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Parmênides de Elea: O ser é, o não ser não é

 Por: Silvério da Costa Oliveira.

 Parmênides de Elea

 Parmênides de Elea (540/539/530-460 a.C.), segundo Diógenes Laércio, foi discípulo de Xenófanes de Cólofon, já segundo Teofrasto, foi discípulo de Anaxímenes. Parmênides nos fala em seu poema que o ser é e o não ser não é, ou seja, que só existe o ser e se algo de fato existe, este algo não pode perecer, mudar, mover-se ou possuir qualquer imperfeição.

O poema de Parmênides pode ser dividido em três partes. Na primeira parte temos o preâmbulo, no qual a deusa recebe Parmênides e lhe informa sobre a revelação que fará. Na segunda parte encontramos uma argumentação filosófica e na terceira parte uma discussão sobre a “doxa” que é o caminho para o não ser. De fato, encontramos dois caminhos possíveis no poema: o da verdade, no qual afirmamos que o ser é; e o da “doxa”, que afirma que o ser não é. Há comentadores que entendem existir um terceiro caminho, sendo este a mistura dos dois primeiros, mas não entendo como sendo uma leitura válida do poema.

Em Parmênides o ser é e o não ser não é e sequer é possível pensar o não ser, pois, ao pensa-lo já temos o ser. O ser de Parmênides é ontológico e não lógico, o que torna impossível pensar o não ser, pois ao tentar fazê-lo este se torna ser pelo fato de existir enquanto pensamos nele.


 

O ser é, o não ser não é. Este ser proposto por Parmênides é uno, ingerado (não gerado), imperecível ou eterno, imóvel, indivisível, homogêneo, esférico, finito, ilimitado, necessário, imutável, incorruptível, indestrutível. Cabe destacar também que este ser é incorruptível no sentido de que não sofre mudança, alteração ou deterioração. Lembrando que o Deus judaico-cristão é entendido pelos autores medievais como sendo infinito, mas para os gregos o infinito é imperfeito e incompleto, portanto, não devemos confundir o entendimento medieval sobre o que venha a ser infinito e o entendimento dos gregos antigos sobre o mesmo tema.

Tudo o mais é ilusão. Nada do que percebemos pelos nossos sentidos é real. Isto que imaginamos que exista não passa de mera “opinião” ou “doxa”. O ser em Parmênides é igual ao pensar, não no sentido de uma identidade total, mas no sentido de que não podemos conhecer ou entender o ser por outro meio que não seja o nosso pensamento e que no ato de pensar seja lá o que for, já estamos diante do ser, não sendo possível pensar o não ser.

Segundo alguns comentadores, a ontologia surge com Parmênides, bem como a formulação do princípio de identidade e do princípio da não contradição. Pelo princípio de identidade temos que “A = A” e pelo princípio de não contradição temos que “A não pode ser não A”.

A teoria presente em Platão sobre o mundo das ideias, onde haveria uma ideia perfeita de cada coisa, é uma tentativa de resolver o impasse entre as filosofias de Parmênides e Heráclito. A Parmênides caberia o mundo das ideias e a Heráclito o mundo de nossos sentidos. Já a solução dada por Aristóteles encontra-se na formulação dos conceitos de potência e ato, como também de matéria e forma.

Se fizermos uma leitura rápida e superficial de Parmênides e Heráclito, podemos entender que ambos são opostos entre si. Neste caso, a Parmênides caberia a constância e imobilidade do ser e a Heráclito a mudança e o movimento de tudo. Mas isto é falso, pois a ênfase principal de Heráclito deve ser encontrada no logos, que proporciona unidade a todos os opostos e uma fórmula ou plano unificador. Vendo por tal prisma há muito mais em comum entre ambos filósofos do que uma leitura rápida e superficial possa indicar. O que estou afirmando é que não é correto enxergar simplesmente a Parmênides como o filósofo do ser e a Heráclito como o filósofo do vir-a-ser, do devir. Para Parmênides temos o ser da permanência e para Heráclito por meio do fogo, temos o ser do tudo flui, panta rei, mas não se pode esquecer o logos presente em Heráclito enquanto princípio organizador.

 Silvério da Costa Oliveira.

 


 

Prof. Dr. Silvério da Costa Oliveira.

Site: www.doutorsilverio.com

(Respeite os Direitos Autorais – Respeite a autoria do texto – Todo autor tem o direito de ter seu nome citado junto aos textos de sua autoria)

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