alma irascível se vincula a sentimentos, como no caso da coragem. A racional vincula nossa alma ao que há de divino. Por meio da alma racional podemos adquirir conhecimento por meio de nossa razão.

A alma é de natureza divina, mas nós podemos incidir em erro em virtude da divisão tripartida da alma em nosso corpo. 1- na cabeça temos a alma racional, única imortal, que deve dominar e governar o corpo e comportamento por meio do conhecimento e sabedoria. 2- A alma do peito é a alma passional que segue a opinião. 3- A alma do ventre é a apetitiva, sujeita aos estímulos das sensações e dos desejos. Nos dá uma imagem alegórica de uma carruagem alada puxada por dois cavalos. Um representando a alma do peito, a passional, este um cavalo branco e de índole mais generosa. Outro representando a alma do ventre, apetitiva, este um cavalo preto e de índole mais rebelde. Ambos os cavalos, por vezes, tentam dar o rumo a carruagem, no lugar do cocheiro, a alma da cabeça, racional, que é quem deveria comandar.

No entendimento proposto por Platão, percebemos influência de concepções místicas e religiosas, tais como o orfismo e o pitagorismo, presentes na noção de alma e nos contornos conceituais que foi ganhando em sua filosofia.

Os três pilares nos quais Platão se baseia para afirmar a imortalidade da alma são: 1- os contrários, 2- a reminiscência e 3- a semelhança. Assim sendo, temos que: 1a- todas as coisas nascem de seu contrário em uma relação cíclica, na qual ou se gera ou se é gerado. Ocorre que a alma não possui um contrário, não sendo, portanto, geradora ou gerada e não estando presente nesta relação cíclica.

Também podemos pensar aqui que: 1b- o contrário da vida é a morte, o contrário de viver é estar morto. Como tudo surge de seu contrário, então seria a morte que daria origem a vida. Dito de outra forma, estar morto provém de estar vivo e por sua vez, estar vivo provém de estar morto, cada um destes estados há de engendrar o outro estado e deste modo temos uma teoria sobre a dupla geração dos contrários. 2- a teoria da reminiscência proposta por Platão nos diz que toda aprendizagem é recordação de algo que já conhecíamos anteriormente quando nossa alma esteve presente no mundo das ideias, antes de encarnar neste corpo. Quando a alma encarna, tudo esquece. Aprender é recordar, e recordar aquilo com que nossa alma teve contato anteriormente. 3- nossa alma tende a se vincular a tudo que é eterno e perfeito e isto ocorre por semelhança, já a realidade presente no mundo sensível é composta por coisas suscetíveis a decomposição e imperfeição, não permitindo uma união com nossa alma.

 

4- República (10 livros) e Leis (12 livros)

Para Platão o melhor governo de uma cidade se dá por meio da aristocracia. Em “República” e “Leis”, trata Platão da política.

No livro “A República”, Platão defende a divisão da sociedade em três classes, seguindo a divisão já apresentada para a alma humana (apetite, espírito, razão). Teríamos, portanto, os trabalhadores em geral (artesãos, carpinteiros, encanadores, pedreiros, comerciantes), os guardiães (soldados, guerreiros) e os governantes (filósofos). Respectivamente almas de bronze, prata e ouro.

Homens e mulheres teriam uma educação igual, com as mesmas oportunidades para ocupar qualquer uma das três classes. A classe dos guardiães e dos governantes não deve ter família, filhos, propriedade privada. Os bens seriam comunais para estas duas classes. Há também um abandono do uso da retórica objetivando a persuasão e sua substituição pelo uso da razão e da verdadeira sabedoria no trato das coisas do governo.

Nesta obra, “A República”, Platão busca uma definição para a “justiça”, abordando no caminho o que seria a “injustiça”, temas éticos, políticos, epistemológicos, metafísicos e outros. Regimes políticos diferentes tem as suas principais características analisadas em busca da proposta de uma cidade ideal e bela, "Kallipólis". Neste tocante há uma comparação entre o humano e a cidade. A alma humana é dividida em três faculdades distintas (apetitiva, irascível e racional) e por sua vez a cidade tem seus cidadãos também divididos em três grupos, ou classes, distintos, de acordo com a alma que predomine em cada pessoa, deste modo, temos: os comerciantes, os guerreiros (guardiães) e os governantes (filósofos).

O livro “A República” é dividido em 10 partes (ou capítulos ou livros). No livro quinto da “República” Platão defende a igualdade de bens (comunismo) entre as classes dos governantes e dos guerreiros. Estes dois grupos não deveriam ter bens próprios e família. Também defende a igualdade entre homens e mulheres tanto para governar quanto para guerrear.

O livro “A República” tem como tema central a organização política de uma cidade ideal, de modo que é por vezes, hoje, entendido como uma utopia política. Aliás, a política está constantemente presente nesta obra, bem como a estética e a teoria do conhecimento, deste último tema provém a alegoria da caverna. A obra é construída em forma de diálogo, aliás, característica esta sempre presente nas obras de Platão, somente nas cartas e também um pouco na obra “Apologia”, Platão se afasta do diálogo como estrutura de seus trabalhos. No livro VII além da teoria do conhecimento, temos também presente uma discussão sobre a justiça, a qual passa a estar vinculada a posse do conhecimento verdadeiro, e também sobre educação. Como os filósofos são os que mais se aproximam da verdade, para termos uma sociedade justa caberia a estes governarem, de modo a termos um filósofo rei ou um rei filósofo, o que dá, na prática, no mesmo.

Platão faz uma tipologia das formas de governo e apresenta quais as degenerações de cada tipo no livro oitavo da “República”. Segundo o pensamento exposto por Platão, tudo o que existe no mundo sensível e se realiza estará sujeito a se degenerar, a se corromper, mas o mesmo não ocorre no mundo inteligível, eterno, imutável, perfeito, lugar das formas ou ideias.

Platão apresenta os seguintes tipos de governo: 1- timocracia, 2- oligarquia, 3- democracia e 4- tirania. E, por sua vez, estes governos se corrompem e degeneram nesta mesma ordem (timocracia se corrompe em oligarquia, que se corrompe em democracia, que se corrompe em tirania).

Na timocracia temos um governo ocupado pelos militares, cuja essência é a disciplina. Na oligarquia temos o governo dos homens de ambição que acumulam riquezas. Na democracia temos um confronto entre ricos e pobres. Platão entende a democracia como lugar de absoluta liberdade e de inversão de valores, onde predomina o caos. Na tirania temos um eleito para ocupar o poder eternamente. O tirano por sua vez é dominado pelas próprias paixões e desejos, podendo realizar o que bem entender e mesmo aquilo que as demais pessoas jamais fariam.

No Estado ideal proposto por Platão, a sociedade também se subdivide em três classes, do mesmo modo que em um humano temos três almas, deste modo, temos os filósofos representando a sabedoria, os guerreiros representando a coragem e os demais trabalhadores representando a virtude da temperança. Se as três classes atuarem em harmonia, teremos a justiça. A cada uma destas classes dá um metal para representa-la, assim temos para os filósofos, guerreiros e demais trabalhadores, nesta ordem, o ouro, a prata e o bronze.

 

As Leis

No livro “As Leis”, dividido em 12 partes (livros, capítulos), último livro escrito por Platão, é proposto um novo ordenamento jurídico para a cidade. Também escrito em forma de diálogo, temos aqui a novidade de não haver um personagem representando o filósofo Sócrates. Além das leis, uma ampla gama de temas são aqui tratados nesta obra. É destacado o papel representado pelo legislador enquanto educador, que deve se ater a evitar que os cidadãos cometam transgressões da lei, sendo preferível educar do que castigar.

Temos uma discussão sobre o que seria a composição de uma cidade-Estado ideal, para tanto, Platão cria uma cidade imaginária chamada de “Magnésia”. No diálogo é abordada a necessidade do culto e crença nos deuses. As crenças religiosas são importantes para manutenção da ordem moral e política. No livro, a legislação é a base do Estado. Também é abandonada a ênfase dada anteriormente a necessidade de um filósofo ser o rei ou de termos um rei filósofo. Em relação ao livro “A República”, algumas teses são abandonadas, como a já citada tese do rei filósofo, o comunismo de bens, a divisão da cidade em três classes, a proibição das classes de guerreiros e de governantes de casarem e comporem família ou cuidarem dos próprios filhos.

 

5- O anel de Giges (A República, livro 2, 359b-360b)

Aqui temos uma alegoria que visa discutir como se comportaria uma pessoa que pudesse tudo fazer sem ser punido. O homem é justo por ser incapaz de cometer injustiça por medo de ser punido ou ele é justo por amar a justiça e entender ser este o procedimento correto independente de punições e recompensas?

A história narra um fato na vida de um pastor de ovelhas de nome Giges e a serviço do rei da Lídia. Certa vez, enquanto cuidava sozinho das ovelhas sucedeu uma grande tempestade e depois um terremoto. Após estes eventos o pastor Giges viu que se abriu um buraco na terra e ao chegar na abertura do mesmo constatou maravilhas ali dentro, dentre as quais um cavalo de bronze com portas e um cadáver aparentemente maior que um humano e que este portava um anel de ouro em sua mão. O pastor pegou o anel e o levou consigo. Percebeu depois que o anel lhe permitia ficar invisível e se utilizou deste poder para vantagem própria. Se voluntariou para ir conjuntamente com outros pastores até o rei para tratar de assuntos cotidianos ao serviço, lá chegando, no entanto, seduziu a rainha para juntos matarem o rei, o que de fato fez, vindo a ocupar o lugar do mesmo.

No diálogo, Gláucon prossegue argumentando que caso houvesse dois anéis e fosse dado um a uma pessoa justa e outro a uma pessoa injusta, nenhum dos dois iria perseverar na justiça e ambos tenderiam a se apoderar de bens pertencentes a outros, podendo tirar sem receio de punição, qualquer coisa que quisesse dos mercados e lojas ou mesmo das casas de qualquer um. Poderia matar, roubar e tudo fazer sem qualquer receio. Agiria como se fosse um deus entre os homens e deste modo, tanto o justo como o injusto em nada se diferenciariam do mau e da injustiça. Deste modo Gláucon argumenta que as pessoas não são justas pela sua própria vontade, mas por obrigação, não sendo a justiça um bem individual, já que aquele que acreditar que possa cometer uma injustiça sem ser punido, o fará. Acrescenta que os homens acreditam ser a injustiça mais proveitosa que a justiça e que endossariam o comportamento de alguém que de posse do poder para tal, o usasse. Só não o endossariam em público, com medo de represálias e se tornarem eles mesmos vítimas de injustiças.

Platão buscou por meio desta alegoria introduzir e debater um tema difícil e complexo, de um modo mais simples e compreensível. O personagem principal desta alegoria, o pastor Giges, demonstrou que só era justo na aparência, porque tinha medo das consequências que seus atos poderiam lhe trazer, mas quando teve o poder de fazer qualquer coisa sem sofrer penalidades, mostrou seu verdadeiro “eu”, quem de fato era. Ele somente se mantinha justo enquanto se percebia subjugado pela ordem política e social então vigente.

 

6- As quatro virtudes cardeais (A República, livro 4)

As quatro virtudes cardeais (cardinais)

Podemos entender a expressão “virtude” como uma disposição ou inclinação estável para praticar o bem, é algo maior do que um potencial ou aptidão, pois temos uma orientação direcionada para tal fim. Já o termo “cardeal” aponta para algo que seja condição necessária na qual as demais virtudes se apoiam. Teríamos deste modo as virtudes básicas e fundamentais de onde todas as demais surgiriam.

Podemos entender o termo “virtude” como vinculado aos nossos hábitos e comportamentos ou mesmo atitudes diárias que sejam dignos de louvor, se apresentando como uma disposição para se praticar o bem. São as virtudes que nos encaminham para um patamar de excelência humana.

Também nos fala Platão em quatro virtudes cardeais, no livro “A República”, livro quatro, e inicialmente estariam vinculadas a cidade e não a pessoa isolada. 1- a sabedoria (prudência), 2- a coragem (fortaleza, força), 3- a temperança (moderação) e 4- a justiça. Cada uma delas vinculada a uma alma e o conjunto vinculado à harmonia. Deste modo, temos que a sabedoria se vincula à alma racional, a coragem à alma passional, a temperança à alma apetitiva e o somatório de todas de modo harmônico, à justiça.

A sabedoria ou prudência se apresenta quando reconhecemos o valor do conhecimento verdadeiro e da razão para poder discernir entre o que seja verdadeiro ou falso, bom ou mal. Deste modo, a razão nos direciona na escolha pelo bem verdadeiro e também do modo adequado para obtê-lo. A partir da sabedoria somos direcionados a outras virtudes, estando esta hierarquicamente acima das demais e sendo, portanto, a virtude mestra ou virtude mãe. Na sequência da sabedoria, temos a justiça, a qual começa pela escolha do caminho e dos meios para seguir na vida em direção aos nossos objetivos e na busca da verdade. Quando fazemos uso desta virtude, a justiça, nos propomos a fornecer aos demais o que lhes é devido por direito. Para tal, precisamos de outra virtude, a coragem, pois é esta força ou fortaleza que nos permite manter nossa busca pelo bem, apesar de todas as dificuldades enfrentadas. Para vivermos em sociedade há também a necessidade de fazermos uso de outra virtude, a moderação ou temperança, pois, diante da possibilidade de inúmeros prazeres a serem usufruídos por nós, cabe termos domínio sobre nós próprios para manter uma atitude e comportamento de equilíbrio no usufruto dos bens que possam nos proporcionar prazeres diversos.

 

7- A linha cortada (A República, Livro 6, 509d-511e)

No livro VI de “A República”, Platão por meio do personagem Sócrates, nos apresenta a analogia da linha cortada ou linha dividida. Se imaginarmos uma linha reta na vertical, começando no ponto “A” até o ponto “E” e a dividirmos ao meio em duas partes não iguais e novamente cada uma destas partes em duas outras partes também não iguais, teremos cinco pontos marcando o início (A), o fim (E) e as divisões (B, C, D). Esta analogia aparece em um diálogo entre Sócrates e Gláucon. Os dois primeiros segmentos, “A” até “B” e “B” até “C”, representam o mundo sensível e os dois segmentos seguintes, “C” até “D” e “D” até “E”, representam o mundo inteligível. Ou dito de outro modo, a reta está dividida em quatro segmentos e os dois primeiros representam o mundo sensível e os dois últimos o mundo inteligível.

Nesta reta vamos da doxa (“A”) que vai gradativamente aumentando o grau de verdade até a episteme (“E”). As seções vão em um crescente nível de verdade, partindo da conjectura, e prosseguindo para a crença, o pensamento e a compreensão. A penúltima divisão, “C” até “D” é onde encontramos as matemáticas, mas somente no último segmento temos a contemplação do mundo das ideias pelo filósofo e por meio da dialética.

Ao examinarmos um a um todos os segmentos, temos que indo do nível mais baixo de conhecimento para o mais alto, temos 1- primeiro o segmento “A” até “B”, no qual encontramos a Eikasia, ou seja, a opinião no nível da imaginação, baseada nos nossos sentidos e na aparência e semelhanças das coisas, 2- Pistis, “B” até “C”, no qual temos a opinião baseada nos nossos sentidos e na crença sobre as coisas visíveis observadas, 3- Dianoia, “C” até “D”, no qual temos o conhecimento por meio do pensamento e onde encontramos a geometria e as matemáticas, a partir da observação, assumimos hipóteses visando uma conclusão racional, 4- Noesis, “D” até “E”, no qual temos o conhecimento baseado na compreensão do inteligível. Temos aqui a contemplação das ideias por meio do uso da dialética, neste último nível de conhecimento a verdade e realidade relativa se encontram no nível mais elevado. O nível mais baixo (A B) representa o mundo do devir, da mudança e da transformação, tal como presente na filosofia de Heráclito. O segundo nível (B C) é onde encontramos os objetos físicos fixos e estará presente na metafísica posteriormente elaborada por Aristóteles. O terceiro nível (C D) é onde temos as matemáticas e pode nos trazer à mente a concepção de Pitágoras sobre o número e o mundo. O quarto e último nível (D E) é o nível mais alto do conhecimento, onde temos uma realidade imutável e permanente, que não sofre mudança ou transformação, livre do devir. Aqui temos o pensamento de Parmênides e também o mundo das ideias de Platão.

O conhecimento ocorre de “A” até “E”, sendo que de “A” até “C” temos o mundo das sombras, da doxa, da opinião. Já de “C” até “E” passamos gradualmente a ter acesso ao mundo das ideias, a episteme, ao conhecimento verdadeiro. No primeiro segmento, de “A” até “B”, nós temos a arte, proporcionando uma cópia das cópias que habitam o mundo. Também as imagens refletidas nas águas ou em possíveis espelhos, apresentando uma cópia do mundo sensível. Em B C temos a filodoxia, amizade/amor pela opinião. Aqui, neste segmento, encontramos o mundo sensível. Em C D as matemáticas, a geometria, e também as ciências que se ocupam do conhecimento deste mundo. Em D E passamos a ter a filosofia com o uso da dialética.

 

8- A metáfora do sol (República, Livro 6, 507b-509c)

No livro VI de “A República”, Platão, em um diálogo entre os personagens Sócrates e Gláucon (ou Glaucão), nos apresenta a metáfora do sol. O sol é apresentado como a fonte de todo o conhecimento e como o próprio bem. A luz do saber em oposição as trevas da ignorância. Para podermos enxergar usando nossos olhos, precisamos primeiro da luz, sem esta não podemos fazer uso de nossa visão no mundo sensível. Não há luz mais forte e ampla que a proveniente do sol. O sol no mundo inteligível pode ser entendido como a ideia do Bem, que nos permite ter acesso por meio da razão e da dialética as formas ou ideias perfeitas e eternas presentes no mundo das ideias. Esta alegoria nos traz uma nítida divisão entre sombras e trevas de um lado e a luz do sol de outro, ou, entre o mundo sensível e o mundo inteligível.

Faz uma comparação entre o sol e o bem, o Bem é para o mundo inteligível o que o Sol é para o mundo sensível. O sol traz a luz que tudo ilumina para enxergarmos com nossos olhos e o Bem traz a luz para enxergarmos com nossa razão.

O bem se apresenta aqui como condição da possibilidade de conhecimento, sendo o sol igualado a ideia de Bem e esta vista como transcendente em relação as demais ideias acessíveis ao conhecimento.

A ideia do bem é associada à ideia de justiça e também à concepção platônica do rei filósofo, de modo que podemos afirmar que é ponto essencial dentro deste contexto que a contemplação da ideia do bem pelo filósofo por meio da dialética torna-se imprescindível para poder se comportar de modo racional tanto na sua vida privada, como também na pública.

 

9- A alegoria de Er (A República, livro 10, 614b-621b)

No livro dez é contada a alegoria de Er, o qual teria retornado do Hades e contado sobre o destino das almas após a morte. Os justos seriam recompensados e os injustos seriam punidos. Teríamos a imortalidade da alma.

Após uma batalha, tendo já se passado 10 dias, o corpo do soldado Er foi recolhido para que seus familiares fizessem os rituais fúnebres. Quando encontraram o corpo no campo de batalha, perceberam que este ainda se conservava intacto, enquanto que os demais corpos, de outros soldados, já haviam entrado em decomposição.

Foi conduzido para sua casa e lá, durante os preparativos fúnebres, já passados 12 dias do seu falecimento, retorna a vida e conta o que se passara com ele, ou melhor, sua alma. Sua alma após sair do corpo se pôs a caminhar conjuntamente com outras almas até chegarem a um lugar maravilhoso. Neste lugar viu duas aberturas relacionadas entre si na terra e outras duas no céu. Entre as aberturas encontravam-se juízes que após proferirem sua sentença, ordenavam aos justos que seguissem pela abertura a direita em direção ao céu e aos injustos que seguissem pela abertura a esquerda em direção a terra. Em cada alma era afixado um letreiro com o julgamento e com o que haviam feito em vida.

Foi informado a Er que este não participaria, somente deveria observar e retornar como um mensageiro para os homens sobre as coisas que ali havia visto. As almas que chegavam provindas da terra pareciam vir de uma longa jornada, estavam impuras e imundas, já as provindas do céu estavam puras e limpas. Todas se reuniam e contavam suas experiências. As provenientes do céu recordavam de coisas boas e belas, já as provenientes da terra recordavam de sofrimentos e dores de uma viagem de mil anos pela terra.

Por cada injustiça cometida a alma deveria pagar um castigo multiplicado por dez, já os justos seriam recompensados. Os que já tinham pago seus castigos, retornavam a vida, reencarnando, mas antes deveriam passar pelo lugar onde estavam três mulheres, as três filhas da necessidade, as parcas: Láquesis (o Passado), Cloto (o Presente) e Átropos (o Futuro), que teciam o destino dos humanos.

Um adivinho pegava um lote de modelos possíveis de vida e as jogava em direção as almas, para que as almas escolhessem sua próxima encarnação. Cada escolha representava um destino, mas também trazia consigo armadilhas. A alma deveria escolher sem cair na ganância da tirania e riqueza, evitando os excessos e acolhendo a prudência, de modo a conseguir alcançar a felicidade e a ter êxito na busca da virtude. Após a escolha as almas eram conduzidas para o rio do esquecimento, onde deveriam beber água, a qual faria as mesmas tudo esquecerem. As almas que bebiam mais água esqueciam mais, e as que bebiam menos, esqueciam menos, tornando-se estes últimos, sábios. Após isto, as almas já se encontravam a dormir, escutou-se um trovão definindo a hora da partida das almas para encontro de seus novos corpos e assim elas iam, cintilando como estrelas.

Er fora impedido de beber das águas do esquecimento e deste modo, quando acordou junto a seus familiares, lembrava de tudo que vira.

 

10- A alegoria (mito, parábola, prisioneiros) da caverna (A República, livro 7, 514a-517c)

A alegoria da caverna surge de um diálogo travado entre os personagens Sócrates e Gláucon no livro VII da “República”, na qual os prisioneiros dentro da caverna somente podem ver as sombras projetadas na parede. Nós somos também prisioneiros e não podemos ver a verdadeira realidade das ideias e sim somente sombras das mesmas.

Aqueles que vivem aqui na Terra são semelhantes a prisioneiros presos pelos pés e pescoço com correntes no fundo de uma grande caverna. Estas pessoas nunca viram a luz do dia e sim somente sombras projetadas quando objetos passam na frente de uma fogueira que está posicionada atrás deles. Estas pessoas não podem ver o que está atrás deles, seja a fogueira ou os objetos que por ela passam, podem somente ver as sombras projetadas na parede.

Na alegoria da caverna, de cunho filosófico e pedagógico, temos pessoas dentro de uma caverna funda, estas pessoas encontram-se acorrentadas de tal modo que não podem se virar para olhar atrás delas, sendo forçadas a olhar somente para a parede do fundo da caverna onde são projetadas sombras e estes também escutam sons, como ecos. Atrás deles há um pequeno muro capaz de encobrir pessoas que passem por trás dele carregando coisas, objetos diversos, figuras de homens e animais feitas de pedra, madeira e outros materiais, os quais são iluminados por uma fogueira que se encontra atrás dos mesmos, de modo a projetarem sombras no fundo da caverna. Conforme os portadores dos objetos passam, naturalmente alguns vão falando e outros em silêncio. Daqueles que falam chega o eco até os prisioneiros, que podem identificar os sons com as sombras dos objetos.

Caso ocorra de um dos prisioneiros ser libertado e forçado a olhar para o fogo ou mesmo sair da caverna e encarar a luz do dia, se sentirá muito incomodado com a luz nos seus olhos e isto atrapalhará sua visão. Não irá acreditar no que vê, achando tudo falso e crendo ser a verdade as sombras com as quais estava acostumado. Se lhe permitirem, irá querer retornar ao interior da caverna a qual estava acostumado. Se, no entanto, suportar o incômodo e se acostumar à luz e aos objetos reais e um dia quiser retornar ao interior da caverna para contar aos demais sobre o que descobriu, quando adentrar a escuridão da caverna ficaria sem poder ver, pois seus olhos já estavam acostumados a claridade e os demais prisioneiros não acreditariam nele, veriam sua dificuldade em enxergar dentro da caverna como um mal ocasionado pela saída do lugar e não iriam dali querer sair, mesmo que para isto tenham de lutar e matar para ali permanecer.

Acrescentemos que o caminho de saída da caverna não é fácil, trata-se de uma subida por um caminho áspero e escarpado, que requer um certo grau de dificuldade para ser transposto.

Nesta alegoria temos que os homens presos no interior da caverna representam as pessoas comuns presas à rotina de suas vidas neste mundo, são prisioneiras sem o saberem, vivem sem pensar, envoltas no hábito e no preconceito, nos costumes e na prática adquirida pela repetição e pelo aprendizado da tradição. Para aqueles que permanecem na caverna, predomina a doxa e não a episteme.

Podemos interpretar esta alegoria de modo a entendermos os prisioneiros como as pessoas comuns, não filósofos, obtendo seus conhecimentos por meio dos cinco sentidos, elas sabem aquilo que percebem e aquilo que compartilham com os demais por meio da cultura e dos valores sociais presentes à sua cidade no seu tempo histórico. Por sua vez, a caverna também representa nosso próprio corpo, onde nossa alma se encontra aprisionada e cuja libertação se dará pela morte e pelo fim do ciclo de reencarnações.

Nós somos iludidos e enganados pelas sombras que acreditamos serem as próprias coisas, mas que são meras aparências do real. As sombras e os ecos das vozes que escutamos na caverna onde nos encontramos presos representam as opiniões (doxa) e preconceitos provenientes do senso comum. Quando passamos a buscar o verdadeiro conhecimento por meio da dialética e da filosofia, nos assemelhamos ao prisioneiro que sai da caverna para a luz do dia. A luz do sol representa o bem e a imersão na caverna a ausência deste bem. O sol é a luz do conhecimento que nos permite diferenciar as sombras da verdadeira realidade. O contato com o sol para quem vem das trevas é inicialmente algo doloroso, mas se houver persistência, aos poucos a vista irá se acostumar e a cegueira irá ceder lugar para a verdadeira visão.

 

11- Ética e moral em Platão

Fazendo uma leitura interpretativa do pensamento de Platão sobre o tema da ética e moral, temos que o comportamento voltado para esta área deve ser motivado pela razão e não pela obtenção do prazer ou pelas nossas sensações e emoções. Uma decisão justa deve ser pautada na razão.

Toda a obra de Platão se preocupa com o mundo inteligível e não com o mundo sensível. É no mundo inteligível que encontramos o mundo das ideias com uma ideia perfeita e eterna sobre cada coisa que encontramos em nosso mundo. Nós vivemos em um mundo de sombras, cuja luz é proveniente do mundo das ideias, ou se preferirem, vivemos em um mundo de cópias, cujas formas perfeitas que deram origem a tais cópias por meio de algum tipo de participação, encontram-se em um mundo separado. Logo, podemos falar que a base da ética de Platão é transcendente, uma vez que seu fundamento não se encontra em nosso mundo dos sentidos, empírico, e sim no mundo das ideias, que nossa alma conheceu antes de encarnar no nosso corpo. Há de igualar, portanto, o comportamento ético e moral com ser virtuoso e para ser virtuoso há de contemplar o Bem, a ideia do Bem, presente no mundo das ideias. Quando o filósofo conhece as ideias perfeitas, estas formas e modelos eternos, pode se direcionar para o Bem. Seguindo o pensamento de Sócrates, quem conhece o Bem, faz o Bem. O mal não existe em concretude, sendo a ausência do Bem. Quem pratica o mal, o faz por ignorância do Bem.

O humano pratica o mal por ignorância decorrente de se encontrar em um mundo de sombras, de trevas, onde só há cópias de modelos perfeitos. Somente obtendo conhecimento sobre as formas eternas é que se pode conhecer a verdade e quando conhecemos a verdade, conhecemos o Bem e o praticamos. Este processo de tomada de consciência sobre a verdade e o Bem se dá por meio da razão e tem como método a dialética. No mundo das ideias, a principal ideia é a ideia do Bem e as demais participam desta ideia.

Da mesma forma que a luz do sol tudo ilumina e afasta as trevas, o Bem tudo ilumina com a verdade, permitindo que os reais modelos sejam percebidos e não somente as cópias. Esta analogia do Bem com a luz do sol já se encontra presente no livro “A República”.

A tripartição da alma humana (racionalidade, irascibilidade, concupiscência) na filosofia de Platão tem importância para o entendimento do pensamento ético e moral de Platão. A cidade ideal, proposta na “República” tem seus cidadãos divididos pelas atividades a serem exercidas de acordo com sua alma predominante e, deste modo, temos aqueles que fazem os diversos trabalhos de manutenção da cidade (comerciantes, artesãos, etc), os guerreiros e os governantes. Cada alma possui uma função própria e cada pessoa detentora da predominância de uma determinada alma tem uma função específica na cidade ideal. Ao colocar as pessoas certas nas funções mais apropriadas para as mesmas, as atividades a elas incumbidas podem ser executadas com excelência e perfeição, sendo esta a sua virtude.

Podemos então definir a virtude como sendo a capacidade de uma pessoa realizar as tarefas que lhe são atribuídas na cidade de modo a fazê-lo com excelência e perfeição. Temos a justiça presente quando cada classe dentro da cidade executa o que lhe compete conforme as aptidões que possui naturalmente. Deste modo, temos também uma espécie de equilíbrio entre as aptidões das pessoas e as necessidades da cidade, tudo isto vinculado aos conceitos de virtude, de Bem e de verdade. Esta visão de virtude e justiça, por sua vez, relaciona-se com a ideia de felicidade individual. Somente o homem que conhece a verdade, o Bem, é justo e somente o justo é feliz.

Dentro do arcabouço teórico da filosofia de Platão, os conceitos de Bem, virtude e justiça estão presentes no mundo inteligível de modo verdadeiro, completo, eterno, enquanto ideias, que, ao serem transpostas para nosso mundo sensível, se apresentam como cópias imperfeitas. Podemos conhecer tais conceitos por meio do método dialético e pela reminiscência, ou seja, a lembrança que nossa alma possui do tempo em que habitava o mundo das ideias.

O comportamento ético moral se baseia no conhecimento da verdade e da ideia de Bem. É preciso primeiro contemplar a ideia de Bem, para só então poder praticar o bem, a justiça e ser virtuoso. Alguns hão de ver nisto algo que chamarão de “intelectualismo moral”.

 

12- O amor no livro “O Banquete”

O livro apresenta os seguintes personagens principais:

Sócrates – filósofo

Aristófanes – eminente poeta cômico

Agatão – jovem poeta trágico, recém premiando em concurso

Fedro – jovem aristocrata

Pausânias – sofista, pederasta

Erixímaco – médico

Alcibíades – general, eminente político

E por sua vez, os seguintes personagens secundários:

Diotina – sacerdotisa (a qual não se encontra presente, mas é referida por Sócrates)

Apolodoro, Companheiro de Apolodoro, Glauco e Aristodemo

 

O livro “O Banquete” (Simpósio), de Platão, é um diálogo que tem como personagem principal a Sócrates. Apesar de ser considerado e tratado como um diálogo pelos comentadores da obra de Platão, o livro se apresenta como uma série de discursos sobre o tema do amor e amizade, se assemelhando mais a um duelo verbal do que a um diálogo ou conversa. Vários personagens proferem discursos sobre o amor (deusa Afrodite e seu filho Eros, com destaque para Eros), como tal é o caso de (1) Fedro, (2) Pausânias, (3) Erixímaco, (4) Aristófanes, (5) Agatão e mesmo (6) Sócrates. Temos, portanto, seis discursos sobre o amor. Alcibíades também está entre os que participam do banquete, perfazendo um total de sete comensais, mas este usa seu tempo para proferir, não um discurso sobre o amor e a amizade, e sim, para homenagear e exaltar a Sócrates, sendo Alcebíades o último a falar, logo após Sócrates. Quando Sócrates fala, este inicialmente conta um discurso sobre Eros, que havia escutado da sacerdotisa Diotima. Deste modo, somando os seis discursos sobre Eros com o discurso de Acibíades e o de Diotima, temos um total de oito discursos sobre variações do tema amor (Eros).

O Banquete ou Simpósio é retratado como se passando em um encontro de amigos e conhecidos em uma casa onde há comida e bastante bebida, uma festa que passa a ser animada pelos discursos de seus participantes sobre o tema do amor.

Inicialmente os convidados se mostram cansados em virtude do excesso de bebida em uma festa no dia anterior e é feita a proposta de que aproveitem o tempo para discursarem em homenagem ao amor, ao que Sócrates intervém e sugere que no lugar procurem definir o que seja o amor, sendo a proposta aceita pelos convidados. O amor ou Eros, é um deus pouco reverenciado e por isto será o tema dos discursos em sua homenagem, feitos pelos participantes do banquete.

Fedro começa trazendo a autoridade de Hesíodo para o debate. Afirmará ser o amor um dos deuses mais antigos e que não possui genitores. O amor é para os humanos causa dos maiores bens possíveis, pois, a partir do amor é que construímos grandes e belas obras em todos os campos do saber. Cabe ao amor direcionar as nossas vidas, para que possamos viver de modo nobre. O amor também é responsável pelo sentimento humano de vergonha pelo que é feio e estima (admiração) pelo que é belo. O amor tende a gerar um sentimento de pudor e vergonha diante de atitudes ou comportamentos que possamos ter diante de nosso amado e que não sejam aprovadas, de modo a gerar um constrangimento que nos empurre em direção a um comportamento mais corajoso, sendo, portanto, fonte de heroísmo e inspiração moral. Conclui que amar é mais divino que ser amado e que são afortunados aqueles que simultaneamente conseguem amar e serem amados.

Fedro é seguido por Pausânias, o qual discorre que haveria mais de um “amor”, teríamos o bem e o mal, o real e o divino. Pausânias tende a se mostrar mais realista que Fedro ao afirmar que o amor não pode ser um só, dividindo a unidade do amor. Nos traz duas deusas como fonte do amor, Urânia e Pandêmia, ambas manifestações da deusa Afrodite. Urânia (Celestial), vinculada ao eterno, imortal e não transitório. Pandêmia (pan = todos e demos = povos) no qual o amor se dá para com a beleza externa dos corpos novos e sujeitos ao desgaste pelo tempo. Entende Pausânias que tanto o amor do corpo passageiro, como o amor do que é bom e constante, do caráter manifestado pela pessoa, é importante e necessário, mas que as pessoas tendem a valorizar mais o passageiro e não o eterno. Para ele, quem ama de modo verdadeiro é digno de nobreza.

Erixímaco afirma que o amor atua também sobre a harmonia do corpo e não somente nas almas humanas. Ao expor seu discurso, aprova Erixímaco a distinção entre Urânia e Pandêmia feita anteriormente por Pausânias. O amor não seria uno e sim apresentaria uma dualidade. Mas Erixímaco amplia esta dualidade para todo o cosmos, universalizando-a. Faz uma analogia com a medicina, se aproveitando do fato de ser médico. Afirma que a medicina é responsável por buscar conciliar o amor, promovendo a harmonia e combinando os opostos de modo a obter-se a saúde. Seu desequilíbrio pode trazer doenças e desequilíbrios diversos tanto no humano, como nos demais animais, plantas e mesmo na natureza. Defende o amor saudável, com equilíbrio e moderação.

Aristófanes fala da insensibilidade e impiedade dos humanos em relação ao poder de Eros. Vincula o poder de Eros à natureza humana, contando uma história sobre a suposta origem da atual humanidade. Primitivamente os deuses teriam criado os humanos bem mais fortes e robustos, havendo três gêneros bem definidos de criaturas: 1- masculino e masculino, 2- feminino e feminino e, 3- masculino e feminino, o andrógeno. Tendo os mesmos se revoltado contra os deuses, foram cortados em duas metades e cada qual desde então busca encontrar a metade correspondente ao seu ser. Aos que eram masculino e masculino, buscam relacionamentos com outros homens, já aos que eram feminino e feminino, buscam relacionamentos com outras mulheres e finalmente, os que buscam um relacionamento heterossexual teriam a sua outra metade do outro sexo. Cada qual busca a metade que lhe completa, restaurando sua antiga natureza. Deste modo, explica o amor e o desejo homossexual e heterossexual como sendo a busca da outra metade que há de completar a pessoa.

O anfitrião da festa, Agatão dá prosseguimento ao discurso sobre o amor, sendo seguido por Sócrates, o último a falar. Segundo Agatão, e continuando a falar sobre os benefícios do amor anteriormente abordados por Fedro, afirmará que tais benefícios são decorrentes da natureza do amor. Segundo Agatão, o amor possui todas as perfeições que possamos imaginar. Eros é o deus mais feliz e mais belo e isto por ser o mais jovem. Também se apresenta como o melhor deus, já que é o mais justo, como um deus temperante, corajoso e sábio. Para defender a ideia de que este deus seria mais jovem que os demais, diz que isto é provado pelo fato deste fugir da velhice. Agatão, portanto, nos pinta um quadro sobre o deus no qual este aparece como sendo a um só tempo: bom, belo, jovem, feliz.

Sócrates faz sua exposição como um resumo da aspiração humana para o bem, fazendo uso não de um discurso longo, mas de seu método dialético na maior parte do tempo, fazendo perguntas e conduzindo seu interlocutor a partir de suas respostas. Segundo Sócrates, O bem se apresenta como sendo a amizade, o amor que Eros Representa, então, mais que o belo, temos aqui o Bem. Argumenta que Eros nasce a partir de riqueza e beleza. O amor é sempre o amor por alguma coisa, o amor de algo que seja desejado. Sócrates nos diz que só podemos desejar aquilo que nos falta, que nos é carente. Deste modo, aquilo que se ama no outro é aquilo que não temos em nós mesmos. Se alguém ama a si mesmo, ama o que não é. Por ser o amor sempre destinado a uma carência, seu objeto está sempre ausente e por tanto é por nós buscado. Aqui Sócrates introduz a ideia de “verdade”, pois o verdadeiro está sempre um passo distante de nós, sempre a nossa frente e nunca totalmente em nossa posse. Diz, portanto, que o filósofo ao se deparar com este desejo de ter a verdade que lhe escapa em completude, gera uma inquietação em si mesmo que o faz procurar a verdade, daí o amor e a paixão pela filosofia. Conclui que já que buscamos o que nos falta e uma vez que buscamos o amor, este não pode ser belo ou bom, pois se o fosse já o teríamos e não o buscaríamos. O que temos é o amor pelo belo e pelo bom, que é o que buscamos e nos falta em completude. Sócrates ainda prossegue contando um mito sobre a origem de Eros, no qual este seria filho da riqueza (recurso) com a pobreza.

Para Sócrates o amor não seria um deus e sim uma entidade intermediaria entre os homens e os deuses, um daimon.

Nesta obra, o amor é apresentado de modo relacional, ou seja, o amor é sempre amor de alguma coisa, daí a relação entre o amor e esta coisa que é amada. Agora, em termos absolutos, o amor há de se mostrar como vinculado ao Bem e ao Belo, é o que observamos em menor escala nas diversas formas de amor e nos amantes. O amor no texto platônico também é relacionado com a verdade.

Além dos seis discursos sobre o amor, Eros, ainda é possível falar em um sétimo e um oitavo discurso sobre o tema. Quando Sócrates toma a palavra, este conta o discurso feito por Diotima sobre o amor como uma ascensão. Apresentando uma variante, pois, quando da chegada de Alcibíades, este irrompe para dentro da casa onde ocorria o banquete, já embriagado e continuando a beber, bem como a incentivar que outros ali o imitassem. Quando é informado sobre o tema do debate, resolve também fazer um discurso, mas ao contrário dos demais, que louvavam os benefícios e as virtudes do sentimento amoroso, este nos traz algumas lembranças deveras incômodas.  O amor também nos faz sofrer e vincula-se ao ciúme quando não somos correspondidos em igualdade pelo amado. Alcibíades é o perfeito exemplo do amor vulgar descrito anteriormente por Pausânias ou ainda pelo modo desmedido de Eros a partir do entendimento proposto no discurso feito por Erixímaco, comparando o amor com a arte da medicina por ele praticada e apresentando um hipotético diagnóstico sobre a temática.

 

13- A escada de Diotima (O Banquete, 210a-212a)

No livro “O Banquete”, Sócrates nos fala do discurso que escutou de Diotima sobre o amor, comparando este com uma escada (scala amoris, escada do amor). A sacerdotisa Diotima lhe disse que do amor por uma outra pessoa pode ocorrer gradativamente uma ascensão até o amor pelo Bem, pela ideia pura de beleza. A mera atração física pelo corpo de um amante pode ser um momento inicial de ascensão nesta escada, sendo, no entanto, o primeiro degrau da mesma.

Podemos pensar em seis degraus ou estágios. O primeiro sendo a contemplação do corpo do amante. Neste momento o que se observa é a beleza deste corpo e o desejo de ter algo que nos falta. Trata-se aqui ainda da beleza individual presente em um único corpo.

Ao subirmos o segundo degrau desta escada, a contemplação deste único corpo belo é ampliada para todos os demais corpos belos, pois, todos compartilham da mesma ideia de beleza. Neste momento aquele que ama ultrapassa a paixão isolada e individual para com um determinado corpo.

No terceiro degrau temos a contemplação das almas belas, pois, aquele que ama tende a perceber que a beleza da alma é muito maior que a beleza física. Neste momento há uma busca por valores nobres, buscando a melhora e o aperfeiçoamento pessoal.

Ao chegar ao quarto degrau se depara com a contemplação da beleza presente nas leis e nas instituições, nas atividades públicas, pois, leis e instituições justas e belas são criadas por pessoas com almas belas.

No quinto degrau temos a contemplação da beleza presente na sabedoria, no conhecimento, na verdade, na filosofia.

Chegando ao último degrau, o sexto, aquele que ama tende a contemplar a ideia de beleza em si mesma, a beleza eterna, imutável. Ao chegar neste patamar a pessoa não mais se vê atraída pela beleza dos corpos individuais, pela mera atração física sexual, daí ter inspirado a noção hoje comum de se falar em “amor platônico” como algo livre da atração carnal e presente unicamente na contemplação da ideia. Trata-se aqui da busca da verdade, da compreensão e do discernimento por meio da filosofia.

Temos na alegoria da escada de Diotima uma correlação direta com a alegoria da caverna proposta no livro “A República”, pois, ambas tratam do processo de iluminação do iniciado, movimento ascendente que proporciona uma melhor compreensão da verdade, saindo de um lugar de meras aparências para um lugar de verdade. Um caminho do individual e concreto em direção a algo cada vez mais abstrato e impalpável. Uma viagem, uma caminhada, um percurso de aprendizagem e ascensão. Aqueles que se iniciam nos mistérios do amor possuem uma motivação própria, pautada nos desejos, que lhes fornece a energia para empreender o esforço necessário de começarem a subir os primeiros degraus desta escada. Esta ascensão se dá por meio dos degraus de uma escada e é a princípio individual, mas nada impede que os mesmos degraus sejam compartilhados por outras pessoas e que possa ocorrer uma ascensão coletiva em busca do amor, podendo os amantes percorrerem juntos os mesmos degraus.

Ao subir um degrau o anterior pode ser meramente abandonado ou, em outra interpretação possível, continuarem presentes os objetos de amor ali presentes, sendo, no entanto, o foco principal colocado nos valores mais elevados e diminuindo a intensidade ou interesse nos objetos de amor presentes nos degraus que ficaram para trás. Deste modo, o amor ao belo para aquele que ama, passa a ser entendido, e ampliado, para todos os objetos de amor presentes na sua escalada.

 

14- O Fedro e a alegoria da biga alada (Fedro, 246a-254e)

No diálogo Fedro temos a belíssima alegoria da biga alada para explicar a composição de nossa alma e a autodeterminação. Nossa alma é semelhante a um carro (biga) puxado por dois cavalos, um branco, calmo, corajoso e um negro, rebelde, irascível. Cabe ao cocheiro dirigir a biga alada e controlar os cavalos. O cocheiro representa a alma da cabeça, nossa parte racional, que pode contemplar o mundo das ideias por meio da dialética e da maiêutica como método. O cavalo branco representa a alma do peito, a coragem. O cavalo negro representa a alma do baixo ventre, nossas paixões e desejos carnais. A alma imortal tripartida que viaja entre o mundo terrestre, sensível, das aparências, das sombras, e o mundo celeste, hiper urânico, das ideias perfeitas presentes no mundo das ideias, do mundo sensível para o mundo inteligível.

 

15- A alegoria de Theuth e a escrita na filosofia (Fedro, 274c-275d)

Segundo esta alegoria, a escrita tende a se mostrar adversária do verdadeiro pensamento filosófico, pois, ao invés de auxiliar a nossa memória, tornando os humanos mais sábios, como o desejava o seu inventor, acabou por produzir exatamente o seu oposto. Não sendo mais obrigados a memorizar os humanos tendem a esquecer.

Theuth seria um antigo deus egípcio que dentre outras coisas teria inventado os números e o cálculo, a geometria e a astronomia, o jogo de damas e de dados. Theuth foi um dia se encontrar com o rei do Egito, em Tebas, e mostrou para o faraó suas descobertas. Conforme as ia mostrando, o faraó ia perguntando sua utilidade e dando sua opinião. Quando chegou a vez de mostrar a escrita, Theuth realçou as virtudes em melhorar a memória (ajuda na memória dos fatos) e sabedoria dos egípcios. O faraó respondeu que uma coisa era inventar algo e outra diferente era saber o resultado que a mesma trará para aqueles que irão fazer uso deste invento, os danos e os proveitos. Diz, então o faraó, que a escrita trará para os humanos o esquecimento pelo descuido em memorizar. Ao se fixar na arte da escrita, só recordarão usando este modo externo, sendo somente a aparência da sabedoria, não a verdade, criando eruditos sem a verdadeira instrução.

A escrita como uma transcrição do diálogo oral é semelhante a arte da pintura e da escultura em relação ao mundo sensível, ambas fazem uma cópia que traz muito menos informação que o original, diminuindo o conhecimento do objeto ao qual se referem. Por melhor que seja uma pintura ou escultura de algo vivo, este não nos fala e não nos responde. O escrito é semelhante a escultura de um homem, parece com ele, mas quando perguntamos algo, não possui a capacidade de nos responder. Se interrogamos um escrito, este nos fornece uma só coisa e sempre a mesma, não nos proporcionando uma melhor compreensão e aprendizagem interior. Os escritos também tendem a circular por todas as partes, indo a aqueles que tem condição de os compreender e aqueles que não possuem qualquer interesse. Um discurso escrito não possui a capacidade de se defender sozinho, precisando sempre da ajuda de quem o compôs.

Sócrates ao fazer uso de tal alegoria, diferencia a sabedoria de uma aparente sabedoria. A escrita não estaria vinculada à memória, mas somente a uma simples lembrança não trabalhada interiormente.

Sócrates entendia que a filosofia se dava por meio da oralidade e não da escrita, com o uso da maiêutica, parto das ideias. Opunha-se ao uso da retórica e defendia a dialética, se opunha a relatividade do conhecimento e buscava a verdade por trás das aparências. Platão ao escrever fez uso preferencial do diálogo em seus livros, pois, o formato do diálogo mais se aproxima de uma conversa real entre duas ou mais pessoas, onde temos presente a oralidade. O verdadeiro conhecimento vem de dentro, de dentro para fora e não de fora para dentro. Ao lermos buscamos o conhecimento de modo externo a nós mesmos e não dentro de nós por meio de uma reflexão consciente proporcionada pela dialética.

Platão sofre influência do orfismo e do pitagorismo, em ambos movimentos havia um conhecimento oral passado somente para os iniciados e temos o registro de uma proibição de se registrar por escrito os ensinamentos pitagóricos. Aristóteles nos fala que na Academia havia dois conhecimentos, um escrito e que nos chegou por meio da obra de Platão, e, outro não escrito e somente para os estudantes mais avançados da Academia. Esta alegoria pode ser um indício do conhecimento ou teoria não escrita de Platão, reservada somente para iniciados, alunos mais adiantados e capazes de entender o que ali era explicado. Além deste mito ressaltar a diferença entre a verdadeira sabedoria e memória, de uma mera e vazia erudição baseada em escritos que são lidos sem a devida compreensão, também realça que pelo fato destes pensamentos e informações estarem escritos, são acessíveis a todos e não somente aqueles que teriam o interesse e capacidade para valorizar e entender os mesmos.

 

16- A arte

De início cabe entender que para os gregos e para Platão em particular, não cabe falarmos de arte tal como a entendemos hoje, pois, o termo a época era bem mais abrangente do que hoje em dia. Platão nos diz que há três tipos distintos de arte: 1- de produzir, 2- de utilizar, e 3- de imitar. Aqueles que manufaturam um sapato, ou roupas, ou um arco e flecha estariam incluídos no tipo 1, já aqueles que usam o que foi produzido por estes artesãos estariam no tipo 2. O tipo 3 incluiria os poetas, os pintores, os escultores e outros mais, cuja arte seja feita a partir de uma representação de algo com o qual temos contato por meio de nossas percepções, nossos sentidos.

Os produtores, tipo 1, são forçados a submeter aos que utilizam (tipo 2) o que estes produzem. Quem produz uma sela e arreios para um cavalo tem de se adequar à utilidade dos mesmos para quem irá cavalgar este cavalo. Cabe aqueles que utilizam o objeto conhecerem o melhor uso e finalidade do que é produzido. Já os imitadores presentes no tipo 3 não precisam se submeter a utilidade ou ao conhecimento sobre o tema. Basta se preocuparem com as aparências diante do povo que irá apreciar a obra produzida.

Platão não possui uma visão positiva da arte, entendendo-a como cópia da cópia, já um terceiro nível de afastamento da verdadeira realidade presente no mundo das ideias. A arte ao copiar o que percebemos nos aproxima mais ainda de nossas sensações, que são falsas imagens, sombras, cópias imperfeitas de ideias que se encontram no mundo das ideias, deste modo, possui um caráter negativo que vincula o humano ao mundo sensível e o afasta do mundo inteligível e imutável.

Na arte temos presente uma imitação que proporciona o engano para quem a vê. Trata-se da imitação de uma imitação, da cópia feita a partir de uma cópia. Se o mundo sensível já nos afasta da verdade contida no mundo das ideias, a arte ao copiar este mundo sensível nos afasta ainda mais do mundo inteligível.

No livro dez de “A República”, Platão nos fala sobre o que entende sobre a arte, seja a poesia, a escultura, a pintura ou outras manifestações artísticas. A visão de Platão sobre o que seja a arte e qual a sua importância está coerente com sua teoria filosófica na qual contrapõe o mundo sensível ao mundo inteligível. Dentro do pensamento filosófico platônico, as diversas manifestações artísticas são percebidas de modo depreciativo, por serem as mesmas miméticas, ou seja, uma mera imitação de uma cópia do real, a cópia da cópia. Deste modo, a função da arte não seria elevar as pessoas e sim corrompê-las, permitindo que as mesmas se apeguem com maior força à doxa, às opiniões, se afastando do mundo das ideias, da episteme.

Cabe lembrar que no caso da arte poética, esta a época de Platão era o instrumento pelo qual, desde Homero, se contavam as histórias dos deuses e semideuses presentes na cultura religiosa das cidades-Estado gregas. Ora, a religião se propõe a ser um modo de saber e de acesso a um conhecimento verdadeiro e deste modo, a ocupar um lugar também reivindicado pela filosofia, logo, se contrapor à arte poética é também reconhecer a oposição entre filosofia e religião no tocante à verdade, à busca e aquisição da verdade.

Não há em Platão uma teoria sistemática sobre a arte em geral ou algo semelhante ao que possamos encontrar na filosofia da arte presente aos dias atuais. A arte em Platão há de se encaixar na proposta maior de sua filosofia no aspecto metafísico da mesma, onde temos um conceito hierarquizado da realidade formado por um mundo inteligível e um mundo sensível, sendo este último cópia do primeiro, no qual, as ideias perfeitas e eternas presentes no mundo das ideias, por algum tipo de participação, irão estar presentes no mundo sensível. O demiurgo tudo cria a partir do que vê no mundo das ideias.

Em Platão o belo se iguala ao bem e este a verdade, de modo que a busca do belo se encontra na busca da verdade com o uso da razão e do método dialético. Já que o belo encontra-se no mundo inteligível, possui a beleza um carácter divino, sendo algo não fisicamente manifesto, já que no mundo sensível temos apenas cópias das formas perfeitas encontradas no mundo das ideias. O papel das artes seria nocivo à sabedoria, pois afastaria o humano da verdadeira essência das coisas presente no mundo inteligível.

Em Platão o belo é igualado ao bem, e a beleza se encontra na revelação do mundo inteligível no mundo sensível. Esta busca do Bem e do belo se dá por meio da razão e tem como método a dialética. Como a arte representa o mundo sensível, esta se mostra como propiciadora de afastamento do real e verdadeiro. Neste sentido, para o filósofo Platão, a arte não revela, mas esconde, não é uma forma de conhecimento verdadeiro, não melhora ou aperfeiçoa o humano, não educa. Cabe a arte, isto sim, segundo Platão, corromper este humano e isto pelo fato de ser a arte mentirosa, de proporcionar o contrário da educação, direcionando-se para as faculdades irracionais presentes neste humano.

A arte em Platão não possui um valor propriamente autônomo, somente obtendo valor na medida em que possa se colocar a serviço da verdade ou que saiba como fazê-lo ou o que seja a verdade.

Na cidade ideal proposta na “República”, livro dez, Platão reconhece um determinado valor da arte, no sentido de proporcionar prazer, encantamento e sedução, em particular no tocante à poesia de Homero, mas se atém a importância da formação das pessoas por meio da educação, e por ser a arte meramente imitativa e se afastar da verdade.

A arte se relaciona intimamente com o que a filosofia proposta por Platão deseja afastar da cidade ideal concebida na “República”. A arte trata constantemente com sentimentos e isto envolve a parte irascível da alma humana, Platão, no entanto, entende que devemos nos guiar unicamente pela alma racional localizada na cabeça. A arte é o total domínio das paixões, das emoções, do prazer, do sofrimento, da dor, do erotismo. Platão propõe o predomínio da razão, da verdade, da filosofia, afastando e mesmo expurgando em definitivo todas as paixões e excessos emotivos.

Platão reconhece, na “República”, que a arte tem um potencial educativo, em particular a poesia, mas entende que justamente por causa disto ela é perigosa e deve ser subordinada a razão presente na filosofia e no seu método dialético.

 

17- * Listagem das obras completas de Platão

** Obras consideradas autênticas

1-      Hípias menor, ou do falso

2-      Hípias maior, ou do belo

3-      Ión, ou sobre a “Ilíada”

4-      Protágoras, ou os sofistas

5-      Apologia, ou defesa de Sócrates

6-      Critón, ou do dever

7-      Alcibíades, ou da natureza do homem

8-      Cármides, ou da sabedoria moral

9-      Laques, ou sobre o valor

10-  Lisis, ou da amizade

11-  Eutifron, ou da piedade

12-  Górgias, ou da retórica

13-  Menéxeno, ou da oração fúnebre

14-  Menón, ou da virtude

15-  Eutidemo, ou o discutidor

16-  Crátilo, ou da exatitude das palavras

17-  O Banquete, ou sobre o amor

18-  Fédon, ou da alma

19-  A República, ou da justiça (dividido em 10 livros ou partes/capítulos)

20-  Fedro, ou da beleza

21-  Teeteto, ou da ciência

22-  Parmênides, ou das ideias

23-  O Sofista, ou do ser

24-  O Político, ou da realeza

25-  Timeo, ou da natureza

26-  Crítias, ou da Atlântida

27-  Filebo, ou do prazer

28-  As Leis, ou da legislação (dividido em 12 livros ou partes/capítulos)

 

** Obras de autenticidade duvidosa

29-  (1) Epinomis, ou o filósofo

30-  (2) Alcibíades segundo, ou da oração

31-  (3) Hiparco, ou do ganancioso

32-  (4) Os rivais, ou sobre o amor ao saber

33-  (5) Téages, ou sobre o saber

34-  (6) Clitofante

35-  (7) Minos, ou da lei

 

** Diálogos apócrifos

36-  (1) Axíoco, ou sobre a morte

37-  (2) Do justo

38-  (3) Da virtude

39-  (4) Demódoco, ou da deliberação

40-  (5) Sísifo, ou da deliberação

41-  (6) Erixias, ou da riqueza

 

** Cartas

Total de 13 cartas (numeradas de 1 a 13)

 Silvério da Costa Oliveira.


 



 


 



 


 


 


 


 


 

 



 

 



 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

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